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COLOURS, TASTES AND TRADITIONS

Passeios no Vale do LimaRoutes through the Lima valley

CORES,SABORESE TRADIÇÕES

Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo

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2 Passeios no Vale do Lima

FICHA TÉCNICAF

EDIÇÃO E PRODUÇÃO / PUBLISHER AND PRODUCTION

Valima-Associação de Municípios do Vale do Lima

CONCEPÇÃO E EXECUÇÃO GRÁFICA / CONCEPTION AND GRAPHIC ART

Caderno Verde - Comunicação, SA

DIRECÇÃO / DIRECTOR

João A. Correia

COORDENAÇÃO / CO-ORDINATION

Pedro Cuiça, Sérgio Madeira

EDIÇÃO FOTOGRÁFICA / PHOTO EDITOR

Sérgio Madeira

REDACÇÃO / AUTHORS

Anabela Moedas, João Nunes da Silva, Pedro Cuiça

FOTOGRAFIA / PHOTOGRAPHERS

João Nunes da Silva, Pedro Cuiça, Sérgio Madeira, Pedro Alarcão

DIRECÇÃO CRIATIVA / EDITORIAL DESIGN

Paulo Couto

REVISÃO / EDITOR

Paulo Melo

TRADUÇÃO / TRANSLATION

Escriba - Gabinete de Tradução e Interpretação, Lda.

PRÉ-IMPRESSÃO E IMPRESSÃO / PRE-PRINTING AND PRINTING

Cromopolis - Impressão Digital, Lda.

TIRAGEM: 30.000 exemplaresDEPÓSITO LEGAL: 159662/00

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5Passeios no Vale do Lima

ÍNDICE

APRESENTAÇÃO / PRESENTATIONPREFÁCIO / PREFACEINTRODUÇÃO / INTRODUCTION (texto: Pedro Cuiça)

Vista sobre o Lima / View over Lima

A terra e o homem / The land and the man

Gentes, Artes e Sabores / People, Arts and tastes

O sagrado e o profano / The sacred and profane

VIANA DO CASTELO (texto Anabela Moedas)

Trajar e ourar / Dressing up and gilding

Percurso 1 Entre o mar e o rio / Between the sea and the river

Percurso 2 Por Terras de artesãos / Through the lands of artisans

PONTE DE LIMA (texto Pedro Cuiça)

A ponte sobre o Limia / Bridge over the Limia

Percurso 3 Tradições a Sul do Lima / Traditions south of the Lima

Percurso 4 Os Caminhos do granito / The granite trails

PONTE DA BARCA (texto João Nunes da Silva)

Pela serra entre espigueiros e barrosãsAcross the mountain, among granaries and barrosãs

Percurso 5 Por entre vinhas e velhas tradiçõesThrough vines and old traditions

Percurso 6 Aldeias serranas e vida comunitáriaMountain villages and community life

ARCOS DE VALDEVEZ (texto João Nunes da Silva)

Serra da Peneda, fé, lenda e garranosSerra da Peneda, faith, legend and ponies

Percurso 7 Os socalcos da vinha e a lenda do CastroThe vine terraces and the legend of the Castro

Percurso 8 Por locais de romaria e antigas povoaçõesTo places of pilgrimage and ancient villages

Percurso 9 Na rota do linho / On the linen route

Percurso 10 No trilho do vinho verdeOn the trail of the vinho verde

ANEXOS / APPENDIX

BIBLIOGRAFIA E AGRADECIMENTOSBIBLIOGRAPHY AND ACKNOWLEDGEMENTS

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6 Passeios no Vale do Lima

VALE DO LIMA ApresentaçãoA

s Cores, os Sabores e as Tradições do Vale do Lima, bem patentes nesteRoteiro, ficam guardadas na memória de quem visita, ao longo do curso doRio Lima, (o lendário "rio do esquecimento"), os concelhos de Arcos deValdevez, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo.

As características próprias de cada um misturam-se quando falamos da hospitalidadedas suas gentes, da imponência e beleza da paisagem, da riqueza do património culturale etnográfico e da tão apreciada gastronomia.

O Roteiro "Cores, Sabores e Tradições", percorre o Vale do Lima e revela ao leitortradições centenárias presentes nas artes, nos usos e costumes locais. Conscientes do seuvalor, todos nós, enquanto Autarcas, nos esforçamos diariamente por manter vivo esselegado, recuperando-o do passado e devolvendo-o ao presente.

Os quatro Municípios vêm desenvolvendo um trabalho de reabilitação das artes eprodutos tradicionais, que resultou até ao momento na criação de espaços como osCentros de Promoção de Artes Tradicionais e os Museus Municipais; na dinamizaçãourbanística e comercial dos Centros Históricos; na realização periódica de Exposições eCertames dedicados aos Produtos e Artes Tradicionais.

Ao promover a publicação deste Roteiro, convidamo-lo a descobrir por si própriotudo o que torna distinta e sublime esta nossa Terra.

Vale do Lima, Dezembro de 2000

A

Francisco Rodrigues de Araújo

(Presidente da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez)António Cabral de Oliveira

(Presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca)

Daniel Campelo

(Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima)Defensor Oliveira Moura

(Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo)

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Francisco Rodrigues de Araújo

(Presidente da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez)António Cabral de Oliveira

(Presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca)

Daniel Campelo

(Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima)Defensor Oliveira Moura

(Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo)

7Passeios no Vale do Lima

Presentation

he Colours, Tastes and Traditions of the Lima Valley, which are clearly shown in thisGuide, are engraved into the minds of whoever visits the municipalities of Arcos deValdevez, Ponte da Barca, Ponte de Lima and Viana do Castelo following the RiverLima, the legendary "river of oblivion".

Their unique characteristics can all be felt in the hospitality of the people, the imposing beau-ty of the countryside, the wealth of cultural and ethnographic heritage and the greatly admiredgastronomy.

The "Colours, Tastes and Traditions" Guide goes through the Lima Valley, showing the read-er centuries old traditions that can still be found in the local arts, habits and customs. As localcouncillors, we appreciate their value and make every effort to keep this legacy alive, restoringfrom the past to give to the present.

The four Councils have been developing a programme to revive traditional arts and products.So far this has resulted in the creation of areas such as Promotional Centres for Traditional Artsand the Municipal Museums, in the urban and commercial promotion of the Historic Centres andin periodic Exhibitions and Contests dedicated to traditional Arts and Products.

In promoting the publication of this Guide, we would like to invite you to discover for yourselfeverything that makes our region so unique and so magnificent.

Lima Valley, December 2000

T

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8 Passeios no Vale do Lima

PREFÁCIO À descoberta das tradições do LimaP

elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,subordinado à temática datradição cultural, nas várias

vertentes, envolvendo artes tradicionais,indústria tradicional, feiras, festas e ro-marias, gastronomia, e elementos da ar-quitectura e tradição rural, constituiu umaliciante desafio para o projecto ForumAmbiente proposto pela Valima – Asso-ciação de Municípios do Vale do Lima.

O projecto Forum Ambiente, conhe-cido sobretudo pela revista, jornal e publi-cações como o Anuário do Ambiente eguias de percursos da natureza (Portugalcontinental e Açores) tem procuradorelançar-se, através de eventos como aConferência e o Prémio, o portal naInternet e ao nível das próprias publica-ções. Para este projecto que entende oAmbiente numa perspectiva alargada,muito para além da conservação e des-frute da natureza, envolvendo o homem eo desenvolvimento das suas actividadesde uma forma sustentável, a elaboraçãode um guia intitulado "Cores, sabores etradições" representava uma importantepeça deste extraordinário puzzle que sepoderá traduzir em viver de forma sau-dável o passado, o presente e o futuro.Tanto mais, que a este primeiro volumepoderão seguir-se outros sobre patrimó-nio histórico e arquitectónico e percursosda natureza da mesma região.

O desafio era ainda mais aliciantetendo em conta que se tratava de uma dasregiões mais ricas do país em termos depatrimónio histórico e cultural, inseridana região do Minho que foi berço danacionalidade e no coração da qual sesituam os concelhos do Vale do Lima(Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Pon-te de Lima e Viana do Castelo). É uma re-gião notavelmente alegre, colorida e di-versa, como o demonstram a própria pai-sagem, os hábitos, a enorme quantidadede feiras, festas, romarias e lendas.

Após uma primeira análise da região,

através de dados bibliográficos, comapoio das cartas militares 1:25.000 doInstituto Geográfico do Exército, avan-çou-se para o reconhecimento do ter-reno, recolhendo elementos in loco paradefinir os percursos. A perspectiva foireunir pontos de interesse suficientemen-te diversificados e aliciantes, para justifi-car um passeio pelo concelho. Aos ícones(cinco a cores e três símbolos) aplicadosaos mapas correspondem nomes e mora-das inscritas nos anexos, cuja correspon-dência é feita por números.

Dada a temática e a dimensão da re-gião a tratar, optou-se por definir doispercursos em cada concelho, a percorrerpreferencialmente em automóvel ou veí-culo todo o terreno (com algumas incur-sões a pé), dado que são percursos de vá-rias dezenas de quilómetros. Para tal, aForum Ambiente aconselha o uso de veí-culos a gás (GPL), por ser um combustí-vel menos poluente...

Concluído este trabalho, de algumaforma inovador, a sensação que fica é queo riquíssimo património do Vale do Limajustifica plenamente um guia "Cores, Sa-bores e Tradições". Muito ficará aindapor contar. Mas, como em todos os tra-balhos deste género, seria utópico pensarque o guia "Cores, Sabores e Tradições"conseguiria reunir toda informação sobretradições culturais dos quatro concelhos.Desde logo, porque era necessário traçarpercursos coerentes e, portanto, seleccio-nar os pontos de interesse.

Este é, portanto, um guia possível, aproposta da Forum Ambiente e da Valimapara descobrir as "Cores, Sabores e Tra-dições" do Vale do Lima. Boa viagem.

João A. CorreiaDirector editorial da Forum Ambiente

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9Passeios no Vale do Lima

Discovering the Lima traditions

utting together a route guide for theLima valley was an interesting chal-lenge for the Forum Ambiente pro-ject. The proposal, made by VALIMA

– Association of Municipalities of the LimaValley, was to produce a guide centred roundcultural tradition such as traditional crafts andindustries, fairs, feast days and festivals, gas-tronomy and architecture and rural traditions.

The Forum Ambiente project, knownmainly for its magazine, journal and publica-tions like the Environment Directory and Na-ture Trails (Mainland Portugal and the Azo-res), has sought to establish itself with eventslike the Conference and the Award, its web-site and with several publications.

This project considers the 'environment'in a wide perspective, far beyond that of con-servation and enjoyment of nature, andinvolves man and his activities in a sustain-able way. For this reason, producing a guideentitled "Colours, Tastes and Traditions" rep-resented an important piece in this extraordi-nary puzzle that might be expressed as livingthe past, present and future in a healthy way.Furthermore, this first volume may be fol-lowed by others on historical and architec-tural heritage and nature trails of the sameregion.

The challenge was even more interestingconsidering that the Lima valley (Arcos deValdevez, Ponte da Barca, Ponte de Lima andViana do Castelo) is situated in one of therichest regions in the country, historically andculturally speaking, in the heart of the Minhoregion, the birthplace of the Portuguesenation.

It is a remarkably joyful, colourful and di-versified region, as the landscape itself de-monstrates, and which can also be seen in itscustoms, the enormous number of fairs, feastdays and festivals and its legends.

After first studying the region throughbooks and the support of the 1:25,000 mili-tary maps of the Army's Geographic Institute,we began our field study, gathering elementsin loco in order to define the trails. The ideawas to gather several points of interest that

would be diversified and interesting enoughto justify a tour through the region. The iconson the maps (five in colour and three sym-bols) match names and addresses found inthe appendices, which are numbered.

Given the subject matter and the size ofthe area, we chose to define two routes foreach district. These should be undertakenpreferably by car or in a four-wheel drive (wi-th some short walks) since they are severaldozen kilometres long. We recommend theuse of LPG vehicles, since this fuel is lesspolluting.

With the conclusion of this work comesthe feeling that the rich heritage of the LimaValley is well deserving of a "Colours, Tastesand Traditions" guide, but much is left unsaid.However, as with all works of this nature, itwould be idealistic to think that the "Colours,Tastes and Traditions" guide could incorpo-rate all the information on the cultural tradi-tions of the region. To begin with, we had toestablish clearly defined routes and, thereforewe could only select certain points of interest.

What we have here, then, is a possibleguide: the recommendations of Forum Am-biente and Valima in the discovery of the "Co-lours, Tastes and Traditions" of the Lima val-ley. Have a nice journey!

João A. CorreiaEditorial director of Forum Ambiente

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12 Passeios no Vale do Lima

INTRODUÇÃO Vista sobre o Limai

panorâmica do alto de SantaLuzia permanece magnífica.Lá em baixo, o mar, como quereflectindo o azul celeste, es-

praia-se, em espuma branca e reflexos deouro, no areal que se estende para Sul dafoz do Lima. Na cidade de Viana do Cas-telo, a capital marítima do Minho, desta-cam-se o branco casario, as docas e os ar-mazéns do porto. Para nascente, a marécheia engolfa-se, rio acima, numa paisa-gem amena. Um vale enquadrado porcortinas de serranias, de ténues ondula-ções, em cujas faldas o rio, como uma es-

A

"(…) é facto bem demonstrado e sabido serem os grandes cursos de água direc-

trizes gerais de civilizações. E como é profunda a influência, da beleza e do

encanto particular de certos rios nas populações de seus vales! Ora de poucos no

mundo se pode gabar tanto a formosura como a do Lima, mitológico e lendário"

- CCoonnddee dd`̀AAuurroorraa

(…) it is a well-known fact that greatwaterways guide civilisations. And howdeep is the influence of the beauty andspecial charm of certain rivers upon the

inhabitants of their valleys! Few in the worldcan boast of such beauty as that of the mytho-logical and legendary Lima" - Count d`Aurora

The view from the top of Santa Luzia is stillmagnificent. Down below, as if it were reflect-ing the heavenly blue, the white foam andgolden reflections of the sea break onto thesand that stretches to the south of the Limamouth. In the city of Viana do Castelo, the

Vista sobre o Lima

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13Passeios no Vale do Lima

View over the Lima

trada de água, desagua no vasto oceano.O trajecto das águas desenha uma amplacurva até à última abertura dos montes, lálonge. Da foz para montante, salientam-se diversas aldeias e casais. Na margemdireita, Meadela, Portuzelo, Santa Martae Cardielos. Na esquerda, Darque, Maza-refes, Vila Franca (a das rosas), Deão eGeraz do Lima.

O final da tarde doira as areias e ocasario das margens e, com a chegada docrepúsculo, parece que o rio adormece noregaço do vale. Engana-se, no entanto,quem supuser que o Lima conserva estasuave doçura de "Campos Elíseos"(comolhe chamaram os romanos) desde a suacabeceira em terras galegas. O Alto Lima,lá em terras raianas, parece um outro rio!Mas daqui, de Viana do Castelo até Pontede Lima, ele é o paradisíaco Rio do Esque-cimento.

No alto dos montes, as ermidas solitá-rias esmorecem com a derradeira pincela-da dos raios solares. As badaladas dasave-marias ecoam ao longe, enquanto oamplo vale se apaga pelo anoitecer. En-volvido pelo hálito da maresia ou, maisacima, pela frescura das águas do rio, ovale prepara-se para um merecido sononocturno.

A modernidade insinua-se de formamarcante sob a forma de uma explosão deluzes artificiais que, de Viana, se espal-ham em miríades de pontos luminosos aolongo do vale. Mas o imutável ciclo dosdias e das noites, tal como o das estaçõesdo ano, lembra-nos outras idades. Artes eofícios, tradições, costumes e sabores quese perderam no olvido do tempo ou aindasubsistem para gáudio do presente. E aRibeira Lima (Viana do Castelo, Ponte deLima, Ponte da Barca e Arcos de Valde-vez) é das regiões mais ricas no tocante atestemunhos vivos de uma cultura, desdelogo, a mais actual e a mais arcaica, amais católica e a mais pagã. Cultura ondese combinam, na mais conivente intimi-dade, o interior e o litoral.

maritime capital of the Minho, we can see thewhite houses, the docks and the port ware-houses. To the east, the high tide penetratesupriver to pleasant countryside. A valley fra-med by curtains of mountains, of gentle con-tours, in whose foothills the river, like a roadof water, spills into the vast ocean. The waterforms a wide curve as far as the last openingin the mountains, over in the distance. Fromthe river mouth heading upstream, there areseveral villages. On the right bank, Meadela,Portuzelo, Santa Marta and Cardielos. On theleft, Darque, Mazarefes, Vila Franca (of theroses), Deão and Geraz do Lima.

At the end of the day, the sands and thehouses on the riverbanks turn golden and asdusk comes, it seems as though the river fallsasleep in the bosom of the valley. Those whoimagine that the Lima conserves this sweet-ness of "Elysian Fields" (as the Romanscalled it) from its source in Galicia could notbe more wrong. The Upper Lima, near theborder is a completely different river! Butfrom here, from Viana do Castelo to Ponte deLima, it is the paradisiacal River of Oblivion.

Up in the mountains, solitary chapels fadein the last rays of the sun. The tolls of theangelus echo in the distance, while the widevalley goes out as night falls. Enveloped inthe sea air or, further up, by the freshness ofthe river, the valley prepares for a well-deserved night's sleep.

Modern life enters impressively in theform of an explosion of artificial lights, which,from Viana, spread out in a myriad of illumi-nated points along the valley. But theunchangeable cycle of day and night, just likethe seasons of the year, reminds us of othertimes. Arts and crafts, traditions, costumesand flavours that were lost in the oblivion ortime or still exist to the joy of the present. AndRibeira Lima (Viana do Castelo, Ponte deLima, Ponte da Barca and Arcos de Valdevez)is one of the richest regions in terms of livingproof of a culture that is both modern andarchaic, Catholic and pagan - a culture thatbrings together the interior and the coast inthe most conspiratorial intimacy.

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14 Passeios no Vale do Lima

INTRODUÇÃO Vista sobre o Limai

A SERRA, O RIO E O MARO mar, a veiga e a serra multiplicaram ecombinaram, desde sempre, vários modosde vida. A agricultura, marcada pela pre-dominância do milho e da vinha, ocupapreferencialmente as fadigas do lavrador,do nascer ao pôr-do-sol. Mas a pastoríciaocorre, tal como outrora, nas serras de Ar-ga, Peneda, Soajo e Amarela. Se tiver sorteainda poderá ver os cães que guardam ogado protegidos contra os lobos por rústi-cas coleiras de puas. Os pescadores atiramas suas redes desde o Lima ao litoral e aosbancos da Terra Nova. As regateiras da lotabarafustam e gritam em torno da frescapescaria. Os sargaceiros ainda vão arrancarsargaços ao mar para nutrir as terras ma-gras. Os artesãos, juntando por vezes o ar-tífice com o artista, criam verdadeiras obrasprimas. A indústria caseira de fiação, tece-lagem e tingidura é afamada, tal como osão as rendas, os bordados, a ourivesaria, alatoaria, a tamancaria, a cantaria ou a es-tatuária, entre outras artes. As tradiçõesainda estão presentes nos métodos e nosengenhos de trabalho, uns já abandonados,outros ainda em pleno uso: carros de la-voura e alfaias, lagares, azenhas, fornos,teares, barcos e aparelhos de pesca.

THE MOUNTAIN, THE RIVER AND THE SEAThe sea, the plain and the mountain havealways multiplied and combined various waysof life. Farming, marked by the predominanceof the corn and the vine, keeps the farmerbusy from dawn till dusk. But tending the ani-mals is done just as it was in ancient times inthe mountains of Arga, Peneda, Soajo andAmarela. If you are lucky, you may still see thedogs that guard the cattle protected againstthe wolves by rustic spiked collars. The fish-ermen cast their nets from the Lima to thecoast and to the banks of the Terra Nova. Thehagglers at the fish auction argue and shoutaround the fresh fish. The sargaceiros stillpull sargasso from the sea to feed the mea-gre land. The artisans, at times combining thecraftsman with the artist, create real master-pieces. The cottage industry of spinning,weaving and dying is well-known as is thelace and embroidery work, jewellery, tin-work,clog making, masonry or statue making,among other arts. The traditions can still befound in the work methods and tools, somealready abandoned, others still in use: farm-ing carts, tanks, water-mills, furnaces, looms,boats and fishing equipment.

Popular thinking and culture continue tobe transmitted, mainly orally, through legends,

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15Passeios no Vale do Lima

View over the Lima

O pensamento e a cultura popularescontinuam a ser transmitidos, em grandeparte, sob forma oral, por meio de lendas,provérbios, adivinhas, adágios, cantilenase "cantares ao desafio". A cultura populartambém se traduz em costumes tão par-ticulares quanto as quadras bordadas noslenços dos namorados ou noutras peçasde vestuário. Manifestações culturais querevelam uma profunda religiosidade, ei-vada de crenças e de superstições. Reli-giosidade que se expressa em romarias,devoções, clamores, cercos, cumprimen-to de promessas ou amuletos e talismãs.

Areosa (Viana do Castelo), Crasto(Ponte de Lima), Ermida (Ponte da Barca)ou Gavieira (Arcos de Valdevez) são no-mes evocativos de lugares, como tantosoutros, onde floresceram e ainda se de-senvolvem alguns dos mais expressivosexemplos da cultura do povo português –nas suas músicas, danças e cantares, nacor e no brilho inexcedível dos seus tra-jes, nos campos organizados em peque-nas extensões de vales serranos, nos alu-viões entre montanhas ou nos litorais are-nosos. Esses povoados revelam-nos o Mi-nho das rondas, vareiras, malhões, chu-las, tiranas e do "deitar a cantiga". Mos-tram-nos a arquitectura popular, o mobil-iário e a gastronomia, ofícios, vestuário ecostumes, religiosidade e superstições,linguística… Enfim, tudo aquilo que tra-duz o viver policromático das gentes.

OCUPAÇÃO ANCESTRALA Ribeira Lima proporcionou, desde ce-

proverbs, riddles, sayings, ditties and "canta-res ao desafio" (improvised singing challen-ges). Popular culture is also conveyedthrough special customs like the versesembroidered on the scarves of courting cou-ples or on other items of clothing. Culturalmanifestations that reveal a deep-seated reli-gion riddled with beliefs and superstitions. Areligion that is expressed in pilgrimages,devotions, appeals, the fulfilling of promises,amulets and talismans.

Areosa (Viana do Castelo), Crasto (Pontede Lima), Ermida (Ponte da Barca) or Ga-vieira (Arcos de Valdevez) are evocative na-mes of places, like so many others, wheresome of the most expressive examples of theculture of the Portuguese people flourishedand continue to grow. These can be seen inthe music, dances and songs, in the colourand unsurpassable brilliance of their costu-mes, in the fields organised into small exten-sions of the mountain valleys, in the alluviumbetween mountains or on the sandy shores.These towns show us the Minho of the pop-ular dances: rondas, vareiras, malhões, chu-las, tiranas and the "deitar a cantiga". Theyshow us the popular architecture, the furni-ture and the gastronomy, trades, clothing andcustoms, religion and superstitions, linguis-tics. In other words, everything that coveysthe multi-coloured life of the people.

ANCESTRAL OCCUPATIONFrom early times, Ribeira Lima provided ex-cellent conditions for living. From Santa Luzia(Viana do Castelo) to Facha (Ponte de Lima),from Cendufe to S. Miguel do Castelo (Arcos

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INTRODUÇÃO Vista sobre o Limai

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17Passeios no Vale do Lima

do, excelentes condições de habitabilida-de. De Santa Luzia (Viana do Castelo) àFacha (Ponte de Lima), de Cendufe a S.Miguel do Castelo (Arcos de Valdevez),a Ribeira Lima revela uma densidade im-pressionante de testemunhos da culturacastreja. A excelência do solo agrícolabem como a abundância de ouro e de es-tanho, ajudam a explicar o fenómeno. Osromanos, os suevos e os visigodos, talcomo os árabes, também legaram muitasmarcas da sua ocupação.

A reconquista e o repovoamento daregião do Lima, quando se afirmava oreino de Portugal, evidenciam também asua importância e atracção. Reis e famí-lias nobres, assim como a Sé de Tui e a deCompostela, possuíam aí numerosos eimportantes bens. Nos séculos XII e XIIInasceram póvoas marítimas, desenvolve-ram-se aglomerados urbanos, aumentou adensidade populacional, foram ampliadosos arroteamentos e as explorações deágua para rega, surgiram novas culturas eos pinheiros foram suplantando, aos pou-cos, os carvalhos cerquinhos, os sobros eoutras espécies indígenas.

Na Época Moderna, os séculos XVI eXVIII salientam-se pela afirmação e ca-racterização dos aglomerados populacio-nais. A Ribeira Lima começa a ser enca-beçada por Viana do Castelo (actualmen-te sede de distrito), a partir do séculoXVI, embora Ponte de Lima continue aser bastante prestigiada. Só então, Arcosde Valdevez e Ponte da Barca começam aevidenciar uma indiscutível organizaçãourbana. A importância de Viana do Cas-telo, Ponte de Lima, Ponte da Barca e Ar-cos de Valdevez fez com que se tornas-sem as sedes dos quatro concelhos da Ri-beira Lima, municípios cujo territórioabarca 166 freguesias e perto de mil luga-res ou núcleos vicinais.

UM RIO CHAMADO "LIMA"O Minho apresenta uma indiscutível uni-dade geográfica, mas a região do Lima e,

View over the Lima

de Valdevez), Ribeira Lima has an impressiveamount of evidence of pre-Roman culture.The excellent farming land as well as theabundance of gold and tin help to explain thisphenomenon. The Romans, the Suevi and theVisigoths, as well as the Arabs also left tracesof their occupation.

The reconquest and resettlement of theLima region, when the kingdom of Portugalestablished itself also show how importantand attractive a region it was. Kings andnoble families, such as the See of Tuy andthat of Compostela, held several importantlands there. In the 12th and 13th centuriesseafaring people were born, urban agglomer-ates were developed, the population densitygrew, land clearing and water for irrigationwere expanded, new cultures of plants aroseand pines began to replace the oaks, cork-oaks and other indigenous species.

In the Modern Era, the 16th and 18th cen-turies asserted and characterised the po-pulation centres. Ribeira Lima began to be runfrom Viana do Castelo (the present district cap-ital), from the 16th century, though Ponte deLima continued to be a prestigious centre. Itwas only then that Arcos de Valdevez andPonte da Barca began to show indisputablesigns of urban organisation. The imortance ofViana do Castelo, Ponte de Lima, Ponte daBarca and Arcos de Valdevez made them theheads of the four municipalities of RibeiraLima, which include 166 boroughs and almostone thousand villages or neighbourhoods.

A RIVER CALLED "LIMA"The Minho is indisputably geographically uni-ted, but the Lima region and, for example,

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18 Passeios no Vale do Lima

por exemplo, a do Ave, evidenciam notó-rias diferenças paisagísticas e até sociais.A separação do Baixo e do Alto Minhoresulta deste último apresentar maior alti-metria média e uma planície litoral maisestreita. A área setentrional também re-vela montanhas importantes, desde olitoral ao interior, ao passo que na regiãomeridional estas surgem bem mais dis-tantes da costa. O Alto Minho dispõeainda de uma precipitação anual totalmais elevada e distribuída, em média, porum maior número de dias do ano.

O Alto Minho integra os vales do Mi-nho e do Lima. À bacia hidrográfica, des-te último, corresponde a Ribeira Limaque engloba os concelhos de Viana doCastelo, Ponte de Lima, Ponte da Barca eArcos de Valdevez.

A nascente do Lima situa-se em Xinzode Lima, na província de Ourense (Espa-nha), correndo as suas águas, sem gran-des sobressaltos, até à fronteira luso-ga-laica. De Lindoso a Viana, o rio é sempreacompanhado de montanhas ou de coli-nas relativamente próximas. Depois deLindoso, alarga-se e a correnteza torna-semais lenta. Mas o Limia só em Ponte daBarca começa a tornar-se preguiçoso, ser-penteando calmamente ao longo daagradável e bucólica paisagem.

De Ponte da Barca até à foz, a baciado Lima instala-se num largo vale, comimportantes veigas fluviais em ambas asmargens. Entre as veigas e as rechãs, devinhedos e milheirais, e as áreas de maioraltitude, os montes onde os gados pas-tam, verificam-se grandes contrastes queesmorecem, no entanto, com o passar dosanos. À paisagem densamente colorida ediversificada do vale ainda se opõe, lá noalto, a espartana montanha. Alturas que aflorestação verde escura, de pinhais e porvezes eucaliptais, teima em cobrir e osincêndios em despir.

De Lindoso até à foz, desaguam noLima inúmeros afluentes. Em geral pe-quenas bacias hidrográficas intensamente

INTRODUÇÃO Vista sobre o Limai

that of the Ave, show clear differences in ter-ms of landscape and society. The separationof the Lower and Upper Minho means the lat-ter is higher on average and has a narrowercoastal plain. The northern area also has im-portant mountains, from the coast inland,while in the southern region they are muchfurther away from the coast. The Upper Mi-nho also has a higher annual rainfall, which isdistributed over a greater number of days inthe year.

The Upper Minho incorporates the Minhoand Lima valleys. The hydrographic basin of thelatter is the Ribeira Lima, which includes themunicipalities of Viana do Castelo, Ponte deLima, Ponte da Barca and Arcos de Valdevez.

The source of the Lima is in Xinzo deLima, in the province of Orense (Spain) and itflows without any great upsets, as far as thePortuguese-Galician border. From Lindoso toViana, the river is always accompanied bymountains or hills relatively close by. AfterLindoso, it widens and the current is slower.But the Limia only starts to get lazy in Ponte

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19Passeios no Vale do Lima

aproveitadas para o regadio e algumamoagem. De entre esses cursos de águadestacam-se, pela sua extensão e impor-tância, os rios Vez (Arcos de Valdevez) eVade (Ponte da Barca), bem como os ri-beiros de Labruja e de Estorãos (Ponte deLima). Os restantes não passam de cursosde água diminutos e pouco importantes:riachos de montanha apenas ruidosos du-rante ou após as grandes chuvadas.

SIMBIOSE ENTRE HOMEM E TERRAO assoreamento do Baixo Lima está bemevidenciado nas várias ilhotas, bancos emodificações no trajecto do seu leito.Frente a Ponte de Lima, porque a ponteromana se encontra hoje "em seco", namargem direita, sabemos que o leito dorio se desviou um pouco para Sul. Na Ida-de Média, o rio era uma importante via decomunicação mas no século XV já se te-ciam lamentos sobre as crescentes dificul-dades na sua navegabilidade. Topónimoscomo Moreira de Geraz (Viana do Caste-

View over the Lima

da Barca, winding calmly through the pleas-ant, pastoral countryside.

From Ponte da Barca as far as the mouth,the Lima basin is contained in a wide valley,with important river pastures on both banks.Between the pastures and the plains of vine-yards and cornfields and the higher ground,the mountains where the cattle graze, greatcontrasts can be seen, which neverthelessfade with the passing of time. The colourfuland highly diversified valley still finds a con-trast up on high in the austere mountain,heights that the dark forest green of thepines and occasionally eucalyptus, persist incovering.

From Lindoso to the river mouth, count-less tributaries join the Lima. In general, theyare small hydrographic basins intenselyexploited for irrigation and some grinding.The most important and extensive of thesewaterways include the rivers Vez (Arcos deValdevez) and Vade (Ponte da Barca), as wellas the streams of Labruja and Estorãos (Pon-te de Lima). The rest are no more than small,unimportant streams: mountain brooks thatare only noisy during or after heavy rainfall.

SYMBIOSIS BETWEEN MAN AND THE LANDThe silting of the Lower Lima can be seenclearly in the various islets, banks and modifi-cations in the riverbed. Opposite Ponte deLima, on the right bank, because the Romanbridge is today "dry", we can see that theriverbed has moved a little to the South. In theMiddle Ages the river was an importantmeans of communication but in the 15thcentury there were already grievances aboutthe growing difficulties in navigating it. Placenames such as Moreira de Geraz (Viana doCastelo), Correlhã (Ponte de Lima) and La-goa (Ponte da Barca), as well as the exis-tence of "rotten rivers" and river plains likethose of Correlhã and Bertiandos, which onlynow have started to dry out, show how un-stoppable this silting is. Silting, intensive agri-culture and the violent pressures of many ofits tributaries contribute heavily towards thisphenomenon. However, the main cause of ri-

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20 Passeios no Vale do Lima

lo), Correlhã (Ponte de Lima) e Lagoa(Ponte da Barca), bem como a existênciade "rios podres" e veigas como as da Cor-relhã e de Bertiandos, que só agora come-çam a estar enxutas, atestam o imparávelassoreamento. Os arroteamentos, a agri-cultura intensiva e o regime torrencial demuitos dos seus afluentes constituem im-portantes contributos para este fenómeno.Mas a subida do nível médio das águas domar (a transgressão flandriana) é certa-mente a causa que mais contribuiu e con-tribui para o assoreamento do rio.

Os riba-rio (barcos característicos dazona) já não sobem o Lima carregados debacalhau, sal ou cal e menos ainda o descemcom vinhos. Até as barquinhas de passagemvão desaparecendo e, com elas, as históriasde barqueiros. Desta actividade apenas res-tam topónimos como Ponte da Barca.

A pesca fluvial já não dá salmão e osável e a lampreia são cada vez mais ra-ros. Parece que quanto mais o Lima seabre ao mar mais se vai apagando a vidaeconómica do seu curso interior. Mas aRibeira Lima continua a encantar, comuma cidade como Viana do Castelo, vilascomo Ponte de Lima, Ponte da Barca eArcos de Valdevez e aldeias como Morei-ra, Ermida, Gavieira e muitas outras.

A Ribeira Lima é diferente! Mas nãopelos diversos verdes vegetais, nem pelasua difusa luminosidade, nem pelos nu-merosos riachos e fontes, nem pelos in-trincados minifúndios ou pela dispersãodo casario. Diante de uma sua paisagem,retalhada por uma panóplia de terrenos(cada um com a sua história e as suas es-tórias), as casas dispersas ao longo deapertada rede de caminhos, destaca-se éo hercúleo trabalho despendido na terrae os permanentes cuidados que esta exi-ge. A paisagem é o resultado das cansei-ras de longas gerações. Esta simbiose en-tre o homem e a terra faz da bacia limia-na uma região ímpar. Esse torrão ondenascer, crescer e viver, no seio da nature-za fortemente humanizada é ficar, irre-

INTRODUÇÃO Vista sobre o Limai

ver silting is undoubtedly the rising sea level. The riba-rio (characteristic boats of the

region) no longer go up the Lima loaded withcod, salt or limestone, nor do they come downriver with wines. Even the small ferryboats aredisappearing and with them, the stories ofboatmen. All that remains of this activity aresome place names, such as Ponte da Barca.

River fishing no longer produces salmon,and the shad and lamprey are increasinglyrare. It seems that the more the Lima opensup to the sea, the more the economic life ofits inland course dies out. But Ribeira Limacontinues to charm us, with a city like Vianado Castelo, towns like Ponte de Lima, Ponteda Barca and Arcos de Valdevez and villagessuch as Moreira, Ermida, Gavieira and manyothers.

Ribeira Lima is different! Not because ofits varied free plants, or its diffuse light, norbecause of the numerous brooks and sprin-gs, or the intricate smallholdings or the layoutof its houses. In a landscape such as this,divided into a panoply of plots of land (eachwith its own history and story to tell) andscattered houses along the tight network oftracks, what stands out is the Herculean workcarried out on the land and the constant careit requires. The landscape is the result of thetoil of several generations. This symbiosisbetween man and the earth makes the Limabasin an unparalleled region. In this land,

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21Passeios no Vale do Lima

mediavelmente, preso a essas origens. É um regresso ao passado, às tradições,

e ao presente cultural e gastronómico doLimia, o que lhe propomos. Mas Ribeira Li-ma não é para ver de passagem. A tradiçãosó se revela caso percorra, sem pressas, osseus mais íntimos e recatados lugares. Exigeque saia do carro ou do comboio para cal-correar rústicos caminhos. Esqueça-se dositinerários principais e perca-se! Será pro-vavelmente a melhor forma de ver (comolhos de ver) e de auscultar (com maior au-tenticidade), os seus mais recônditos luga-res, as suas mais puras tradições ou as suasespecificidades mais ímpares.

View over the Lima

A história e a lenda encontram-se tãointerligadas no que concerne ao rio Li-ma, que nem sempre é possível saber on-de acaba uma e começa a outra. A bele-za desse enigmático rio sempre provo-cou o poder sugestivo da lenda, fenó-meno que recua a velhos tempos.

A região do Lima entra na história, enão menos na lenda, quando Décio JunoBruto, em 137 a.C., ousou atravessar aságuas do rio. A travessia do Lima represen-tou um marco importante na ocupação doNoroeste peninsular pelas tropas de Roma.Naqueles tempos abundavam as lendas eas superstições em torno do rio. Estrabãofoi o primeiro a compará-lo ao lendárioLethes: o Rio do Esquecimento. O Limaera comparado ao mitológico Lethes, cujaságuas apagavam da memória, de quem oatravessasse, a vontade de regressar. Atri-buíam-lhe até a capacidade de provocar,em todos aqueles que o transpusessem, oesquecimento do passado e da própriapátria. As suas margens e terrenos envol-ventes passaram a apelidar-se "CamposElísios". Área ribeirinha que, segundo Olí-bio, era um jardim onde só durante três

meses do ano as rosas não floriam.History and legend are connected when wetalk of the river Lima, and it is not alwayspossible to tell where one ends and theother begins. The beauty of the enigmaticriver gave rise to the suggestive power ofthe legend, which dates back to old times.

The region of the Lima entered history,and no less legend, when Décio Juno Brutodared to cross the waters of its river in 137BC. Crossing the Lima represented animportant step in the Roman occupation ofthe Northwest peninsular. In those days,there were many legends and superstitionssurrounding the river. Estrabão was the firstto compare it to the legendary Lethe: theRiver of Oblivion. The Lima was compared tothe mythological Lethe, whose waterserased the memory of the desire to go backof whomsoever crossed it. It was said tohave the capacity to make all those thatcrossed it forget the past and their ownhomeland. Its banks and surrounding landscame to be known as "Elysian Fields".According to Olíbio, the riverside was a gar-den in which there were only three monthsa year that the roses did not bloom.

O LENDÁRIO ESQUECIMENTO THE LENGENDARY OBLIVION

being born, growing up and living, in the heartof a strongly humanised nature, is to remainirredeemably attached to these origins.

What we propose is a return to the past,the traditions and the cultural and gastro-nomic present of the Limia. But Ribeira Limacannot be seen in a hurry. Tradition is onlyrevealed if you calmly visit the most intimateand hidden spots. It means you must get outof the car or the train to walk rustic trails.Forget the main roads and lose your way! It isprobably the best way to see (with seeingeyes) and to hear (with greater authenticity),its most hidden places, its purest traditions orits most unique features.

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22 Passeios no Vale do Lima

INTRODUÇÃO A terra e o homemi

qualidade da terra da RibeiraLima depende da localização,mas o clima ajuda e o trabalhoincansável faz o resto. As bri-

sas húmidas do mar, perturbadas na suapassagem pelas serras, condensam-se eproduzem chuvas copiosas. A humidadegera por toda a parte um coberto vegetalabundante: não há bocado de terra ondenão brotem plantas. A mais pequena par-cela de terreno é aproveitada para a pro-dução de hortícolas: alfaces, cenouras, er-vilhas, feijão verde, couve galega, bata-tas… Uma verdura tenra em campos pe-queninos que avançam até à orla dos pi-nheiros. Esses pinhais ralos por onde en-

There is perhaps nowhere else inPortugal where the land shapes theman and the man shapes the land asmutually and intimately as in the

Minho" - Jaime Cortesão

The quality of the land in Ribeira Lima dependson the location, but the climate helps and theuntiring work does the rest. The damp seabreezes, whose passage is blocked by themountains, condense and produce heavy rain.The damp generates an abundance of green-ery: there is no piece of land without plants. Thesmallest plot of land is used to produce vegeta-bles: lettuce, carrots, peas, green beans, cab-bage and potatoes, among others. The small

A “

"Talvez em parte alguma de Portugal a terra moldasse o homem e o homem

moldasse a terra tão mútua e intimamente como no Minho" - JJaaiimmee CCoorrtteessããoo

A terra e o homem

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23Passeios no Vale do Lima

The land and the man

tram os raios solares listrando o chão defetos e de caruma.

Os casais dispersam-se por veigas evales, à beira dos caminhos e dos perenesveios de água que lhes regam os quintais.São as manchas brancas que inrompem doverde vegetal e onde aparentemente a qui-etação mora. Mas é tarefa dura a do lavra-dor, começando muitas vezes antes do rai-ar da aurora para terminar noite feita.

No Outono/Inverno, os extensos pra-dos cobertos de erva estão cheios de ver-de. É chegado o tempo da poda, das pri-meiras sachas e mondas, do tratamentodas vinhas, das batatas e das árvores defruto. Além disso, as ervas daninhas per-sistem em crescer de permeio com as ten-ras novidades. Mas, na Primavera, depoisda poda que limpou o arvoredo, os cam-pos, aguardando novas sementeiras, en-chem-se das flores amarelas. Regressamas lavras em que os mansos bois, a es-panejar as caudas, aram as terras escuras.O milho é lançado à terra enquanto serezam ladainhas para que as sementeirasgerminem depressa e produzam bem. Re-bentam pereiras, pessegueiros e macieirasem flor. É altura de dar mãos de cal nosrostos das casas e de colorir os beirais on-de as andorinhas virão, em breve, fazer osseus ninhos.

VINHA TREPADORACerta manhã, em finais de Abril, depoisde lavrada uma boa terrinha, soalheira ede fácil regadio, depois de bem gradada elimpa da felpa, semeia-se a linhaça. Abrilfinda com as flores anunciando frutos.Chega Maio e em cada palmo de terrairrompem tufos de flores. Então não hájanela, varanda, padieira de forno, pipo,jugo de bois ou corte de gado que não seenfeite de giestas. A flor predilecta doMaio triunfante, a flor propiciadora quetrará prosperidade ao casal e defenderá ogado de maleitas.

Os alcatruzes das noras atarefam-se atirar as primeiras águas das regas, nos pi-

fields are filled with a tender green that extendsas far as the pines: forests that let the sun'srays pass through to brighten the ground offerns and needles.

The farmhouses are scattered over plainsand valleys, next to tracks and the unceasingstreams that irrigate their gardens. They arewhite spots on a landscape of green vegetationwhere peace and calm seem to reside. But thefarmer's work is hard, often beginning beforethe break of dawn and finishing at night.

In the autumn and winter, the vast plains ofgrass are all green. It is time to prune, to weedand to hoe, to deal with the vines, the potatoesand the fruit trees. Apart from this, there arethe weeds that persist in growing in betweenthe tender new shoots. In the Spring, however,after the pruning that has cleared the trees,the fields wait to be sown and are filled withyellow flowers. Tilling time returns when thegentle oxen, swinging their tails, plough thedark soil. The corn is cast on to the land whilethe people pray that the seeds germinatequickly and yield well. Pear, peach and appletrees blossom. It is time to whitewash thehouses and paint the eaves where the swal-lows will shortly come to make their nests.

CLIMBING VINEOne morning, at the end of April, after a goodpiece of land with plenty of sun and access towater has been tilled, harrowed and clearedof leaves, the flax is sown. April ends with theflowers promising fruits. May comes and onevery inch of land there are tufts of flowers.There is no window, balcony, oven lintel, keg,ox yoke or cattle pen that is not decoratedwith broom. The favourite flower of triumphantMay, the flower that brings the house pros-perity and keeps the cattle from harm.

The conveyor buckets are busy carryingthe first irrigation waters; in the pine-forest,people are looking for pinecones and brush-wood. An ox cart is loaded with young woodfor the animal pens. On a marsh, a young girlreaps the damp grass of the pastures. Up inthe mountains, among the dark heather, youcan see the white of the stone quarries. The

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24 Passeios no Vale do Lima

INTRODUÇÃO A terra e o homemi

nhais anda-se às pinhas e aos gravetos.Um carro de bois carrega-se de mato ten-ro para as cortes dos animais. Num lamei-ro, uma moça sega a erva húmida dospastos. No alto dos montes, entre as ur-zes-escuras, destacam-se as cavas brancasdas pedreiras. Brancas são também asmeadas de linho a corar no outeiro. Oreligioso linho a que o minhoto queriamais que tudo!

Tal como o linho, o pão também é re-ligioso. Da farinha triga se faz a hóstia deconsagrar, que é o pão das almas. Em ca-da padieira e porta de forno há uma cruze três cruzes se fazem no bolo amassado:ao rezar a S. João, que o faça pão, a S. Vi-cente, que o acrescente, e à Virgem Ma-ria, uma Avé-Maria para que ela o levantee o levede. Como sacrários de pão, mui-tos espigueiros são encimados pela cruz.E os cuidados que dá o pão desde que olavrador o benze, ao semeá-lo, até que obeija, ao comê-lo. Tem de o semear, picar,sachar, regar, mondar, cortar, esfolhar, se-car, malhar, crivar, moer, peneirar, amas-sar, levedar, padejar, enfornar e cozer.

Mas a característica mais típica e do-minante na paisagem limiana, tão inten-samente composta pelo homem, é a vi-nha. Esta ora se alastra em latadas e se en-direita em bardos, ora (principalmente avinha de enforcado) trepa e enrosca-seem torno das árvores. As vinhas enqua-dram os milheirais e ladeiam, com gran-des tirsos, as estradas que transformamem alamedas engalanadas dignas de ver-dadeiros cortejos triunfais.

Dantes as vinhas eram robustas e qua-se não havia mal que lhes chegasse. Hojea sua boa saúde enche o lavrador de cui-dados e canseiras. Mas, o gosto de sabo-rear o vinho tudo compensa. Afinal ele éo sangue de Cristo.

A ARQUITECTURA POPULARAbsorvido pela terra que o alimentava, asi e à sua familia, o minhoto pedia à casasó um abrigo, sem luxo nem conforto.

skeins of linen are also white spots on thehillside. The religious linen that the Minhotanloved above everything else!

Just like linen, bread is also religious.Wheat flour is used to make the sacred hostthat is the bread of souls. On every oven lin-tel and door there is a cross and three cross-es are made on the kneaded cake. The peo-ple pray to St John to make the bread, to StVincent to add to it, to the Virgin Mary, thereis an Ave Maria so that she will make it riseand leaven. Like bread shrines, many gra-naries are headed by the cross. And whatcare is taken with the bread from when thefarmer blesses it as it is sown, till he kisses itwhen it is eaten! The bread has to be sown,turned, weeded, watered, hoed, cut, husked,dried, threshed, sifted, ground, kneaded, leav-ened, made into loaves and baked.

But the most typical and dominant featureof the Lima countryside, so intensely workedby man, is the vine. This spreads out and istrained on trellises, or (mainly the "hangman'svine") climbs and wraps itself around thetrees. Vines frame the cornfields and flank theroads that are transformed into ornateavenues worthy of triumphant processions.

At one time the vines were sturdy andhardly anything could harm them. Now theirhealth gives the farmer a lot of hard work and

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25Passeios no Vale do Lima

The land and the man

Mas o desenvolvimento da lavoura e umavida de maior desafogo vieram exigirmais daquela que passou a ser também asua habitação.

A casa típica, de granito e de carval-ho, associa e funde numa só, a modos depresépio, a habitação humana e o curraldo gado. As casas são de planta rectangu-lar e geralmente de dois pisos baixos: oandar sobradado, para habitação, e o tér-reo, para as cortes de gado e lojas. Nosbaixos recolhe-se uma parte da alfaia elocaliza-se a adega, às vezes celeiros e atéas cortes.

Uma escada de pedra, guardada ounão e de um só lanço, sobe geralmente aolongo da fachada à varanda, coberta comalpendre, por onde se entra no sobrado.A cobertura típica, geralmente de duaságuas pouco inclinadas, é de velha telha

trouble. But he is rewarded when he tastesthe wine. After all, it is the blood of Christ.

POPULAR ARCHITECTUREEngrossed in the land that fed him and hisfamily, all the Minhotan asked of his homewas a shelter with no luxury or comfort. Butas farming developed, an easier life demand-ed more of what became his home.

The traditional house of granite and oakcombines a home for humans and a cattlepen. The houses are rectangular and gener-ally have two storeys: the upper floor is theliving area and the ground floor is for animalsand stores. The lower floors house the farm-ing instruments and the wine cellar, some-times the barn and even cattle pens.

A single-flight stone staircase, with or with-out a banister, generally goes up along thefaçade to the covered balcony, which is the way

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26 Passeios no Vale do Lima

INTRODUÇÃO A terra e o homemi

caleira ou, nos casos mais rústicos, decolmo e giesta, como sucede em certasaldeias do curso superior do Lima por-tuguês. No século XVIII ainda se conser-vava o antigo costume de casa honradaser coberta de colmo e não de telha.

À volta da casa minhota não podem fal-tar a eira, as medas ou moreias, o poço, ascortes e os inseparáveis espigueiros. DaGaliza veio o gosto pelos espigueiros degranito, como os de Soajo (Arcos de Valde-vez) ou de Lindoso (Ponte da Barca).

A típica casa minhota, em que os baixosarrecadam e armazenam e no andar existemos aposentos de viver, surge contudo sobdiversos estilos que a fortuna ou a localiza-ção quase sempre explicam. No Lindoso, éfrequente uma escada exterior dar acesso auma varanda de granito corrida ao longo dafachada e cuja cobertura, muito baixa,apoia em singelos pilares. No térreo, a va-randa faz de coberto de arrumos. Em Ca-bração, Moreira de Lima e Estorãos (Pontede Lima) eram comuns as varandas de ma-deira, assentando sobre pilastras. Na Serrade Arga e na Labruja (Ponte de Lima) já asvarandas, para proteger do frio, são baixase vedadas, estreitos os respiros e os posti-gos. Em Ermida e Germil (Ponte da Barca),na serra Amarela, as janelas são diminutas,escassas e muito chegadas ao beiral parafazer face às inclemências do clima.

in to the house. The house is typically coveredwith a slightly sloping gabled roof made of oldguttered tiles or, in the most rustic houses,thatch and broom, which can be seen in someof the villages of the upper reaches of thePortuguese Lima. In the 18th century, therewas still an old custom that an honourablehouse had a thatched roof, not a tiled one.

Around the Minhotan house there isalways a threshing-floor, haystacks and cornsheaves and the inseparable granaries. Thecustom of granite granaries came from Galicia,and these can be seen in Soajo (Arcos deValdevez) or Lindoso (Ponte da Barca).

The typical Minhotan house, in which thelower floors are used for storage and the upperfloor for living, has different styles that canalmost always be explained by wealth or loca-tion. In Lindoso, there is commonly an outerstaircase going up to the balcony along thefaçade, the roof of which is supported on sim-ple pillars. On the ground floor, the balcony isused as a cover for storage. In Cabração,Moreira de Lima and Estorãos (Ponte de Lima)wooden balconies were common, supported onpilasters. In Serra de Arga and Labruja (Pontede Lima) the balconies are low and sealed asprotection from the cold, with narrow vents andwindows. In Ermida and Germil (Ponte daBarca), in the Amarela mountains, there arevery few, tiny windows that are close to theeaves to face the harsh climate.

PARADA DO LINDOSO · 1 - planta de uma eira comum, rodeada de espigueiros plan of a commonthreshing - floor surrounded by granaries / 2 - alçado do espigueiro upright projection of a granary Fo

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27Passeios no Vale do Lima

The land and the man

VIVER AO SABOR DAS ESTAÇÕESEm Maio, após as lavouras, quando ospastos escasseiam no vale, era hábito ogado ser levado para o cimo das serras eaí permanecia até que o tempo refrescas-se, lá para finais de Agosto ou Setembro.Na serra Amarela (Ponte da Barca) cadaaldeia possuía, geralmente junto de fonteou riacho, as suas pastagens de altitude,com locais de recolha para o gado e abri-gos para os pastores. Eram pequenaschãs, mais ou menos planas, isoladas nomeio das penedias, geralmente limitadaspor um baixo e tosco muro de pedras ecom um único abrigo. O "forno", comose lhe chamava, situava-se no centro ou aum lado, por vezes sobre o muro, de mo-do a dominar a lameira.

No Soajo e na Peneda (Arcos de Val-devez), os locais de recolha dos vigias egados, na época estival, levam o nome de"brandas". Quando estas eram utilizadassomente para fins pastoris, eram compos-tas por aglomerados de abrigos (os corte-lhos). Tal como acontecia na vezeira dasaldeias do Soajo, na Peneda, a subida pa-ra os altos (Chã da Peneda, Bragadela eVidoeiro) e, depois, o regresso (Cova,Burzavô, Curdifeito e Piorneda) fazia-secom paragens em brandas intermédias,brandas para onde se recolhia o gadoquando o estado do tempo adverso, emaltitude, a isso aconselhava.

Na Amarela, cada curral apresentavaapenas um forno. Mas, no Soajo e na Pe-neda, cada branda possuía agrupamentosde mais de uma dezena de cortelhos, es-palhados e sempre cercados por um pe-queno recinto descoberto (a bezerreira).Estes abrigos, os fornos dos currais daAmarela e os cortelhos das brandas doSoajo e da Peneda, eram geralmente con-struções de falsa cúpula, extremamentetoscas e primitivas. Na Amarela eram deplanta redonda e, embora também rudes,de melhor construção, mais altos e espa-çosos, do que os seus congéneres do Soa-jo e da Peneda. Os cortelhos eram mais

LIVING AT THE MERCY OF THE SEASONSIn May, after the ploughing, when there was lit-tle pastureland in the valley, it was common forthe cattle to be taken to the mountaintops andto stay there until the weather cooled, at theend of August or September. In the Amarelamountains (Ponte da Barca), each village gen-erally had some high grazing ground next to abrook or spring, with places to gather the cat-tle and shelters for the herdsmen. These weresmall plateaux isolated in the middle of therocky hills, generally marked out by a rough,low stone wall, with a single shelter. This wascalled the "forno" (oven) and was in the mid-dle or to one side, sometimes on the wall so asto overlook the area.

In Soajo and Peneda (Arcos de Valdevez),the places where the cattle were gatheredand watched in the summer season werecalled "brandas". When they were used onlyfor grazing purposes, they consisted ofgroups of shelters (the cortelhos). Just likethe herds of the Soajo villages, in Peneda, theclimb to the high ground (Chã da Peneda,Bragadela and Vidoeiro) and the return(Cova, Burzavô, Curdifeito and Piorneda)were done with stops at halfway brandas, inwhich the cattle could be gathered when badweather on the high ground so required.

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28 Passeios no Vale do Lima

INTRODUÇÃO A terra e o homemi

pequenos, baixos e toscos, geralmente depiso térreo, mas alguns tinham dois pisos(divididos por uma ou mais lajes lamina-das). Com entradas independentes, emposições desencontradas, esses cortelhosde dois pisos aproveitam frequentementeum desnível no solo para aí se implan-tarem. Em cima, dormia o homem, embaixo ficava o gado, numa prefiguraçãoda típica casa minhota.

Interiormente, esses tugúrios ignora-vam o mais elementar conforto. Pequenose baixos, deixando entrar o vento pelasfrestas das pedras, apenas possuíam, numpequeno recanto enegrecido pelo fumo,uma lareira (para quando não se podia co-zinhar fora ou era necessário lume paraaquecer). Fetos ou urzes no chão e umamanta em cima faziam de cama. Paus cra-vados entre as pedras das paredes faziamde cabides onde se penduravam as roupase os utensílios. Um panelo para as batatas,um saco com a broa e pouco mais.

Na solidão das alturas despovoadas,face à grandiosidade da montanha, comhorizontes a perder de vista, os currais eos cortelhos, mal se distinguindo da pe-nedia que os rodeia, são bem a imagemda dureza da vida das gentes serranas,agora em desuso. A rusticidade desses ar-caicos povoados, sem idade, perdidos naserrania lembra as povoações castrejas,abandonadas, esquecidas e em ruínas.

BRANDAS TORNAM-SE ALDEIASAs brandas também podiam ser uma du-plicação das aldeias das terras baixas.Com casas e pequenas leiras onde se cul-tivava o feno, o centeio e a batata. Asbrandas de cultivo constituíam pequenasaldeias onde as pessoas se instalavam deMaio a Setembro, deslocando consigogados e outros animais domésticos (por-cos, galinhas, etc.). As casas são de plan-ta rectangular, não raro de dois pisos e te-lhado de colmo (os colmaços) ou, cadavez mais, de telha. Algumas brandas decultivo transformaram-se mesmo em al-

In Amarela, each corral had only one shel-ter. But in Soajo and Peneda, each branda hadgroups of over ten cortelhos, spread out andalways surrounded by a small, uncovered area(the bezerreira). These shelters, the corral shel-ters of Amarela and the cortelhos of the bran-das of Soajo and Peneda, were generallyextremely rough and primitive constructionswith a false dome. In Amarela there were roundand, although they were also very basic, theywere better built, higher and more spaciousthan those of Soajo and Peneda. The cortelhoswere smaller, lower and rougher, generally withone floor, but some had two (divided by one ormore stone slabs). With independent entrancesin different positions, these two-storey cortel-hos often made use of different levels in theground when they were built. The man wouldsleep above and the cattle would stay below, ina prefiguration of the typical Minhotan house.

Inside, these hovels paid no attention tocomfort. Small and low, they allowed the wind tocome through the cracks in the stones and allthey had in a small corner blackened by smokewas a fireplace (for when it was not possible tocook outside or a fire was necessary for heat).Fern and heather on the ground and a blanketover the top acted as a bed. Sticks stuck in thewalls were used for hanging up clothes andutensils. There was a pipkin for potatoes, a bagwith the bread and little more.

In the solitude of the uninhabited heights,almost lost in the vast mountains and amongthe rocky hillside around them, the corrals andcortelhos are a clear image of the hard life ofthe mountain folk in days gone by. These rus-tic, timeless dwellings, lost in the mountainsremind us of the early pre-Roman settlemen-ts: abandoned, forgotten and in ruins.

BRANDAS BECOME VILLAGESThe brandas could also be a duplicate of thevillages in the lowlands, with houses and smallstrips of land where hay, rye and potatoeswere grown. The cultivated brandas weresmall villages where people lived from May toSeptember, taking with them cattle and otherfarm animals (pigs, hens, etc.) The houses are

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29Passeios no Vale do Lima

The land and the man

deias de habitação permanente (S. Bentodo Cando ou Gavieira).

Nos povoados mais altos da serraAmarela (Portos, Seara, Rodeiro, entreoutros), as populações mudavam-se, nomês do Natal, das chamadas "verandas"ou "brandas" (habitações de Verão) paraas inverneiras, residências situadas maisabaixo num vale abrigado. Pela Páscoa, aspopulações regressavam às brandas (En-talada, Dorna, Mareco, Varziela e Ca-nheiras) para o amanho das leiras altas.

No litoral, os grupos de barracas etelheiros que enfeitavam as praias, comona Ponta do Cabedelo, destinavam-se àcolheita de algas e eram propositada-mente edificados para esse intento. Essasrústicas cabanas eram utilizadas nas épo-cas de recolha de sargaço, com vista à suaarrecadação e das ferramentas do ofícioou mesmo como residência temporáriados sargaceiros.

As alterações socio-económicas quese têm verificado, nas últimas décadas,reflectiram-se profundamente no patri-mónio edificado da Ribeira Lima. A casatípica está a desaparecer mas ainda é pos-sível admirar belos exemplares da arqui-tectura popular minhota.

rectangular, often two-storey with thatchedroofs (the colmaços) or, increasingly, tiledones. Some cultivated brandas were transfor-med into villages that were permanentlyinhabited (S. Bento do Cando or Gavieira).

In the highest villages of the Amarelamountains (Portos, Seara and Rodeiro, amongothers), the people moved in the Christmasmonth from the "verandas" or "brandas"(summer residences) to the winter ones, hou-ses located further down in a sheltered valley.Around Easter time, the people returned tothe brandas (Entalada, Dorna, Mareco, Var-ziela and Canheiras) to cultivate the highground.

On the coast, the groups of huts andsheds on the beaches, such as Ponta doCabedelo, were used for storing seaweed andwere built specifically for this purpose. Theserustic cabins were used in the sargasso gath-ering season, with a view to storing the sea-weed and the tools of the trade or even as atemporary residence for the sargaceiros.

Socio-economic changes in the last fewdecades have been deeply felt in the archi-tectural heritage of Ribeira Lima. The typicalhouse is disappearing, but it is still possible toadmire beautiful examples of popular Mi-nhotan architecture.

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30 Passeios no Vale do Lima

INTRODUÇÃO Gentes, artes e saboresi

completar as idílicas paisa-gens da Ribeira Lima temosos homens e as mulheres queainda arroteiam a terra, sa-

cham, cavam, regam, lavram e guiam oscarros de bois. O lavrador e a lavradeiradão, só por si, sentido poético a essesgrandes quadros minhotos, invariavel-mente em pinceladas de verde.

As famílias de lavradores eram patri-arcais o que se traduzia, nos trabalhosagrícolas, por uma relativa divisão do tra-balho segundo os sexos. Lavrar e todas asactividades com os bois eram executadas,

f you have never been to this cheerfuland endearing region praised by eclo-gues and pastoral poems, you do notknow the most vibrantly alive and

happy, the brightest and most song-filled partof Portugal. - Ramalho Ortigão

The idyllic landscapes of Ribeira Lima arecrowned by the men and women that continueto till, hoe, dig, water and plough the land andto guide the oxen carts. The countryman andwoman are enough on their own to bring poet-ic sense to these great Minhotan portraits, inwhich green is the predominant colour.

A I

“Quem durante dias não viveu e passeou nesta ridente e amorável região privi-

legiada das éclogas e das pastorais, não conhece de Portugal a porção de céu e

de solo mais vibrantemente viva e alegre, mais luminosa e mais cantante” -

RRaammaallhhoo OOrrttiiggããoo

Gentes, artes e sabores

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People, arts and tastes

em geral, pelos homens ao passo que asmulheres ocupavam-se no transporte àcabeça ou no segar da erva. No entanto,na ausência ou falta de homens, a mulhertambém dirigia os bois, lavrava e faziatodo o tipo de trabalhos agrícolas.

Nas famílias de lavradores, hoje emdia, a mulher substituiu o homem emmuitas tarefas agrícolas, até na conduçãoe utilização de tractores e outra maquina-ria. Esta mudança relativamente ao passa-do deve-se à ausência de muitos dos ho-mens que emigram ou saem de casa dia-riamente para trabalharem noutras activi-dades, dedicando-se à agricultura a tem-po parcial.

As necessidades inerentes ao cultivoda terra e ao cuidado dos animais e outrosbens levavam o lavrador a valorizar osvínculos intervicinais. O arranjo dos ca-minhos locais ou o cuidado colectivo pe-las águas de rega (geralmente partilha-das) favoreceram esse espírito comunitá-rio. Nas aldeias sentia-se tanto a utilidadeda interajuda que era inadmissível ummorador não colaborar. Um mau vizinhoera considerado uma desgraça! Nas anti-gas rezas da ceia, as famílias minhotascostumavam pedir a Santo António paraas livrar de «maus vizinhos de ao pé daporta». Os elos de vicinidade reforça-vam-se e simbolizavam-se nas dádivas re-cíprocas, nas festas do lugar, nas feiras enas romarias.

ALEGRES GENTESNo Alto Minho todas as sedes concelhiascontam ainda com importantes feiras quelhes dão vida e atracção. Nos dias da suarealização, as ruas da vila animam-se tan-to ou mais que o espaço da feira. Esseseventos tradicionais proporcionam mui-tos outros serviços para além de serem lo-cais propícios a encontros e relaciona-mentos importantes.

As feiras – semanais, quinzenais,mensais ou anuais –, com uma diversifica-da gama de produtos agrícolas e arte-

Farming families were patriarchal, whichmeant that different tasks were done by eachsex. Ploughing and all the activities involvingoxen were generally done by men, while thewomen busied themselves transportingthings on their heads or reaping the grass.However, if the men were away, the womenalso led the oxen, ploughed and did everykind of farm work.

In the farming families nowadays, the wo-man has replaced the man in many of thefarming tasks, even driving and using tractorsand other machinery. This change came aboutbecause many of the men emigrated or lefthome every day to work in other jobs, devot-ing themselves to agriculture only part-time.

The inherent needs to cultivate the landand tend the animals and other goods led thefarmer to value the ties with his neighbours.This community spirit benefited with the fix-ing of local roads and the collective care ofirrigation waters (generally shared). In the vil-lages, this mutual help was seen to be souseful that it was inadmissible for a villagernot to collaborate. A bad neighbour was con-sidered to be terrible misfortune! At supper-time, the Minhotan family would say graceasking Saint Anthony to free them of "badneighbours on the doorstep". The neighbour-hood bonds were strengthened and symbol-ised in reciprocal gifts at the village feasts,fairs and festivals.

CHEERFUL PEOPLEIn the Upper Minho, all the municipal capitalsstill have important fairs that bring them tolife. On fair days, the town's streets are as

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INTRODUÇÃO Gentes, artes e saboresi

sanais, vão-se apagando progressivamen-te. Uma feira requer a componente festi-va e, por isso, ela tem de ser relativa-mente espaçada no tempo. Sempre asso-ciadas a festividades religiosas, as maisautênticas, pelo bulício e pela festa, sãoas feiras anuais: caso das Feiras Novas, emPonte de Lima, ou da Feira de S. Bartolo-meu, em Ponte da Barca. Apesar de tudo,ainda existem feiras quinzenais plenas deautenticidade, como as de Ponte de Limae Arcos de Valdevez.

É nas festas, feiras e romarias que o mi-nhoto e, sobretudo, a minhota expõem oseu melhor vestuário. O traje à vianesa (verintrodução ao concelho de Viana) é apenasusado nessas ou noutras ocasiões especiais,nomeadamente em exibições de carácterfolclórico. Esses graciosos trajes femininossão de um colorido incomparável, tanto osda orla costeira como os do formoso valedo Lima. Apresentam uma grande varieda-de de padrões, cores e enfeites, onde pre-dominam as cores garridas. O requintadotraje à vianesa actualmente só se vê em oca-siões especiais, mas outrora também assimera. O vestuário do dia a dia era mais hu-milde e prático, adequado à faina que omar, o rio, o campo ou a serra exigiam.

lively, or even more so, than the marketplace.These traditional events provide many otherservices as well as being places for importantmeetings and relationships.

The fairs - weekly, fortnightly, monthly oryearly - which offer a wide range of agricul-tural and hand-made products are slowlydying out. A fair requires the festive compo-nent, which is why it cannot happen too often.Annual fairs are always associated with reli-gious festivities and are the most authenticwith their bustle and festive spirit. Theseinclude the Feiras Novas, in Ponte de Lima, orthe Feira de S. Bartolomeu, in Ponte daBarca. However, there are still some veryauthentic fortnightly fairs, such as those ofPonte de Lima and Arcos de Valdevez.

It is at these feasts, fairs and festivals thatthe Minhotan, particularly the woman, wearsher best clothes. The Vianese costume (seeintroduction to the municipality of Viana) isonly worn on these or other special occa-sions, namely at exhibitions of a folklorenature. These gracious feminine costumesare incomparably colourful, whether theycome from the coastal area of from the beau-tiful Lima valley. There is a great variety ofpatterns, colours and adornments, mainly instriking colours. Although the luxuriousVianese costume is only seen on specialoccasions nowadays, this is just as it was indays gone by. Everyday clothing was simplerand more practical, suited to the workdemanded by the sea, the river, the field orthe mountain.

WOOL AND LINENWool and linen are, par excellence, the natu-ral fibres used in the making of clothes, thelatter in the forms of linen and tow. Linenfibres were, and still are, used to make shirts,skirts, scarves, and so on, in other words, theclothing of the house.

The items of clothing that the family itselfwas unable to make were undertaken by aprofessional. The vestment maker, for themen, would make a three-piece suit: trousers,waistcoat and jacket. The waistcoat, which

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People, arts and tastes

LÃ E LINHOA lã e o linho constituíam, por excelên-cia, as fibras naturais usadas para a con-fecção da roupa. Esta última adoptadasob o tríplice aspecto de linho, estopa etomentos. As fibras do linho eram e aindasão usadas para fazer camisas, saias, len-ços… enfim, a roupa da casa.

As peças de vestuário que a famílianão estava habilitada a fazer eram entre-gues aos cuidados de um profissional. Ovestimenteiro, para os homens, fazia umterno: calças, colete e jaqueta. O coleteque, em tempos pouco distantes, era ge-ralmente de linho e mais ou menos bor-dado (Cabração), deu lugar aos coletesde cotins e riscados. As calças, de burel(Rebordões, Amarela, Arga), de lã e esto-pa (Soajo) ou até de qualquer outro teci-do mais moderno para festa, vieram sub-stituir os calções outrora em voga e hojeapenas usados em algumas localidades(Lindoso).

O chapéu de aba larga não se vê emmulheres, mas é comum nos homens.Nos trabalhos do estio, porém, o chapéude palha de centeio, fabricado geral-mente no local, é que era adoptado. Asmulheres usam frequentemente o len-ço adquirido nas feiras.

Os homens usavam como aga-salho uma capa comprida com ca-beção e gola larga, sem mangasnem botões (Refoios, Re-bordões). Os agasalhosdas mulheres eram osextintos mantéus. Deresto, contra o frio, osmeios de defesa eramparcos. Do Soajo aLindoso, e na Ama-rela, as mulherespunham um aven-tal sobre a cabeçae ombros. Aventalque, aliás, quandoé mais amplo e es-pecífico para esse

not so long ago was generally made of linenand fairly embroidered (Cabração), wasreplaced by twill waistcoats with stripes. Thetrousers made of coarse woollen cloth(Rebordões, Amarela, Arga), wool and tow(Soajo) or even any other more modernmaterial for the feast, replaced the shorts thathad once been fashionable and today areonly worn in certain places (Lindoso).

The wide-brimmed hat is not seen forwomen, but is common for men. For work inthe, however, the rye straw hat, generally madelocally, was adopted for use. The women oftenwear scarves purchased at the fairs.

To keep warm, the men wore a long cloakwith a tippet and wide collar, which had nosleeves or buttons (Refoios, Rebordões). Thewomen wore the now defunct capes. Apartfrom that, there were few means of wardingoff the cold. From Soajo to Lindoso, and inAmarela, the women would put a kind ofapron over their head and shoulders. In fact,when this apron is wider and specifically forthis use, it is given the name "mantilha". InArga and the adjacent areas like Estorãosand S. Lourenço, they have adopted a kind ofskirt for their head and shoulders. Before,however, the fashion generally used for this

costume was the cape, "from the neckto the knee", with no sleeves, collar orhood.

COWLS FOR MEN AND WOMENAmong all the warm clothing, the

cowl was the most commonand most popular, both for

men and women. It con-sisted of a rectangle that

covered the head, wastied at the neck thenspread across theshoulders. It couldeven go down further,

adapting itself to thebody. The cowl was ma-

de of tow (Arga), common-ly of coarse woollen cloth

(Cabreira, Gralheira, etc.) and,

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INTRODUÇÃO Gentes, artes e saboresi

uso recebe o nome de "mantilha". Já emArga e nas povoações adjacentes comoEstorãos e S. Lourenço, adoptam, pelacabeça e ombros, uma saia. Antes, porém,de se generalizar este costume, a modaera o mantéu, "do pescoço até ao giolho",sem mangas, nem gola ou capuz.

CAPUCHA PARA HOMENS E MULHERESMas entre todos os agasalhos, a capuchaera o mais vulgarizado e preferido, tantopor homens como mulheres. Consistianum rectângulo que, cobrindo a cabeça,prendia ao pescoço, dilatava-se nos om-bros e podia, até, descer um pouco, adap-tando-se ao corpo. A capucha era de to-mentos (Arga), ordinariamente de burel(Cabreira, Gralheira, etc.) e, para a missaou dias festivos, de saragoça.

À coroça ou palhoça, principal pro-tecção contra a chuva, há a acrescentar osafão, especialmente destinado aos trabal-hos no mato e no monte. Na serra de Arga,os safões eram feitos geralmente de pele decabrito. Suspensos da cintura aos joelhosou começando mesmo a meio do peito,impedem o estrago das roupas nas segadas.Note-se, no entanto, que, como no Soajo,o safão é já ou virá a sê-lo, em breve, umacessório dispensado e esquecido.

As meias eram fabricadas em malhade lã e, inicialmente, de retalhos unidos.Abundavam na serra sob as denomi-nações de, para homens, "carpins" ou"meiotes" e, para mulheres, "piúcas"(quando sem pé). Estas eram meias demalha de lã, geralmente brancas, apenasdo cano do joelho ao tornozelo (Arga).O desuso das meias de lã tradicionais ins-tala-se, contudo, no Soajo e na Amarela,tendo-se-lhe antecipado nas faldas daSerra de Arga (Cabração): onde se usa-vam as chamadas "peúgas de cabrestilho",ou seja, com uma presilha por baixo.

Os socos de madeira, hidrófugos equentes, eram e ainda são o calçado usa-do por ambos os sexos, concebido paraos maus caminhos do campo. Os socos,

for Mass or feast days, a finer woollen cloth.Apart form the coroça or palhoça (the

straw garments used against the rain) therewas also the safão, which was speciallydesigned for work in the woods and hills. Inthe Arga mountains, the safão was generallymade of kidskin. Hung from the waist to theknees, or even beginning halfway up thechest, it stops the clothes from gettingspoiled during reaping. However, just as inSoajo, the safão is already, or will shortly bean unnecessary and forgotten accessory.

Socks were made from wool and, initiallyfrom patches sewn together. They wereknown in the mountains as "carpins" or"meiotes" for men and "piúcas" (when theywere footless) for women. These werewoollen, generally white, socks and consistedof just a tube from knee to ankle (Arga).These traditional woollen socks fell out of usein Soajo and Amarela, as they had previouslydone in the foothills of the Serra de Arga(Cabração) where they used the so-called"spur-strap socks", in other words fastenedunderneath.

The wooden clogs, which were warm andwaterproof, were and still are the shoes wornby both sexes, designed for the poor moun-tain paths. The clogs, chancas or tamancos

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People, arts and tastes

chancas ou tamancos são abertos, no Ve-rão, ou fechados, no Inverno, e são feitosde madeiras locais, como o amieiro. Osmodelos fechados são umas botas de cou-ro e sola de "pau", de cano curto e aper-tadas com cordões de couro.

Ao calçado ocorre associar as polai-nas que, apesar de terem caído em desu-so, são inequivocamente úteis para o frio,a chuva, a neve e, de um modo geral, to-do o serviço no campo ou no monte. Ge-ralmente eram só adoptadas pelos ho-mens mas as mulheres serranas, da Arga,também as usavam na estação rigorosa.As polainas femininas também eram deburel mas mais curtas.

Os lenços de namorados, outrora deestopa (Arga) e, depois, de linho e decambraia, eram comuns quer na zona ri-beirinha, quer nas localidades serranas.Bordados a ponto cruz, apresentavam di-zeres de cariz amoroso, como esta quadrada serra Amarela:«Neste lenço quis fazerObras da minha habilidadePara um dia dar de prendaA quem tenho amizade.»Ou esta outra:«Nada mais

are open in the summer or closed in the win-ter and are made from local wood, such asalder. The closed models are leather bootsthat have a wooden sole and short leg andare fastened with leather laces.

Footwear is also associated with gaiters,which, although they have fallen into disuse,are unmistakably useful for the cold, the rain,the snow and, in general all the work in thefield or mountain. Generally, they were onlyused by men, but the mountain woman ofArga also used them in harsh weather. Thefemale gaiters were also made of coarsewoollen cloth, but were shorter.

The courting couples' scarves, oncemade in tow (Arga) and then in linen andcambric, were common both in the river areasand in the mountain villages. Embroidered inneedlepoint, they were declarations of anamorous nature, like this verse from the Ama-rela mountains:«On this scarf I will write With this very endVerses written by my own handTo offer to my friend»Or this one:«Nothing more Can I sayThan I am yoursTill my dying day»

HANDICRAFTS AND GASTRONOMYThe skill of the men and women of the Limahas always been expressed in the develop-ment of several arts and crafts. Apart fromweaving and clothes making, the artisansdevoted themselves to basketry, tin work,cooperage, yoke-making, fireworks, festivalarches, embroidery and pottery, among oth-ers: a countless number of activities essentialto the life of the community and the people.

Handicrafts were an important activity inthe past. It was only in the last century thatseries production dethroned many hand-made crafts from their privileged position.The appearance of plastics was a hard blowto pottery, and other crafts were badly affect-ed. But several of these arts are still practised

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36 Passeios no Vale do Lima

INTRODUÇÃO Gentes, artes e saboresi

Posso dizerSoute firmeAté morrer.»

O ARTESANATO E A GASTRONOMIAO engenho dos homens e das mulhereslimianas expressou-se, desde sempre, nodesenvolvimento de diversas artes e ofí-cios. Para além da tecelagem e da confec-ção, os artesãos dedicavam-se à cestaria, la-toaria, tanoaria, cangas e cangalhos, piro-tecnia, arcos de festas, bordados, cerâmi-ca… Uma quantidade inumerável de acti-vidades essenciais para a vida das comu-nidades e das pessoas.

O artesanato era, no passado, uma im-portante actividade. Só no último século,com a produção em série, é que muitos ofí-cios artesanais viram destronada a sua con-fortável posição. O aparecimento dos plás-ticos foi uma rude machadada para a olariae outros ofícios não tiveram melhores dias.Mas ainda se praticam diversas artes na Ri-beira Lima e existem artesãos a laborar se-gundo os moldes antigos. O crescente inte-resse depositado em artigos que recordamantigas práticas e elaborados como peçasúnicas augura, aliás, um futuro mais promis-sor para essas actividades tradicionais. Daviabilidade do artesanato, da dignificaçãodos ofícios e da realização profissional dosartesãos depende, em grande parte, a pro-moção e o futuro da Ribeira Lima.

As artes e o engenho das gentes limi-anas estende-se também aos aromas e sa-bores. Ao receituário, herdado das avós,em que os produtos da região constituem,obrigatoriamente, a base da gastronomiatradicional. Mel aromatizado com a flor daborragem e da esteva, azeite e azeitonas,queijo, broa… A castanha foi substituídapela batata, o milho era usado nos caldosde unto, nos migados e no pão, a couvefazia as delícias do caldo verde e o vinhonunca faltava à mesa.

As galinhas eram fundamentais na eco-nomia rural, pelos seus ovos, pela sua carnee pelos bons caldos. Mas: «Ovos e galinhas

in Ribeira Lima and craftsmen work using theold methods. The growing interest in articlesthat revive old practices and are made asindividual items promises a healthier futurefor these traditional activities. The promotionand the future of Ribeira Lima is of vitalimportance to the craftsmen to make theirwork viable, dignify their crafts and bringthem professional fulfilment. The arts andskills of the Lima people also include thesmells and tastes of the recipe book, inherit-ed from their grandmothers, in which region-al products are necessarily the basis of thetraditional gastronomy. Honey perfumed withborage and cistus flowers, olive oil and olives,cheese and cornbread. The potato replacedthe chestnut; corn was used in the fat stock,in the soups and in the bread. Cabbage wasused to make delicious soup (caldo verde)and wine was never missing from the table.

Hens were fundamental in the ruraleconomy, for their eggs, for their meat and forgood broth. But: "Eggs and hens only onfeast days, or if someone is ill". Apart fromthese cases, eggs were to sell at the marketand to buy rice, sugar and even sardines.

The slaughtering of the pig was an occa-sion that brought the smokehouses in the vil-lages to life. Veal and beef were only eaten atrich weddings; sheep, goat, lamb or kid onlyon feast days or in the community work.Sweets were also reserved for feast days:sweet loaves (regueifas and rosquilhos),

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People, arts and tastes

só em dia de romaria ou se alguém adoe-cia.» Tirando estes casos, os ovos eram paravender na feira e comprar arroz, açúcar eaté sardinhas.

A matança do porco era um aconteci-mento que alegrava os fumeiros dos casais.Vitela e vaca, só se comiam nas bodas ricas;carneiro, cabra, anho ou cabrito, somentenas festas ou nos trabalhos comunitários.Os doces também estavam reservados paraos dias de cerimónia: regueifas e rosquil-hos, papudos e beijinhos, bolo d`ouro, bolode prata e pão-de-ló.

DAR RÉDEA AO APETITEAs ocasiões de festa proporcionavam o en-contro da família e de amigos, motivo maisdo que suficiente para dar rédeas soltas aoapetite. Do receituário podia constar umcaldo de leite com abóbora e feijão vermel-ho temperado com orelheira de porco esalpicão, uma posta de salmão com saladade alface e rodelas de cebola tenra ou ummarrano assado no espeto com papas demilho. Mas também podia ser orelheira deporco com feijão burro, sarrabulho à modado Soajo ou perdiz com couve murcianafermentada. Lombo de vinha-de-alhos, ca-brito ou leitão assados no forno, perdiz emmolho de vilão, pataniscas de lampreia, ba-calhau à S. Lourenço da Montaria, pescadaassada à moda de Viana, bogas de esca-beche ou até bolinhos de bacalhau. Entãoarroz de lampreia, se lhe adicionassem umacolher de manteiga de pato, era divino.

As iguarias presentes à mesa variavamconsoante as posses e o local onde decorriaa festa. Não há dúvida que existe um recei-tuário típico a todo o Minho, mas tambémo há em cada um dos concelhos e até daslocalidade da Ribeira Lima. Viana do Cas-telo dá a provar as muito apreciadas recei-tas de bacalhau, como o bacalhau à GilEanes. A cidade destaca-se ainda pela vari-ada doçaria: tortas de Viana (torta real),ovos moles de Viana, sopa seca de Viana,meias luas, rabanadas e bolo real ou das fes-tas. Ponte de Lima oferece um arroz de

papudos and kisses, "gold" cake, "silver"cake and sponge cake (pão-de-ló).

WHETTING THE APPETITEFeast days allowed family and friends to gettogether, good enough reason to giveappetites a loose rein. On the menu therecould be a milk broth with pumpkin and redbeans seasoned with pig's ear and pickledpork sausage (salpicão), a salmon steak witha lettuce salad and tender onion rings or a pigroast on the spit with corn porridge. But therecould also be pig's ear with beans, savourysuet pudding, Soajo-style, or partridge withfermented cabbage. Pork loins marinated inwine and garlic, roast kid or suckling pig, par-tridge in "villain" sauce, fried lamprey, cod à S.Lourenço da Montaria, baked hake Viana-style, bogue in vinegar sauce or even codcakes. Then lamprey rice, if they added aspoonful of duck butter, was divine.

The delights of the table varied accordingto wealth and the place where the feast washeld. There is no doubt that there is tradition-al cuisine of the entire Minho, but each of themunicipalities and even villages in RibeiraLima has its own traditional dishes. Viana doCastelo offers the highly regarded codrecipes, such as bacalhau à Gil Eanes. Thecity is also renown for its variety of sweets:Viana tarts (torta real), sweet eggs, sopa seca(dry soup), meias luas (half moons), raba-nadas (sweet fried bread) and royal cake, or

37Passeios no Vale do Lima

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38 Passeios no Vale do Lima

INTRODUÇÃO Gentes, artes e saboresi

sarrabulho único, rojões, perna de porco àClara Penha, bolos de chila e pudim fran-ciscano ou de tangerina. Arcos de Valdevezserve cozido à portuguesa e batatas cozidascom bicas e rojões, cabritinho mamão daserra, posta barrosã, e sarrabulho com bicase rojões, para além do doce de mel, oscharutos de ovos, os rebuçados de Arcos, aslaranjas do Ermelo e o queijo das Cache-nas. Ponte da Barca apresenta o caldo defarinha, a posta barrosã com arroz malan-dro, a costela de vitela com arroz e feijão, avitela barrosã assada no forno com batatasassadas a murro ou um naco de carne devitela grelhado na brasa, mal passado, e ummolho avinagrado sobre batatas cozidas. Aacompanhar os insubstituíveis vinhos dasTerras da Nóbrega. O vinho típico da Ri-beira Lima é o vinho verde, um vinho corde rubi ou âmbar, levemente picante e defraca graduação alcoólica. Um vinho quedeixa um travo designado, pelos prova-dores, "ponta de agulha".

A não perder, são os domingos gastro-nómicos promovidos pela Região de Tu-rismo do Alto Minho, que se realizam deFevereiro a Maio e abrangem os concelhosda região, com um variado cardápio, rega-do pelos bons verdes da terra.

that of the feast days. Ponte de Lima offers aunique sarrabulho (savoury suet pudding),rojões (pork chunks), leg of pork à ClaraPenha, squash cakes and Franciscan or tan-gerine flan. Arcos de Valdevez serves cozidoà portuguesa (boiled meats, sausage andvegetables), boiled potatoes with rojões,mountain suckling kid, Barroso steak andsarrabulho with rojões, as well as the honeydessert, the egg cigars, the sweets of Arcos,the oranges of Ermelo and the cheese ofCachenas. Ponte da Barca presents the flourbroth, the Barroso steak with saucy rice, theveal chop with rice and beans, the roastBarroso veal with roast jacket potatoes or apiece of rare, grilled veal and a vinegarysauce over boiled potatoes. These areaccompanied by the irreplaceable wines ofthe Terras da Nóbrega. The typical wine ofRibeira Lima is the young wine, which is rubyor amber in colour, slightly piquant and withlow alcohol content: a wine that leaves a fin-ish known by the tasters as "needle point".

Not to be missed are the gastronomicSundays promoted by the Tourist Region ofthe Upper Minho, which are held from Fe-bruary to May and cover the region's munic-ipalities. They have a varied menu accompa-nied by the good young wines of the land.

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39Passeios no Vale do Lima

People, arts and tastes

Para a mulher do Lima, os brincos são,entre todos os adornos, os de preferên-cia indeclinável. É natural que os arte-sãos esmerem o seu engenho, criandouma maior variedade de modelos. Anti-gamente havia "arrecadas de pensamen-tos" (assim chamadas pela sua extremafinura), "de bicha" (pela figura de umacobrinha), "de alfinete" (por se intro-duzirem nos lóbulos das orelhas sem sefecharem). Os nomes e as figuras dosbrincos actuais são por demais numero-sas, destacando-se os "brincos à rainha".

Multiplicaram-se os cordões e asgargantilhas, duplicaram-se os cora-ções, acrescentando-se-lhes cruzes ecrucifixos, as Virgens da Conceição e osmedalhões. A fascinação torna extensi-vo o oirar aos acontecimentos mais res-peitáveis da vida social e religiosa. Nasromarias e feiras, as lavradeiras ricas en-careciam o seu prestígio de fartura nasua riqueza áurea.

Depois dos brincos é para o orna-mento do peito e do pescoço que sevolvem os desejos. A minhota não des-

O REQUINTE DO OURO THE LUXURY OF GOLD

cansava enquanto não adquirisse o fioou fios de contas de ouro. Os cadeadosde grossas argolas, os grilhões, oscordões sucediam aos fios de contaslisas, esféricas ou ovaladas. Isto, quandoa mulher ascendia em bem-estar e fortu-na. Mas nem só as mulheres são atraídaspelo ouro. A arte do ouro também seexpressa de forma sublime nos relógiosde bolso e nas correntes para homem.

For the Lima woman, earrings are mostcertainly her favourite adornment. It is nat-ural that the craftsmen have perfected theirskill and created a wider range of models.Before, there were "arrecadas de pensa-mentos" ("thought earrings", so-called fortheir fineness), " bicha" ("beast" - becauseof the figure of a small snake), "alfinete"("pin" - because they were put into the ear-lobes without being fastened). The namesand figures of the modern earrings are toonumerous to mention, but special attentionshould be given to the "queen earrings"(brincos à rainha).

The chains and chokers increased, thehearts were duplicated, crosses and cruci-fixes were added as well as Virgins of theConception and medals. This fascination togild the most respectable events in the so-cial and religious life became widespread.At the festivals and fairs, the rich countryfolk overdid their prestige by showing offtheir wealth in gold.

After the earrings, come the desires toadorn breasts and necks. The Minhotan wo-man does not rest until she has a gold chainor set of gold beads. The chains of thickrings followed the chains of flat, round oroval beads. This was when the woman'swellbeing and fortune increased. But it isnot only women that are attracted to gold.The art of gold is also magnificently ex-pressed in the pocket watches and chainsfor men.

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s práticas populares, não raropersistentes na sua formaemocional primitiva ou pelomenos conservando o seu fun-

do mítico, são muitas vezes testemunhosda sobrevivência de antigos cultos pa-gãos. Os vários politeísmos que a igreja

ne after the other, the proces-sions of Rendufe, Labrujó,Cristelo and Cabração paradedby with their silver crosses and

multicoloured lanterns, flags and standardsand scarlet vestments resplendent in the set-ting sun. - Aquilino Ribeiro

A O

“Uma após outras, desfilaram e desarmaram as procissões de Rendufe, Labrujó,

Cristelo, Cabração, cruzes de prata e lanternas multicores, bandeiras e lábaros,

opas escarlates e dalmáticas a resplandecer ao Sol poente” - AAqquuiilliinnoo RRiibbeeiirroo

O sagrado e o profano

40 Passeios no Vale do Lima

INTRODUÇÃO O sagrado e o profanoi

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cristã inicialmente combateu, legarammuitos dos seus elementos. Os santos e asigrejas substituiram as divindades e ostemplos pagãos, os mitos transformaram-se em dogmas e, assim, a religião passoua vestir grande parte das superstiçõescom que se deparou e transmitiu, mais oumenos obliteradas e alteradas, concep-ções e ritos do mundo antigo.

As lendas surgem como importantesmanipulações e apropriações locais demateriais mítico-religiosos ancestrais. Amitologia popular, esse vasto universoque se situa entre a história e as "estó-rias", entre a crença viva e a narrativa fa-bulosa, revela a sobrevivência de antigoscultos ligados às forças da natureza. Ouniverso dos "mouros" foi um limbo ori-ginal e desconhecido, mais próximo danatureza.

As presenças dominantes do elemen-to feminino, da serpente, das fontes, gru-tas e rochedos ou ainda da frequênciacom que a acção lendária se desenroladurante o solstício de Junho, são algunsdos elementos que atestam a sua antigui-dade e o sentido mítico deste tipo de ma-nifestações associadas a antigos cultosligados à fertilidade da terra e à fecundi-dade das gentes e dos animais.

Refere a tradição que em muitas fon-tes, rios, pedras e árvores habitam fadas eoutros seres imaginários. São seres que semanifestam preferencialmente nos "um-bigos do tempo": à meia-noite ou aomeio-dia de S. João (solstício de Verão).A sua existência é veiculada através detradição oral milenar e constitui um dosmais complexos e poéticos elementos damitologia popular portuguesa.

Para o povo, certas práticas têm umsignificado especial sobretudo na noitede S. João. As moças, antes de regressa-rem a casa, atravessam algum campo paraapanhar "as orvalhas de S. João", na espe-rança de lhes aumentar a beleza. Todoaquele que à meia-noite se lavar numafonte ficará curado de seus males.

Popular practices, which often continue in theirprimitive emotional form or at least keep theirmythical basis, are proof that ancient pagancults still exist. The various polytheisms that theChristian church initially fought left a certainlegacy. Saints and churches replaced thepagan divinities and temples and mythsbecame dogmas. Religion thus assumed mostof the superstitions it came across, conveyingto a greater or lesser extent, the concepts andrituals of the ancient world.

Legends are important local variations ofdealing with ancient mythical and religiousmaterial. Popular mythology, a vast universebetween history and stories, between livingbelief and fabulous narrative, shows howancient cults connected to the forces of naturehave survived. The world of the "Moors" was anoriginal and unknown limbo, close to nature.

There are several dominant elements inlegends: the female, the snake, springs, cavesand rocks. These, together with the frequencywith which legends take place during theJune solstice, are some of the elements thatshow just how old these legends are. Theyalso show how the mythic sense of this kindof manifestation is associated with ancientcults connected to the fertility of the land andthe fecundity of the people and animals.

Tradition says that many springs, rivers,stones and trees were home to fairies orother imaginary beings. These are beings thatappear predominantly in the "navels of time":at midnight or midday on St. John's Day(summer solstice). Their existence is con-veyed through ancient oral tradition and isone of the most complex and poetic elementsof Portuguese popular mythology.

For the people, certain practices have aspecial meaning, particularly on St. John'sNight. Before going home, the girls cross afield to catch "St. John's dew" in the hopethat it will enhance their beauty. Anything thatis washed in a spring at midnight will becured of all ills.

LIMA OF THE SINGING CHALLENGE The origins of the present popular feast days

41Passeios no Vale do Lima

The sacred and the profane

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42 Passeios no Vale do Lima

INTRODUÇÃO O sagrado e o profanoi

LIMA DO CANTO AO DESAFIOAs origens das actuais festas popularestambém remontam aos cultos naturalistasde outrora. O Natal, que é a solenidadedo solstício de Inverno ou as Maias (ou osMaios), no mês em que triunfa o de Ve-rão, estação procriadora e fecundante, sãoexemplos dessas comemorações ances-trais. Destas festas, realizadas ao entrar omês de Maio, perdeu o povo o significa-do, não vendo nelas os vestígios do velhomito solar em que o Verão, entrando emluta com o Inverno, acaba por vencer.

Para as antigas sociedades agro-pas-torís, o mês de Maio anunciava a fecunda-ção da terra, que o ciclo da vida iria pros-seguir, mais uma vez, o seu curso. Nãomenos curioso será os santos patrocina-rem situações consoante a época em quese celebra a sua festividade como se veri-fica nos casos de Santo António e de SãoJoão, invocados para os problemas deamores porque coincidem com os arcai-cos ritos do solstício de Junho.

As manifestações orgíacasque estavam na origem destasfestas disfarçaram-se e esque-ceram-se lentamente, mas ocolorido bulício das romariasnão se perdeu. A festa segue

also date back to the nature cults of formertimes. Christmas, which is the religious cere-mony of the winter solstice, or the Maias (orMaios), in the month of the summer solstice,a season of procreation and fecundity, areexamples of these ancient celebrations. Thepeople have lost the meaning of the latterfestival, held at the beginning of May, sincethey do not see in it traces of the old solarmyth in which the Summer, in its struggle withthe Winter, ends up as the winner.

For the ancient agro-pastoral societies,

Monte de Santo OvídioSanto Ovídio Mountain

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The sacred and the profane

ao som de uma tocata de viola bragueza,ferrinhos e réu-réu, bailando num sincro-nismo marcado por chinela, em tabladoou terreiro, o Malhão Velho, o MalhãoVerde, a Chula, a Cana-verde, a Jota-da-montanha, a Contradança e o Saracu ouvolteando, braços no ar, o Vira-a-quatro, oroubado e o estrepassado.

O cantar ao desafio e o teatro tradi-cional possuem no Alto Minho, sobretu-do na Ribeira Lima, uma relevância sempar. Tal como na Galiza, também o min-hoto desenvolveu o método de repreen-são em verso. Canta-se ao desafio nas ro-marias, nas feiras, nas tabernas, no fim dostrabalhos colectivos, nas bodas… Enfim,em quase todos os convívios vicinais.

RELIGIOSIDADE, CRENÇASE SUPERSTIÇÕES

As ermidas, situadas no cimo deelevações sobranceiras aos

povoados, atraemgeralmente

the month of May announced the fecunda-tion of the land, in which the cycle of lifewould once again take its course. No lesscurious is the fact that the saints are patronsto situations depending on the time at whichtheir festivity is celebrated, such as the casesof St Anthony and St. John, invoked for theproblems of love because they coincide withthe archaic rites of the June solstice.

The orgiastic manifestations that were atthe origin of these feasts have slowly beendisguised and forgotten, but the colourfulbustle of the festivals has not been lost. Thefestival continues to the sound of a perfor-mance by a Braga guitar, triangles and per-cussion instrument, dancing to the beat ofthe shoe on a platform or square: the MalhãoVelho, the Malhão Verde, the Chula, theCana-verde, the Jota-da-montanha, the Con-tradança and the Saracu, or whirling roundwith arms in the air, the Vira-a-quatro, theRoubado and the Estrepassado.

The singing challenge and traditional theatreare extremely important in the Upper Minho,especially in Ribeira Lima. Just as in Galicia, theMinhotan also developed the method of rebukesin verse. The singing challenge is found at festi-

vals and fairs, in the taverns, at the end of col-lective work and at weddings - whenever theneighbours get together.

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44 Passeios no Vale do Lima

INTRODUÇÃO O sagrado e o profanoi

Procissão ao mar das Festas deNossa Senhora da AgoniaSea procession, Feast of the Senhorada Agonia (Viana do Castelo)

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45Passeios no Vale do Lima

The sacred and the profane

as romarias mais arcaicas. Segundo crença,que remonta à Idade Média, essas ermidassituadas no alto dos montes protegiam aspopulações, os seus gados e culturas. Eramfundamentais para a realização das procis-sões propiciatórias de ladainhas e de clam-ores que o cristianismo medieval e modernotão bem acolheu. As que se situam no limitede freguesias passaram a ser frequentadaspor populações vizinhas.

Na Ribeira Lima existem antigas e afa-madas romarias como as de S. Silvestre deCardielos (Viana do Castelo), S. Bartolo-meu de Ponte da Barca, S. Bento de Ermelo(Arcos de Valdevez), S. Bento do Cando daGavieira (Arcos de Valdevez) e de NossaSenhora da Peneda (Arcos de Valdevez).Também existem grandes romarias de invo-cações modernas, caso da Nossa Senhorada Agonia, em Viana do Castelo, da NossaSenhora da Boa Morte da Correlhã (Pontede Lima) ou do Senhor da Saúde em Sá(Ponte de Lima).

Os clamores eram procissões em queos participantes rezavam e cantavam omais alto possível, em que se "berravam aspreces". Isso para que a petição ecoasse omais longe e alto possível e, desse modo,chegasse aos céus. Nestes clamores, iam àfrente os tamborileiros, espingadeiros e,por vezes, homens com foices e gadanhas,pois o barulho fazia parte dos ritos mági-cos essenciais ao afugentar de males.

Os enterros de devoção, um costumemuito usual no Norte de Portugal e noSul da Galiza, praticavam-se no santuárioda Peneda (Arcos de Valdevez), assimcomo noutros santuários da Ribeira Lima.Tratava-se de uma promessa em que umapessoa, geralmente curada de doença, ti-nha de participar na procissão dentro deum caixão, fazendo-se transportar em fu-neral, como se estivesse morta.

O culto do Espírito Santo encheu aregião de santuários e de capelas, mas foisendo esquecido. Houve importantesconfrarias do Espírito Santo em Ponte deLima, Ponte da Barca e Arcos de Valde-

RELIGION, BELIEFS AND SUPERSTITIONSThe chapels up on the hills above the villagesgenerally attract the most archaic festivals.According to the belief that dates back to theMiddle Ages, these chapels protected thepeople, their cattle and their crops. They werefundamental in the processions that pro-duced rogations and appeals that medievaland modern Christianity so readily absorbed.Chapels at the edge of the villages began tobe visited by neighbouring populations.

There are ancient and well-known festi-vals in Ribeira Lima, such as that of S. Silves-tre de Cardielos (Viana do Castelo), S. Barto-lomeu of Ponte da Barca, S. Bento of Ermelo(Arcos de Valdevez), S. Bento of Cando daGavieira (Arcos de Valdevez) and Nossa Se-nhora da Peneda (Arcos de Valdevez). Thereare also great festivals of modern innovation,like Nossa Senhora da Agonia, in Viana doCastelo, Nossa Senhora da Boa Morte ofCorrelhã (Ponte de Lima) or Senhor da Saú-de in Sá (Ponte de Lima).

The clamores (appeals) were processionsin which the participants prayed and sang asloud as possible, in which they "shouted theirprayers". This was so their plea would echo foras long as possible and would, in this way,reach heaven. At the head of these proces-sions would go the drummers, musketeers,and sometimes, men with scythes, since thenoise was part of the magic rituals necessaryto drive away evil.

The devotional burials, a very common cus-tom in the North of Portugal and in SouthernGalicia, were practised in the Peneda sanctuary(Arcos de Valdevez) and in other sanctuaries inRibeira Lima. This was a promise in which aperson, who had generally been cured of an ill-ness, had to take part in the funeral processioninside a coffin, as if he were dead.

The Holy Spirit cult filled the region withsanctuaries and chapels, but it was graduallyforgotten. There were important fraternitiesof the Holy Spirit in Ponte de Lima, Ponte daBarca and Arcos de Valdevez. Devotion to theHoly Spirit was fashionable at the end of theMiddle Ages, when it spread throughout

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INTRODUÇÃO O sagrado e o profanoi

vez. A devoção ao Espírito Santo esteveem voga, nos finais da Idade Média,quando se espalhou por Portugal conti-nental e passou aos Açores.

A religiosidade popular apresenta ou-tras velhas modalidades. Por exemplo, acrença de que, em certas noites, a fregue-sia era percorrida pela procissão de de-funtos. A tradição apoiava-se em inúme-ras histórias, como a de Beiral (Ponte deLima), mas em muitos outros locais eramconhecidas idênticas narrativas. A crençaem bruxas e no diabo também estava bemarreigada nas mentes populares. Do dia-bo todos tinham medo. Este aparecia, denoite, nos caminhos, nos terreiros e mes-

Portugal and went to the Azores. Popular religion has other old events. For

example, the belief that on certain nights, aprocession of the dead passed through thevillage. The tradition was supported by count-less stories, like that of Beiral (Ponte deLima), but identical stories were told in otherareas. The belief in witches and the devil wasalso firmly rooted in the people's minds. Theywere all afraid of the devil. He would appearat night on the paths, in the squares and evenin the darkest corners of the houses. Weshould not even mention werewolves andwitches! We even know some of some of theplaces they frequented and incidents withthose who had to face them.

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The sacred and the profane

mo nos recantos mais escuros das casas.De lobisomens, pieiras de lobo e feiticei-ras nem é bom falar! Até se conhecem lo-cais assiduamente frequentados e peripé-cias com alguns daqueles que os tiveramde enfrentar.

MAU OLHADO EBAPTISMO DA MEIA-NOITEContam-se histórias de sabats responsá-veis por inúmeros malefícios sobre as po-pulações rurais, nomeadamente a mortede crianças. Razão pela qual os recém-nascidos eram rodeados, antes do bap-tismo, de talismãs para afastar as bruxasou se realizavam os "baptizados da meia-

THE EVIL EYE AND MIDNIGHT BAPTISMThere are stories of sabats responsible forcountless evils on the rural populations, namelythe death of children. This is why, before theywere baptised, new-borns were surroundedwith good talismans to ward off the witches orthey carried out "midnight baptisms", a ritualpractised all over the Upper Minho. The traditionhad its own particular rituals. Accompanied bymembers of the family, the expectant motherwould go to a bridge where she would wait forsomeone to pass during the night. This personwas then asked to be godfather to the child stillin the womb. Two members of the family stoodat the entrance to the bridge so that no animalcould get past, which would render the ritual

47Passeios no Vale do Lima

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48 Passeios no Vale do Lima

INTRODUÇÃO O sagrado e o profanoi

noite": um ritual praticado em todas aspontes do Alto Minho. A tradição pos-suía os seus ritos próprios. A mãe dirigia-se, acompanhada de familiares, até umaponte onde esperava que alguém passassedurante a noite. Este era solicitado paraser o padrinho da criança que ainda esta-va no ventre. Dois familiares colocavam-se nas entradas da ponte para não deixarpassar qualquer bicho: o que inutilizaria

useless. Water was gathered upstream of thebridge, to pour over the mother's exposed belly,while the sacramental words of the baptismwere recited. In this way, the soul becameChristian and the child was expected to be bornalive and in good health.

The Minhotan is deeply religious, but it is areligion in which Christianity and superstition ofancient magic live side by side. Religion is notenough; superstition is also necessary. Beside

Os autos religiosos, conservados em di-versas freguesias minhotas, constituemuma longínqua tradição. A separação doteatro popular do espaço litúrgico dasprocissões começou a impor-se a partir doséculo XVIII. Representados em datasfixas, geralmente no dia da festa em honrado santo a que são dedicados, não é o tex-to o que se valoriza mas a caracterização,o gesto, a mímica e o tom de voz. Talvezo mais conhecido seja o "Auto da Flori-pes", comum às freguesias de Vila de Pu-nhe, Mujães e Barroselas, entre o Lima e oNeiva. É teatro popular guerreiro, comraiz nas façanhas de Carlos Magno, em lu-ta contra os mouros, aqui transformadosem turcos:«Somos turcos de naçãoE criados na Turquia,Defendemos nosso reiAqui, hoje, neste dia.»

Entram em cena os dois grupos, pri-meiro o dos cristãos, em número dequinze, acompanhados de uma banda demúsica que executa uma contradança.Tanto estes como os turcos tomam lugarnum comprido estrado, ao lado do qualhá uma plataforma onde se dispõem oselementos de cada uma das bandas. Fer-rabrás, que é filho de Balaão, intitula-serei de Alexandria, diz ter destruído Ro-ma, ser senhor de Jerusalém e do SantoSepulcro, desafia Oliveiros para a luta.

Inicia-se a mesma e os cristãos parecenão serem capazes de suportar o ímpetodo adversário, mas a sorte da batalhaacaba por tornar-se indecisa. Qualquerdos lados por mais de uma vez propõe ascondições para a rendição, sendo a prin-cipal converter-se à religião do adver-sário. Ferrabrás acrescenta ainda a pro-messa de dar por esposa a sua irmã Flo-ripes. Por fim, o triunfo sorri a Oliveirose Ferrabrás decide-se a pedir o baptis-mo, isto é, a aderir à religião cristã. Noentanto, a luta ainda não está terminada.Balaão e os seus homens mostram resis-tência, mas acabam por ser vencidos.

As filarmónicas repetem a execuçãoda contradança, que os dois grupos vãodançando, antes de se retirarem e soa,como despedida:«Demos fim a este baileQue a nós assim convém.Regalem-se, meus senhores,Até ao ano que vem.»

Com características mais ou menosidênticas conhecem-se o "Auto do Nas-cimento" ou "Drama de Herodes e dosReis Magos", de Anha (Viana do Caste-lo), o "Auto de Santo António", de Por-tela Susã (Viana do Castelo), o "Auto deS. João", de Subportela (Viana do Cas-telo), as "Comédias", de Perre (Viana doCastelo) e os "Turcos", de Crasto (Pontede Lima).

UM TEATRO MEDIEVO A MEDIEVAL THEATRE

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49Passeios no Vale do Lima

Por entre vinhas e velhas tradiçõesThe sacred and the profane

The religious plays, conserved in severalMinhotan villages, are part of a long tradi-tion. The separation of popular theatre fromthe liturgical part of the processions beganfrom the 18th century. The plays are actedout on fixed dates, generally on the feastday in honour of a saint, to whom they arededicated. It is not the text that makes themso special, but the characterisation, the ges-tures, the mime and the tone of voice.Perhaps the best known is the "Auto daFloripes", common to the villages of Vila dePunhe, Mujães and Barroselas, between theLima and the Neiva. It is the popular guerril-la theatre, rooted in the feats of CarlosMagno, in his struggle against the Moors,here changed into Turks: «We are Turkish bornAnd Turkish we were raised We defend our kingHere, now and today»

Two groups come on stage, first the fif-teen Christians, accompanied by a musicband that performs a quadrille. Both theChristians and the Turks take up their placeson a long floor, beside which there is a plat-form where the elements of each of thebands are arranged. Ferrabrás, who is theson of Balaão, calls himself the king ofAlexandria, says he has destroyed Rome, islord of Jerusalem and of the Holy Sepulchreand challenges Oliveiros to a fight. This

begins and the Christians seem incapable ofsupporting the adversary's might, but theluck of the battle is indecisive. Both sidespropose conditions of surrender more thanonce, the main one being that they shouldconvert to the adversary's religion. Ferrabrásalso adds the offer of his sister, Floripes, asa wife. In the end, triumph smiles onOliveiros, and Ferrabrás decides to ask forbaptism, in other words, to adhere to theChristian faith. However, the fight is not over.Balaão and his men offer further resistance,but end up defeated.

The bands repeat the quadrille, whichthe two groups dance, before leaving andbidding farewell with:«We have put an end to this battleGood for all of us hereFeast, ladies and gentlemenUntil another year»

There are other, very similar plays,including the "Auto do Nascimento" (Play ofBirth) or "Drama de Herodes e dos ReisMagos" (Herod and the Three Kings), fromAnha (Viana do Castelo); "Auto de SantoAntónio" (St. Anthony's Play), from PortelaSusã (Viana do Castelo); "Auto de S. João"(St. John's Play), from Subportela (Viana doCastelo); "Comédias" (Comedies), fromPerre (Viana do Castelo) and "Turcos"(Turks), from Crasto (Ponte de Lima).

UM TEATRO MEDIEVO A MEDIEVAL THEATRE

o ritual. Era recolhida água, a montanteda ponte, para derramar sobre o ventreexposto da mãe, enquanto eram proferi-das as palavras sacramentais do baptismo.Deste modo, aquela alma passava a sercristã e esperava-se que a criança nasces-se viva e de boa saúde.

O minhoto é profundamente reli-gioso, mas de uma religião em que o cris-tianismo e as superstições, de magia an-cestral, coexistem de mãos-dadas. Não

the prayer, there is the talisman. A filigreecross, heart or butterfly, adorn the breasts of theyoung girls, hanging with several crosses ongold chains. They can be seen on the hat wornfor festivals, they are embroidered onto the cor-ners of scarves, on pockets, waistcoats andskirts woven with brightly coloured wool.

The Maias or Maios were celebrated allover Ribeira Lima to ward off the evil eye. Amu-lets were used against the evil eye, as werebags of garlic, incense, rue and other ingredi-

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50 Passeios no Vale do Lima

i INTRODUÇÃO O sagrado e o profanoi

lhe basta a religião, é necessária a supers-tição. Ao lado da prece, o talismã. Essacruz, coraçãozinho ou borboleta, feitosde filigrana, adornam o peito das cacho-pas, suspensos, com várias cruzes, de cor-dões e grilhões de ouro. Aparecem no re-corte do espelhinho do seu chapéu de ro-maria, são bordados nos cantos dos len-ços, nas algibeiras, nos coletes e nas saiastecidas com lãs de garridas cores.

As Maias ou Maios eram celebradosem toda a Ribeira Lima para afastar o mauolhado. Contra o mau olhado usam-seamuletos, saquinhas com alhos, incenso,arruda e outros ingredientes penduradosao pescoço. Pregam-se cruzes e medalhasnos bolsos das crianças ou na sua roupainterior, figas e ferraduras nas portas ounos carros de bois.

Religiosos e supersticiosos são tam-bém os jugos, altos e vistosos como alta-res, com a sua cruz e o seu sino-saimão.Religioso é o hábito de edificar nichos de"almuinhas". Religiosa é a tábua traseirado carro de bois, onde não falta a cruz,nem os corações. No Minho tudo rodo-pia em volta da religião e do amor.

ents hung around the neck. Crosses and me-dals were fastened to children's pockets or un-derwear; charms and horseshoes were put ondoors or ox-carts.

The yokes are also religious and supersti-tious, high and ostentatious like altars, with theircross and their Solomon's seal. There is also areligious custom of building niches of "enclo-sures". Another is the backboard of the ox-cart,which always has a cross and some hearts. Inthe Minho, everything revolves around religionand love.

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PASSEIOSNO VALE DO LIMA

Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo

ROUTES THROUGH THE LIMA VALLEY

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iana do Castelo tells the tales offishermen, seafarers and farm-ers. Of Men that discovered newworlds and of others that shaped

the dunes and the mountains and tilled thefields. But the Viana of the sea, the river andthe mountain is also the Viana of colour, cos-tumes and gold.

The mountain, the river and the sea all meetin the district of Viana do Castelo. Enclosedbetween the basin of the rivers ncora andNeiva, the area is crossed by the Lima. To theWest is the ocean; inland are the mountainranges of Santa Luzia, Perre, Arga and Geraz.

serra, o rio e o mar combinam--se no concelho de Viana doCastelo. Contido entre a baciados rios Âncora e Neiva, é atra-

vessado pelo Lima. A Oeste embate nooceano. No seu interior, as serras de SantaLuzia, Perre, Arga e Geraz conferem-lhe umrelevo acidentado. A fartura de água pintoude verde esta paisagem. O minifúndio par-celado e a policultura de regadio deram ori-gem a um mosaico único.

A agricultura é essencialmente de sub-sistência e as sobras são vendidas no mer-cado. O trabalho é assegurado pela família,em alguns casos pela mulher. É também ela

A V

52 Passeios no Vale do Lima

VIANA DO CASTELO Trajar e ourar

Viana do Castelo conta histórias de pescadores, mareantes e agricultores. De

Homens que descobriram novos mundos e de outros que moldaram as dunas e

as serras e amanharam os campos. Mas a Viana do mar, do rio e da serra é tam-

bém Viana da cor, do traje e do ouro.

Trajar e ourar

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Dressing up and gilding

53Passeios no Vale do Lima

que se ocupa das vendas nos mercados sem-anais e nas feiras. A mulher minhota labuta-va no campo, cuidava da casa, dos filhos e,ao serão, bordava a roupa branca da casa, ascamisas, saias e aventais. Nos dias de festa,envergava os trajes mais bonitos e ia cantare dançar.

Hoje, em dia de festa, as raparigas deViana continuam a vestir os seus fatos e adesfilar orgulhosamente com eles. O trajede lavradeira, vulgarmente designado"Vianesa", com as argolas, as arcadas ecordões de ouro, correu o mundo e impri-miu um colorido e uma riqueza única àsfestas desta região.

TRAJE À VIANESAO traje à "vianesa" é composto por: cami-sa branca de manga inteira, apanhada nosombros; colete até a cinta; saia pelo artel-ho, às listas verticais, amplamente rodadae pregueada na cintura, com larga barraque chamam "forro"; avental bordado;lenço de cabeça, cruzado sobre a nuca eatado em cima; lenço de peito, traçado e

The abundance of water has produced agreen landscape. The smallholdings andmixed farming in irrigated fields have pro-duced a unique mosaic.

Farming is essentially subsistence, andwhat remains is sold at the market. The work isdone by the family, in some cases by the wo-man. She is also the one that sells the goods atthe weekly markets and fairs. The Minhotanwoman used to work in the field, take care ofthe house and the children, embroider the whitehouse-linen, the shirts, skirts and aprons. Onfeast days, she would put on her prettiest cos-tumes and go and sing and dance.

Nowadays, on feast days, the girls of Via-na still wear their outfits and parade proudlyin them. The countrywoman's costume, com-monly known as the "Vianesa", with its gold-en earrings and chains has been around theworld and adds a unique, colourful wealth tothe region's feast days.

VIANESE COSTUMEThe "Vianese" costume consists of: white shirtwith long, puffed sleeves; waistcoat; full, verti-

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cally-striped ankle-length skirt, pleated at thewaist with a wide band they call "forro";embroidered apron; head scarf crossed at theback of the neck and tied on top; shawlcrossed over the chest and tied behind thewaist; right-hand side pocket; white lacy socksand tiny sandals that only cover the toes. Allthe items of clothing are homemade, exceptthe shawls and scarves. "Queen" earrings andchains with hearts, butterflies and medalscomplement the countrywoman costume.

The "Vianese" costume has distinctivevariants in most of the boroughs in the Vianado Castelo area. The Afife countrywomancostume is simpler, that of Santa Marta dePortuzelo is the most heavily embroideredand the richest in colour and that of Areosa isthe reddest and most conservative.

FAIRS, FEASTS AND FESTIVALSThe district's festivals begin in May with theFesta das Rosas (Feast of the Roses) in VilaFranca do Lima and end in September. Themerriment, the colour and the folklore makethese festivals the region's greatest attrac-tion. The Feast of the Senhora da Agonia, in

VIANA DO CASTELO Trajar e ourar

atado atrás, na altura da cinta; algibeira dolado direito; meias brancas arrendadas echinelinhas, tão pequenas que só ocultamos dedos. Todas as peças do vestuário sãode tecelagem caseira, exceptuando os len-ços. São complemento do traje da lavra-deira, os brincos à rainha e os cordões,com corações, borboletas e medalhas.

O traje "à vianesa" tem cambiantesdistintas na maioria das freguesias doconcelho de Viana do Castelo. O traje dalavradeira de Afife é o mais simples, o deSanta Marta de Portuzelo o mais bordadoe mais rico de cor e o de Areosa o maisvermelho e o mais conservador.

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Dressing up and gilding

55Passeios no Vale do Lima

FEIRAS, FESTAS E ROMARIASAs romarias do concelho começam emMaio com a Festa das Rosas em Vila Francado Lima e terminam em Setembro. A ale-gria, o colorido e o folclore fazem destasfestas o maior atractivo da região. A Festa daSenhora da Agonia, em Viana do Castelo, éconsiderada a rainha das romarias portugue-sas. Os cabeçudos e os gigantones acompa-nhados do rufar ensurdecedor dos bombosdão as boas vindas aos visitantes madruga-dores. Depois vem o desfile da mordomia,onde as mordomas exibem o seu traje negroe o peito coberto de ouro. À tarde temos omomento alto da festa religiosa, a ProcissãoSolene da Senhora da Agonia. A deslum-brante sessão de fogo preso finaliza o pri-meiro dia de festa. No segundo dia o corte-jo etnográfico e o desfile do traje são as es-trelas da festa. No Domingo, os pescadoresprestam homenagem à sua padroeira. Oregresso é feito pelas ruas do bairro dos pes-cadores, enfeitadas com tapetes de flores. Arainha das romarias do Alto Minho terminacom a Serenata – uma cachoeira de fogo deartificio ao longo da ponte Eiffel.

Viana do Castelo, is considered the queen ofthe Portuguese festivals. The cabeçudos andgigantones (giant puppet heads worn bydancers) accompanied by the deafening beatof the drums welcomes the dawn visitors.Then comes the parade of the mordomia, inwhich the mordomas display their black cos-tumes adorned with gold. The high point ofthe religious feast comes in the afternoonwith the Solemn Procession of the Senhorada Agonia. The dazzling firework display endsthe first day of the festival. On the secondday, the ethnographic procession and thecostume parade are the stars of the festival.The colour and merriment, the beauty andvariety of the costumes remain forever in theminds of the visitors. On the Sunday, the fish-ermen pay homage to their patron saint.Religious fervour is clear in every detail, inevery flower arrangement on the boat thattakes the Saint on her sea procession. Shereturns through the streets of the fishermen'squarter, which is decorated with carpets offlowers. The queen of the Alto Minho festivalsends with the Serenata – a cascade of fire-works along the Eiffel bridge.

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56 Passeios no Vale do Lima

PERCURSO 1 Entre o mar e o rio1

As actividades ligadas ao mar e ao rio sustentaram durante vários séculos os

habitantes desta região. O homem aproveitava quase tudo o que o mar lhe dava.

O peixe, para alimentar a família e para vender no mercado. O pilado e algas

para adubar as terras arenosas e torná-las férteis. Destas, tiravam o milho, o

feijão e as couves. Os agricultores faziam milagres, cultivavam campos de milho

nas encostas, moldando a terra e a paisagem.

Entre o mar e o rio

DISTÂNCIA APROXIMADA / APPROXIMATE DISTANCE:80 quilómetros; 80 kilometres.

CARACTERÍSTICAS DO PERCURSO / FEATURES OFTHE ROUTE: A maior parte do percurso é feito porestradas nacionais. Em terras de Geraz, a estradasinuosa passa por uma zona de encosta. Parte dopercurso de regresso, entre Vila Mou e Portuzelo, éfeito por caminhos calcetados e estradas de terrabatida. Aqui, o uso de um veículo todo-o-terrenoseria aconselhável, embora possa ser feito, deva-gar, num carro normal. Se preferir, pode abster-sede fazer esta parte do percurso e continuar pelaEN 202 até Portuzelo; Most of the route is onnational roads. In Geraz, the winding road crossesa mountainous area. Part of the return route,between Vila Mou and Portuzelo, is along cobbledroads and dirt tracks. A four-wheel drive vehiclewould be advisable here, though a normal carcould do it slowly. If you prefer, you can leave this

part out and take the EN 202 as far as Portuzelo.

PONTOS DE INTERESSE / POINTS OF INTEREST:Pesca artesanal e apanha de sargaço na foz doNeiva; pesca fluvial no Lima; Monte do Castelo;paço de Anha; Quinta do Santoinho em Darque,onde num recinto aberto se reproduz os célebresarraiais minhotos; praia fluvial do Barco do Porto;panorâmica do alto do monte Crasto; capela daSenhora do Castro; Serra do Facho, em terras deGeraz; castelo e praia fluvial de Portuzelo;Traditional fishing and sargasso gathering at themouth of the Neiva; river fishing in the Lima;Monte do Castelo; Anha palace; Quinta doSantoinho in Darque, where the famous Minhotanfestivals are held in an open area; the river beachof the Barco do Porto; panoramic view from thetop of Mount Crasto; chapel of the Senhora doCastro; Serra do Facho in Geraz; castle and riverbeach of Portuzelo.

FICHA TÉCNICA ROUTE DETAILS

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mar, o rio e as actividades aeles ligadas são o mote destepercurso. Viana, a "princesa doLima" é a nossa anfitriã. A par-

tir dela iniciamos um percurso que nos levapor terras de pescadores e sargaceiros. Deagricultores que aprenderam a rentabilizaras suas terras, fertilizando-as com aquiloque o mar oferecia - o pilado e as algas.

Nas margens do rio, que vamos percor-rer até Lanheses, encontramos teste-munhos de um passado fluvial rico. Dehomens que se dedicaram à pesca de rio, aapanha da lampreia e da enguia.

Nos vales férteis do Lima, o milho e avinha marcam a paisagem rural.

Mas, não só de trabalho vive o Homem.A riqueza do traje, a coreografia do folcloree a alegria das gentes do Norte transformamestas festas em momentos inesquecíveis.

ctivities connected with the sea andthe river sustained the people ofthis region for several centuries.Man made use of almost everything

the sea could give him. Fish, to feed the familyand sell at the market. The small crabs and sea-weed to fertilise the sandy soil, which in turnyielded corn, beans and cabbage. The farmersworked miracles, cultivating the cornfields onthe slopes, shaping the earth and the landscape.

The sea, the river and the activities linked tothem are the themes of this trail. Viana, the"princess of the Lima" is our hostess. Fromthere we begin the trail that takes us to thelands of fishermen, sargasso gatherers (sarga-ceiros) and farmers that learnt to make the mostof their lands, fertilising them with what the seahad to offer - the small crabs and seaweed.

On the banks of the river, which we will fol-low as far as Lanheses, we will find evidence ofa rich past, of men that devoted themselves tocatching the lamprey and the eel.

In the fertile valleys of the Lima, the cornand the vine mark the rural landscape. Thesmallholdings divide up the land.

But Man does not live for work alone.. Therichness of the costumes, the choreography ofthe folklore and the cheerfulness of the peopleof the North transform these festivals intounforgettable moments.

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Between the sea and the river

O A

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PERCURSO 1 Entre o mar e o rio1

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Between the sea and the river

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PERCURSO 1 Entre o mar e o rio1

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Em Viana do Castelo, a velha PonteEiffel separa-nos do nosso destino - amargem esquerda do rio Lima. Nas pri-meiras horas da manhã, o nevoeiro cobretodo o estuário e esconde os esteiros dorio. Junto à foz, as torres do Castelo deSantiago da Barra emergem da neblina.Na outra margem, frente a Viana esten-de-se a freguesia de Darque. Avançamos,descendo ao longo da costa. O rio Neiva,o limite sul do concelho, é o objectivo.Pelo meio a Amorosa, com o seu peque-no núcleo de pescadores e a praia, faz--nos sair da estrada principal. Deparamo-nos com uma povoação moderna, com

In Viana do Castelo, the old Eiffel Bridgeseparates us from our destination - the leftbank of the river Lima. In the early hours ofthe morning, the fog covers the estuary andhides the river branches. Beside the rivermouth, the towers of the Castle of Santiagoda Barra rise up out of the mist. Facing Viana,on the opposite bank, is the village of Darque.We move on, going down the coast. The riverNeiva, the district's southern boundary, is ourgoal. On route, Amorosa, with its small nucle-us of fishermen and the beach, makes usleave the main road. We find a modern villagewith high-rise buildings geared towardstourism. Its beach replaced that of Cabedelo

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Between the sea and the river

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prédios em altura, vocacionada para o tu-rismo. A sua praia substituiu a do Cabe-delo e transformou-se numa frequentadazona de veraneio. Do lado esquerdo, apequena igreja, enfeitada para a festa,parece saída de um conto de fadas. Pe-quena e alva, nesta altura do ano está to-da engalanada com lâmpadas coloridas.De 11 a 13 de Agosto os pescadores pres-tam homenagem a sua padroeira - NossaSenhora da Bonança.

PESCADORES E SARGACEIROSDe volta à estrada 13-3, dirigimo-nos pa-ra Castelo do Neiva, terra de pescadores

and became a busy summer resort. On theleft, the small church, decorated for the festi-val, looks like something from a fairy-tale.Small and white, at this time of the year it iscovered in coloured lights. From August 11 to13, the fishermen pay homage to their patronsaint - Nossa Senhora da Bonança.

FISHERMEN AND SARGASSO GATHERERSBack on the 13-3 road, we head towardsCastelo do Neiva, land of fishermen and sar-gasso gatherers. Every weekend, beside theharbour, the early traveller can see the tradi-tional fish auction. The first boats arrive atseven in the morning. The sand, covered in

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PERCURSO 1 Entre o mar e o rio1

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Apanha do sargaçoGathering sargasso

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Between the sea and the river

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e sargaceiros. Todos os fins de semana,junto ao porto, o viajante madrugadorpode assistir à lota tradicional. Às sete damanhã chegam os primeiros barcos. Aareia, coberta de limos e seixos rolados,fica povoada de pequenas e coloridasembarcações. Os seus nomes atestam a fédos pescadores - S. Rafael, Fé em Deus,Portas do Céu, Coração de Jesus. Opescado é transportado para o cais. Osbarcos são puxados, com auxílio de umguindaste, e, um a um, vão abandonandoo areal. Habituada à faina diária, a peque-nada deambula por entre os barcos oucorre atrás dos pais tentando transportaros covos. Na lota, as mulheres continuama vender o seu peixe, muitas delas vesti-das de negro e adornadas com grossoscordões e brincos de rainha.

Deixamos a lota e dirigimo-nos para apraia, junto à foz do Neiva. Nas dunas, asalgas molhadas secam ao sol. As que jáestão secas foram empilhadas, formandouma espécie de palheiro, coberto comum telhado de colmo. Saímos do carro epercorremos uma paliçada de madeira atéchegar à praia. A maré está baixa e o marestá calmo. Com a água pela cintura, umamulher apanha sargaço. Pouco depois, saida água trazendo ao ombro um redenho(uma espécie de camaroeiro grande), quearrasta pela areia. As algas são deposita-das na praia, formando pequenos montes.Depois são transportadas para as dunas,onde ficam a secar.

REFÚGIO DO PRIOR DO CRATOCom o mar nas nossas costas, dirigimo-nos para o ponto mais alto de Castelo doNeiva, o monte do Castelo. Nesta varan-da sobre o rio, observamos o serpenteardo rio até à foz, a mancha dos camposagrícolas e a língua de areia que os sepa-ra do mar. Regressamos à estrada nacio-nal e dirigimo-nos para Sul. Na encruzil-hada de caminhos, seguimos pela esquer-da, em direcção a Viana. Uma tabuletaindica-nos que estamos num circuito dos

seaweed and pebbles, is taken over by small,colourful vessels. Their names are proof ofthe fishermen's faith - S. Rafael, Fé em Deus,Portas do Céu, Coração de Jesus. The fish istaken to the quay. The boats are pulled, withthe help of a crane and, one by one, theyleave the sand. Quite accustomed to theday's work, the children wander among theboats or run after their parents who are tryingto move the baskets. At the auction, thewomen continue to sell their fish, many ofthem dressed in black and adorned with thickchains and queen earrings.

We leave the auction and head towardsthe beach, beside the mouth of the Neiva. Onthe dunes, the seaweed dries in the sun. Thepreviously dried seaweed is already piled up,forming a kind of haystack, covered with athatched roof. We get out of the car and goround some wooden fencing to the beach.The tide is out and the sea is calm. With waterup to her waist, a woman is gathering sar-gasso. A little later, she gets out of the watercarrying a redenho (a kind of large shrimpnet) over her shoulder, which she drags alongthe sand. The seaweed is placed on thebeach, in small piles, then taken to the dunesto dry.

REFUGE OF THE PRIOR OF CRATOWith the sea behind us, we head towards thehighest point of Castelo do Neiva, the Castlehill. Looking out over the river, we can see itwind its way down to the mouth, the tiny cul-tivated fields and the strip of sand that sepa-rates them from the sea. We go back to themain road and head South. At the crossroads,we turn left towards Viana. A sign tells us thatwe are on the "Santiago Route". Once wereach Anha, we visit the centre. The cobbledstreets are flanked by quintas and beautifulstone houses. After passing the main church,we turn right towards Viana. Ahead of us liesthe Quinta do Paço d’Anha, a noble housewhere, according to tradition, Don António,the Prior of Crato took refuge during theCrisis of Succession. It was one of the firstquintas to devote itself to Residential

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PERCURSO 1 Entre o mar e o rio1

64 Passeios no Vale do Lima

Tourism. Later it moved to Agro-Tourism andits guests can take part in the work of thequinta. The quinta wines are well known fortheir quality and have already won severalawards at national and international level. Itsbrandy is also famous and has similarly wonawards.

It's time to move on. In Darque, a villageknown for its beach – Cabedelo – for itsemblazoned houses, including the Casa doCais Novo, with its 17th century chapel. Onthe Monte do Galeão, an excellent place forwalks, there are still traces of an ancient cas-tle. Darque was linked to the river activities offishing and transport. The Old Quay, on thebranches of the river, was an important fish-ing centre. That's where we are heading. Onthe way to the river we find houses datingfrom the 18th and 19th century, with distinc-tive exterior staircases and courtyards thatare indications of the Quay's former wealth.Next to the river there is a small mooragewith fishing boats. At the café in front of thequay, we discover that there are still two fish-ing centres, at the Old Quay and the NewQuay. When we arrive, the tide is out and thefishermen have already left for work. "Theyleave at low tide and come back at high tide,"we are told by one of the café's customers.

LAND OF BASKETS AND FLOWERSBack on the National 13, we take the road toPonte de Lima. A little further ahead lies VilaFranca do Lima, the land of the flower bas-kets and the Festival of the Roses. It is herethat the cycle of festivals in the Viana doCastelo district begins. In the second week ofMay the town is decorated for the feast inhonour of the Senhora do Rosário. The girlswear the black costume of the mordomas forthe parade of the "Flower Baskets of theMordomas". In their ears, they wear thequeen earrings because, according to tradi-tion, the girl that fails to do so is called "fana-da", she who allows the evil spirits to enterthe uncovered holes in her ears. The fronts oftheir costumes are adorned with chains ofvarious kinds. On their heads they balance a

"Caminhos de Santiago". Chegados aAnha, visitamos o seu centro. As ruas cal-cetadas são ladeadas por quintas e belascasas de pedra. Depois de passar a igrejamatriz, voltamos à direita, em direcção aViana. À nossa frente estende-se a Quintado Paço d’Anha, nobre casa onde, segun-do afirma a tradição, esteve refugiado D.António, o Prior do Crato, durante a Cri-se da Sucessão. Foi uma das primeirasquintas a dedicar-se ao Turismo de Habi-tação. Mais tarde converteu-se ao Agro--Turismo e os seus hóspedes podem par-ticipar nos trabalhos da quinta. Os vi-nhos da quinta são dos mais apreciados,tendo já ganho vários prémios a nível na-cional e internacional. A sua aguardente étambém famosa e premiada.

Está na hora de seguir caminho. EmDarque, freguesia conhecida pela suapraia – Cabedelo – pelas suas casas bra-sonadas, destaca-se a Casa do Cais Novo,com a sua capela do séc.XVIII. No Montedo Galeão, excelente local para passeiospedestres, encontramos ainda vestígios dacultura castreja. Darque esteve ligada àsactividades fluviais, de pesca e de trans-porte. O Cais Velho, sobre os esteiros dorio, foi um importante núcleo de pesca-dores. É para aí que nos dirigimos. Nopercurso até ao rio encontramos moradiasdos séculos XVIII e XIX, distinguidas comescadarias e pátios exteriores, que atestama antiga opulência do Cais. Junto ao rio,o pequeno ancoradouro com embarca-ções de pesca. No café, em frente ao cais,ficamos a saber que ainda existem doisnúcleos de pesca, no Cais Velho e no CaisNovo. Quando chegamos a maré está va-zia e os pescadores já saíram para a suafaina. "Saem no início da vazante e re-gressam no princípio da enchente" diz--nos um dos clientes do café.

TERRA DE CESTOS E FLORESDe volta à Nacional 13, apanhamos a es-trada para Ponte de Lima. Um poucomais à frente surge Vila Franca do Lima, a

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Between the sea and the river

65Passeios no Vale do Lima

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PERCURSO 1 Entre o mar e o rio1

66 Passeios no Vale do Lima

Preparação da lampreiaLamprey preparation

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Between the sea and the river

67Passeios no Vale do Lima

terra dos cestos de flores e da Festa dasRosas. É aqui que se inicia o ciclo de ro-marias do concelho de Viana do Castelo.Na segunda semana de Maio, a vila enfei-ta-se para as festas em honra da Senhorado Rosário. As raparigas vestem o trajenegro das mordomas para o desfile dos"Cestos Floridos das Mordomas". Nasorelhas, os brincos à rainha, pois, segun-do reza a tradição, rapariga que não usebrincos é apelidada de "fanada" e permiteque os maus espíritos entrem pelos orifí-cios descobertos das orelhas. No peito,os cordões, as arrecadas e as gramalhei-ras. Na cabeça equilibram um alto cestofeito com milhares de alfinetes que pren-dem milhares de flores.

Em Vila Franca encontramos outroacesso ao rio. Uma estrada empedradaladeada por pequenos carvalhais e cam-pos agrícolas leva-nos à praia fluvial doBarco do Porto. No rio, um pequeno an-coradouro construído com estacas alber-ga alguns barcos de pesca. Nas margens,o homem aproveitou as águas do rio eexplorou a cultura de regadio.

Em Vila Franca destaca-se ainda aCitânia de Roques, o Solar da Barrosa,edifício brasonado com capela do séculoXVIII e a Igreja paroquial. Continuando asubir a margem esquerda do rio passamospor Deocriste e Deão. Aqui, apanhamosa estrada para Deão Monte. Subimos porruas calcetadas a granito ladeadas pormuros de pedra solta, por cima dos quaisespreitam verdes latadas. Chegados àquinta da Boa Vista, viramos para Gerazde Lima. Entramos em Santa Maria elembramo-nos do velho provérbio "sefores a Geraz leva pão e beberás". A vi-nha e o milho cobrem os vales de Geraz.A encosta é cultivada em socalcos. As oli-veiras, castanheiros e árvores de frutomarcam também a paisagem agrícola.Junto à igreja de Santa Maria fazemosuma paragem para conhecer as suas se-pulturas e o núcleo museológico.

Entramos em Santa Leocádia, terra

tall basket made of thousands of pins thathold together thousands of flowers.

In Vila Franca we find another way downto the river. A stone road flanked by smalloaks and cultivated fields takes us to the riverbeach of Barco do Porto. On the river, a smallmoorage made of wooden posts harbourssome fishing boats. On the banks, man hasmade the most of the river and exploited theculture of irrigation.

In Vila Franca other interesting monu-ments include the Citânia de Roques, theSolar da Barrosa, an emblazoned buildingwith an eighteenth century chapel, and theparish church. Continuing to go up the leftbank of the river, we pass Deocriste andDeão. Here, we take the road to Deão Monte.We go up on streets paved with graniteflanked by dry-stone walls, above whichpeeks trellised greenery. Once at the BoaVista quinta, we will turn towards Geraz deLima. We enter Santa Maria and are remind-ed of the old proverb "if you go to Geraz takebread and you will drink". The vine and corncover the valleys of Geraz. The slopes are ter-raced. The olive trees, oaks and fruit trees arealso present on the farmland. Next to thechurch of Santa Maria we stop to discover itstombs and the museum centre.

We enter Santa Leocádia, land of marsh-es, fertile land and heady wines. Of particularinterest is the Santa Leocádia church, withsome Romanic traces, which an inscriptiondates from 1172. Inside we can admiremedieval frescoes.

In Geraz the emblazoned houses arenoteworthy. The most outstanding of these isthe Casa do Paço de Geraz de Lima. With itsfifteenth century tower and sixteenth centuryresidential part, it is one of the oldest nobleresidences in Ribeira Lima. Also of note is theTorre house, a noble home, open on to aninterior courtyard and with an eighteenthcentury chapel.

"ON THE OTHER BANK"The winding road opens out onto the EN202. We will turn to the left and in Agra cross

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PERCURSO 1 Entre o mar e o rio1

68 Passeios no Vale do Lima

dos lameiros, terras férteis e vinhos capi-tosos. Aqui, destaca-se a Igreja de SantaLeocádia, com alguns vestígios români-cos, que uma inscrição data de 1172. Noseu interior podemos admirar frescos me-dievais.

Em terras de Geraz destacam-se ascasas brasonadas. De entre elas, sobressaia Casa do Paço de Geraz de Lima. Comtorre do século XV e corpo residencialquinhentistas, é no seu conjunto uma dasresidências nobres mais antigas da Ribei-ra Lima. De salientar ainda a casa da Tor-re, habitação nobre, aberta para pátio in-terior e com capela do século XVIII.

"NA OUTRA MARGEM"A estrada sinuosa desemboca na EN 202.Viramos à esquerda e em Agra atravessa--se a ponte sobre o rio Lima. Na margemdireita do rio, campos de milho a perderde vista. À frente, os contornos da serrade Arga.

Está na hora de descer o rio, agora pe-la margem direita. Vamos fazê-lo juntoao rio, calmamente apreciando o bucolis-mo da paisagem do mítico Lethes. Aolongo da estrada encontramos algumassaídas à esquerda que levam até ao rio.Em Vila Mou seguimos até ao rio, para aíapreciar a beleza e a calmaria dos peque-nos ancoradouros. No lugar do Esteiro,apanhamos o caminho que nos leva aorio. Seguimos sempre junto à margem atéSanta Marta de Portuzelo, passando pelapraia fluvial do Barco do Porto.

Ao cair da noite voltamos a Viana. Afome aperta, mas as possibilidades deescolha para jantar são variadas. Opta-mos pelo célebre bacalhau que deu famaa Viana, "à Margarida da Praça". Para oacompanhar um vinho verde da região. Epara terminar, um creme queimado comojá o fazia o prior de Vila Franca.

Finda a viagem, fica-nos na memóriaa princesa do Lima, o rio Lethes, cuja pas-sagem não provoca esquecimento, massim saudade, e o desejo de regressar.

the bridge over the river Lima. On the rightbank of the river, fields of corn stretch for asfar as the eye can see. Ahead, are the con-tours of the Arga mountains.

It is time to go down the river, on the rightbank now. We'll go along next to the river,calmly appreciating the pastoral beauty of themythic Lethes. Along the road we will comeacross some turnings to the left that lead tothe river. In Vila Mou we go as far as the riverto admire the beauty and the calm of thesmall moorings. In Esteiro, we pick up the trailthat will lead us to the river. We stay close tothe bank as far as Santa Marta de Portuzelo,passing the river beach of Barco do Porto.

As night falls we return to Viana. We arehungry, but there are several options for din-ner. We choose the famous salted cod dishthat made Viana famous, "à Margarida daPraça". We accompany it with a young whitewine from the region. To finish, a flambéedmilk dessert just like the prior of Vila Francawould have made.

Once the journey is over, the princess ofthe Lima, the river Lethes, is engraved in ourminds. It will not be forgotten, but insteadarouses a longing to return.

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Between the sea and the river

69Passeios no Vale do Lima

O minhoto soube aproveitar as condi-ções do meio e fertilizar as areias com osprodutos do mar. A apanha de algas as-sumiu grande importância ao longo dacosta Norte. Os campos estéreis da bei-ra-mar foram enriquecidos com pilado -caranguejo em cardumes - e sargaço.

Hoje, com a generalização dos adu-bos químicos, esta actividade está emdeclínio. Mas, em certos locais, a apan-ha das algas tem ainda alguma impor-tância. Em Castelo do Neiva, nas pri-meiras horas da manhã, ainda é possívelobservar os apanhadores de algas. O sar-gaço é apanhado nos meses de Verão.Os sargaceiros entram no mar e com oredenho recolhem as algas que estão àsuperfície ou submersas, junto ou próxi-mo da praia. O sargaço é transportadopara o areal e amontoado logo acima dalinha de maré, fora do alcance das águas.

Antigamente os sargaceiros, antesde entrarem no mar, envergavam bran-quetas, um casaco de tecido de lã, gros-so e branco, que envolve o corpo dossargaceiros até ao joelho. Na cintura écingido por um cinto de couro e a partede baixo é rodada.

Quando o mar já não permite a apa-nha, os montes de algas molhadas sãotransportados para os sequeiros, nas du-nas, em cestos, padiolas ou carros demão com duas rodas. Nos sequeiros asalgas são estendidas com o auxílio do

A APANHA DO SARGAÇO GATHERING SARGASSO

engaço - uma espécie de ancinho. Uma vez secas, as algas são empil-

hadas, formando uma palhota. A partesuperior é coberta por um telhado deduas águas, construído com colmo. Aíficam até serem transportadas para oscampos que vão Fertilizar.

The Minhotan knew how to make themost of his environment and fertilise thesands with products from the sea. Gathe-ring seaweed became very important alongthe North coast. The barren fields along theseashore were enriched with small shoalsof crabs and sargasso.

Today, as a result of the widespread useof chemical manure, this activity is indecline. However, in certain places, thegathering of seaweed is still of some impor-tance. In Castelo do Neiva, it is still possibleto see seaweed gatherers in the early hoursof the morning. Sargasso is gathered in thesummer months. The sargaceiros go intothe sea and with a shrimp net they gatherthe seaweed that is on or under the surface,next to or near the beach. The sargasso iscarried to the sand and piled up above thetide line, out of reach of the water.

The sargaceiros used to put on thick cloth-ing before going into the sea: a thick, whitewoollen jacket, which covered the sargaceirosdown to the knee. Around their waist they worea leather belt with the lower part rolled up.

When the sea does not allow the sargas-so to be gathered, the piles of wet seaweedare taken to the drying areas, in the dunes, inbaskets, hand or wheelbarrows with twowheels. At the drying areas, the seaweed isstretched out with the help of the engaço - akind of rake.

Once dry, the seaweed is piled up intostacks. The upper part is covered by a thatched,gabled roof. It stays there until it is taken to thefields which it will be used to fertilise.

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VIANA DO CASTELO Por terras de artesãos2

70 Passeios no Vale do Lima

O artesanato andou sempre a par da agricultura. Primeiro, era necessário constru-

ir os apetrechos agrícolas e o vestuário de trabalho. Os processos artesanais eram

a única forma de o conseguir. Depois, com o desenvolvimento do turismo, transfor-

ma-se numa fonte de rendimento paralela ao trabalho do campo, continuando a

viver lado a lado, como nos tempos ancestrais.

Por terras de artesãos

DISTÂNCIA APROXIMADA / APPROXIMATE DISTANCE:70 quilómetros; 70 kilometres.

DURAÇÃO / DURATION: um dia; 1 day

CARACTERÍSTICAS DO PERCURSO / FEATURES OFTHE TRAIL: primeiro um passeio a pé pela cidadede Viana do Castelo; a segunda fase é feita decarro, ao longo da margem direita do rio Lima, poruma estrada com poucos declives mas com algu-mas curvas acentuadas. Até à costa, a estrada épela serra - a Nacional 305. A meio deste percurso,um desvio rumo à Senhora do Minho. Aqui o decliveé acentuado e a estrada bastante sinuosa. A ultimafase, é feita pela EN13 até Viana do Castelo; first awalk through the city of Viana do Castelo; the sec-ond stage is done by car along the right bank of theriver Lima, on a fairly flat road with some tightbends. The road goes through the mountains as faras the coast - the National 305. In the middle of theroute, there is a diversion to Senhora do Minho.Here the road is steep and rather windy. The laststage is done on the EN13 to Viana do Castelo.

PONTOS DE INTERESSE / POINTS OF INTEREST:monumentos, edifícios históricos e casasapalaçadas no centro histórico de Viana, castelo deSantiago da Barra na zona ribeirinha e navio hospi-tal Gil Eanes; ancoradouros em madeira com bar-cos de pesca tradicional junto à foz do Lima, aosair de Viana; a Fábrica de Louça em Meadela; aspraias fluviais; artesãos (tecelagem e bordados)em Perre; em Meixedo, a arte da cantaria; a agri-cultura de minifúndio e os moinhos de água; apaisagem, os garranos e os bois da raça barrosã,no caminho para a Senhora do Minho; monuments,historic buildings and palace-like houses in the his-toric centre of Viana, the castle of Santiago daBarra by the river and the hospital ship Gil Eanes;wooden moorings with traditional fishing boats bythe mouth of the Lima as you leave Viana; theCrockery Factory in Meadela; the river beaches;artisans (weaving and embroidery) in Perre; inMeixedo, the art of masonry; smallholdings andwater mills; the countryside, the ponies andBarroso oxen on the way to Senhora do Minho.

FICHA TÉCNICA ROUTE DETAILS

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Through the lands of artisans

percurso proposto conduz porterras de artesãos e agriculto-res. Por aldeias de mulheresque, na ausência dos maridos

emigrados, trabalharam sozinhas a terra, ga-rantindo o pão para os filhos. De mulheresque, depois de um dia de lavoura, roubavamhoras ao sono e, com mãos calejadas mas defada, bordavam os seus enxovais. Bordavamos vestidos de festa e o fato de mordoma, quevestiam no dia do casamento e que tambémlhe serviria de mortalha. De agricultores quemoldaram a paisagem, construíram leiras esocalcos, aproveitando as várzeas, as encostase os cimos dos montes.

A primeira parte do percurso é feita pelamargem direita do rio Lima. Antes de Lanhe-ses, abandona-se o rio e sobe-se até às aldeiasserranas de Montaria e Espantar, onde se po-de conviver com práticas agrícolas ancestrais.Finalmente, desce-se até à costa para fazer opercurso entre Guelfa e Viana do Castelo.

andicrafts have always gonehand-in-hand with agriculture.First, the farming tools andwork clothes had to be made,

which could only be done using hand-madeprocesses. Then, as tourism developed, itbecame a source of parallel income to that ofthe work in the field, continuing to live side byside just as in days gone by.

The proposed route goes through the lands ofartisans and farmers, through villages of wo-men, who in the absence of emigrant husban-ds, have worked alone on the land to ensuretheir children have bread to eat. These arewomen who, after a day's work, stole hours ofsleep and, with calloused but fairy-like hands,embroidered their trousseaux. They embroi-dered the festival dresses and the mordomaoutfit, which they would wear on their weddingday and which would also serve as theirshroud. It is the land of farmers that shapedthe landscape, building long ridges of cultivat-ed land and terracing, making the most of theplains, the slopes and the mountain tops.

The first part of the trail goes along theright bank of the river Lima. Before Lanheses,you leave the river and go up to the mountainvillages of Montaria and Espantar, where youcan see ancient farming practices. Finally, yougo down to the coast to make the journeybetween Guelfa and Viana do Castelo.

O

H

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Through the lands of artisans

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VIANA DO CASTELO Por terras de artesãos2

74 Passeios no Vale do Lima

Viana do Castelo came from the sea. Anancient settlement of fishermen, it was thebirthplace of notable navigators who travelledto the four corners of the world. Its fifteenth-century houses speak of the wealth of thediscoveries and the sugar emporiums in Bra-zil. The Republic Square, in the heart of Viana,dates back to these golden days. It is here,beside the ancient buildings of the Mise-ricórdia and the Paços do Concelho, aroundthe fifteenth-century fountain, that the jour-ney begins. If you go into the Costume Mu-seum, you can admire the colour and the rich-ness of the Vianese costumes and the art ofthe weavers and embroiderers of Viana. Atnumber 23, Rua Grande, we find a shop ofregional dolls, made by Edite Salgueiro. Atthe age of 73, D. Edite continues to sew hercloth and woollen dolls. Dressed in theclothes of another era, no two dolls are alike.

In the Largo de S. Domingos, theMunicipal Museum holds a notable collectionof furniture from various eras and decorativearts, including Portuguese pottery. In the"blue pottery room", we find a collection ofPortuguese pottery from the 16th, 17th and18th centuries. From the time of the Darque

Viana do Castelo nasceu do mar. An-tiga póvoa de pescadores, foi berço denotáveis navegadores que percorreram osquatro cantos do mundo. As suas casasquinhentistas falam da riqueza dos desco-brimentos e dos empórios do açúcar noBrasil. A praça da República, no coraçãode Viana, remete para essa época áurea. Éaqui, junto aos antigos edifícios da Mise-ricórdia e dos Paços do Concelho, em re-dor do chafariz quinhentista, que começaa viagem. Entra-se no Museu do Traje,onde se aprecia o colorido e a riqueza dotraje à vianesa e a arte das tecedeiras ebordadeiras de Viana. No número 23 daRua Grande, encontramos uma loja debonecas regionais, feitas por Edite Sal-gueiro. Aos 73 anos, a D. Edite continuaa fazer as suas bonecas de pano e lã. Ves-tidas com trajes de outrora, de senhora oumeia-senhora, nenhuma é igual à outra.

No Largo de S. Domingos, o MuseuMunicipal guarda uma colecção notávelde mobiliário de várias épocas e de artesdecorativas, com destaque para a faiançaportuguesa. Na "sala da louça azul", en-contramos uma colecção de faiança por-tuguesa dos séculos XVI, XVII e XVIII.Do período de laboração da Fábrica deDarque, guarda galheteiros e serviços dechá e de mesa, pintados a azul e com dec-orações naturalistas. No museu estãotambém representadas as faianças das fá-bricas de Lisboa e do Porto e a produçãopopular de Aveiro e Coimbra.

FAIANÇAS DA MEADELAEntre Viana e Meadela encontramos apraia fluvial da Argaçosa, onde estão se-diados o clube náutico e o clube de vela.Junto a esta o novo Parque da Cidade. NaMeadela visitamos a Fabrica de Louças deViana e apreciamos a louça regional. Emporcelana ou grés fino, são cópias fiéis dafaianças do século XVIII. Os motivos sãocuidadosamente pintados à mão.

Em Santa Marta de Portuzelo, terrade tradição na arte de trajar à vianesa,

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Through the lands of artisans

descemos à praia fluvial. A maré cheiacobre parte das ilhotas do rio. A jusante,o rio alarga e os seus braços entram pelaterra e enchem de verde as suas margens.

De volta à Vila, paramos no nº 5 daRua da Bela Vista. Aqui, Maria AugustaGil borda, em linho e pano com linho, osbelos motivos dos bordados de Viana.Começou a bordar em criança e foi aper-feiçoando esta arte até à "idade de casar".Aos 57 anos, continua a enfeitar peças devestuário regional e artigos para o lar,com silvas, corações e rosas.

Em Santa Marta, junto ao cruzeiro,corta-se à esquerda para Perre, extensaplanície encravada entre as serras deSanta Luzia, Amonde, Perre e Agra. Perretem grande relevo na história do traje à"lavradeira". Os fatos das raparigas eramtecidos e confeccionados por elas. Aindahoje, muitas das mulheres dedicam-se aesta actividade. No lugar de Portela, Ma-ria José continua a tecer os aventais daslavradeiras de Santa Marta. Não muitolonge da sua casa fica a pequena empresade bordados de Isilda Parente. No atelier,são cortados e desenhadas as várias peças

Factory, there are cruet-stands, tea and din-ner services, painted blue with nature motifs.The museum also has examples of potteryfrom the Lisbon and Oporto factories and thepopular production of Aveiro and Coimbra.

MEADELA POTTERYBetween Viana and Meadela we find the riverbeach of Argaçosa, where the nautical cluband sailing club are based. Beside the latteris the new City Park. In Meadela we visit theViana Pottery Factory and admire the region-al crockery. In china or fine sandstone, thearticles are faithful reproductions of the pot-tery of the 18th century. The motifs are care-fully painted by hand.

In Santa Marta de Portuzelo, a land of tra-dition in the art of Vianese costumes, we godown to the river beach. The high tide coverspart of the river islets. Downstream, the riverwidens, its branches reaching out to make itsbanks green.

Back to the town, we stop at no. 5 Rua daBela Vista. Here, Maria Augusta Gil embroi-ders the beautiful motifs of the Viana embroi-dery in linen onto linen cloth. She beganembroidering as a child and perfected her artuntil "marrying age". At 57, she continues toembellish regional clothing and articles forthe home with plants, hearts and roses.

In Santa Marta, beside the cross, take theleft road towards Perre, a wide plain carvedbetween the mountains of Santa Luzia,Amonde, Perre and Agra. Perre is very impor-tant in the history of the countrywoman cos-tume. The girls wove and made their own out-fits. Even today, many women devote them-selves to this activity. In Portela, Maria Josécontinues to weave the lavradeira (country-woman) aprons of Santa Marta. Not far fromher house there is a small embroidery com-pany belonging to Isilda Parente. In the work-shop, several items that will be embroideredare cut and designed. The embroiderers workat home, in their free time or in the evening.A tablecloth can take months to embroiderand the latticework is only for the most giftedhands.

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Through the lands of artisans

que irão ser bordadas. As bordadeiras tra-balham em casa, nas horas vagas ou aoserão. Uma toalha pode levar meses abordar e os pontos abertos, os crivos, sãoapenas para as mãos mais prendadas.

A CADEIRA DO SANTOVoltamos a S. Marta e seguimos em di-recção a Ponte de Lima. No caminho, en-contramos juntas de bois, puxando carroscarregados de folhas de milho. À suafrente, as raparigas conduzem os animais.Parte do trabalho agrícola é feito pelasmulheres. Os homens têm, na maioria,outra profissão e dedicam-se à agriculturanas horas vagas e aos fins-de-semana. Ominifúndio não chega para alimentar afamília e os campos agrícolas são cadavez mais deixados ao abandono.

Em Serreleis avista-se, lá no alto, aCapela de S. Silvestre, que cristianiza opovoado castrejo aí existente, do qualainda são visíveis restos da muralha e dealgumas casas circulares. Diz a lenda que

THE SAINT'S CHAIRWe go back to Santa Marta and head towardsPonte de Lima. On route, we find oxen pullingcarts loaded with corn leaves. Ahead of them,the girls drive the animals. Part of the farmwork is done by women. Most of the menhave other jobs and tend to the farms in theirfree time and at weekends. The smallhold-ings cannot keep the family and the cultivat-ed fields are gradually falling into disuse.

Above Serreleis you can see the Chapel ofSt. Silvestre, who Christianised the already exis-ting pre-Roman settlements, traces of whichcan still be seen, such as a wall and some cir-cular houses. Legend says that St. Silvestre, inhis devotion to Christianising the crude souls ofthe Lima inhabitants, stood on the other bank,on top of the Castro de Roques – where thereis a stone with a mark they call the footprint ofthe Saint - and threw his staff at them with thepromise that he would build a chapel whereverthis fell. He did this with such might that it fellon top of the mountain. Later, St. Silvestre pre-sided over the building of the chapel, sitting on

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top of a stone worn by erosion. This place be-came known as the "saint's chair".

After crossing the fertile fields of Serre-leis, you reach Cardielos, a settlement withrural characteristics. Corn is cultivated on theplain. Vines occupy the edge of the fields,fastened on trellises or ravelled around thetrees (hangman's vine). Next to the river wefind a pleasant leisure resort, the river beachof Barco do Porto.

GOING UP THE MOUNTAINIn Vila Mou, you go on to Amonde. You beginthe climb up the Serra de Arga. The roadstarts to wind and is flanked by uncultivatedland. In Meixedo, beside the road in a dry-stone cottage, Sr. Sérgio sells his sculptures.A stonemason by profession, he learnt toshape the granite from an early age. Withhammer and chisel he transforms the blocksof granite into works of art - popular saints,sundials, shells, water cups and drinkingfountains.

You continue on the mountain road toMontaria, where life is guided by the risingand setting of the sun. The shepherds leadtheir flocks to the mountain and return as itgets dark. The waters of the river ncora irri-gate these fertile lands and make them

S. Silvestre, empenhado em cristianizaras almas rudes dos habitantes do Lima, secolocou na outra margem, no alto doCastro de Roques – onde existe um pene-do com uma marca a que chamam a pega-da do Santo -, de onde lhes atirou com ocajado, com a promessa de construir umacapela onde este caísse. Tanta forçacomunicou ao báculo que este foi cair noalto do monte. Depois, S. Silvestre pre-sidiu à construção da capela, sentado noalto de um penedo gasto pela erosão. Olugar ficou conhecido pela "cadeira dosanto".

Depois de atravessar os campos fér-teis de Serreleis, chega-se a Cardielos,povoação com características rurais. Nasvárzeas cultiva-se o milho. A vinha ocupaa periferia dos campos, armada em lata-das ou emaranhada nas uveiras (vinha deenforcado). Junto ao rio encontramos umaprazível local de lazer, a praia fluvial doBarco do Porto.

SUBIR À SERRAEm Vila Mou, segue-se para Amonde.Começa a subida à Serra de Arga. A es-trada torna-se sinuosa e ladeada por cam-pos baldios. Em Meixedo, à beira da es-trada, numa casa de pedra solta, o Sr. Sér-gio vende as suas esculturas. Canteiro deprofissão, aprendeu muito cedo a moldaro granito. Com o martelo e o cinzeltransforma os blocos de granito em peçasde arte - santos populares, relógios deSol, conchas, bicas de água e fontanários.

Continua-se pela estrada de serra atéMontaria, onde se vive ao sabor do nas-cer e do pôr-do-Sol. Os pastores levam ogado para a serra e voltam com o anoite-cer. As águas do rio Âncora vestem deverde estas terras férteis. Nas suas mar-gens, os moinhos recuperados continuama moer o milho. Junto às casas, nas pe-quenas hortas, cultiva-se o feijão parasecar, as couves, as cebolas e as batatas.O feno é amontoado em medas e servede alimento aos animais durante o Inver-

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Through the lands of artisans

79Passeios no Vale do Lima

Sr. Sérgio e as suas esculturas (Meixedo)Mr. Sergio and his sculptures (Meixedo)

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VIANA DO CASTELO Por terras de artesãos2

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Through the lands of artisans

green. On its banks, the renovated mills con-tinue to grind the corn. In the small gardensnext to the houses, cabbages, onions andpotatoes are grown, as well as beans for dry-ing. Hay is stacked up and used as fodder forthe animals during the winter. The old rectan-gular, gable-roofed granaries await the corn-cobs. Opposite, the granite threshing floorsawait the husking season.

From here is the climb to the mountainplain and to Senhora do Minho. As you go upthe winding road, the lush vegetation givesway to heather and broom scrubland wherethe bees that produce the tasty mountainhoney feed. Once at Chã Grande, we find aherd of ponies grazing calmly. Further ahead,two Barroso oxen are grazing.

COMMUNITY MILLFrom the Senhora do Minho we can see themountains that lead to Spain and the curvesof the Lima with its fertile valleys. On thereturn journey we go through Espantar. Here,the corn is grown in narrow strips of land. Thehangman's vine lines the fields. The olive

no. Os velhos espigueiros, de formatorectangular e telhado de duas águas, es-peram as maçarocas. Em frente, as eiras,de chão de granito, esperam a época dadesfolhada.

Daqui, impõe-se a subida ao planaltoda serra e à Senhora do Minho. À medi-da que se sobe a estrada sinuosa, a vege-tação luxuriante dá lugar a matos de urzee giesta onde se alimentam as abelhas queproduzem o saboroso mel serrano. Che-gados à Chã Grande, deparamo-nos comuma manada de garranos que pastam cal-mamente. Mais afastados, pastam bois deraça barrosã.

MOINHO COMUNITÁRIODa Senhora do Minho avistamos as serrasque levam a Espanha e as curvas do Limacom os seus vales férteis. No regressopassamos por Espantar. Aqui, o milho écultivado em leiras. A vinha do enforca-do margina os campos. Das oliveiras col-hem-se as azeitonas que dão origem aosaboroso azeite que rega o bacalhau e as

Os bordados de Viana levaram longe onome da Princesa do Lima e a criativi-dade das mulheres da região. Mulheresque roubavam horas ao descanso e en-contravam alento para bordar o seu bra-gal ou para trabalhar para fora, juntandoalgum dinheiro ao débil orçamentofamiliar.

Os bordados de Viana tem uma pa-leta de cores limitada - azul, vermelho ebranco. A composição do desenho é damais pura e livre criatividade. Os mo-tivos são vários: silvas, ramos, caracóis eflores numa harmonia de pontos cheios,a que os crivos dão leveza e carácter. Ariqueza do bordado avalia-se em funçãodo bordado a cheio e do números deabertos utilizados.

The Viana embroidery has carried thename of the Princess of the Lima and thecreativity of the region's women to distantlands. Women that have stolen hours of restand found the strength to embroider theirown linen or to make things for others, earn-ing a little money to support the fragile fam-ily budget.

The Viana embroidery has a limitedrange of colours - blue, red and white. Thedesign is down to creativity. There are vari-ous motifs: brambles, branches, spirals andflowers in a harmony of filled-in stitches, towhich the latticework adds delicacy andcharacter. The richness of the embroideryis measured according to the amount offilled-in embroidery in comparison to theopen work.

BORDADOS DE VIANA VIANA EMBROIDERY

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VIANA DO CASTELO Por terras de artesãos2

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trees yield the fruit from which the tasty oil ismade. This is used to flavour the salted codand the cabbages, which the abundant waterhas left green and tender. In the middle of thevillage the Moinho de Baixo (Lower Mill) isworking. Directly above are the Middle andTobacco Mills. These are small constructionsof dry stone, which are powered by water andallow the women of the village to continuebaking corn bread just as their ancestors did.

Nightfall brings us to the end of our jour-ney. We follow the road that takes us toGuelfa. On the National 113 we go down thecoast to Viana do Castelo, among marshesand plots of land fertilised with sargasso.The smell of the tide stays with us to the endof the journey.

couves, que a fartura de água deixou ver-des e tenras. No meio da aldeia, o Moi-nho de Baixo está a funcionar. Logo aci-ma, os moinhos do Meio e do Tabaco.São pequenas construções de pedra solta,que utilizam a água como fonte de ener-gia e permitem que as mulheres da aldeiacontinuem a cozer o pão de milho comofaziam as seus antepassados.

O cair da noite anuncia o fim da viagem.Seguimos pela estrada que nos leva atéGuelfa. Já na Nacional 113 descemos aolongo da costa até Viana do Castelo,por entre lameiros e courelas adu-badas com sargaço. O odor amaresia faz-nos companhiaaté ao final da viagem.

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Through the lands of artisans

Ao longo do rio Âncora existem váriosmoinhos de água. Alguns deles em fun-cionamento. Os moinhos de Montaria eEspantar são normalmente compostospor um piso inferior, onde está montadoo aparelho motor, e um piso superior,onde se situa a moenda. São constru-ções rústicas, pequenas e feitas de pedrasolta. Normalmente de exploração fa-miliar ou comunitária. Muitas vezes omoinho não se situa na margem do rio.A água é conduzida por levadas - canaisde granito -, desde o açude até ao moi-nho, accionando o rodízio.

Os moinhos de água tiveram grandeimportância no dia a dia das popula-ções. O milho era aqui moído e trans-formado em farinha. De regresso a casa,as mulheres faziam o pão - as broas decenteio e milho que alimentavam a fa-

MOINHOS DE MONTARIA MONTARIA MILLS

mília e que eram indispensáveis na mesade um minhoto.

Along the river ncora there are severalwater mills. Some of them are in operation.The Montaria and Espantar mills normallyconsist of a lower level, where the engine isplaced, and an upper level, where the mill-stone is located. They are small, rustic build-ings made of dry stone, normally run by afamily or a community. Often the mill is notbeside the river. The water is guidedthrough granite channels from the weir tothe mill, activating the ladle-boarded wheel.

The water mills were very important inthe daily life of the people. The corn wasground here and made into flour. When theygot home, the women made the bread - therye and corn loaves that fed the family andwere absolutely indispensable at the Mi-nhotan table.

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he heart of Ribeira Lima is inPonte. The oldest town in Portu-gal, right in the middle of the Mi-nho province, has been an im-

portant link between the inland areas and thecoast for centuries. Ponte de Lima is deeplymarked by its river and the main roads that gothrough it. It is famous for its markets, for itspopular singing (cantares ao desafio), for itspeople, crafts and customs, gastronomy andhospitality.

Nowadays, Ponte de Lima is served by a tightroad system and trails that cross the plainsand wind up the hills. The old road, North-South, which was paved and marked with

concelho de Ponte de Limaé, hoje em dia, servido poruma apertada rede de estra-das e caminhos que atraves-

sam as veigas e serpenteiam pelas encos-tas dos montes. A velha via, Norte-Sul,que os romanos lajearam e assinalaramcom marcos miliários atravessava o Limana ponte que deu nome e origem à po-voação que viria a tornar-se o pólo agluti-nador dos espaços circundantes. Factoresque reforçam a sua centralidade na Ribei-ra Lima e no Minho.

Ponte de Lima é famosa pelas suas fei-ras, pelos cantares ao desafio, pelas suasgentes, pelas suas artes e costumes, a sua

O T

PONTE DE LIMA A ponte sobre o Limia

A Ribeira Lima tem o seu coração em terras de Ponte. A mais antiga vila de

Portugal, no centro do Minho e numa posição intermédia entre o interior e o

litoral, serviu, durante séculos, como importante elo de ligação. Ponte de Lima

está profundamente marcada pelo rio e pelas principais vias de comunicação

terrestre. É famosa pelas suas feiras, pelos cantares ao desafio, suas gentes,

artes e costumes, gastronomia e hospitalidade.

A ponte sobre o Limia

84 Passeios no Vale do Lima

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The bridge over the Limia

gastronomia e hospitalidade. As feirasquinzenais realizam-se à segunda e atra-em habitantes de todo o concelho, comose fosse uma romaria e até se diz: às se-gundas é «dia de santa feira». As feirasquinzenais são as mais antigas de Portu-gal e o foral que D. Teresa atribuiu a Pon-te de Lima (1125) já as citava.

Não se sabe quando terá sido intro-duzida a festa da Nossa Senhora das Do-res, mas o padre António Pereira, daCongregação do Oratório de Braga, refe-re que já se realizavam em 1792. As "Fes-tas de Nossa Senhora das Dores" ficaramconhecidas por "Feiras Novas", designa-ção popular que, tendo sido criada paraas distinguir das antigas feiras, se vulgari-zou. Mas existem outras remotas tradi-ções que ainda se mantêm em Ponte deLima: a "Vaca das Cordas", o "Jogo doCântaro", os "Maios" e a "Mesa dos Qua-tro Abades", entre outras.

Ponte de Lima oferece-nos a sombradas frescas alamedas da beira-rio e convi-da a um passeio ao longo das margens.Depois, deixemos a vila encantada, velhi-nha e moça, partindo à descoberta dasamenas veigas, dos vales verdejantes edos riachos de águas frescas, das colinas

milestones by the Romans, crossed the RiverLima over the bridge that gave its name tothe village that would become the focal pointof the surrounding area. These were factorsthat strengthen its importance in the RibeiraLima area and in the Minho region.

Ponte de Lima is famous for its markets, forits "cantares ao desafio" (improvised singingchallenges), for its people, crafts and customs,gastronomy and hospitality. The fortnightly mar-ket occurs on Mondays and attracts peoplefrom the entire area, as if it were a festival, andit is even said that Monday is the "holy fair day".These fortnightly markets are the oldest in thecountry and were already mentioned in thecharter given by D. Teresa to Ponte de Lima (inthe year 1125).

It is not known when the Festival devotedto Nossa Senhora das Dores began, butFather António Pereira, of the Congregaçãodo Oratório de Braga, says it was alreadyheld in 1792. The "Nossa Senhora das Do-res" festival became known as "Feiras No-vas", a popular name used to distinguish thisFestival from the ones that already existed,which later became common. But there areother old traditions that are kept alive in Pon-te de Lima: the "Vaca das Cordas", the "Jogodo Cântaro", "Maios" and the "Mesa dos

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PONTE DE LIMA A ponte sobre o Limia

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soalheiras e das escalvadas montanhas.Partir para conhecer as terras e as gentesdo concelho de Ponte de Lima.

ATENÇÃO!Os eventos que se realizam no concelhosão numerosos e decorrem ao longo detodo o ano. Recomenda-se que soliciteno Posto de Turismo um calendário dasfestas, romarias, festivais folclóricos e fei-ras (nomeadamente de artesanato e vi-nhos). Há duas romarias que merecemuma particular atenção: a Senhora da BoaMorte, na freguesia da Correlhã, e o Se-nhor do Socorro, na freguesia da Labruja.

FEIRAS, FESTAS E ROMARIAS:· Feira de Ponte de Lima:

às segundas-feiras (quinzenal);· Feira de S. Julião de Freixo:

às segundas-feiras (quinzenal);· Festa de Santo Amaro (Fornelos):

15 de Janeiro;· Festa de S. Brás (Calheiros):

primeiro domingo de Fevereiro;· Jogo do Cântaro (Ponte de Lima):

Carnaval;· Os Maios ou as Maias (Ponte de Lima):

no primeiro de Maio;

Quatro Abades", among others.Ponte de Lima offers shady avenues next

to the river, which invite us for a walk along theriverbanks. After that we leave the enchantedvillage, young and old alike, and set off to dis-cover the gentle plains, the green valleys andthe streams of cool water, the sunny hills andbare mountains. We set off to discover the peo-ple and the lands of Ponte de Lima.

TAKE NOTE!Several events occur in this region through-out the year. You should go to a Tourist In-formation office and ask for a calendar of thefeast days, festivals and fairs (namely handi-craft and wine fairs). Two festivals deserveour special attention: the Senhora da BoaMorte, at Correlhã and the Senhor do So-corro, at Labruja.

FAIRS, FEAST DAYS AND FESTIVALS:· Feira de Ponte de Lima:on Mondays (fortnightly market)

· Feira de S. Julião de Freixo:on Mondays (fortnightly market)

· Festa de Santo Amaro (Fornelos): January 15th· Festa de S. Brás (Calheiros):the first Sunday in February

· Jogo do Cântaro (Ponte de Lima): Mardi Gras

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The bridge over the Limia

· Vaca das Cordas (Ponte de Lima):véspera de Corpo de Deus;

· Festa do Corpo de Deus (Ponte deLima) dia de Corpo de Deus;

· Festa do Senhor do Socorro (Labruja):primeiro domingo de Julho;

· Festa de Santa Luzia (Rendufe):segundo domingo de Julho;

· Romaria de S. Cristovão (Freixo):24 e 25 de Julho;

· Festa da Senhora da Boa Morte(Correlhã): último domingo de Julho;

· Romaria de S. Lourenço da Armada(Armada): 10 de Agosto;

· Festa do Senhor dos Perdidos (Calheiros):terceiro domingo de Agosto;

· Feiras Novas (Ponte de Lima): terceirofim de semana de Setembro (três dias);

· Festa de S. Martinho (Gandra):11 de Novembro.

GASTRONOMIA:Ponte de Lima oferece um arroz de sarra-bulho único, rojões, perna de porco à Cla-ra Penha, lombo de vinha-de-alhos, ca-brito ou leitão assados no forno, arroz delampreia ou lampreia à bordaleza, bolosde chila e pudim franciscano ou de tange-rina, sem esquecer o afamado vinho verde.

· The Maios or Maias (Ponte de Lima): May 1st· Vaca das Cordas (Ponte de Lima):on the eve of Corpus Christi

· Festa do Corpo de Deus (Ponte de Lima):on Corpus Christi

· Festa do Senhor do Socorro (Labruja):the first Sunday in July

· Festa de Santa Luzia (Rendufe):the second Sunday in July

· Romaria de S. Cristovão (Freixo):July 24th and 25th

· Festa da Senhora da Boa Morte (Correlhã):the last Sunday in July

· Romaria de S. Lourenço da Armada(Armada): August 10th

· Festa do Senhor dos Perdidos (Calheiros):the third Sunday in August

· Feiras Novas (Ponte de Lima): the thirdweekend in September (three days)

· Festa de S. Martinho (Gandra): November 11th

GASTRONOMY:Ponte de Lima offers a unique sarrabulho(savoury suet pudding), rojões (pork chunks),leg of pork à Clara Penha, pork loins marinat-ed in wine and garlic, roast kid or suckling pig,lamprey rice or fried lamprey, squash cakesand Franciscan or tangerine flan always ser-ved with the famous vinho verde.

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PERCURSO 3 Tradições a sul do Lima3

Visitar a Correlhã, Freixo, Rebordões (Souto), Fornelos, Boalhosa, Gandra ou

Ribeira é viver a tradição na sua originalidade. As festas e as romarias ainda con-

tinuam a animar as gentes. E o artesanato expressa-se na tecelagem, bordados e

rendas, na latoaria de luminária, tamancaria e tanoaria.

Tradições a sul do Lima

DISTÂNCIA APROXIMADA / APPROXIMATE DISTANCE:58 km; 58 km;

DURAÇÃO APROXIMADA / APPROXIMATE DURATION:1 dia; 1 day;

PONTOS DE INTERESSE / POINTS OF INTEREST:Centro de Arte e Cultura em Ponte de Lima; alatoaria dos Irmãos Armada; Capela de Nossa Sra. daNeves; Santuário da Senhora da Boa Morte naCorrelhã; vista sobre o Baixo Lima do alto da Nó;monte de São Cristóvão em Freixo; tanoaria de "Joséda Grelha", em Rebordões (Souto); festa de SantoAmaro e romaria de S. Bento em Fornelos; solares ebordados de São Martinho da Gandra e os "Turcosde Crasto"; Art and Culture Centre of Ponte de Lima;Armada Brothers Tin-work; Nossa Sra. da Neves

Chapel; Senhora da Boa Morte Sanctuary in Correlhã;view over the Lower Lima from the Nó; São Cristóvãomountain in Freixo; "José da Grelha" barrel- making,in Rebordões (Souto); Santo Amaro Fair and S. BentoFestival in Fornelos; manor houses and embroidery inSão Martinho da Gandra and the "Turcos de Crasto";

CARACTERÍSTICAS DO PERCURSO / FEATURES OFTHE ROUTE: estradas sobretudo alcatroadas comalguns troços empedrados e/ou de terra batida ealguns declives a vencer; caminho empedrado,ladeado por muros no caminho para a Veiga daCorrelhã; predominantly tarmacked roads withsome cobbled and/or dirt track sections with somedifficult slopes; cobbled path flanked by dry stonewalls on the way to Veiga da Correlhã.

FICHA TÉCNICA ROUTE DETAILS

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o visit Correlhã, Freixo, Rebor-dões (Souto), Fornelos, Boalho-sa, Gandra or Ribeira is to livetradition at its origins. The fairs

and festivals continue to brighten up the peo-ple's lives. Craft work is expressed throughweaving, embroidery and lace, tin work, clogsand barrel making.

After a visit to the Tourist Information Centreof Ponte de Lima to see the crafts exhibitionand sales, we leave the village on the EN203, heading west. To the left of the roadthere is the former Municipal Abattoir, wherethe Art and Culture Centre of Ponte de Limais now established. It is a compulsory stop toenjoy the local crafts: weaving, embroideryand lace, tin work, clogs and barrel making.

The Art and Culture Centre employs sev-eral artisans that have devoted years of theirwork to restoring the traditions related to li-nen (see Route 10 on linen). Their work be-gan by collecting the existing pieces in theregion; then they had to find the people whostill mastered the old techniques of weavingand embroidery. Old looms were restored andyoung girls learned their art and recreatedthe traditional environment of the scutchingand spinning of days gone by.

THE LIMA CRAFTSMANJosé, Manuel and Luís Armada, three broth-ers with their workshop in the Art and CultureCentre, are dedicated to tin work for lightingand they make pieces to order. "It is a family

Traditions south of the Lima

pós uma visita ao Posto de Tu-rismo de Ponte de Lima paravisitar a sala de exposição evenda de artesanato, saímos

da vila pela EN 203, rumo a poente. Jun-to da estrada, à esquerda, no edifício doantigo Matadouro Municipal, localiza-seo Centro de Arte e Cultura, paragemobrigatória para apreciar o artesanato re-gional: tecelagem, bordados e rendas, la-toaria de luminária e tamancaria.

No Centro de Arte e Cultura encon-tram-se artesãs que têm dedicado anos detrabalho à recuperação das tradições lig-adas ao linho (ver Percurso 10 sobre li-nho). O trabalho começou pelo levanta-mento das peças existentes na região, de-pois foi preciso reunir quem ainda domi-nava as antigas técnicas de tecer e bordar.Foram recuperados velhos teares, onderaparigas aprenderam a arte e recriado otradicional ambiente das espadeladas efiadas de outros tempos.

Já às portas de Ponte de Lima cele-bram-se os afamados "Turcos de Crasto",teatro popular com raízes na tradição me-dieval. A representação tinha data fixa nosegundo domingo de Agosto e decorriano terreiro da Capela do Senhor da Cruzda Pedra, em Crasto. É hora de regressoa Ponte de Lima. Apenas se recomendaque não faça juras fatais sobre as águascorrentes porque, segundo a lenda, no riose escondem terríveis e surpreendentessegredos.

O ARTESANATO LIMIANOJosé, Manuel e Luís Armada, três irmãoscom oficina também no Centro de Arte eCultura, dedicam-se à latoaria de luminá-ria e constroem as peças à medida docliente. «É uma arte familiar», como di-zem, que já vem dos seus antepassados la-toeiros. Em Ponte de Lima, a latoaria foimuito comum, mas a arte sofreu um rudegolpe com a aparição dos plásticos e qua-se se extinguiu. Os irmãos Armada nuncabaixaram os braços, tendo-se especializa-

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A T

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PERCURSO 3 Tradições a sul do Lima3

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Traditions south of the Lima

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PERCURSO 3 Tradições a sul do Lima3

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do: «Nós evoluímos, através da latoaria,para a latoaria luminária». Desde peque-nos, contam, começaram a aprender a ar-te com o pai: «Dava-nos uma tesourinhapara a mão e um bocadinho de chapa pa-ra nós cortarmos». A latoaria tradicionaltrabalhava a folha-de-Flandres, mas ac-tualmente são mais usados o cobre, a cha-pa zincada ou o latão.

No Centro de Arte e Cultura tambémse encontra a Tamancaria Silva, local ondeainda se fabrica e é possível adquirir o cal-çado típico das gentes limianas. As socas,socos ou tamancos, esse calçado "todo-o-terreno" feito de couro e sola de "pau".

A VEIGA DA CORRELHÃCom o Centro de Arte e Cultura paratrás, continuamos para poente mas, pou-co antes do quilómetro 20, abandonamosa EN 203, virando à direita. Entre a estra-da nacional e o Lima situa-se a larga e fér-til veiga da Correlhã, a mais extensa doconcelho, e é para lá que nos dirigimos.Descemos por um caminho empedrado e

art", as they say, which comes from their tin-smith ancestry. In Ponte de Lima tinsmithwork was very common, but the art suffereda harsh blow when plastics appeared, andbecame almost extinct. The Armada brothersnever rested, and have now specialised. "Weevolved from tin work to tin illuminations".They tell us how they began learning theirtrade from their father from a very young age:"He would give us a pair of scissors and asmall piece of metal-sheet to cut". Traditionaltinsmiths worked with tin-plate, but nowa-days, copper, zinc plate or brass are more

A "vaca das cordas" realizava-se, anualmen-te, nas vésperas do Corpus Christi (Corpode Deus). A organização estava a cargo daCâmara Municipal e pegavam às cordas osmoleiros do concelho (ministros da fun-ção), com multa para os que não compare-cessem. Segundo o código das posturasmunicipais de 1646, não pegar as cordasimplicava o pagamento de 200 réis. A tra-dição nunca foi interrompida até à primeirametade dos anos 80 do século XIX, alturaem que a vereação suspendeu o costume.Mas a "vaca das cordas" regressou no iníciodo século XX.

O animal era amarrado às grades deferro da janela da torre da Igreja Matriz e aíficava para ser aguilhoado, picado, apupa-do e assobiado pela rapaziada. Às seis ho-

ras, prazo determinado pelo Senado, apa-reciam os moleiros e as respectivas cordas.Os ministros da corrida prendiam, então, avaca com as cordas de uns nove a dez me-tros de comprimento. Soltavam o bichodas grades e "lá vai disto". Em veloz corre-ria, davam três voltas à igreja e, depois, se-guiam para a Alameda D. Fernando, para oareal ou para a ponte. Locais onde a loucacorrida prosseguia. Os moleiros esforça-vam-se para guiar a vaca na direcção dosespectadores. Não era raro algum dos me-nos desembaraçados ficar preso nas cordase cair por terra, ser colhido ou pisado peloanimal. Maior fama deixava a corrida desseano. Mas, caso não se verificasse nada deespecial, o povo dizia: «A vaca este anonão fez figura! Não prestou para nada.»

A VACA DAS CORDAS

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Traditions south of the Lima

delimitado por muros de pedra até umcruzamento, onde viramos novamente àdireita. Chegados ao Lima apreciamos ocasario exposto ao longo das margens, avelha ponte, a ponte mais recente e aságuas do rio que, num pequeno desnível,aceleram em tons prateados. Seguimosjunto ao rio, para Oeste. As videiras co-brem o caminho, em certos troços, pro-porcionando acolhedoras sombras e bu-cólicos cenários. A estrada afasta-se doLima, para seguir sensivelmente paralelaà margem direita do rio Trovela. Muita

commonly used. The Art and Culture Centre also houses

the Tamancaria Silva, a place where the tradi-tional footwear of the Lima people is stillmade and can also be bought. This includesvarious types of clogs - socas, socos or ta-mancos - footwear for any terrain made ofleather with a wooden sole.

CORRELHÃ PLAINWith the Art and Culture Centre behind us,we continue west leaving the EN 203 short-ly before the 20th kilometre to turn right.Between the main road and Lima there is thewide and fertile plain of Correlhã, the largestin the area, and that is where we are heading.We go down a cobbled road bordered by sto-ne walls as far as a junction, where we turnright again. Once we get to Lima, we can ad-mire the houses along its banks, the old brid-ge, the more recent bridge and the waters ofthe river, which, speed up down a slight slopein silver tones. We go west along the river.The vines cover the path in certain places,providing welcome shade and pastoral sce-

The "vaca das cordas" was held annually onthe eve of Corpus Christi. The City Councilwas responsible for the organisation of theevent and it was the moleiros do concelho(ministers of the event) that pulled theropes. Those who failed to show were fined:according to the municipal code of 1646,not pulling the ropes incurred a payment of200 réis. The tradition was never interrupteduntil the first half of the 1880s, when thetown council suspended the custom. But the"vaca das cordas" returned at the beginningof the 20th century.

The animal would be tied to the iron barsof the window on the tower of the ParishChurch and would then be goaded, pricked,hissed and whistled at by the young lads. Atsix o'clock, the limit set by the Senate, the

councillors and the respective ropes wouldappear. The ministers of the event wouldthen tie the cow with ropes nine or tenmetres long. They would release the beastfrom the bars and "off we go". At runningspeed, they went round the church threetimes, following the Alameda D. Fernando,to the sand or to the bridge, places wherethe mad event continued. The councillorswould try to guide the cow in the direction ofthe spectators. It was not uncommon forone of the less agile to get caught in theropes and fall to the ground, to be picked upor trampled on by the animal. If this were thecase, the public would acclaim the event. Ifnothing special happened, though, the peo-ple would say: "The cow didn't do anything!It was no good!"

THE VACA DAS CORDAS

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vinha e muito verde! A Capela da Senhora das Neves e, à

sua frente, um belo coreto convidam auma pequena paragem. Segue-se um cru-zamento de caminhos em que optamospela direita, atravessando o Trovela.Avançamos em direcção a Barros, um pe-queno povoado que nos acolhe com duasespectaculares casas de granito.

Logo depois, estamos em Pedrosa e ocaminho bifurca-se. Seguimos, pela es-querda, para Paço. No cruzamento, juntoà pequena capelinha de Santo António(1980), viramos à esquerda, para a Corre-lhã. Surge novo cruzamento de cami-nhos, junto de uma capelinha, e, mais àfrente, uma bifurcação em que seguimospela direita. E eis-nos na Correlhã (nova-mente na EN 203), uma das mais antigase das mais dinâmicas freguesias da Ribei-ra Lima.

O Santuário da Senhora da Boa Mor-

nery. The road leaves Lima to continue pa-rallel to the right bank of the River Trovela.There are vines and greenery everywhere!

The Chapel of Senhora das Neves and,the beautiful bandstand opposite invite us tostop. We then turn right at a crossroads,going over the Trovela. We head towards Bar-ros, a small village that welcomes us with twospectacular granite houses.

Immediately afterwards, we are in Pedrosa

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Traditions south of the Lima

te, desde a segunda metade do séculoXVII, é de muita devoção e, actualmente,continua a ser o centro de uma das maisafamadas romarias do concelho de Pontede Lima. Do alto da Nó pode apreciar-sea panorâmica sobre a fértil e verdejanteplanície do Baixo Lima.

SÃO CRISTÓVÃO PANORÂMICOContinuamos pela EN 203, rumo a poen-te, até uma bifurcação onde se encontra aplaca que indica "Barcelos 26 km". A es-trada secundária, à esquerda, vai passar amontanha, numa pequena portela, rumoa Barcelos. Só no terceiro cruzamento àesquerda, depois da Facha, é que viramospara "Navió 2 km". Depois de Navió, se-guem-se Lugar do Fojo e Freixo. A fre-guesia de Freixo, cruzada pela estrada dePonte de Lima-Barcelos, tem uma feiraquinzenal que alterna, às segundas-feiras,com a de Ponte de Lima. No monte de

and the road forks. We follow the left road toPaço. At the junction, beside the small chapelof Santo António (1980), we turn left to Cor-relhã. There is another crossroads next to asmall chapel and, further on, a junction wherewe turn right. And here we are in Correlhã(back on the EN 203), one of the oldest andmost dynamic boroughs of Ribeira Lima.

The Sanctuary of Senhora da Boa Morte,has been a place of worship since the secondhalf of the 17th century and continues to bethe centre of one of the most famous festi-vals in Ponte de Lima. From the top of the Nówe can admire the view over the green, fertileplain of the Lower Lima.

SÃO CRISTÓVÃO VIEWWe continue on the EN 203, heading west toa junction where we find a signpost saying"Barcelos 26 km". The minor road to the leftgoes over the mountain through a gorge, toBarcelos. It is only at the third junction on the

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São Cristovão realiza-se, a 25 de Julho,uma das maiores romarias do concelho. ACapela do Santo será do século XVII,mas o local de culto tem origem bemmais antiga. O monte de São Cristovãotambém proporciona excelentes panorâ-micas.

Do largo de São Julião do Freixo se-guimos pela EN 306, virando à esquerda,para Friastelas. Depois segue-se Cabaçose Fojo Lobal. Típicos são a verdura, oscampos de cultura, o milho e a vinha.

OS ÚLTIMOS TANOEIROSUma placa anuncia "Bem vindos a Rebor-dões de Santa Maria", mas apenas surgemárvores e fetos. Começamos a descer eaparece o casario. Um cruzamento, à es-querda, conduz ao centro do povoado,mas continuamos em frente para virar nopróximo cruzamento à direita.

Chegamos a Souto de Rebordões, ouRebordões (Souto), que foi municípiodesde os primeiros tempos da nacionali-dade, juntamente com a vizinha paróquiade Rebordões de Santa Maria. Esse mu-nicípio subsistiu até à reforma adminis-trativa de 1836. Na actual Junta de Fre-guesia, viramos à direita. Subimos a estra-da empedrada e, antes desta começar adescer, encontramos uma bonita casacom cantarias de granito. Outros cami-nhos entroncam naquele que seguimos,mas continuamos em frente. Entretanto aestrada alarga-se, o piso fica alcatroado e,numa apertada curva, paramos para visi-tar um artesão que se dedica à tanoaria.

left, after Facha that we turn to "Navió 2 km".After Navió come Lugar do Fojo and Freixo.The village of Freixo, crossed by the roadfrom Ponte de Lima to Barcelos, has a fort-nightly market that alternates, on Mondayswith that of Ponte de Lima. Every July 25th,on the mount of São Cristovão, one of thearea's largest festivals is held. The Capela doSanto dates from the 17th century, but thiscult place has much older origins. The mountof São Cristovão also affords excellent views.

From the square of São Julião do Freixowe follow the EN 306, turning left to Frias-telas. Then come Cabaços and Fojo Lobal.What we see most is the greenery, cultivatedfields, corn and the vines.

THE LAST OF THE BARREL MAKERSA sign says, "Welcome to the woods of SantaMaria", and all we see are trees and ferns. Webegin to go down and some houses appear.A turning to the left leads to the village cen-tre, but we go straight on to turn right at thenext junction.

We reach Souto de Rebordões, or Rebor-dões (Souto), which was a municipality fromthe early days of the nation, together with itsparish neighbour of Rebordões de SantaMaria. The municipality survived until the ad-ministrative reform of 1836. At the presentBorough Council, we turn right. We go up thecobbled road and, before it begins to des-cend, we find a pretty house with granite ma-sonry. Other roads meet the one we are on,but we continue straight ahead. Meanwhilethe road widens, the surface is now tarma-cked and, on a tight bend, we stop to visit a

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Traditions south of the Lima

“José da Grelha” na sua oficinaJosé da Grelha’s barrel workshop

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Na zona de Souto havia mais de duasdezenas de tanoeiros, mas alguns morre-ram e outros (os mais novos) emigraram.Resta José Gonçalves Lopes, mais conhe-cido por "José da Grelha". Este faz, hámais de meio século, ancoretas, selhas,canecas e pipos para vinho, aguardenteou água. Mas, há alguns anos, começou adedicar-se às «miniaturas».

Os pipos de carvalho, apesar das ac-tuais cubas de cimento, são insubstituí-veis para obter um bom vinho. «Esta artesó rende um bocadinho se houver muitovinho», diz o artesão. «Então resolvi criaras miniaturas porque se vendem sempre».Despedimo-nos do ancião e ficamos apensar como é que certas artes tradicio-nais irão subsistir.

ALDEIAS DE MONTANHAContinuamos o percurso, passando sobre aA3, até Queijada. Aí, viramos à esquerda(na EN 201) e, pouco depois, à direita, nocruzamento onde se encontra a placa "For-

craftsman dedicated to barrel making. In the Souto area there were over twenty

coopers, but some died and others (the youn-gest) emigrated. The only one left is JoséGonçalves Lopes, better known as "José daGrelha". For over fifty years, he has beenmaking small pots, tubs, mugs and casks forwine, brandy or water. Several years ago,however, he began making "miniatures".

Despite the modern cement vats, oak cas-ks are irreplaceable in the making of good wine."This art only makes a little money if there is alot of wine", says the craftsman, "so I decided tocreate miniatures because they always sell".We say goodbye to the old man and wonderhow certain traditional arts will survive.

MOUNTAIN VILLAGESW continue our journey, passing over the A3,to Queijada. Here we turn left (on the EN201) and a little further on, to the right at ajunction with a sign saying, "Fornelos 5 km".Fornelos has some interesting schist housesand several granaries. Just as in other places

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nelos 5 km". Fornelos apresenta interessan-tes casas de xisto e numerosos espigueiros.Tal como noutras localidades do concelho,não é raro verem-se alegres lavradeiras, deidade avançada, a trabalhar descalças. Nãopor pobreza, mas por opção! São hábitosque ficam de outros tempos. Merecematenção especial a festa de Santo Amaro, aperegrinação a Santa Maria Madalena e aromaria de S. Bento.

A estrada avança a meia encosta, so-bre o vale do Trovela, rumo à Armada. Àdireita, as leiras, viçosas de ervas e de mi-lho, trepam pela vertente. À esquerda, amontanha eleva-se em tímidos aflora-mentos graníticos. Surgem algumas árvo-res mas o mato rasteiro começa a ser pre-dominante. Chegados ao cruzamento deArmada-Vila Chã vamos em frente paraBoalhosa. A aldeia apresenta elementospaisagísticos e etnográficos de grande in-teresse, embora as populações monta-nhesas já tenham abandonado muita dasua cultura tradicional. Nos montados da

in the area, it is not unusual to see cheerfulcountrywomen, of an advanced age, workingbarefoot - not because they are poor, but bychoice! These are habits that remain fromother times. The feast of Santo Amaro, thepilgrimage to Santa Maria Madalena and thefestival of S. Bento are all worthy of note.

The road goes along the mountainside,above the Trovel valley, towards Armada. Onthe right, the fields, coloured by peas andcorn, go up the slope. On the left, the moun-tain rises in shy granite outcrops. There are afew trees, but the creeping vegetation beginsto dominate. At the junction of Armada-VilaChã we go straight on to Boalhosa. The vil-lage has very interesting geographic andethnographic elements, though the mountainpeople have already abandoned their tradi-tional culture. In the forests of Armada andBoalhosa we can still find oaks and corkoaks, broom and heather: garrano ponies,blinking oxen and herds of goats still grazethere. But, little by little, these villages havelost their ancestral heritage.

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Armada e da Boalhosa ainda se encon-tram carvalhos e sobreiros, carquejas etorgas; ainda pastam garranos, bois pis-cos e rebanhos de cabras. Mas, aos pou-cos, estas aldeias têm perdido o seu as-pecto ancestral.

À BEIRA-LIMARegressamos ao cruzamento de Armada-Vila Chã e descemos, à direita, rumo aBeiral de Lima e a S. Martinho da Gan-dra. A vista sobre o vale do Lima e a serrade Arga é magnífica. No cruzamento quese segue, sem sinalização, há que voltar àdireita.

Beiral do Lima e S. Martinho da Gan-dra ocupam uma área onde se situam maisde duas dezenas de casas nobilitadas ousolarengas, constituindo um dos maisdensos ninhos de paços rurais em Portu-gal. São construções setecentistas, em ge-ral muito simples, ligadas à actividadeagrícola. Alguns solares não passam demodestas casas rurais que se distinguemdas outras por terem um brasão, uma ca-pela ou até um portal diferente. Nesta

BESIDE THE LIMAWe go back to the Armada-Vila Chã junctionand go down, to the right, towards Beiral deLima and S. Martinho da Gandra. The viewover the Lima valley and the Arga mountainsis magnificent. At the next junction, which isnot sign-posted, you have to go right again.

Beiral do Lima and S. Martinho do Gandraoccupy a large area with over twenty noble ormanorial houses, which is the most densearea of rural palaces in Portugal. These areeighteenth century buildings, generally verysimple, which are related to farming activities.Some manor houses are no more than mod-est rural houses that are distinct from the oth-ers because they have a coat-of-arms, achapel or even a different gateway. In thisarea of Ponte de Lima, the old customs ofspinning, weaving and embroidering linen stillsurvive (see Route 10 on linen).

You should not go to S. Martinho da Gan-dra without visiting ARVAL-Artisans of theLima Valley, which is dedicated to weavingand embroidery, as well as the "Casa das Se-reias" with popular interpretations of Re-naissance themes. On feast days, don't forget

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área do concelho de Ponte de Lima aindasubsistem os velhos hábitos de fiar, tecere bordar o linho (ver Percurso 10 sobre olinho).

Em S. Martinho da Gandra não passesem visitar a ARVAL-Artesãos Reunidosdo Vale do Lima, que se dedica à tece-lagem e aos bordados, bem como a "Casadas Sereias" com interpretações popula-res de temas renascentistas. E, em dias defesta, não se esqueça que baila o ranchofolclórico mais antigo do concelho dePonte de Lima: o Rancho das Lavradeirasde S. Martinho da Gandra. Em S. João daRibeira, onde as margens do rio Lima emacentuado meandro apresentam redobra-dos encantos, mais uma preciosa vistapanorâmica sobre o rio.

that the village boasts the oldest folkloregroup in the Ponte de Lima area: the Ranchodas Lavradeiras de S. Martinho da Gandra. InS. João da Ribeira, where the banks of theRiver Lima meandering along offer height-ened charms, there is another beautiful viewover the river.

At the entrance to Ponte de Lima, thefamous "Turcos de Crasto" are celebrated:popular theatre rooted in the medieval tradi-tion. The play was performed on the secondSunday in August and took place in thecourtyard of the Chapel of Senhor da Cruz daPedra, in Crasto. It is time to go back to Pontede Lima. All we recommend is that you makeno fatal oaths over the running waters, since,according to legend, the river hides terribleand surprising secrets.

O mercado de loiça, na feira quinzenalde Ponte de Lima, há 60 ou 80 anos, erao mais famoso e concorrido do Alto Mi-nho. Os oleiros vinham de Freiriz, dePrado, de Galegos, para aí venderem assuas peças de barro. Ainda faltavam mui-tos dias para o Entrudo e já os jogadoresdo cântaro das ruas e bairros locais sepreparavam para o evento.

Em frente do Mercado Municipal(actual Passeio 25 de Abril), no areal enoutros locais públicos da vila jogava--se, então, o cântaro. Os jogadores, dis-postos em círculo e espaçados, em gru-pos de seis, oito ou dez, atiravam o cân-taro de uns para os outros. Às tantas ha-via quem deixasse cair o cântaro, fican-do este em cacos. O jogador a que talsucedesse era eliminado e o jogo prosse-guia com os restantes elementos. Ocu-pavam-se horas nesta brincadeira deCarnaval, enquanto houvesse bilhas pa-ra partir. A tradição foi reintroduzidapelo Turismo local, continuando a mar-car o Carnaval de Ponte de Lima.

The pottery market, Ponte de Lima's fort-nightly fair for 60 or 80 years was the mostfamous and popular in the Upper Minho. Thepotters came from Freiriz, Prado and Gale-gos to sell their earthenware there. Wellbefore Mardi Gras, the cântaro players ofthe streets and neighbourhoods would begetting ready for the event.

Opposite the Municipal Market (mod-ern-day Passeio 25 de Abril), on the sandand in other public places in the town, thecântaro was played. in groups of six, eight orten, the players would stand in a circle withspaces between them, throwing the cântaro(clay pitcher) from one to the other. Some-times there might be someone that droppedthe cântaro, which would smash. The playerthat dropped the pitcher would be eliminat-ed from the game, which would then contin-ue with the other players. Hours were spentplaying this game at Mardi Gras, when therewere earthen pots to break. The traditionwas reintroduced by the local Tourist Boardand continues to mark the Mardi Gras ofPonte de Lima.

O JOGO DO CÂNTARO THE JOGO DO CÂNTARO

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PONTE DE LIMA Os caminhos do granito4

A paisagem limiana surge em todo o seu esplendor na subida à Vacariça. Depoisdescemos aos vales para conhecer a arte de esculpir o granito. Visitamos as fal-das da Arga e regressamos por Estorãos. Uma visita a antigas tradições dasgentes limianas, às festas e romarias ou aos aromas e os sabores de outrostempos.

Os caminhos do granito

DISTÂNCIA APROXIMADA / APPROXIMATE DISTANCE:65 km; 65 km;

DURAÇÃO APROXIMADA / APPROXIMATE DURATION:1 dia; 1 day;

PONTOS DE INTERESSE / POINTS OF INTEREST:vista do Vale do Lima entre Lapa e Vacariça;espigueiros em S. Mamede; a cantaria dos IrmãoSequeiros em Carvalho Mouco; Santuário doSenhor do Socorro na Labruja; paisagem admirávelde Portela Pequena a descer, pela EN 201, paraValença do Minho; estatuária de Abel Fazendasnas Pedras Finas; view of the Lima Valley betweenLapa and Vacariça; granaries in S. Mamede; themasonry of the Sequeiros Brothers in CarvalhoMouco; Sanctuary of the Senhor do Socorro in

Labruja; beautiful landscape of Portela Pequenagoing down on the EN 201 to Valença do Minho;sculpture of Abel Fazendas in Pedras Finas;

CARACTERÍSTICAS DO PERCURSO / FEATURES OFTHE ROUTE: estradas alcatroadas ou empedradascom alguns declives. Possível passeio a pé no Caisda Garrida, ao longo da margem do Lima; passeioa pé em Vacariça; acesso a Gamoedo estreito eem pedra; percurso a pé de Estorãos ao Santuáriode Santa Justa; tarmacked or cobbled roads withsome hilly ground. Possible walk in Cais da Garrida,along the bank of the Lima; walk in Vacariça;access to Gamoedo narrow and cobbled; an invita-tion to tiptoe through the legendary lands of theArga, on a trail up to the Sanctuary of Santa Justa.

FICHA TÉCNICA ROUTE DETAILS

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he Lima countryside appears inall its splendour in the climb toVacariça. Then, we go down thevalleys to discover the art of gra-

nite sculpting. We visit the foothills of Argaand go back through Estorãos. A visit to theancient traditions of the Lima people, to thefeast days and festivals or to the aromas andtastes of another time.

We leave Ponte de Lima across the bridgeand, on the North bank, we turn right on tothe EN 201. Turning right again, we continueto the centre of Além Ponte. This village hasalways enjoyed a privileged geographic posi-tion on the right bank of the Lima and in thelowest part of the valley of the River Labruja.

We go along a cobbled street that headseast. At the first junction, we turn right, thenwe turn left at the next and head right at afork in the road. Now we continue along thetarmacked road (EN 523) that follows thebank of the River Lima: a landscape that isconstantly green, with vines and corn, in a lat-ticework of granite stone walls.

When we reach the junction at Golfeiros,we turn right to Crestilhas and from there toCais da Garrida. This is an opportunity to ad-mire the waters of the Lima or take a shortstroll along its bank.

A VIEW AS FAR AS VIANA We go back to the Crestilhas crossing andhead towards Refoios de Lima. In Refoios it

The granite trails

aímos de Ponte de Lima pelaponte rodoviária e, já na margemNorte, voltamos à direita na EN201. Optando novamente pela

direita, seguimos até ao centro de AlémPonte. A povoação gozava, tal como ho-je, de uma situação geográfica privilegia-da, na margem direita do Lima e na partemais baixa do vale do rio Labruja.

Seguimos por rua empedrada queavança para nascente. Surge um cruza-mento, em que voltamos à direita, novocruzamento, em que viramos à esquerda, euma bifurcação, em que seguimos peladireita. Agora é sempre ao longo de es-trada alcatroada (EN 523) que segue aolongo da margem do Lima. Uma paisagemsempre verde, de vinha e de milho, numrendilhado de muros de pedra granítica.

Chegados ao cruzamento, em Golfei-ros, vamos pela direita, para Crestilhas e,daí, para o Cais da Garrida. Uma oportu-nidade para apreciar as águas do Lima ouempreender um pequeno passeio ao lon-go da margem.

UMA VISTA ATÉ VIANA Regressamos ao cruzamento de Cresti-lhas e seguimos para Refoios de Lima. EmRefoios convém fazer um desvio para vi-sitar Lapa e Vacariça. O regresso tem dese processar pelo mesmo caminho, masvale bem a pena. É uma oportunidadeúnica de apreciar uma vista espectacularsobre o Vale do Lima.

À medida que vamos ganhando alti-tude, a panorâmica sobre o vale expande--se e aumenta em esplendor. Em São Ma-mede abundam os espigueiros, mas as ha-bitações já pouco ou nada têm a ver como passado. Mais acima, no entanto, emLapa e Vacariça, é o regresso às origens:às antigas casas de granito, às gentes quetrabalham a terra e guardam o gado. Apaisagem recomenda um passeio a pé,pelos estreitos trilhos. Só assim poderáusufruir de tão pitorescas paragens. Oregresso a Refoios é bastante surpreen-

S T

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PONTE DE LIMA Os caminhos do granito4

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The granite trails

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PONTE DE LIMA Os caminhos do granito4

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dente pela paisagem que se estende atéViana do Castelo.

Prosseguimos até à antiga freguesiade Calheiros. Esta tem por orago SantaEufémia, que despertou muita devoçãonos tempos anteriores à fundação de Por-tugal, mas, hoje em dia, as atenções cen-tram-se na Festa do Senhor dos Perdidos.As casas da povoação ainda aparecemenfeitadas, no primeiro de Maio, com ra-minhos de giestas. O povo dizia que,nesse dia, o diabo andava à solta, mas quenão entrava nas casas onde havia Maio.Em Calheiros, o viajante ainda pode ou-vir um simples e profundo: «Não tem dequê. Vá lá com Deus». O percurso pros-segue em direcção a Carvalho Mouco(EN 1241).

O ESCULPIR DO GRANITONa Ribeira Lima, o granito é trabalhadodesde tempos imemoriais e a tradiçãopermanece no seu melhor: a arte de bemesculpir. A demonstrá-lo estão os irmãosSequeiros, em Carvalho Mouco, dedica-

is worth making a detour to visit Lapa andVacariça. You will have to come back the sa-me way, but it is worth it. It is a unique oppor-tunity to admire a spectacular view over theLima Valley.

As we go up, the view over the valleybroadens and becomes more and morebeautiful. In São Mamede there are lots ofgranaries, but the houses have nothing or lit-tle to do with the past. Further up, however, inLapa and Vacariça, nothing has changed:from the old granite houses to the peoplethat work the land and tend the cattle. The

O Livro do Tombo da freguesia de Ca-lheiros, no ano de 1775 já cita a Mesados Quatro Abades. Trata-se de umamesa em granito que se apoia no marcodivisório das freguesias de Calheiros,Cepões, Bárrio e Vilar do Monte.

O dito marco tem quatro faces ondeestão gravadas as iniciais do nome da fre-guesia a que corresponde a mesma face.Ao lado da mesa há quatro assentos, tam-bém em granito, colocados de tal modoque os respectivos Abades sentavam-sedentro do seu território. Daí vem o nomede "Mesa dos Quatro Abades". Em diacombinado, saía da igreja paroquial a pro-cissão de S. Sebastião e dirigia-se aos mar-cos divisórios com as freguesias vizinhas,percorrendo marco a marco até fazer o

cerco à freguesia, pedindo a sua protecçãopara o território paroquial. Atendendo aque S. Sebastião é o advogado contra afome, peste e guerra, o povo invocava-ocontra estas pragas.

Chegados ao marco comum das qua-tro freguesias, o povo descansava e toma-va a sua refeição, sem sair do seu terri-tório. Os abades sentavam-se nos assen-tos das respectivas freguesias e discutiamsobre questões pertinentes, servindo ospárocos-presidentes de neutros mo-deradores. O pároco-presidente, sempreque o julgava necessário, ia consultar oseu povo. No final, os párocos comuni-cavam os resultados das suas conversa-ções e continuavam com o cerco até aoponto de partida.

A MESA DOS QUATRO ABADES

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The granite trails

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dos, desde 1981, à cantaria artística emgranito. Martinho Sequeiros decidiu ar-riscar o trabalho por conta própria na ar-te do cinzel e do maço e os seus dois ir-mãos, Eliseo e Diogo, seguiram-no nessaaventura. Juntos esculpem a pedra graní-tica produzindo todo o tipo de trabalhosde cantaria. Mas o que os irmãos Sequei-ros gostam mesmo de fazer é estatuária,criando figuras populares ou religiosascheias de expressão. Conforme uma tra-dição minhota de mestres canteiros, fize-ram uma banda de música a que vão jun-tando novos tocadores. Os visitantes po-

countryside merits a stroll along its narrowtrails, which is the only way to enjoy such pic-turesque scenery. The return journey to Re-foios affords an astonishing view that stret-ches as far as Viana do Castelo.

We move on to the old village of Calhei-ros, whose patron saint is Santa Eufémia.Before the nation of Portugal was born, shearoused great devotion, but, nowadays, atten-tion centres round the Festa do Senhor dosPerdidos. On the first of May, the village hou-ses are still decorated with broom. The peo-ple used to say that, on this day, the devil ranloose, but would not enter a house wherethere was broom. In Calheiros, the travellercan still hear a deep and simple, "You're wel-come. God be with you". The journey contin-ues towards Carvalho Mouco (EN 1241).

GRANITE SCULPTINGIn Ribeira Lima, they have worked with gran-ite since time immemorial, and tradition re-mains at its best: the art of good sculpture.The Sequeiros brothers, in Carvalho Mouco,have dedicated themselves to artistic mason-ry in granite since 1981. Martinho Sequeiros

The Land Registry Book of the village of Ca-lheiros, in the year of 1775 already referredto the Mesa dos Quatro Abades. This is agranite table supported on the boundarystone between the boroughs of Calheiros,Cepões, Bárrio and Vilar do Monte.

The said stone has four sides, on whichare carved the initials of the name of thecorresponding village. Beside the table the-re are four seats, also in granite, placed insuch a way that the respective Abbots couldsit within their territory. This is where thename the "Table of the Four Abbots" comesfrom. On a fixed date, the procession of S.Sebastião would leave the parish churchand go to the boundary stones with theirneighbouring villages. They would go from

stone to stone until they encircled the vil-lage, asking for protection for the parishland. Seeing as S. Sebastião is the advocateagainst hunger, plague and war, the peopleinvoked him against these afflictions.

Once they reached the stone commonto the four villages, the people rested andhad their meal, without leaving their own ter-ritory. The abbots would sit on the seats oftheir respective villages and discuss perti-nent issues, with the parish chairmen asmoderators. Whenever he deemed neces-sary, the parish chairman would consult thepeople. At the end, the parish priests wouldcommunicate the results of their discussionand they would continue their circuit back tothe departure point.

TABLE OF THE FOUR ABBOTS

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PONTE DE LIMA Os caminhos do granito4

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Escultura em granito da autoria de Abel FazendasGranite sculpture made by Abel Fazendas

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The granite trails

109Passeios no Vale do Lima

dem ver os artesãos a trabalhar e a sala deexposição de peças.

Prosseguimos para Norte (através daEN 306 e, depois, da EN 522) até Labru-ja, uma das freguesias do concelho de quese conhecem das mais antigas referênciasdocumentais. É actualmente muito afa-mada pela romaria ao notável Santuáriodo Senhor do Socorro (erigido sobre umacapela dedicada a S. Gregório). A enor-me afluência de romeiros, na segundametade do século XIX, é testemunhadapor documentos, confirmada pela tradi-ção e apoiada pela dimensão das duasgrandes cozinhas da Casa da Mesa e pe-los muitos fornos comunitários que se en-contram na alameda exterior.

O percurso sobe até Boavista e Porte-la Pequena para ter outro encontro com aA3. É aí que, sempre a descer, começa apaisagem admirável, de altos montes ebaixos vales, que prossegue até à planurado Lima. Estamos na estrada velha (a EN201) para Valença do Minho, a chamada"Estrada das Pedras Finas" que foi trilhode contrabandistas.

A TRADIÇÃO DAS PEDRAS FINASA cantaria e a estatuária são ofícios tradi-

decided to risk working for himself in the artof the chisel and mallet and his two brothers,Eliseo and Diogo, followed him on this adven-ture. Together they sculpt granite stone, pro-ducing all kinds of masonry. But what theSequeiros brothers really like doing is makingstatues, creating popular or religious figuresfull of expression. Following a Minhotan tradi-tion of master masons, they formed a musicgroup and new players keep joining. Visitorscan see these craftsmen at work and an exhi-bition of the finished products.

We head North (on the EN 306 and thenthe EN 522) to Labruja, one of the first vil-lages in the area to be documented. Nowa-days, it is well known for its pilgrimage to thenotable Sanctuary of the Senhor do Socorro(erected on a chapel dedicated to S. Gregó-rio). The enormous number of pilgrims in thesecond half of the 19th century is document-ed, confirmed by tradition and supported bythe size of the two large kitchens in the Casada Mesa and by the many community ovensthat can be found in the outer avenue.

The route goes up to Boavista and Por-tela Pequena to cross the A3 again. It is here,going down, that the beautiful scenery beginsof high mountains and low valleys, whichheads towards the Lima plain. We are on the

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PONTE DE LIMA Os caminhos do granito4

110 Passeios no Vale do Lima

cionais nas Pedras Finas e Monte de San-to Ovídio. Ao descer a estrada encon-tram-se diversas oficinas e a casa de AbelFazendas, onde se perfilam numerosas es-tátuas de granito. Abel Fazendas trabalhaa pedra desde os 12 anos de idade e os

old road (the EN 201) to Valença do Minho,the so-called "Estrada das Pedras Finas",which was the trail of smugglers.

THE TRADITION OF PEDRAS FINASMasonry and statue making are traditionaltrades in Pedras Finas and Monte de SantoOvídio. As we come down the road, we cansee several workshops and the house of AbelFazendas, where numerous granite statuesare displayed. Abel Fazendas has been work-ing with stone since he was 12 and his whitehair attests to his vast experience of the tra-de. At one time, he devoted more time to ma-sonry than to statue making, but this changedwith the growing interest shown in this popu-lar art. His children also work with granite andthe art prevails.

We go on to Monte de Santo Ovídio, butwe do not intend to go to the top. The land-scape itself justifies the climb, but we turntowards Moreira de Lima. The cobbled roadthat leads to Gamoedo is spectacular: narrow,with stone walls and vines. The village is also

D. Ruy Mendes, o senhor mais poderosoda Ribeira Lima, vivia na freguesia daFacha e, na altura, não contava mais de25 anos. Perto da fonte que, hoje, se cha-ma "da Mal Degolada", na freguesia deBertiandos, estava uma torre circundadapor grandes árvores. Foi aí que Ruy Men-des escondera Tagilda, a mais bela dasmouras. Diz-se que, nas suas horas de so-lidão, cantava tão suaves melodias que ospássaros vinham escutá-la e aprender-lheo canto. É por isso que os pintassilgos deBertiandos possuem um trinado como emmais nenhum outro lugar. São cantigasdos eirados da moirama!

O cristão e a moura, todas as vezesque se separavam, juravam, peranteDeus e Alá, lealdade para sempre. Mas,uma noite, D. Ruy chegou-se à margem

na sua barquinha e não encontrou a belaTagilda. Dirigiu-se para a torre e, jáperto, apercebeu-se de vozes. Não haviadúvidas, era a voz da moura e de ho-mem. De um salto, ficou perante a mou-ra e desferiu-lhe um profundo golpe nopescoço. Depois arremeteu contra umvulto negro, mas ficou surpreendido aoreconhecer a ermida da serra de Arga.D. Ruy ainda tentou baptizar Tagildamas esta veio a falecer durante a impro-visada cerimónia.

A moura passou, desde então, a servista sobre a fonte, penteando com umpente de prata os seus cabelos de oiro.Outras vezes, percorria os caminhos nu-ma carruagem puxada por seis cavalos.Faltaram palavras no baptismo e, porisso, ainda anda por aí a penar.

A MAL DEGOLADA

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The granite trails

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seus cabelos brancos revelam a ampla ex-periência do ofício. Antigamente não sededicava tanto à estatuária, mas sim àcantaria, situação que se inverteu com ocrescente interesse revelado por essa artepopular. Os seus filhos também traba-lham o granito e a arte prevalece.

Seguimos para o Monte de SantoOvídio, mas não pretendemos ir até aotopo. A paisagem, só por si, justifica a su-bida, mas viramos para as bandas de Mo-reira de Lima. A estradinha empedradaque dá acesso a Gamoedo é espectacular:estreita, com muros de pedra e vinhas. Alocalidade também é interessante pelosaltos muros de pedra e pelas casas de gra-nito, das mais belas de todo percurso.Aliás, na área de Moreira de Lima (Ga-moedo, Nelas e Outeiro) não faltam as tí-picas casas agrícolas.

Abandonamos esses acolhedores recan-tos de cinzento granito repleto de verdura,seguindo rumo a Norte (EN 524). Poucodepois da Ponte do Lourinhal viramos àesquerda, para Oeste, passando na Pontedas Poldras, em direcção à Arga.

interesting for its high stone walls and gran-ite houses, some of the most beautiful on theroute. In fact, in the area of Moreira de Lima(Gamoedo, Nelas and Outeiro) there is noshortage of traditional farmhouses.

We leave these welcoming nooks of greygranite covered in greenery, and head North(EN 524). Shortly after Ponte do Lourinhal

D. Ruy Mendes, the most powerful lord inRibeira Lima, lived in the village of Fachaand, at the time, was no more than 25 yearsold. Near the spring that is today known asthe "Mal Degolada", in the village ofBertiandos, there was a tower surroundedby great trees. That was where Ruy Mendeshad hidden Tagilda, the most beautiful of theMoors. It is said that, in her hours of solitude,she would sing such sweet tunes that thebirds listened and learnt from her singing.That is why the goldfinches of Bertiandoshave a trill like no other. They are songs ofthe Moorish lady's courtyard!

Whenever they parted, the Christian andthe Moor swore loyalty forever, before Godand Allah. But, one night, D. Ruy arrived and

could not find the beautiful Tagilda. He wentto the tower and, close by, he heard voices.There was no doubt; it was the voice of theMoor and a man. He leapt in front of her anddealt her a deep blow to the neck. Then, heattacked a dark shape, but was surprised torealise that it was the chapel of the Argamountains. D. Ruy hurriedly tried to baptiseTagilda but she died during the improvisedceremony.

From that day, the Moorish lady wouldsometimes be seen above the spring, comb-ing her golden hair with a silver comb. Othertimes she would go along the paths in a cartpulled by six horses. The words of the bap-tism were incomplete, so she remains thereto this day, in torment.

FALSELY DECAPITATED

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PONTE DE LIMA Os caminhos do granito4

«Os senhores da Casa Grande (…) atra-vessavam agora por meio dos ranchos deromeiros em direcção à capelinha. (…)Naquele instante, as procissões do arci-prestado davam as voltas do ritual. (…)Umas após outras desfilaram e desarma-ram as procissões de Rendufe, Labrujó,Cristelo, Cabração, cruzes de prata elanternas multicolores, bandeiras e lába-ros, opas escarlates e dalmáticas a resp-landecer ao Sol poente. (…) Nas procis-sões, logo atrás do pálio, seguiam endia-bradas danças à rei David. Raparigas fa-ceiras e homens de ar embesoirado iamde braços ao alto tangendo castanholase descrevendo umas com outros, ao pas-so que avançavam, um animado saram-beque. (…) Passaram por eles uns ho-mens que traziam grandes camândulasao pescoço e bordões, ferrados. Às ve-zes, jogavam-nos ao ar com estranhadestreza e traulitavam uns nos outros,soltando urros do tempo das cavernas.

Um padre, de tricórnio e roquete, à tes-ta da chusma processional, entoava porum velho ripanço a ladainha de SantaJusta, (…). (…) Desarmou a procissãoarcaica e homens e mulheres embrenha-ram-se aos pares pelo giestal em flor. Osfidalgos da Casa Grande meteram para otemplozinho a depor aos pés da virgemsanta o casal de frangos brancos queuma escrava trazia num açafate, atadosde pernas e asas com uma fita de sedatambém branca para não quebrar a alvu-ra litúrgica. (…) E (...) entraram para obosque sagrado, procedidos do guia quetinha por missão levá-los ao sítio ondeas escravas lhes haviam feito a cama.Baixara de todo a noite, mas ao clarãodas estrelas e do quarto crescente lobri-gavam-se a cada passo casais tomadosde delírio amoroso.»

Aquilino Ribeiro

(A Casa Grande de Romarigães)

UMA ROMARIA ANCESTRAL

O percurso segue, no entanto, paraCerquido, um pequeno povoado, já naencosta da Arga, onde ainda se encontraa rusticidade serrana em pleno. Depois éa descida até Estorãos que conserva aponte sobre o rio homónimo, de águaspuras e margens luxuriantes, com as suaslevadas e azenha. Na margem esquerdaencontra-se o velho moinho de água. Omeio envolvente é feito de verdura tenrae pitoresco. Um convite para, pé-ante--pé, conhecer as terras lendárias da Arga,num percurso até ao Santuário de SantaJusta. O Penedo da Virgindade ainda láestá no caminho da antiga romaria.

De Estorãos seguimos para Sul, por S.Pedro de Arcos, até à Veiga de Cima, jájunto ao rio Lima. A EN 202 conduz-nosa Ponte de lima, o ponto de partida dopercurso a Norte do Lima.

we turn left, going West, passing throughPonte das Poldras, in the direction of Arga.

The route continues, however, to Cerqui-do, a small village on the slopes of the Arga,where rustic mountain life can still be found.Them we go down to Estorãos, which con-serves the bridge over the river of the samename, with its pure waters and lush banks,streams and water mill. The latter is situatedon the left bank surrounded by greenery. Thisis an invitation for us to tiptoe through thelegendary lands of the Arga, on a trail up tothe Sanctuary of Santa Justa. The Penedo daVirgindade is still there on the road of the oldpilgrimage.

From Estorãos we head south, through S.Pedro de Arcos, to Veiga de Cima, next to theRiver Lima. The EN 202 takes us to Ponte deLima, the starting point for the route North ofthe Lima.

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The granite trails

«The lords of the Casa Grande would nowpass through groups of pilgrims goingtowards the little chapel. (…) At that moment,the processions of the archpriest were goingthrough the ritual. (…) One after another theprocession of Rendufe, Labrujó, Cristelo andCabração paraded past with silver crossesand multicoloured lanterns, flags and stan-dards, scarlet vestments resplendent in thesetting sun. (…) In the processions, immedi-ately after the pallium, would come franticdances to King David. Plump-cheeked girlsand sulky-looking men would go along withtheir arms in the air playing castanets, eachof them marking out the steps of a livelydance. (…) Men passed by, with largerosaries around their necks and iron staffs.Sometimes they would toss them in the airwith strange dexterity and would beat each

other, letting out cavemen roars. A priest, witha tricorn and surplice, at the head of the pro-cessional throng, sleepily chanted the litanyof Santa Justa, (…). (…) The archaic proces-sion broke up and the couples were engulfedin the blossoming broom. The nobles of theCasa Grande went to the temple and, at theholy virgin's feet, they laid a pair of whitechickens that a slave had brought in a smallbasket. (…) And they entered the sacredwood, led by a guide whose mission it was totake them to the place where the slaves hadmade them their beds. Night had come, butby the light of the stars and the crescentmoon, couples could be seen everywhere lostin the delirium of love."

Aquilino Ribeiro(A Casa Grande de Romarigães)

AN ANCIENT PILGRIMAGE

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he strong relationship that Ponteda Barca has always maintainedwith the river is obvious just fromits name, which comes from the

times when it was only possible to cross theriver Lima by boat. It is said that the origins ofthis town, famous for its Barrosã veal steakand for the kid of the Serra Amarela, dateback to a visit King Manuel I made to thehouse of the enormous Costa family.

With its ten arches, the bridge over the river

om os seus dez arcos, a pontesobre o rio é uma das primei-ras visões que se tem ao en-trar em Ponte da Barca, uma

vila bonita encaixada junto ao rio Limano interior do Alto-Minho, cujo núcleohistórico ainda perceptível lhe confereainda um certo ar medieval. Uma exce-lente zona verde bordeja as margens doLima, que no Verão é local obrigatóriopara nos refrescarmos nas suas águas. Jun-to à ponte, uma construção com umas ar-

PONTE DA BARCA Pela serra, entre espigueiros e barrosãs

C T

A forte relação que desde sempre tem mantido com o rio está patente, desdelogo, no próprio nome, Ponte da Barca, descendente dos tempos em que a tra-vessia do rio Lima só era possível em barca. Diz-se que as origens desta vila,famosa pela posta de vitela barrosã e pelo cabrito da Serra Amarela, remontama uma passagem de D. Manuel I pela casa da enorme família Costa.

Pela serra, entreespigueiros e barrosãs

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cadas poderá ter sido o primeiro merca-do, ou o lugar onde se efectuavam as pri-meiras reuniões camarárias.

O nome de Ponte da Barca está rela-cionado com o rio Lima, cuja travessiaantes da existência da ponte só era possí-vel recorrendo ao uso de barcas. Do ou-tro lado, ao fundo, a igreja Matriz, com asua torre em bico, domina totalmente apaisagem sobre a vila.

Local de passagem dos inúmeros pe-regrinos, que ali afluíam no seu caminhopara a Galiza, diz a tradição que o nasci-mento de Ponte da Barca está relacionadocom a paragem no regresso de Santiago deCompostela do rei D. Manuel I, que rece-beu aposentadoria de Isabel GonçalvesCosta, filha de D. Maria Lopes da Costa,uma mulher nobre que ali tinha construí-do uma casa sobradada (a única na altura,pois só havia um pobre aglomerado decasas junto ao rio) e vivia rodeada pela suagrande família. Entre filhos, netos e bis-netos contam-se cerca de 120 que ela con-heceu antes de falecer aos 110 anos deidade. A descendência desta família for-mava só por si uma comunidade, sendo

is one of the first things you see when youenter Ponte da Barca. It is a pretty town nes-tled by the River Lima in the inland area ofthe Upper Minho, whose historic centre stillgives it a certain medieval air. It has a lovelygreen zone bordering the banks of the Lima,which is a compulsory bathing spot in thesummer. Next to the bridge, there is a con-struction with arches that may have been thefirst market, or the place where the firstmeetings of the nobles were held

The name of Ponte da Barca is related tothe River Lima, which could only be crossedby boat before the bridge was built. On theother side, the main church, with its pointedsteeple, entirely dominates the view abovethe town.

This is a place many pilgrims passedthrough on their way to Galicia and traditionsays that the origins of Ponte da Barca arerelated to the visit made by King Manuel I onhis return from Santiago de Compostela. Hewas received in the house of Isabel Gonçal-ves Costa, daughter of D. Maria Lopes daCosta, a noblewoman that had built a housewith a wooden floor there (the only one at thetime since there was only a poor group of

Across the mountain, among granaries and Barrosãs

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PONTE DA BARCA Pela serra, entre espigueiros e barrosãs

provenientes da família Costa muitos dosilustres barquenses do passado.

Hoje, nota-se a vila a "fugir" do seucentro histórico, podendo facilmenteperceber-se o rápido crescimento dos úl-timos anos.

FEIRAS FESTAS E ROMARIASEm Ponte da Barca efectua-se uma feiraquinzenal, às quartas-feiras, que vai alter-nando com Arcos de Valdevez (uma se-mana na Barca, outra em Arcos).

A Romaria de São Bartolomeu, efec-tua-se durante as festas do concelho quevão de 19 a 24 de Agosto. No dia 23,efectuam-se as rusgas, com muitos dopopulares em trajes regionais nas ruas dePonte da Barca em festa a tocar e a dan-çar. Vários eventos decorrem durante es-ta festas em que se inclui uma feira deartesanato. A 22 de Agosto realiza-se afeira anual do linho.

GASTRONOMIADa gastronomia destaca-se a famosa pos-ta barrosã que pode ser encontrada em

dwellings next to the river) and who lived sur-rounded by her large family. Before she died,at the age of 110, she knew about 120 chil-dren, grandchildren and great-grandchildren.The descendants of this family formed acommunity just by themselves, and many ofthe illustrious townspeople of the past werefrom the Costa family.

Today, it is easy to see how the town isexpanding from its historic centre and therapid growth of the last few years.

FAIRS, FEAST-DAYS AND FESTIVALSIn Ponte da Barca there is a fortnightly fairon Wednesdays, which alternates with Ar-cos de Valdevez (one week in Barca, theother in Arcos).

The Romaria de São Bartolomeu is heldduring the municipal festivals between Au-gust 19th and 24th. On the 23rd, there arerusgas, bands of people in the traditionalcostume of the region playing and dancingin the streets of Ponte da Barca. Severalevents occur during these festivities, includ-ing a craft fair. On August 22 the annuallinen fair is held.

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Across the mountain, among granaries and Barrosãs

diversos locais da região. O cabrito daSerra Amarela, que em alguns casos é opróprio responsável pelo restaurante queescolhe, entre os cabritos de um rebanho,com um peso aproximado dos 4 Kg enunca superior a 6 Kg. As papas de sarra-bulho com farinhatos (sangue de porcocozido com broa), acompanhadas de ro-jões, é uma especialidade que pode serencontrada até à zona de Lavradas, umavez que a partir daí já predomina o arrozde sarrabulho.

Do peixe destaca-se a truta salmonadaque é característica do rio Minho, Lima eafluentes, embora comece as escassear. Adoçaria, ainda sofre influência do célebremosteiro de Vila Nova de Muía, perto daBarca, por onde passaram os cónegos re-grantes de St. Agostinho e onde esteverecolhido D. Afonso Henriques, duranteduas semanas, para preparar o encontro deValdevez com os barões suevos. São docesà base de pão de ló e ovos, como é o casodo bolo branco. Temos ainda o leite cre-me (queimado) que pode ser encontradona ementa de diversos restaurantes.

GASTRONOMYThe gastronomy includes the famous Barrosãsteak, which can be found in several places inthe region. The Serra Amarela kid, which insome cases is the reason a restaurant is cho-sen, is picked from the herd, and weighsapproximately 4 kg, never more than 6 kg.The papas de sarrabulho with farinhatos (boi-led pig's blood with cornbread), accompaniedby rojões (chunks of pork), is a speciality thatcan be found as far as the Lavradas area.After that, the sarrabulho rice predominates.

One of the best fish is the salmon trout,which is characteristic of the River Minho,Lima and their tributaries, though it is becom-ing rarer. Sweets are still influenced by thefamous monastery of Vila Nova de Muía, nearBarca, where the canons of St. Agostinhostayed and where King Afonso Henriqueswas lodged for two weeks to prepare for theValdevez meeting with the Suevi barons. Theyare sweets based on sponge cake (pão de ló)and eggs, such as the bolo branco. There isalso the flambéed milk pudding (leite cremequeimado) which can be found on the menuof many restaurants.

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118 Passeios no Vale do Lima

PERCURSO 5 Por entre vinhas e velhas tradições5

Sempre perto da vila de Ponte da Barca, este percurso permite ao visitante con-hecer o interior desta região, moldado por pequenas aldeias rurais onde a vinhasó deixa de fazer parte integrante da paisagem nas zonas mais elevadas. Em tem-pos com uma relação mais íntima com a Natureza, o Homem não desperdiçava aforça do vento e da água, como testemunham o velho moinho e azenhas que seencontrarão ao longo do percurso. De regresso a Ponte da Barca, é tempo deredescobrir uma antiga calçada romana, que o leva até uma ponte, tambémromana, sobre o Rio Vade.

Por entre vinhase velhas tradições

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Through vines and old traditions

omando a estrada que nos le-va até Ponte de Lima, apare-ce-nos uma vinha do lado di-reito. Passa-se Bravães e de-

pois Lavradas. De Ponte da Barca até aquisão cerca de quatro quilómetros. É aquique viramos à esquerda (logo a seguir àplaca de Lavradas), num caminho a subironde se tem contacto com uma vinha,plantações de milho e um tanque de rega.Por esta pequena estrada havemos dechegar a um cruzeiro onde viramos à es-querda seguindo as indicações de Landim.

A partir deste local começa a nossa via-gem por um pequeno vale onde nos vamosapercebendo de como o lavrador tiravaproveito de todos os "cantinhos" do chão.Com algumas habitações dispersas, por en-tre áreas de vinhas e milho. Algumas árvo-res como oliveiras, laranjeiras, castanheirose carvalhos podem igualmente ser obser-vadas, salpicadas na paisagem rural. Umaárea de pinhal à nossa esquerda acompanhaum pouco o percurso à medida que entra-mos numa zona mais cerrada, sempre porestrada muito estreita. Ainda hoje, peque-nas indústrias de transformação de madeiratiram proveito desta mancha florestal, co-mo pode ser observado pela existência depequenas serrações à medida que avança-mos neste nosso percurso.

his route never goes far from thetown of Ponte da Barca andallows the visitor to get to knowthe inland part of this region,

shaped by small rural villages where the vineis an integral part of the landscape except inthe very highest areas. In times when Manhad a more intimate relationship with Nature,he made the most of the forces of the windand the water, as you can see from the oldwindmill and water-mills that you will findalong the route. Back at Ponte da Barca, it istime to rediscover an ancient Roman road,which takes us to a bridge, equally Roman,over the River Vade.

Taking the road that leads us to Ponte deLima, a vineyard appears on our right. We gopast Bravães and then Lavradas, only fourkilometres from Ponte da Barca. It is herethat we turn left (immediately after theLavradas signpost), on a road going up,where there is a vineyard, corn plantationsand an irrigation tank. We will come to acrossroads, where we turn left following thesigns to Landim.

From here our journey begins through asmall valley where we gradually realise how thefarmer made use of every inch of the ground.There are some scattered houses, amongareas of vines and corn. Some trees such as

T

DISTÂNCIA APROXIMADA / APPROXIMATE DISTANCE:29 km; 29 km.

DURAÇÃO / DURATION: um dia; one day;

PONTOS DE INTERESSE / POINTS OF INTEREST:paisagem rural - vinhas e plantações de milho -depois de Lavradas, instalações industriais detransformação de madeira; velho moinho;espigueiro de Painçães; procissão de NossaSenhora a 13 de Junho em Porto Bom; azenhas;calçada romana em Ponte da Barca (perto daIgreja Matriz); rural countryside - vines and cornplantations - after Lavradas, wood transformingindustries; old windmill; Painçães granary; proces-sion of Our Lady on June 13 in Porto Bom; water-

mills; Roman road in Ponte da Barca (near theparish church);

CARACTERÍSTICAS / FEATURES: percurso comalguns declives; estrada regular; estrada estreitadepois de Lavradas; estrada para S. Mamede emempedrado; incursões a pé a moinho e azenhasdepois de S. Mamede; para Porto Bom, estradasem saída; estrada com seixos do rio até à ponteromana sobre o Vade; route with some hills; regularroad; narrow road after Lavradas; cobbled road toS. Mamede; walks to windmill and water-mill afterS. Mamede; no exit on road to Porto Bom; roadwith river branches as far as the Roman bridgeover the Vade.

FICHA TÉCNICA ROUTE DETAILS

T

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PERCURSO 5 Por entre vinhas e velhas tradições5

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Through vines and old traditions

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VELHO ESPIGUEIRO DE PAINÇÃESNão podemos ficar indiferentes a algu-mas árvores de porte majestoso que nossurgem um pouco mais à frente, perto deuma vinha e que nos fazem parar. Cons-tatamos serem nogueiras, por entre o somde um pequeno regato que corre valeabaixo. Ainda hoje, sempre que há mão-de-obra para isso, as nozes são apanha-das, embora por vezes o preço da suavenda seja demasiado baixo e para os la-vradores não compense muito, lamenta-vam-se as gentes da terra, há muitos anosnesta vida.

Seguindo o nosso caminho, um pou-co mais à frente surge-nos uma casa degranito e aí devemos virar à esquerda. Jáno cruzamento, uma estrada de empedra-do e uma placa indica-nos o caminho atéS. Mamede e damos por nós a subir. Poresta pequena estrada e sempre em con-tacto com a paisagem rural, passamos na

olive and orange trees, chestnuts and oaks canalso be seen, dotted over the rural landscape.An area of pine-forest to our left follows theroute for a while as we enter a more enclosedarea, always on a very narrow road. Even today,small wood transforming industries make themost of this small forest, as we can see fromthe small sawmills we pass by.

OLD GRANARY OF PAINÇÃESWe cannot fail to notice some majestic-look-ing trees that appear before us, near a vine-yard, and we have to stop. We see that theyare walnut-trees and hear the sound of asmall brook running down the valley. Eventoday, whenever there are enough people forthe job, the walnuts are picked. However, thepeople complain that their sale price is toolow and is not worth the farmers' trouble.

Continuing our journey, a little furtherahead there is a granite house and here wehave to turn left. Already at the crossroads,

Os espigueiros funcionavam como uma es-pécie de despensa e como o próprio nomeindica eram geralmente utilizados paraguardar as espigas, os sacos de milho e ou-tros alimentos, defendendo-os das aves eroedores. Por vezes, acolhiam um viajanteque não tinha local onde passar a noite. Osmais antigos eram construídos só em gra-nito, em granito e madeira, ou só em ma-deira. Ainda hoje é possível encontrar mui-tos destes espigueiros em uso na região.The granaries function as a kind of store andas the name espigueiro suggests, they weregenerally used for storing espigas (corncobs),sacks of corn and other food, keeping it safefrom birds and rodents. Sometimes, theywould accommodate a traveller that had noplace to spend the night. The oldest were builtentirely in granite, in granite and wood, or onlyin wood. Today it is still possible to find manyof these granaries in use in the region.

DESPENSAS DE PEDRA STONE STORES

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Through vines and old traditions

Espigueiro, PainçãesGranary, Painçães

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localidade de Painçães, onde merecereferência um velho espigueiro de tomavermelhado com base em granito, en-caixado entre duas oliveiras e ainda emutilização.

Passando S. Mamede e já em direcçãoa Fonte Coberta, tem-se uma vista geralsobre o pequeno vale que deixamos paratrás. A vinha, mais uma vez, domina porcompleto a paisagem. Um moinho em ruí-nas surge-nos do lado direito. Propomosao visitante encostar aí a sua viatura e fa-zer uma incursão a pé até ao moinho.Com boa visibilidade, poderá alcançarmontes e vales até perder de vista, pois es-tamos já na cota dos 400 metros de altura.

Tomando de novo o nosso caminhovamos ter a uma estrada principal, onde àmedida que subimos, a giesta passa a do-

we see a cobbled road and a signpost show-ing the way to S. Mamede and that is wherewe head. On this small road, always in touchwith the rural countryside, we pass Painçães,where we can find an old, reddish-colouredgranary with a granite base, between twoolive trees, which is still in use.

After S. Mamede, in the direction of FonteCoberta, there is a general view over thesmall valley that we have left behind. Onceagain, the vine completely dominates thelandscape. A ruined windmill appears on theright. We suggest that the visitor should pullover to take a better look at the mill. Withgood visibility, there are mountains and val-leys as far as the eye can see, since we arenow at an altitude of about 400 metres.

Picking up our trail again, we reach a mainroad. As we go up, the broom temporarily do-

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Desde tempos remotos que estão referen-ciados o uso de moinhos, azenhas e lagaresna indústria moageira tradicional, funda-mental para a subsistência das comunidadeshumanas locais. Era nestes engenhos que seproduzia a farinha de milho e centeio paraa produção de pão, e também o azeite. Onúmero de moinhos comunitários erareduzido, sendo a maioria pertencentes auma família que ia passando de geração emgeração. Poucos destes engenhos se encon-tram ainda em actividade nos nossos dias,havendo um ou outro exemplo pontual. Asua importância económica manteve-sesobretudo até meados do século XX.

MOINHOS E AZENHAS WINDMILLS AND WATER-MILLS

Since early times, there have been refer-ences to windmill, water mills and grindingstones in the traditional milling industry,which was fundamental to the subsistenceof local human communities. These werethe mills that produced the corn and ryeflour to make bread, and were also used inthe production of olive oil. The number ofcommunity mills was small, the majoritybelonging to a family that passed themdown from one generation to the next. Fewof these mills are still operating nowadays,but there is an odd example. They remainedimportant to the economy until the middle ofthe 20th century.

Through vines and old traditions

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Cruzeiro, Porto BomStone Cross, Porto Bom

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minar temporariamente a paisagem. Láem baixo, no vale ao lado esquerdo, pas-saremos pelas aldeias de Teixugueira ePorto Bom. Merece referência esta últimaaldeia com um cruzeiro logo à entrada,onde todos os anos pelo dia 13 de Junhose efectua uma procissão com a Nossa Se-nhora que sai da pequena Capela e quedá a volta precisamente neste local. Parair a Porto Bom, temos que tomar uma pe-quena estrada à esquerda, não havendosaída no final da aldeia. A presença de ga-do e algumas medas de palha, atestam aruralidade deste pequeno local.

OS MOINHOS DO RIO DA FERVENÇAA estrada principal leva-nos até ao con-celho de Ponte de Lima. Propomos ao vi-sitante tomar a mesma estrada de regres-so, que nos vai levar até Costa, Paredes,Bárrio e Moinhos, desta vez a descer. EmMoinhos, propomos mais uma vez ao vi-sitante deixar a sua viatura e conhecer deperto algumas velhas azenhas e levadasde água no pequeno Rio da Fervença.Sendo de difícil localização para quemnão conhece, não hesite em perguntaraos habitantes locais onde ficam os moin-hos do rio. Das três azenhas que se con-

minates the landscape. Down below, in the val-ley on the left, we will pass through the villagesof Teixugueira and Porto Bom. The latter de-serves a mention for a cross at the entrance,where every year a procession takes place onJune 13th with Our Lady, who leaves the smallchapel and goes around this cross. To go toPorto Bom, we have to take a small road to theleft, as there is no exit at the bottom of the vil-lage. The presence of cattle and somehaystacks show how rural this place is.

THE MILLS OF THE RIVER FERVENÇAThe main road takes us to the municipality ofPonte de Lima. We suggest that the visitorshould take the same road back, which will takeus to Costa, Paredes, Bárrio and Moinhos, thistime going down. In Moinhos, we suggest onceagain that the visitor should leave his vehicleand take a closer look at some old water millsand water channels on the small River Ferven-ça. For those that do not know the area, theriver mills are difficult to find, so just ask thelocal inhabitants where they are. One of thethree mills here is still in use, temporarily, to pro-duce corn flour. In the hotter months, it is diffi-cult not to resist bathing in this small river, bor-dered by alder, willow and ash trees.

Once this visit is over, you should go

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seguem detectar, uma ainda é utilizada,temporariamente, para produzir farinhade milho. Nos meses mais quentes é difí-cil não resistir a uns banhos neste peque-no rio, bordejado por alguns amieiros,salgueiros e freixos.

Terminado este passeio, o visitantepoderá tomar a direcção do Crasto, pas-sando por Ruivos, que o conduzirá àestrada principal para Ponte da Barca. Aolongo deste percurso, e sempre numa co-ta a baixar, poderá passar por Ruivos e ater contacto com os aspectos característi-cos das pequenas povoações rurais, dehabitações dispersas, com a vinha semprea dominar a paisagem.

CALÇADA ROMANAEntre nós encontram-se imensos vestí-gios da civilização romana. A partir 218a.C., os romanos, com um grande poderorganizativo, levaram a cabo inúmeras al-terações na Península Ibérica. A constru-ção e a manutenção de vias de comuni-cação eram fundamentais para a sustenta-bilidade de todo o império e durante sé-culos foram usadas não só pelos romanos,mas posteriormente pelas próprias comu-nidades locais.

Em Ponte da Barca, perto da Igreja Ma-triz (R. Atrás do Forno) ainda se pode obser-var o que resta de uma antiga calçada roma-na. Para fazer a pé este caminho, com pedrasnas zonas de declive, faz-nos passar por umnúcleo de carvalhos e castanheiros, ladeadossempre por um muro de pedra. Uma casabranca e uma vinha surgem-nos pouco de-pois. Somos obrigados a descer a pequenarampa que vai ter à estrada principal e queatravessamos, para tomarmos de novo a des-cida do lado direito. Uma estrada de alca-trão, transforma-se numa estrada cobertacom seixos do rio, que relembra as antigasruas de Ponte da Barca, anteriores aos tem-pos modernos. É este o caminho que nosconduz até à ponte romana sobre o rio Va-de e que, apesar do seu estado de degrada-ção, continua a ser atravessada por viaturas.

towards Crasto, passing through Ruivos, whichwill take you on to the main road to Ponte daBarca. Along this route, always going down,you will be able to go through Ruivos and seethe characteristic features of the small ruralvillages, with their scattered houses and thevine that dominates the landscape.

ROMAN ROADThere are many Roman remains in Portugal.From 218 BC, the Romans, with their greatorganisational power, made countless chan-ges in the Iberian Peninsula. The constructionand maintenance of roads were fundamentalto the sustainability of the empire and for cen-turies, they were used not only by the Romans,but also by the local communities themselves.

In Ponte da Barca, near the parish church(R. Atrás do Forno) what remains of an oldRoman road can still be seen. Going alongthis trail on foot, with stones on the slopes,we go past a group of oak and chestnuttrees, always flanked by a stone wall. A whitehouse and a vineyard appear shortly after-wards. We have to go down the small ramp tothe main road, which we cross to continueour descent on the right. A tarmacked roadbecomes a road covered with pebbles fromthe river, which reminds us of the old streetsof Ponte da Barca, prior to modern times. It isthis path that takes us to the Roman bridgeover the River Vade, which cars continue tocross despite its dilapidated condition.

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PONTE DA BARCA Aldeias serranas e vida comunitária6

Este percurso permite ao visitante ter uma panorâmica sobre um troço do valedo rio Lima e conhecer as transformações na paisagem à medida que sobe emdirecção ao Parque Nacional da Peneda-Gerês. Germil e Lindoso são algumasdas aldeias que lhe permitirão conhecer o modo de vida comunitário das suaspopulações, à medida que se aproxima da nossa vizinha Espanha. Locais onde aproximidade de culturas deixa de lado as fronteiras. As transformações na pai-sagem provocadas pelas grandes obras de engenharia, consideradas funda-mentais para o Homem, são visíveis na Barragem do Lindoso.

Aldeias serranase vida comunitária

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his route gives the visitor apanoramic view over a section ofthe River Lima valley and showsthe changes in countryside as

you go up towards the Peneda-GerêsNational Park. Germil and Lindoso are two ofthe villages that will show you the people'scommunity spirit as you approach Spain.These are places where the proximity of cul-tures leaves borders aside. Changes in thelandscape caused by great engineeringworks considered fundamental to man canbe seen at the Lindoso Dam.

Our journey begins in the main street of Pon-te da Barca, which shows us the way to theEntre-Ambos-os-Rios campsite. It is this roadthat we have to take and where we can ob-serve the beauty of the hillsides that the vinepredominates.

In Entre-Ambos-os-Rios, there is a cross-ing that shows the way to Germil and here weleave the River Lima. The Museum Centrebuilding can be found further ahead. Outsidea canastro can be seen, which is a round con-struction formed by vine-sticks stuck in a kindof stone or wooden raised table, where twigsof oak or broom are interlaced. Most canas-tros have a hood-shaped thatched cover,which is not the case of the one on showhere. Both types represent an example of tra-ditional technology for storing cereals.

Mountain villages and community life

nosso percurso inicia-se pelarua principal de Ponte da Bar-ca, que nos indica o caminhopara o parque de campismo de

Entre-Ambos-os-Rios. É este caminho quetemos que seguir. Sempre a observar a be-leza das suas encostas com predomínio dasvinhas, entre outras culturas.

Em Entre-Ambos-os-Rios, surge umdesvio que nos indica a direcção paraGermil e aí deixamos o rio Lima. O edifí-cio do Núcleo Museológico encontra-semais à frente. No seu exterior pode serobservado um canastro, construção deforma arredondada formada por "tan-chões" espetados numa espécie de mesade pedra ou madeira sobre-elevada, ondesão depois entrelaçadas varas de carvalhoou giesta. Habitualmente, os canastrostêm uma cobertura de colmo em formade capuz, coisa que não acontece com es-te aí exposto. Representam igualmenteum exemplo da tecnologia tradicionalpara o armazenamento de cereais.

SUBIDA PARA LONGE DA CIVILIZAÇÃOContinuando o nosso percurso, a cercade seis quilómetros surge-nos no nossolado direito a casa abrigo Pena do Eido.Temos a sensação de que nos afastamosda civilização. A ausência de casas con-trasta fortemente com os vales mais próx-

DISTÂNCIA APROXIMADA / APPROXIMATE DISTANCE:90 Km (ida e volta); 90 Km (return);

DURAÇÃO / DURATION: um dia; one day;

PONTOS DE INTERESSE/ POINTS OF INTEREST:paisagem; Museu de Entre-Ambos-os-Rios ecanastro; depois de Entre-Ambos- os- Rios casa-abrigo da Pena do Eido; aldeias de Germil eLindoso e o modo de vida comunitário das serras eum dos símbolos máximos do espírito comunitário:os espigueiros; Parque Nacional da Peneda-Gerês;landscape; Museu de Entre-Ambos-os-Rios andcanastro; after Entre-Ambos- os- Rios the shelterof Pena do Eido; villages of Germil and Lindoso

and the community way of life in the mountainsand one of the main symbols of community spirit:the granaries; Peneda-Gerês National Park;

CARACTERÍSTICAS / FEATURES: percurso comalguns desníveis acentuados, sobretudo, no acessoa Germil e depois de Germil até Lindoso; estradaestreita até Germil; incursão a pé em Germil e noLindoso para visitar a aldeia e, especificamente, oconjunto de 65 espigueiros; route with some steepclimbs, especially the access to Germil and thenfrom Germil to Lindoso; narrow road to Germil;walk in Germil and Lindoso to visit the village and,specifically, the group of 65 granaries.

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Mountain villages and community life

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PONTE DA BARCA Aldeias serranas e vida comunitária

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O Núcleo Arqueológico de Entre-Am-bos-os-Rios fica localizado perto do cru-zamento para Germil. Propriedade doParque Nacional da Peneda-Gerês, esteespaço alberga diversos e antigos objec-tos tradicionais, alguns deles ainda usa-dos em algumas das povoações da re-gião. O canastro que se encontra no ex-terior do edifício é um dos exemplos.Outros objectos, como pesos e medidasfeitos em pedra e postais de pinturas re-ligiosas, podem ser observados neste es-paço. Apesar de se encontrar encerrado,por não se justificar a sua abertura a nãoser nos movimentados meses de Verão, ovisitante mais curioso poderá combinarcom os responsáveis do Parque uma vi-sita ao local. Para isso, terá que contactaro Sector de Educação Ambiental do Par-que, através da Delegação de Arcos deValdevez (Telefone 258 515338). Semdúvida um local a visitar para quem qui-ser aprofundar ainda mais os seus conhe-

MUSEU DE ENTRE-AMBOS-OS-RIOS

cimentos sobre alguns objectos tradicio-nais usados no dia a dia das populações.The Archaeological Centre of Entre-Am-bos-os-Rios is located near the junction toGermil. Owned by the Peneda-Gerês Na-tional Park, the Centre houses several oldtraditional objects, some of which are stillused in some of the villages in the region.The canastro that is found outside the build-ing is one of these examples. Other objects,such as weights and measures made ofstone and postcards of religious paintingscan be seen here. Although the Centre maybe closed, as opening it is only justified inthe summer months, the interested visitorcan arrange a visit with those responsiblefor the Park. To do so, contact the Envi-ronmental Education Sector of the Park,through the Arcos de Valdevez Delegation(tel. no. 258 515338). For those who wantto learn more about some of the traditionalobjects used in the everyday life of the peo-ple, this is a place to visit.

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Mountain villages and community life

imos de Ponte da Barca. Começa-se a tercontacto, à medida que se sobe, com a al-teração da paisagem, dominada por pin-heiros, por entre vegetação rasteira cons-tituída por matos de urze, tojo e inúme-ros fetos. Somos obrigados a parar paraobservar algumas pinhas caídas na estra-da que apresentam vestígios de terem si-do roídas por esquilo-vermelho, actual-mente em expansão no nosso país.

Alguns medronheiros surgem no nos-so lado esquerdo, à medida que fazemosa curva pelo estreito caminho que passa,em seguida, de alcatrão para empedrado.O encontro acidental com algumas vacasbarrosãs (a raça bovina de origem local),atesta a utilização de áreas de pastos nat-urais que se vão observando.

Um vale majestoso marcado por so-calcos de vinha, demonstra o domínio

FAR ABOVE CIVILISATIONContinuing our journey, after about six kilo-metres the Pena do Eido shelter appears onour right. We have the feeling that we haveleft civilisation far behind. The absence ofhouses contrasts with the valleys closest toPonte da Barca. As we climb, we begin to seechanges in the landscape, dominated by pine,between the creeping vegetation of heather,furze and countless ferns. We have to stop toobserve some pine-cones on the road thatshow signs of having been gnawed by thered squirrel, whose numbers are presentlyincreasing in Portugal.

Some medlars appear on our left, as wego round the curve on the narrow road thatthen becomes cobbled. The chance meetingwith some Barrosã cows (a bovine race oflocal origin), shows the use of the naturalpasture lands that we can see.

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PONTE DA BARCA Aldeias serranas e vida comunitária

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A pequena aldeia de Germil mereceuma incursão a pé. O caminho até lá,estrada estreita a serpentear pela serraacima, deixa-nos imaginar como seriaremoto aquele lugar antes de existiremmodernas vias de comunicação e meiosde transporte. Numa cota perto dos 500metros, apercebemo-nos já das carac-terísticas que marcam uma típica aldeiaserrana, onde um maior isolamento facea outras povoações, obriga a sua popu-lação a uma vida mais comunitária.

Um dos aspectos que o visitantedeve ter em conta, é o facto de nas áreasde menor altitude existir uma maior dis-persão de povoações e habitações. Àmedida que nos dirigimos para as cotasmais elevadas, não só a distância entreas povoações aumenta, como tambémas características das mesmas se trans-formam, passando a verificar-se uma

GERMIL E A VIVÊNCIA COMUNITÁRIA

maior concentração habitacional. A al-deia de Germil é um desses exemplos.Com uma estrada estreita que atravessaa aldeia em direcção a Terras de Bouro(só recentemente alcatroada), toda a al-deia se encontra aglomerada num pe-queno núcleo de ruas muito estreitas, al-gumas delas cobertas por vinhas. O car-acterístico granito das habitações, ape-nas deixa de existir em casas mais mod-ernas, geralmente de emigrantes.

Antigos espigueiros e uma azenhaatestam também algumas das tradiçõesainda em uso nesta pequena aldeia. Arecolha do gado ao fim do dia, assim co-mo as pequenas áreas de cultivo em tor-no da aldeia, demonstram a forte com-ponente rural que existe ainda hoje emGermil. Como numa boa parte destasaldeias, o vestuário negro é comum emmuitas das mulheres idosas.

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Mountain villages and community life

The small village of Germil deserves a visiton foot. The road up there is narrow andwinds up the mountain and we can imaginehow remote the place would have beenbefore modern roads and means of trans-port. At an altitude of about 500 metres, wesee the characteristics of a typical mountainvillage, where greater isolation, in compari-son to other villages, forces the populationto have a better community spirit.

One of the aspects that the visitor mustremember is the fact that in lower areas there

GERMIL AND THE COMMUNITY LIFE

is greater distance between houses. As we goup, not only does the distance between vil-lages increase, but their characteristics alsochange, for instance, the houses are closertogether. The village of Germil is one of theseexamples. With a narrow road that crosses thevillage in the direction of Terras de Bouro (onlyrecently tarmacked), the whole village is gath-ered in a tight nucleus in very narrow streets,some of which are covered in vines. The char-acteristic granite of the villages is everywhere,except in the more modern houses, generallythose of emigrants.

Old granaries and a water mill are alsosigns of the traditions still in use in this smallvillage. The way the cattle is called in at theend of the day, as well as the small areas ofcultivation around the village show thestrong rural component that still exists todayin Germil. In most of the villages, the elderlywomen commonly wear black clothes.

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PONTE DA BARCA Aldeias serranas e vida comunitária

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hábil do homem naquele lugar, ladeadopela vegetação autóctone onde se destin-guem carvalhos e castanheiros. Ao cimo,a aldeia de Germil na cota dos 600 me-tros, encaixada nos pequenos socalcos eque constitui um exemplo típico de umapovoação de habitat serrano.

CARROS DE BOIS E BARROSÃSCom a pedra de granito a dominar gran-de parte das construções, algumas casasmodernas de emigrantes, introduzem sur-preendentes inovações na paisagem destapequena aldeia.

Em Germil o visitante pode observardiversos aspectos da vida comunitária.Bastante antigos, são alguns dos espiguei-ros em granito perto de uma igreja datada

A majestic valley marked by vine terracesshows how man dominates the land, flankedby native vegetation, including oak and chest-nut trees. At the top, at an altitude of 600metres, nestled among the terracing is thevillage of Germil, a typical example of amountain settlement.

OXCARTS AND BARROSÃSGranite dominates most of the buildings, butsome modern houses belonging to emigrantsintroduce surprising innovations into thelandscape of this small village.

In Germil, the visitor can see differentaspects of community life. Some of the gran-ite granaries near a church dating from 1880are rather old. An old water mill is yet moreproof of how man makes use of the forces of

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Mountain villages and community life

de 1880. Uma velha azenha, mais uma veztestemunha o aproveitamento das forçasda natureza pelo homem. A recolha doscarros de bois puxados por barrosãs e rit-mados pelo tilintar dos badalos, mostraque mais um dia de trabalho está a termi-nar. Galinhas e pintos passeiam-se pelosrecantos da aldeia. A pequena estrada quecontinua aldeia dentro leva-nos até aoconcelho de Terras de Bouro. Um peque-no bosque de carvalhos e castanheiros lo-go à saída de Germil aguarda por nós paraum pequeno descanso antes de regressar-mos. Daqui, contempla-se também a bo-nita aldeia numa outra perspectiva.

Tomando a estrada de volta, vamoster de novo à estrada principal que nosconduzirá, sempre a subir, até à aldeia do

nature. The oxcarts pulled by Barrosãs to therhythm of their jangling bells are called homeand indicate that another day is almost over.Hens and chicks wander around the village.The small road that continues into the villagetakes us to Terras de Bouro. A small wood ofoaks and chestnuts immediately after Germilis the ideal spot for a short rest before wehead back. From here, we can see the beau-tiful village from another perspective.

Going back to our trail, we have to go to themain road that will take us on a climb to the vil-lage of Lindoso. Once again, the Lima keeps uscompany. As we get closer, we can see thechanges in the landscape caused by the AltoLindoso dam, a feat considered fundamental inthe hydroelectric use of the Lima. Posts andcables cross the valley and are lost on the hori-

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PONTE DA BARCA Aldeias serranas e vida comunitária

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6

Espigueiro, aldeia do LindosoGranary, Lindoso

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Mountain villages and community life

Lindoso. Mais uma vez, o Lima volta a fa-zer-nos companhia. Ao aproximarmo-nos, observamos as alterações na paisa-gem provocadas pela barragem do AltoLindoso, obra considerada fundamentalpara o aproveitamento hidroeléctrico doLima. Postes e cabos atravessam o vale eperdem-se no horizonte em direcção àspovoações. Uma placa obriga-nos a vol-tar à direita em direcção ao Lindoso. Opequeno castelo demonstra a importân-cia daquele lugar noutros tempos. Em re-dor das muralhas, ao fim da tarde, o pa-norama é soberbo com serranias e valesprofundos a perder de vista.

MONUMENTOS À VIDA COMUNITÁRIANo Lindoso, sede de freguesia, uma dasmaiores provas da vida em comunidadepode ser observada nos 65 espigueirosem granito e madeira, todos do séculopassado, recentemente recuperados peloParque Nacional da Peneda Gerês. Oconjunto, ele próprio, merece uma incur-são a pé.

Nas velhas portas dos espigueiros,bem marcadas pelos anos e que agoraforam substituídas por novas, existiamadeira com mais de cem anos. Paradurarem tanto "procuravam a melhorlua para a cortar". Ainda hoje entreJunho e Julho se fazem as malhadas docenteio, mas já não é como antigamen-te onde depois se fazia festa e convívioentre "moços e moças, aqui neste lu-gar", diz-nos um morador. Uma incur-são a pé pela aldeia permite-nos apro-fundar os nossos conhecimentos sobreeste lugar. Deixando a aldeia do Lin-doso, o visitante poderá continuar o seucaminho até Espanha, passando sobre orio Cabril e conhecer algumas das po-voações espanholas. Compostela é amais importante logo a seguir à fron-teira. O tempo é o único obstáculo queo visitante poderá ter, antes de tomarde novo a estrada que o levará de voltaa Ponte da Barca.

zon as they head towards the villages. A signsends us right again towards Lindoso. Thesmall castle shows the importance of that placein days gone by. Around the walls, at end of theday, the view is superb, with mountains anddeep valleys as far as the eye can see.

MONUMENT TO COMMUNITY LIFEIn Lindoso, the borough capital, one of thegreatest testaments to community life can beseen in the 65 granite and wood granaries, allfrom the last century and recently restored bythe Peneda-Gerês National Park. It is worthgoing on foot to take a look at these.

On the old doors of the granaries, wellmarked by the years and now replaced by newones, some of the wood was over one hundredyears old. To make them last so long, "they wait-ed for the best moon to do the cutting". Eventoday, the rye thrashing is done between Juneand July. However, it is not like before whenafterwards, there would be a party and socialevent between "lads and lasses, here in thisplace", a man tells us. A stroll through the vil-lage allows us to get to know the place better.Leaving the village of Lindoso, the visitor cancontinue his journey as far as Spain, crossingthe River Cabril, and get to know the Spanishvillages. Compostela is the most important justafter the border. Time is the only obstacle thevisitor will have before picking up the road againthat will take us back to Ponte da Barca.

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O concelho de Arcos de Vadevez situa-se entre os socalcos do vinho verde e abeleza natural do Parque Nacional da Peneda-Gerês, o único parque nacionalportuguês. Duas realidades para duas propostas de percursos. Não sem umapassagem pela vila de Arcos de Valdevez, pelas retemperadoras margens doVez, recordando relatos da antiga batalha de Afonso Henriques e dos por-tugueses.

Serra da Peneda,fé, lenda e garranos

ARCOS DE VALDEVEZ Serra da Peneda, fé, lenda e garranos

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eixando Ponte da Barca paratrás o caminho é curto atéchegarmos ao nosso próximodestino: Arcos de Valdevez.

Basta passarmos a ponte e encontramo-nos no concelho de Arcos de Valdevez,uma vez que a sua delimitação se encon-tra sobre o rio Lima. De um lado Ponteda Barca, do outro Arcos de Valdevez.

O dinamismo desta nobre vila doMinho nota-se pelo seu movimento em

he municipality of Arcos deValdevez is nestled between thevinho verde terraces and thenatural beauty of the Peneda-

Gerês National Park, the only one in Portugal.Here are two realities for two proposedroutes. But, first, we have to pass through thetown of Arcos de Valdevez, on the thrivingbanks of the Vez and recall accounts of theancient battle of Afonso Henriques and thePortuguese.

TD

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Serra da Peneda, faith, legend and ponies

pleno mês de Agosto. As margens doVez, que abraçam a vila em toda a sua ex-tensão, estão cheias de pessoas que des-frutam o sol e o rio, praticando tambémalguns desportos, como a canoagem. Ogrande número de viaturas com matrícu-las estrangeiras, sobretudo de França,atesta o regresso dos filhos da terra paraali passarem o Verão.

Em Arcos de Valdevez, dos aspectosque mais sobressai ao visitante é a recu-peração moderna e bem conseguida dasmargens do Vez, onde não faltam algu-mas esplanadas. Uma estátua, estilizada,da autoria de José Rodrigues, alusiva aogrande acontecimento histórico de Ar-cos, está lá para quem quiser saber o querealmente se passou neste local. "O Im-perador D. Afonso, acompanhado de to-do o seu exército de Castela e da Galiza,quis entrar no reino de Portugal e veioaté ao lugar que dizem Valdevez. Então,o rei de Portugal, D. Afonso, indo ao seuencontro com o respectivo exército bar-rou-lhe a entrada e aí acampou, armandotendas de um lado e outro do caminho.Quando alguns vieram de parte do Impe-

Leaving Ponte da Barca behind, it is a shortjourney to our next destination: Arcos deValdevez. As soon as we cross the bridge wefind ourselves in the municipality of Arcos deValdevez, since the dividing line is over theRiver Lima. On one side it is Ponte da Barca,on the other Arcos de Valdevez.

This noble Minho town comes to life inAugust, when the banks of the Vez, whichstretch all the way along the town, are full ofpeople enjoying the sun and the river andpractising sports such as canoeing. The largenumber of cars with foreign licence plates,particularly from France, indicate that thechildren of the land have returned for thesummer.

In Arcos de Valdevez, one of the mostnoticeable aspects is the modern and suc-cessful restoration of the riverbanks, wherethere are several street cafes. There is a stat-ue designed by José Rodrigues which refersto the great historical event of Arcos, forthose who really want to know what hap-pened here. "The Emperor D. Afonso, accom-panied by his entire army of Castile andGalicia, wished to enter the kingdom ofPortugal and came to the place they call

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ARCOS DE VALDEVEZ Serra da Peneda, fé, lenda e garranos

rador incitá-lo lutar à maneira de um ba-fordo, logo saíram e eles do lado do reide Portugal e lhe deram resposta." - Anaisde D. Afonso, Rei dos Portugueses (C1185). O primeiro foral conhecido foiatribuído em 1515 por D. Manuel I. Se-gundo a tradição, não fundada em dadoshistóricos, terão sido atribuídos mais doisforais na Idade Média. Conhecido porValle de Vice, só recebeu a denominaçãoArcos de Valdevez na era moderna.

FEIRAS, FESTAS E ROMARIASEm Arcos de Valdevez efectua-se umafeira quinzenal, às quartas-feiras, que vaialternando com Ponte da Barca (uma se-mana em Arcos, outra na Barca) e ainda aFeira de Gado de Sistelo-Portela do Alvi-to, realizada no dia 12 e 28 de cada mês.

As festas do concelho, extremamenteanimadas e que juntam gente de vários lo-cais, realizam-se durante o mês de Agosto.Durante esta festividade, a vila de Arcos eas margens do rio Vez transformam-secom a constante animação. Folclore, de-clamações, fogos de artifício, grupos debombos, gaiteiros e danças na rua ao som

Valdevez. Then, the king of Portugal, D.Afonso, came to meet him with his respectivearmy, barring his entrance and setting upcamp there, with tents on both sides of theroad. When the Emperor sent some men toincite him to fight, those on the side of theking of Portugal came out immediately andgave them their answer." - Annals of D. Afon-so, King of the Portuguese (C 1185). Thefirst known charter was attributed in 1515 byKing D. Manuel I. According to tradition, notbased on historic data, another two charterswere attributed in the Middle Ages. Known asValle de Vice, it only received the name Arcosde Valdevez in the modern era.

FAIRS, FEAST-DAYS AND FESTIVALSA fortnightly fair is held in Arcos de Valdevezon Wednesdays, which alternates with Ponteda Barca (one week in Arcos, another in Bar-ca). There is also the Cattle Fair of Sistelo-Portela do Alvito, held on the 12th and 28thof each month.

The municipal feast-days, which areextremely lively and bring together peoplefrom many different places, are held in themonth of August. During this festival, the

Escultura da autoria José RodriguesJosé Rodrigues’s Sculpture

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Serra da Peneda, faith, legend and ponies

de concertinas e castanholas prolongam-se até altas horas da noite. Alvoradas comsalvas de morteiros são uma constante.

GASTRONOMIADa gastronomia em Arcos de Valdevezhá que destacar o famoso cozido à min-hota, onde não falta nada. Um bom pratopara ir saboreando calmamente, sobretu-do ao almoço, num dia de grande apetite.A posta barrosã, as papas de sarrabulho, ocabritinho mamão da serra e o sarrabulhocom bicas e rojões, também fazem partedo cardápio recomendando, juntamentecom outros pratos, normalmente bastan-te bem confeccionados, que aqui podemser encontrados. Em termos de peixe, atruta e o bacalhau são o prato forte.

Os doces estão bem representadosem Arcos de Valdevez. Os grandes e col-oridos rebuçados de Arcos, feitos à basede açúcar e mel são bastante típicos e po-dem ser encontrados em diversos locais,juntamente com os deliciosos charutos,feitos de ovos. Os doces brancos e ama-relos, também conhecidos por doces daPáscoa não devem ficar esquecidos.

town of Arcos and the banks of the River Vezare transformed and have constant entertain-ment. Folklore, speeches, fireworks, groupsof drummers, pipe players and dances in thestreet to the sound of concertinas and cas-tanets go on into the early hours of the morn-ing. Dawn gun salutes are commonplace.

GASTRONOMYThe cuisine of Arcos de Valdevez includesthe famous cozido à minhota, which haseverything. This is a good dish to savour cal-mly at lunchtime on a day when you have agood appetite. The barrosã steak the papasde sarrabulho, the suckling mountain kid andthe sarrabulho com bicas e rojões, are alsopart of the recommended menu, along withother dishes, which are normally very wellpresented. In terms of fish, trout and saltedcod are the best choice.

There are also some excellent sweetsfrom Arcos de Valdevez. The large, colourfulcandies of Arcos, made from sugar and honeyare very typical and easy to find, as well as thedelicious charutos (cigars), made from eggs.The white and yellow sweets, also known asEaster sweets, should not be missed.

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PERCURSO 7 Os socalcos da vinha e a lenda do Castro7

Afastando-se do Rio Vez e mergulhando no interior do concelho, o visitante terá

uma panorâmica das paisagens rurais, percorridas por estradas estreitas, forte-

mente marcadas pelos socalcos da vinha para produção do vinho verde. A aldeia

de Grijó, a 700 metros de altitude, transmite-nos já a vida dura da serra, com

pastos e medas a embelezar a paisagem, onde surgem também os garranos. O

Castro de Cendufe merece uma passagem, no regresso.

Os socalcos da vinhae a lenda do Castro

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The vine terraces and the legend of the Castro

nosso percurso inicia-se to-mando a estrada principalque sai de Arcos de Valdeveze nos leva até Monção. Pou-

cos quilómetros depois de sair de Arcos,surge-nos uma placa que indica Prozelopara o nosso lado esquerdo. Tomamos ocaminho a subir que nos leva a esta aldeia,sempre com a típica dispersão de habita-ções que caracteriza as zonas mais baixas.Algumas medas e castanheiros destacam--se na subida estreita à saída da povoaçãoe, a partir daqui, começa-se a ter uma vistapanorâmica sobre o vale que iremos cir-cundar. A povoação de Enxerto ao nossolado esquerdo, marca o início dos primei-ros socalcos para a vinha, também commilho e fruta, quase sempre presentes nes-tas pequenas propriedades rurais. Logodepois de passar Excerto, em direcção aRio Frio, um pequeno carvalhal tapa-nospor momento a panorâmica do lado es-querdo, com uma levada de água a correrdo lado direito da estrada. Talvez omomento para refrescarmos os pés, se forum dos dias quentes de Verão. Alguns pin-heiros-bravos, pinheiros-mansos e até eu-caliptos acompanham-nos à medida quecontornamos o vale. Chegados à povoa-ção de Rio Frio, tempo para observar trêsgrandes medas de palha, que sobressaemnum campo, mesmo ao lado da Junta deFreguesia. Ao fundo, uma igreja.

oving away from the River Vezand plunging into the heart ofthe municipality, the visitor willhave a panoramic view of the

rural landscape, crossed by narrow roads andheavily marked by vine terraces for the pro-duction of vinho verde. The village of Grijó, atan altitude of 700m, conveys the tough life ofthe mountain, with pastures and haystacksembellishing the countryside, where poniescan also be seen. On the way back, the Cas-tro de Cendufe is worth a visit.

Our journey begins on the main road out ofArcos de Valdevez to Monção. A few kilome-tres after leaving Arcos, we see a signpost toProzelo on our left. We take the road up,which leads to this village, with the typical dis-persion of houses that characterises thelower areas. Some haystacks and chestnuttrees can be seen on the narrow climb as weleave the village and, from here, we begin toget a panoramic view over the valley that wewill skirt. The village of Enxerto, to our left,marks the beginning of the first vine terraces,which also have the corn and fruit that arealmost always present in these small ruralproperties. Immediately after Enxerto, head-ing towards Rio Frio, a small oak-grove cov-ers the view on our left for a moment and astream runs on the right of the road. Perhapsthis is a good time to refresh our feet, if it isa hot summer's day. Some pines and even

DISTÂNCIA APROXIMADA / APPROXIMATE DISTANCE:57 Km; 57 Km;

DURAÇÃO / DURATION: um dia; one day;

PONTOS DE INTERESSE / POINTS OF INTEREST:paisagem; vinhas; medas de palha em Rio Frio,aldeia de Grijó, situada a 700 de altura, garranos ebovinos da raça Barrosã; Castro de Cendufe (ouCastro do Mau Vizinho) ao qual está associadauma lenda; landscape; vines; haystacks in Rio Frio,village of Grijó, located at an altitude of 700m,ponies and cattle of the Barrosã breed; Castro de

Cendufe (or Castro do Mau Vizinho) associatedwith a legend;

CARACTERÍSTICAS DO PERCURSO / FEATURES OFTHE ROUTE: Percurso com alguns desníveis acen-tuados; estrada regular; estrada estreita; subida emestrada estreita até no acesso até Prozelo; subidaaté Grijó; incursão a pé junto ao Castro deCendufe; Route with some hilly ground; regularroad; narrow road; climb on narrow road as far asthe access up to Prozelo; climb up to Grijó; walkbeside Castro de Cendufe.

FICHA TÉCNICA ROUTE DETAILS

MO

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PERCURSO 7 Os socalcos da vinha e a lenda do Castro

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GIESTA, GARRANOS E BARROSÃSDepois de Rio Frio e um pouco mais àfrente, apanhamos uma estrada que nosleva até perto de Pedrulhos onde uma pla-ca a indicar Vila Franca nos faz voltar àesquerda. À medida que subimos, come-çamos a alcançar a vista sobre os vales e asserras, com pequenas casas semeadas napaisagem. Penedos de granito marcam oscumes e carvalhos brotam nos vales. Ospastos vão aumentando e a giesta tomaconta do resto. É uma vista espectacular,um pouco diferente de muitas outras zo-nas da região. Vale a pena parar para con-templar a paisagem. Torneando a pequenaaldeia de Vila Franca, já perto de Grijó,um pequeno grupo de garranos, ca-racterísticos das serras minhotas, surgecom algumas crias. Algumas vacas barro-sãs de regresso à aldeia comandadas poruma mulher idosa fazem-nos abrandar. Oviajante nesta fase já se apercebeu das al-terações que gradualmente foram surgin-

do na paisagem e na componentehumana, à medida que

deixou o vale e

eucalyptus accompany us as we go round thevalley. When we reach the village of Rio Friowe find three large haystacks in a field rightnext to the borough council. In the back-ground, there is a church.

BROOM, PONIES AND BARROSÃSAfter Rio Frio and a little further ahead, wepick up a road that takes us close to Pedru-lhos, where a signpost indicating Vila Francamakes us turn left. As we go up, we begin tosee the view over the valleys and mountains,with small houses dotted over the landscape.Granite rocks mark the mountaintops andoaks can be seen in the valleys. The pastures

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The vine terraces and the legend of the Castro

Quem visita a região do Vale do Lima epercorre as áreas rurais, não pode deixarde reparar na raça de vacas de origem lo-cal que se passeiam pelos campos e al-deias. De cor castanha clara, com um levetoque alaranjado e com uns característi-cos cornos grandes e afastados, esta raçabovina é conhecida pela Barrosã. A quali-dade da sua carne é comprovada pelosinúmeros restaurantes que na região aconfeccionam e ninguém pode conheceros verdadeiros sabores do Vale do Limasem provar a sua carne.

Outrora, as vacas Barrosãs podiam servistas em todos os concelhos inseridos noParque Nacional da Peneda-Gerês. Hoje,

A RAÇA BARROSÃ THE BARROSÃ BREED

existem em menor número, devido à suasubstituição ou cruzamentos com outrasraças, embora ainda sejam as mais comuns.A sua área natural provêm do Barroso (daío seu nome), no concelho de Montalegre,onde anualmente se realizam as conhecidaschegas de bois durante as festas.Those who visit the Lima Valley region andtravel through its rural areas cannot fail tonotice a breed of cows of local origin thatpass through the fields and villages. Lightbrown in colour, with a hint of orange and withcharacteristic large, widely spaced horns, thisbovine breed is known as the Barrosã. Thecountless restaurants in the region that serveits meat are proof of its quality and no-onecan know the real tastes of the Lima Valleywithout trying its meat.

In days gone by the Barrosã cows could beseen all over the Peneda-Gerês National Park.Today, they are fewer in number, since they ha-ve been replaced by or crossed with other bre-eds, but are still the most common. They comefrom Barroso (which gave them their name), inMontalegre, where the famous chegas de boisare held every year during the festivals.

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começou a subir de cota. A aldeia de Grijófica situada já perto dos 700 metros.

Continuando pela estrada depois deGrijó, chegará a um cruzamento comuma excelente área de carvalhos, pinhei-ros-silvestres e cedros. Aí virará à direita,por uma estrada que o levará até Cendu-fe, passando pelas povoações de Mirandae Padreiro. Cendufe é um local que pos-sui uma lenda.

VISÃO GRANDIOSAO Castro de Cendufe é um cabeço eleva-do e dominador. A sua situação orográfi-ca permite-lhe ser avistado de grandenúmero de castros das margens do Lima edo Vez. Este local fica junto a uma igreja,recentemente recuperada com algumasoliveiras à volta. Ao Castro de Cendufe,também chamado o Castro do MauVizinho, está a associada uma lenda queenvolve S. Tiago.

Ao chegar a este local propomos aovisitante deixar a sua viatura junto à igre-

increase and the broom takes care of therest. It is a spectacular view, a little differentfrom many others in the region. It is worthstopping to admire the countryside. Goinground the small village of Vila Franca, close toGrijó, a small herd of ponies, characteristic ofthe Minhotan mountains, appears with somefoals. Some Barrosã cows returning to the vil-lage and led by an elderly woman force us toslow down. The traveller is now aware of thechanges that have gradually taken place inthe landscape and the human component, aswe leave the valley and begin to go up. Thevillage of Grijó is located at an altitude ofalmost 700 metres.

Continuing on the road after Grijó, youwill reach a crossroads with an excellent areaof oaks, pines and cedars. Turn right here, onto a road that will take you to Cendufe, pass-ing through the villages of Miranda andPadreiro. Cendufe is a place with a legend.

MAGNIFICENT VIEWThe Castro de Cendufe is a high, dominating

"Vive nele uma lenda significativa:chama-lhe o castro do mau vizinho.Quem é este mau vizinho ? Era S. Tiago,que tinha a igreja mesmo ao pé. Por fór-ma que aquilo era o dizer dos própriosMOUROS do castro, a quem S. Tiagoacossava, expulsando-os de lá para fora.Tem, creio eu, originalidade esta chro-nologia invertida dos factos, que é co-mo lá os explicam. O paganismo, pelovisto, persistia no oppido gallaico.Comtudo o christanismo já ali chegára,e, sob a égide do Apostolo, paredesmeias com o fanum dos deuses. Quemfez a má vizinhança, notem, foi o Santo,não o idolo. Esteé que se doia d´ella, e asua queixa foi a que nos veio transmiti-da por boca de christãos." - versão ex-traída do arqueólogo português, Felix

CASTRO DO MAU VIZINHO CASTLE OF THE BAD NEIGHBOUR

Alves Pereira"There is here a significant legend: it iscalled the castle of the bad neighbour. Whois this bad neighbour? It was St. James, whohad the church right next door. Apparently,this was the saying of the MOORS of thecastle, who St. James pursued and droveout of there. I believe this inverted chronolo-gy of the facts is rather odd. Paganism, itseems, persisted in the oppido gallaico.However, Christianity had already reachedthere, under the aegis of the Apostle, to-gether with the temple of the gods. Notethat it was the Saint that made the badneighbourhood, not the idol. This is whathurt about it, and the complaint was con-veyed to us by the mouths of Christians." -version taken from the Portuguese archae-ologist, Felix Alves Pereira

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The vine terraces and the legend of the Castro

ja e fazer uma incursão a pé até à escola,situada mais acima, para contemplar asvistas. O espectáculo é grandioso, salpi-cado de pequenas povoações entre omosaico dos campos delimitados por vin-has, oliveiras e bosquetes de carvalhos.

Terminada a contemplação deste cas-tro, tomamos agora o caminho que noslevará a subir mais a cota e que nos fazpassar por locais como a aldeia deSoutelo. Ao regressarmos, tomamos amesma estrada que nos leva a Arcos deValdevez. Mais à frente, viramos paraPonte da Barca. Tornamos a penetrar nasvinhas e suas latadas, os tanques de rega,o milho e a constante labuta que carac-teriza as "gentes destas terras".

Um pouco antes de chegarmos aPonte da Barca, perto da zona industrialde Arcos de Valdevez, seguimos a placaque nos indica a estação vitivinícola, oque nos faz voltar à esquerda. Poucosquilómetros e deparamos com um portãoseparado por uma extensão de vinha quenos conduz até ao edifício principal daestação vitivinícola "Amândio Galhano"(ver Percurso 10, "No trilho do VinhoVerde"). Uma típica propriedade nobre,com a sua capela do lado esquerdo e umagrande área de vinha, que foi adquiridaem 1984 para este fim. Tudo o restoagora é consigo, já que está no local ideale conta com pessoas competentes paraaprofundar os seus conhecimentos sobrea arte do vinho verde.

summit. Its position means it can be seen frommany of the castles on the banks of the Limaand the Vez. It is next to a recently restored chur-ch, with some olive trees around it. A legend in-volving St James is associated with the Castrode Cendufe, also known as the Castro do MauVizinho. On reaching this place we suggest thatthe visitor should leave his vehicle by the churchand go on foot to the school, located higher up,to admire the views. They are magnificent, dottedwith small villages among the mosaic of fieldssurrounded by vines, olive trees and oak-groves.

After admiring the view, we go back to theroad that will take us up through places likeSoutelo. On the way back, we take the sameroad that took us to Arcos de Valdevez. Furtheron, we turn towards Ponte da Barca. Once again,we go through vines and their trellises, irrigationtanks, corn and the constant toil that charac-terises the "people of the land".

Shortly before we reach Ponte da Barca,near the industrial zone of Arcos de Valdevez, wefollow the sign that points to the viticultural sta-tion, which sends us left again. Another few kilo-metres and we see a gateway separated by anarea of vines that lead us to the main building ofthe "Amândio Galhano Viticultural Station" (seeRoute 10, "On the trail of the Vinho Verde"). Thisis a traditional noble property, with a chapel onthe left and a large area of vines, and was pur-chased for this purpose in 1984. The rest is upto you: if you want to improve your knowledge ofthe art of the vinho verde, you are at the idealplace with the most competent people to helpyou do so.

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ARCOS DE VALDEVEZ Por locais de romaria e antigas povoa8

O caminho que propomos leva o visitante a permanecer no Parque Nacional da

Peneda-Gerês, à medida que sobe até à Senhora da Peneda, local de culto e

romaria em plena serra. Uma paragem no Mezio, permite refazer as energias,

enquanto visita o pequeno centro de informação do parque e contempla algumas

imagens a preto e branco de lugares e costumes da região. No regresso, uma

paragem no Soajo, onde poderá provar alguma gastronomia típica e observar

alguns dos mais antigos espigueiros. Uma pequena incursão a pé permite-lhe

ainda observar uma velha azenha, outrora fundamental para elaboração da fari-

nha de milho, destinada à broa. Se ainda tiver tempo, poderá visitar a aldeia de

Ermelo, com janelas para o Lima e provar as suas deliciosas laranjas.

Por locais de romariae antigas povoações

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he route we propose means thatyou stay in the Peneda-GerêsNational Park, as you go up toSenhora da Peneda, a place of

cult and pilgrimage in the heart of the moun-tains. A stop at Mezio is enough to restoreyour energy, while you visit the park's smallinformation centre and see some black andwhite pictures of the region's places andhabits. On the way back, there is a stop atSoajo, where you can try some of the typicalcuisine and see some of the oldest granaries(espigueiros). A short walk takes you to anold water mill, which was once fundamentalfor making the corn flour used for bread. Ifyou have time, you can visit the village ofErmelo, which overlooks the Lima, and try itsdelicious oranges.

Our journey begins at Arcos de Valdevez, fol-lowing the signs to the national Park. Takingthe 202 for little more than ten kilometres,we reach our first stop, Mezio. This is anextremely inviting place, with nice shadyspots that inspire you to jump out of the carand refresh yourself in the magnificent water

nossa viagem tem início emArcos de Valdevez, seguindoas indicações que referemParque Nacional. Tomando a

nacional 202, pouco mais que uma deze-na de quilómetros fazem-no chegar aonosso primeiro destino, o Mezio. Um lo-cal extremamente convidativo, com boassombras, que fazem qualquer um saltardo carro e refrescar-se no magnífico tan-que junto ao Centro de Informação doParque.

Nesta zona, merecem referência asgravuras rupestres do Gião e o NúcleoMagalítico do Mezio. O Núcleo Megalí-tico está integrado no conjunto de monu-mentos megalítico designado "Antas daSerra do Soajo", incorpora cerca de umadezena de monumentos, edificados hácerca de 5000 anos e distribuídos pordois quilómetros de planalto. As gravurasrupestres do Gião são consideradas umdos complexos de arte rupestre pré-his-tórica mais importantes do Noroeste daPenínsula Ibérica e é composto por cercade cem rochas gravadas com diversos

To places of pilgrimage and ancient villages

DISTÂNCIA APROXIMADA / APPROXIMATE DISTANCE:120 Km (ida e volta); 120 Km (return);

DURAÇÃO / DURATION: um dia; one day;

PONTOS DE INTERESSE / POINTS OF INTEREST:paisagem; Centro de Informação do Parque noMezio; Senhora da Peneda (santuário e romariaassociada) povoações do Soajo e Ermelo (nãoesquecer as deliciosas laranjas, nem as festas deS. Bento); espigueiros; Parque Nacional daPeneda-Gerês; landscape; Information Centre inthe Park at Mezio; Senhora da Peneda (sanctuaryand associated pilgrimage); villages of Soajo andErmelo (don't forget the delicious oranges or thefeast of S. Bento); granaries; Peneda-GerêsNational Park;

CARACTERÍSTICAS DO PERCURSO / FEATURES OFTHE ROUTE: percurso com desníveis muito acentu-ados; extensão considerável; estrada regular; estra-da estreita; incursões a pé à Senhora da Peneda e

no Soajo para ver a povoação e, em particular, aeira e espigueiros. Entre Soajo e Ermelo são cercade 5 quilómetros, mas a ponte medieval que ligaestas duas povoações ruiu e, pelo menos, atéNovembro de 2000 ainda não tinha sido recons-truída (existem alternativas de ligação, mas só seaconselha se tiver um todo-o-terreno); entreErmelo e Arcos de Valdevez, são 20 quilómetrospor uma estrada em ziguezague; route with somevery hilly ground; fairly long; regular road; narrowroad; walks to Senhora da Peneda and in Soajo tosee the village, in particular the threshing floor andgranaries. Between Soajo and Ermelo it is about 5kilometres, but the medieval bridge that connectsthe two villages collapsed and up to November2000 had still not been repaired (there are alterna-tive routes, but they are only recommended if youhave a four-wheel drive); between Ermelo andArcos de Valdevez the road zigzags for about 20kilometres.

FICHA TÉCNICA ROUTE DETAILS

TA

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To places of pilgrimage and ancient villagesações

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motivos de cariz simbólico e geométrico– de forma quadrangular e rectangular,com cantos redondos , bem como diver-sos antropomorfos (tudo aponta para quedatem dos milénios VI a II antes deCristo).

Durante os meses de Outono, estaárea cobre-se de tons quentes e após asprimeiras chuvas podemos observar ocogumelo Amanita-mata-moscas, carac-terístico pela sua coloração vermelhacom manchas brancas, que é tóxico. Nãose surpreenda se vir por perto garranos, jáque é frequente andarem por aí, bebendoágua no tanque a aproveitando as som-bras nos meses quentes de Verão.

Terminado o nosso descanso,seguimos pela mesma estrada que nos irálevar até à Senhora da Peneda. Surge umcruzamento que nos indica Lamas de

tank beside the Park's Information Centre.In this area, the rock carvings of Gião and

Mezio's Megalithic Centre are worth a men-tion. The Megalithic Centre is part of thegroup of megalithic monuments known as"Antas da Serra do Soajo" (Dolmens of theSoajo Mountains), which includes around tenmonuments, built about 5000 years ago, dis-tributed over two kilometres on the plain. Therock carvings of Gião are considered one ofthe most important pre-historic rock-carvingsites in the Northwest of the IberianPeninsula. They consist of about one hundredrocks carved with various figures of a sym-bolic and geometric nature - square andrectangular, with round corners - as well asseveral anthropomorphic figures (everythingindicates that they date from the sixth andseventh millennia before Christ).

During the Autumn months, the area is

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To places of pilgrimage and ancient villages

Sujeitos a vários cruzamentos ao longode séculos, os garranos são uma raça decavalos que se pensa terem sido trazidospelos Celtas quando invadiram esta áreano século I a.C. São animais com umapelagem castanha, normalmente escurae apresentam um corpo atarracado masrobusto, tendo já os romanos elogiado oseu andamento e agilidade. Com um ca-rácter bravio, vivem normalmente emgrupos pequenos, liderados por um ma-cho dominante e podem ser observadosem várias serras minhotas. Precisamenteno Mezio existe um centro hípico quepromove aulas de equitação e passeiosequestres pela região, tendo em vista di-

vulgar e perpetuar a raça Garrana.The ponies have been subject to cross-breeding over the centuries, but are original-ly a breed of horse thought to have beenbrought by the Celts when they invaded thisarea in the first century BC. They havebrown skin, which is normally dark, and ashort but sturdy body: the Romans praisedthem for their agility. They are wild in natureand normally live in small groups, led by adominant male. They are found in many ofthe Minhotan mountains and in Mezio thereare stables that offer riding lessons andpony trekking through the region with a viewto promoting and preserving the Garranobreed.

ÁGEIS GARRANOS AGILE PONIES

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Segundo a lenda da aparição "conta-seque a Senhora da Peneda apareceu a cin-co de Agosto de 1220 a uma serraninhaque pastoreava por entre aquelas pe-nedias, algumas cabras. A Senhora apa-receu-lhe em forma de um pomba bran-ca voando ao redor dela e, pediu-lhe quedissesse aos do seu lugar da Gavieirapara Lhe edificarem naquele lugar umaermida; a pastorinha falou aos seus pais,da Senhora, mas sem efeito, porque nãolhe deram crédito.

Noutro dia, voltando a pastorinhacom as suas cabras por aquelas mesmasparagens, lhe tornou a aparecer a mes-ma Senhora na mesma lapa, não comona primeira vez , em forma de pomba(como ela referia) mas na mesma formaem que hoje se vê, e lhe disse: filha, jáque não te querem dar crédito ao que eumando, vai ao lugar de Roussas (que fica

na mesma freguesia de Gavieira, nomesmo termo do concelho do Soajo)onde está uma mulher entrevada há de-zoito anos e diz aos moradores do lugarque a tragam à minha presença, paraque ela fique de perfeita saúde, e assimte darão crédito ao que te ordeno. As-sim o fez a venturosa pastorinha, e trou-xeram a mulher que se chamava Do-mingas Gregório. Tanto que esta che-gou à vista daquela Sagrada Imagem daRainha dos Anjos, logo alcançou umaperfeita saúde e ficou livre a sã de todosos males que padecia, louvando a Vir-gem Senhora pelo singular benefícioque lhe havia feito.

PENEDO DA MEADINHADiz a lenda que o penedo da meadinhase chama assim, porque a Nª Sª daPeneda vinha ali estender a Sua meada.

SENHORA DA PENEDA E A PASTORINHA

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To places of pilgrimage and ancient villages

According to the legend of the apparition, "it issaid that the Senhora da Peneda appeared onthe fifth of August 1220 to a little shepherdessthat was tending come goats in the rocky hills.The Senhora appeared in the form of a whitedove flying around her and asked her to tell thepeople of her village of Gavieira to erect a cha-pel to her in that place. The little shepherdessspoke to her parents of the Senhora, but to noeffect, because they did not believe her.

Another day, when the little shepherdessreturned with her goats to the same place, thesame Senhora appeared to her again, but notlike the first time, in the form of a dove, but in

SENHORA DA PENEDA AND THE LITTLE SHEPHERDESS

the same form as we see her today. And shesaid: "Daughter, since they do not want to be-lieve what I say, go to the village of Roussas (inthe same borough as Gavieira, also in the areaof Soajo) where there is a woman that hasbeen crippled for eighteen years. Tell the villa-gers to bring her to my presence, so that shewill recover her health, then they will believewhat I tell you. This is what the brave shepher-dess did, and they brought the woman, whowas called Domingas Gregório. As soon as shecame in sight of the Sacred Image of theQueen of Angels, she regained perfect healthand remained free of all the ailments fromwhich she had suffered, praising the VirginLady for the good that she had done.

PENEDO DA MEADINHALegend says that the "penedo da meadinha" isso called because Nª Sª da Peneda came to layher "meada" (skein) there.

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ESPIGUEIROS, ALDEIA DO SOAJOGranary, Soajo

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To places of pilgrimage and ancient villages

Mouro para um lado e Soajo para outro.Devemos seguir as indicações de Lamasde Mouro. A viagem por uma estrada deserra, que por conseguinte deve sercalma, permite-nos desfrutar de umapaisagem harmónica e tranquila, semprecontornando um vale profundo, comalguns socalcos de vinha, pequenosnúcleos de vegetação autóctone e áreasde pasto. Já em plena Serra do Soajo,surge-nos a povoação de Adrão e Rouçasantes de atingirmos o Santuário da NossaSenhora da Peneda na cota já acima dos1.000 metros, outrora local da "célebreromaria da Senhora da Peneda, a maisconcorrida de todo o Minho e Galiza",segundo os historiadores.

DA SRA. DA PENEDA AO SOAJOTodos os anos no início de Setembro (1 a8) decorrem as festas de homenagem àSenhora da Peneda e o local enche-se deperegrinos. Depois de contemplar estelocal, pode visitar a localidade daGavieira para observar um grupo deespigueiros. Propomos o regresso pelomesmo caminho, que o levará até à aldeiado Soajo. Cerca de 1 km antes do cruza-mento para o Soajo, uma magnífica man-cha de castanheiros que vai variandonuma paleta de tons quentes, com oaproximar do Outono. Nos meses maisquentes, os piqueniques são frequentesdurante os fins de semana, com a procurados ares da serra e contacto com anatureza por parte de muita gente, ondenão falta a concertina para animar a festa.

Chegado ao Soajo, umas placasindicam-lhe a direcção dos espigueiros.Podemos aí apreciar a eira colectiva,localizada num afloramento granítico,como era hábito, demonstrando o espíri-to comunitário destas populações. Sãoconstruídos em pedra de granito emadeira e foram recentemente recupera-dos pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês. Num destes espigueiros pode ler-se a inscrição 1799.

covered in warm colours and after the firstrains, the fly agaric mushroom can be seen,characteristically red in colour with whitespots, which is poisonous. Don't be surprisedto see garrano ponies nearby drinking waterfrom the tank and standing in the shade inthe hot summer months.

After our rest, we follow the same road asfar as Senhora da Peneda. There is a cross-roads that points to Lamas de Mouro on oneside and Soajo on the other. We should take theroad to Lamas de Mouro. The journey along thecalm mountain road allows us to enjoy a har-monious and peaceful landscape, always skirt-ing a deep valley, with some vine terraces, smallclumps of indigenous vegetation and pasture-lands. In the heart of the Serra do Soajo, wecome across the village of Adrão e Rouçasbefore reaching the Sanctuary of Nossa Se-nhora da Peneda at an altitude of about 1000metres. This was once the site of the "famouspilgrimage of the Senhora da Peneda, the mostpopular of them all in the Minho and Galicia",according to historians.

FROM SRA. DA PENEDA TO SOAJOEvery year at the beginning of September(1st to 8th) a festival is held in honour of theSenhora da Peneda and the place is filledwith pilgrims. After admiring this place, youcan visit Gavieira to see a group of granaries.We propose that you return on the same road,which will take you to the village of Soajo.About 1 km before the turning to Soajo, youwill find a magnificent group of chestnut treesthat go through a palette of warm colours asautumn approaches. In the warmer months,picnics are commonplace at weekends, asmany people come in search of the mountainair and contact with nature, where there isalways a concertina to liven up the party.

Once at Soajo, some signposts indicatethe way to the granaries (espigueiros). Herewe can see a collective threshing floor locat-ed on a granite outcrop, as was the custom,demonstrating the community spirit of thesepeople. They are built in granite and woodand were recently restored by the Peneda-

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Devido à falta de terras para o pastodos animais, algumas brandas foramigualmente criadas na localidade do Soa-jo, junto às áreas mais elevadas da serrasituadas entre os 600 e os 1000 metros,embora hoje já não sejam utilizadas.

CABRITO E SARRABULHOAinda no Soajo, pode ser observada umaazenha com uma levada. No lado opos-to da estrada, frente à Casa do Souto,destinada ao turismo de aldeia, uma oli-veira do lado esquerdo e um carvalho dolado direito, delimitam um velho cami-nho que o levará, sempre a subir, até essavelha azenha.

Caso disponha de tempo, poderá sem-pre tentar alguma da gastronomia típicado Soajo, como o cabrito assado ou o sar-rabulho à moda do Soajo. Rabanadas, ar-roz doce, leite creme e bolo de mel, fazemparte de algumas sobremesas.

Do Soajo até Ermelo, são cerca de 5quilómetros, mas durante o Inverno de1999 a ponte medieval que liga estas duaspovoações ruiu e, pelo menos, até No-vembro de 2000 ainda não tinha sidoreconstruída. Existem alternativas de li-gação, mas só se aconselha se tiver umtodo-o-terreno. Cerca de 20 quilómetrosseparam Ermelo de Arcos de Valdevez,por uma estrada que vai ziguezagueandopor entre a paisagem rural dominada pe-las vinhas e com vista para o Lima.

A LARANJA DOS MONGESErmelo é detentora de um microclimaque lhe permite a produção de laranjas,já referenciadas há vários séculos.Conta-se que foi por volta de Séc. XIIIque os Monges de Cister ali se instala-ram e, com os seus conhecimentos agro-nómicos, introduziram a cultura da la-ranja, não alheios ao facto da existênciade um clima muito favorável à sua pro-dução. As suas laranjas caracterizam-sepor terem um tamanho médio, com umacasca bastante fina, muito doce, sem fi-

Gerês National Park. On one of these espi-gueiros, you can find the inscription 1799.

Due to the lack of pastureland, somebrandas for cattle were also created in Soajo,in the highest mountain areas between 600and 1000 metres, but they have now falleninto disuse.

KID AND SARRABULHOStill in Soajo, you can see a water mill with astream. On the opposite side of the road fromthe Casa do Souto, which promotes village tou-rism, an olive tree and an oak border an oldroad that will take you up to this old water mill.

If you have time, you can always try someof the typical Soajo cuisine, such as roast kidor sarrabulho à moda do Soajo. Rabanadas(sweet fried bread), rice pudding, milk pud-ding and honey cake are all typical desserts.

From Soajo to Ermelo, it is about 5 kilo-metres, but during the winter of 1999 themedieval bridge that connects the two vil-lages collapsed and at least up to November2000 had still not been rebuilt. There arealternative routes, but they are only advisableif you have a four-wheel car. About 20 kilo-metres separate Ermelo from Arcos deValdevez, on a road that zigzags through ruralcountryside dominated by vines and with aview over the Lima.

THE ORANGE AND THE MONKSErmelo has a microclimate that enables it toproduce oranges, which have been known forseveral centuries. It was around the 13thcentury that the Monks of Cister installedthemselves there and, with their agronomic

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Situada numa encosta do lado direito doRio Lima, para quem desce ao longo daserra do Soajo, encontra-se uma peque-na aldeia já com vários séculos de exis-tência, conhecida pelas suas laranjas ecuja importância vem do seu antigoMosteiro, cuja origem se perde na lenda.

A filha de Ordonho II, rei de Oviedo, a prince-sa D. Urraca (?) recebera do pai o acordo parao seu pedido:"-Ide e procurai sítio ermo. Desde já vos digo quefica coutado tudo o que virdes do local que escol-herdes. Contente, a princesa reuniu as suas aias epartiram, em bando, num alvoroço, a subir àserra da Peneda. A primeira pousada foi no sítioque ficou a chamar-se Bouças Donas. Maisacima, sobre a vila do Soajo, no Outeiro Maior,começaram os alicerces, que ainda hoje lá seencontram, roídos pelo tempo e revolvidos pelospastores. No primeiro inverno, com as neves,desceram ao Paço (Paço Velho, de Paçô) e logoao rei a princesa contou dos seus trabalhos. O

rei, interessado, perguntou:- E que vedes, minha filha, dessas alturas ?- Vemos Bracara, a que foi Augusta e, lá aolonge, o mar onde o rio se expraia e o sol seesconde. Acima vemos Tui e Orense, e no hori-zonte do sol nascente muitas serras onde a vistaacaba por perder-se.O rei ficou espantado e logo disse:- Filha querida, muito amada, não sabia de tallugar. Não posso, não vou poder dar couto demetade do meu reino. Tende tino, que ofenderia aDeus mosteiro tão tamanho. Ide, ide embora eprocurai outro ermo.A princesa ficou erada e, por vingança, desceu,com as suas aias em espanto, às brenhas do rio,ao fundo dos abismos, onde, coberta de lágrimas,implantou o convento que deu o nome a Ermelo."

(Eugénio Castro Caldas - Terras de Val-devez e Montaria do Soajo). A históriadocumenta os favores de D. Teresa, mãede D. Afonso Henriques, e dos primeirosreis de Portugal para com este Mosteiro.

A LENDA DO ERMELO

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bras nem sementes. Para além disto, es-tas laranjas não estão sujeitas aos inten-sos tratamentos fitosanitários, sendo naterra utilizado apenas adubo das cortesdos animais. De nascimento precocenesta área, a colheita das laranjas de Er-melo inicia-se em Fevereiro, sendo a me-lhor época Abril e Maio.

Ermelo descansa da pacatez com asfestas de S. Bentinho, quando pela ma-drugada do dia 11 de Julho, chegam pe-regrinos dos concelhos de Arcos de Val-devez e Ponte da Barca. Grupos de pes-soas iniciam a sua viagem para os lados davila de Arcos, carregados de farnel, porestradas e caminhos, ao longo das quaisvão cantando velhas canções. Trata-se doS. Bento de Ermelo, santo curandeiro pa-ra todos os males.

knowledge, which told them this was a veryfavourable climate for its production they in-troduced the culture of the orange. The oran-ges are of medium size and are thin-skinned:they are very sweet and have no fibres ofseeds. Apart from that, these oranges do notundergo intense chemical treatment, since allthat is used on the soil is animal manure. Theoranges blossom early in this area and theharvest begins in February in Ermelo, with thebest time being April and May.

Ermelo takes a break from its serenity forthe feast of S. Bentinho, when, around dawnon July 11th, pilgrims arrive from Arcos deValdevez and Ponte da Barca. Groups of peo-ple begin their journey from the Arcos area,loaded with provisions, on roads and trails,which they go along singing old songs. This isS. Bento de Ermelo, the saint that cures all ills.

Located on a hill on the right of the River Limaas you go down along the Soajo mountains, isa small village that is already several centuriesold. It is known for its oranges and its impor-tance stems from the ancient Monastery, who-se origins are lost in this legend.

The daughter of Ordonho II, king of Oviedo, theprincess D. Urraca (?) had received a positiveanswer to her request:"-Go and find a retreat. I will tell you now thatwhatever you can see from the place you choosewill be enclosed for this purpose. Happily, theprincess gathered her ladies-in-waiting and to-gether they hurried off together to climb the Pe-neda mountain. The first stop was at the placethat became known as Bouças Donas. Further up,above the town of Soajo, in Outeiro Maior, theybegan the foundations, which can still be foundtoday, corroded by time and churned over byshepherds. In the first winter, when the snowscame, they returned to the palace (Paço Velho, dePaçô) and the princess told the king of their work.The king, whose interest was aroused, asked:

- And what do you see, my child, from theseheights?- We see Bracara, which was Augusta and, inthe distance the sea where the river flows outand the sun hides. Above, we can see Tuy andOrense, and on the horizon of the rising sun,many mountains as far as the eye can see.The king was amazed and said:- Dearly beloved daughter, I did not know ofsuch a place. I cannot, nor will I be able to, giveyou half of my kingdom. Be sensible, a mo-nastery of such proportions would offend God.Go, go and look for another retreat. The princess was so enraged that, in revenge,she went down to the depths of the river, at thebottom of the abyss, where, covered in tears,she founded the convent that gave its name toErmelo."

(Eugénio Castro Caldas - Terras de Valdeveze Montaria do Soajo). The story documentsthe favours of D. Teresa, mother of King D.Afonso Henriques, and the first kings ofPortugal to this Monastery.

THE LEGEND OF ERMELO

ações

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PERCURSO 9 Na rota do linho9

O visitante da Ribeira Lima ainda tem oportunidade de testemunhar o fascinante

conjunto de processos que vão desde o cultivo da linhaça ao fabrico de belas

peças de linho. Uma viagem ao passado com os pés bem assentes no presente,

para valorizar as artes e tradições limianas.

Na rota do linho

DISTÂNCIA APROXIMADA / APPROXIMATE DISTANCE:60 km; 60 km.

DURAÇÃO / DURATION: 1 dia; 1 day.

PONTOS DE INTERESSE / POINTS OF INTEREST:Posto de Turismo de Viana do Castelo; Perre,Centro de Arte e Cultura de Ponte de Lima;ARVAL em S. Martinho da Grandra; Teresa dosSantos Cerqueira em Ponte da Barca; Maria dasDores Torres Silva e a tecelagem de Maria do CéuPinto Amorim em Arcos de Valdevez;

Viana do Castelo Tourist Office; Perre, Art andCulture Centre of Ponte de Lima; ARVAL in S.Martinho da Grandra; Teresa dos Santos Cerqueirain Ponte da Barca; Maria das Dores Torres Silvaand the weaving of Maria do Céu Pinto Amorim inArcos de Valdevez.

CARACTERÍSTICAS DO PERCURSO / FEATURES OFTHE ROUTE: estradas alcatroadas ou empedradascom alguns declives; tarmacked or cobbled roadswith some slopes.

FICHA TÉCNICA ROUTE DETAILS

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On the linen route

esde os tempos mais remotosque as fibras vegetais e ani-mais têm sido utilizadas paradiversos fins. As fibras natu-

rais sempre foram empregues, sobretudoem peças de vestuário, tendo sido a suafeitura artesanal imprescindível para a vidaquotidiana das populações rurais. Os habi-tantes da Ribeira Lima não fugiram à regrasendo praticamente auto-suficientes noque respeita à produção do seu vestuário.Das ovelhas obtinham a lã e da terra o li-nho (Linum usitatissimum L.). O linho era,outrora, produzido em quase todas as ca-sas rurais. Dele se faziam os lençóis, astoalhas, as camisas de bordados, as saiasde trabalho ou de domingo das lavradei-ras… enfim, a roupa da casa e das gentes.

Os produtos do linho eram comercia-lizados em feiras e festas, algumas delasfronteiriças. Através destes produtos, ascomunidades iam buscar um complemen-

he visitor to Ribeira Lima can stillsee the fascinating set of pro-cesses ranging from flax cultiva-tion to the production of beautiful

linen articles. A journey to the past with ourfeet firmly in the present, to appreciate thearts and traditions of the Lima.

Since early times plant and animal fibres havebeen put to many uses. Natural fibres havebeen used particularly in clothing and hand-made clothes have been an essential part ofthe everyday life of the rural populations. Theinhabitants of Ribeira Lima were no exceptionand were practically self-sufficient in terms ofclothes production. They obtained wool fromthe sheep and linen from the earth (Linumusitatissimum L.). In days gone by, linen wasproduced in almost every rural house. It wasused to make sheets, tablecloths, embroi-dered shirts, work skirts or the country peo-ple's Sunday best. In other words, clothing for

D T

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Tear (Tecebordalinho)Loom (Tecebordalinho)

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On the linen route

to monetário para o seu dia a dia de difí-ceis canseiras. Porém, com o aparecimen-to de tecidos mais baratos e com melho-res acabamentos, para além das transfor-mações profundas que surgiram no pano-rama rural, levando à emigração e aoabandono das terras, muitas dessas práti-cas artesanais entraram em profunda cri-se. O cultivo do linho, assim como os sis-temas de fiação artesanal, sofreram umacentuado declínio. A arte de transformara substância fibrosa, que forma uma bain-ha no caule desta planta, nos belos teci-dos que vestiram inúmeras gerações é tãoantiga como trabalhosa. A sua produção,muito laboriosa e progressivamente one-rosa, fez com que a utilização dos tecidosde linho fosse dando lugar aos tecidosindustriais de algodão.

OS SETE TORMENTOSO linho de produção e utilização casei-ras, fechado no seu ciclo restrito tradicio-nal, não conseguiu fazer frente à concor-rência do algodão e foi-se extinguindo.Actualmente rareiam os linhares, tão afa-nosos e de avaro rendimento, quase nin-guém semeia sequer um pouco de linha-ça, acabaram as prestações em linho, aspessoas passaram a vestir-se de panoscomprados nas lojas, mais baratos e ali-ciantes. A tecelagem caseira e familiarquase desapareceu e com essa tendência,que praticamente provocou o fim da pro-fissão de tecedeira, toda uma economiade aproveitamento e equilíbrio, uma ri-queza incalculável de gestos e de saberempírico, certo, ajustado, subtil e eficazestá em vias de extinção. A produção delinho que envolve um processo complexo– é costume dizer-se que passa pelos setetormentos: é ripado, alagado, seco, espa-delado, restelado, assedado e fiado – eraum trabalho essencialmente feminino,preparado nas horas vagas das tarefasagrícolas e domésticas.

A auto-suficiência tradicional não fa-voreceu a cooperação entre os produto-

the house and for the people.Linen products were sold at fairs and fes-

tivals, some of them in border towns. The com-munities would use these products to supple-ment their hard-earned income. However, ascheaper material with better finishing cameonto the market, apart from the deep changesthat occurred in rural areas as a result of emi-gration and abandonment of the land, many ofthese handmade practices also entered a cri-sis. Flax cultivation, just like other hand spin-ning, went into sharp decline. The art of trans-forming the fibrous substance that forms ahem on the stalk of this plant into beautifulmaterial that clothed innumerable generationsis as old as it is difficult. It is so difficult andlaborious to produce that the use of linen clothgave way to industrial cotton cloth.

THE SEVEN TORMENTSHome-produced linen for home use, closedwithin its limited traditional cycle, could notcompete with cotton and gradually died out.Nowadays, there are few flax fields sincethey are such hard work and yield so littlethat hardly anyone sows even a little linseed.People began to dress in shop-bought cloth,which was cheaper and more tempting. Ho-me-done weaving almost disappeared andwith this trend, which practically brought the

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res e a maioria continuou a trabalhar emcasa. Só recentemente é que se começa-ram a organizar "cooperativas" de arte-sãos. Nos últimos anos, diversas iniciati-vas locais e regionais têm permitido res-taurar algumas das produções artesanais,só possível pela recuperação da sabedoriaque foi passando de geração em geração.

Os instrumentos de preparar o linhoforam arrumados na maior parte das casase, muitas vezes, destruídos por já não te-rem utilidade. Mas continua a ser possív-el apreciar velhos instrumentos, de feiçãotosca, desgastados pelo muito uso. Al-guns, aliás, ainda em plena laboração co-mo os velhos teares que teimam em man-ter a produção artesanal.

O visitante da Ribeira Lima ainda temoportunidade de testemunhar o fascinanteprocesso de tecelagem e bordado daspeças de linho. O fabrico dos tecidos ain-da se processa de modo semelhante aousado pelos nossos antepassados, séculosatrás: em teares manuais. O visitante po-derá conhecer os artesãos que ainda dãovida a estas tradições e que terão todo oprazer em o convidar a experimentar asantigas artes: por exemplo, fiar o linho oufazer o seu próprio tecido. Os artesãoslimianos abrem-lhe as portas das suas ofic-inas e oferecem-lhe o melhor do seu saber.A Região de Turismo do Alto Minho prov-idencia visitas personalizadas para satis-fazer pedidos especiais, assim como infor-mação necessária para empreender a suavisita. Mas também é possível partir, porsua conta e risco, à descoberta dessas re-motas tradições. Onde menos se esperapoderá encontrar, bem presentes, as mar-cas de um passado inseparável do linho.

REGIÃO DE LINHOO ponto de partida para uma rota de des-coberta das artes e tradições associadasao linho poderá ser qualquer povoado daRibeira Lima, mas comecemos na cidadede Viana do Castelo. Iniciemos a nossaperegrinação no Posto de Turismo onde

profession of weaver to an end, an entireeconomy of use and balance, an incalculablewealth of gestures and empirical knowledgethat is positive, authentic, subtle and efficientis dying out. Linen production was predomi-nantly women's work, done during the shorttime away from the farming and domestictasks. It is such a complex process that thesaying goes that it involves seven torments: itis retted, soaked, dried, scutched, combed,dressed and spun.

The traditional self-sufficiency did notfavour co-operation between producers andmost of them continued to work at home.Only recently did they begin to organise arti-sans' "co-operatives". Over the last fewyears, several local and regional initiativeshave allowed some of the hand-made pro-duction to be restored - which was only pos-sible by recovering the knowledge that waspassed from one generation to the next.

The instruments for preparing linen weremainly kept in houses and were often des-troyed as they had no further use. But it is stillpossible to see old, roughly made instrumen-ts, worn through use. In fact, some are stillused, such as the old looms, which insist onmaintaining handmade production.

The visitor to Ribeira Lima can still seethe fascinating process of weaving and em-broidery of the linen articles. The cloth is stillmade in the same way as our ancestorsmade it centuries ago: on manual looms. Thevisitor will be able to meet the artisans thatkeep these traditions alive. They will takeevery pleasure in inviting you to try theancient arts: for example, spinning the linenor making your own cloth. The artisans fromthe Lima open up their workshops and offeryou the best of their knowledge. The TouristRegion of the Alto Minho provides person-alised visits to satisfy special requests andcan also give you the information you need toundertake your visit. However, you can alsogo off on your own to discover these ancienttraditions for yourself. Where you leastexpect to find them, firmly in the present, arethe marks of a past inseparable from linen.

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On the linen route

Fases de preparação linho (Tecebordalinho)Several stages of linen preparation

181Guia de Percursos do Vale do Lima

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se encontra uma exposição permanentede artesanato. Os visitantes podem apre-ciar diversas peças de linho e de outrasartes, bem como adquiri-las. Serão de sa-lientar os bordados de Maria Leonor Es-teves Ribeiro e de Maria Teresa CostaFerreira, bem como os trajes regionais eas rodilhas do tear de Maria Martins Cos-ta Rocha (a Dona Mariazinha). Se tiveroportunidade de visitar a feira de Vianado Castelo, que se realiza às sextas-feiras,uma das maiores de todo o Alto Minho,não perca a oportunidade. Aí tambémpoderá encontrar o velho linho!

Mas as tradições ligadas ao linho nãose cingem à cidade de Viana. O linho,apesar de ter sofrido um acentuado declí-nio, continua a marcar presença nas ter-ras concelhias. Segundo os habitantes dePerre, Outeiro, S. Lourenço da Montariaou qualquer outra freguesia, o cultivo dolinho tem declinado progressivamente e

REGION OF LINENThe departure point for any discovery trail forthe arts and traditions associated with linencould be anywhere in the Ribeira Lima, but wewill begin in the city of Viana do Castelo. Let usstart our pilgrimage at the Tourist Office wherethere is a permanent display of handicrafts.Visitors can admire several linen articles andother arts, and can also make purchases. Theembroidery of Maria Leonor Esteves Ribeiroand Maria Teresa Costa Ferreira are of particu-larly note, as are the regional costumes andcloths from the loom of Maria Martins CostaRocha (Dona Mariazinha). If you have the chan-ce to visit the fair of Viana do Castelo, which isheld on Fridays, and is one of the largest in theAlto Minho, do not miss it. There is plenty of oldlinen to be found there!

But the traditions connected to linen arenot confined to the city of Viana. Despite suf-fering a sharp decline, linen continues to makeits presence felt in the outlying areas. Accor-

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On the linen route

terá até tendência a desaparecer. Algunslavradores, no entanto, continuam teimo-samente a semear o linho, para consumopróprio ou para venda, mas são cada vezmenos. Os que o fazem consideram os te-cidos de linho mais belos e resistentes doque os de algodão e não querem que tãoimportante tradição desapareça. O linhopreparado possui fibras extremamentelongas e é, por isso, forte e apto para ab-sorver água sem ficar húmido, sendo lus-troso, fresco e agradável ao tacto. Se per-guntar onde poderá encontrar um terrenosemeado de linho verificará não só a hos-pitalidade e simpatia das gentes limianascomo constatará, com surpresa, que esteainda é carinhosamente cultivado. Talvezaté mais do que se possa pensar!

CUIDADOS FREQUENTESO linho era cultivado em todas as casas ea ele eram dedicados os melhores ter-

ding to the inhabitants of Perre, Outeiro, S. Lou-renço da Montaria or any other village, linen cul-tivation has declined progressively and will doso until it disappears. Some farmers, however,stubbornly continue to sow linen, for their ownconsumption or for sale, but in ever-decreasingnumbers. Those who do consider linen cloth tobe more beautiful and resistant than cotton anddo not want such an important tradition to dis-appear. The prepared linen has extremely longfibres, which is why it is so strong and capableof absorbing water without staying damp. At thesame time it is also lustrous, fresh and pleasantto the touch. If you ask where you can find afield sown with linen, you will see not only thehospitality and friendliness of the Lima peoplebut you will also see to your surprise that it isstill cultivated with care. Perhaps even morethan you may think!

FREQUENT CARELinen was cultivated in every home and the

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renos. A linhaça semeava-se em Março:«Mais vale estopa de Março que linho deAbril». Em Perre usava-se semeá-lo emcaçoulas – não em campos – e à sombra.Nascia entre três e quatro dias depois.Por ser semeado à sombra, era mais bran-co e abria em belas flores azuis. O culti-vo do linho começava por exigir muitoscuidados, desde logo porque a plantanecessita de solos frescos e ricos. Daí quefosse uma cultura intensiva, a requerer re-ga e adubação frequentes. Ao fim de setea oito semanas era colhido (arrincado) àmão e trazido para a eira, onde era ripa-do nos "arripes": nome dado a uma gran-de peça de madeira com dentes, que seprende à roda de um carro de bois, poronde se fazem passar as fibras para lhesextrair as sementes (linhaça). Estas abri-rão na eira solarenga e serão aplicadascom fins terapêuticos ou no cultivo.

Na Ribeira Lima, a espadelada eramuitas vezes colectiva e, tal como a arrin-cada, pretexto para cantares e brinca-deiras. Em S. Lourenço da Montaria (Via-na do Castelo), os rapazes esperavam pe-lo fim da espadelada para dançarem comas raparigas.

A espadelada consiste em bater o li-nho com um instrumento próprio para oefeito (a espadela), dando-se pancadasfortes e certeiras para soltar os pedaçosde palha e separar as fibras têxteis. Geral-mente espadela-se duas vezes para mel-hor tirar a parte áspera – de que se faz

best land was devoted to it. The linseed wassown in March: "March tow is worth more thanApril linen". In Perre it used to be sown in largepans - not in fields - and in the shade, where itsprouted three or four days later. Since it wassown in the shade, it was whiter and openedinto beautiful blue flowers. Linen cultivationdemanded great care right from the start sincethe plant needs fresh, rich soil. It was thereforean intensive culture that needed to be wateredand fertilised frequently. After seven or eightweeks it was harvested (arrincado) by hand,brought to the threshing floor where it was ret-ted on the "arripes", the name given to a largepiece of toothed wood, which was fastened tothe wheel of an ox cart, where the fibres wouldbe passed to remove the linseed. This wouldopen up on the sunny threshing floor and wouldbe put to therapeutic use or used in cultivation.

In Ribeira Lima, the scutching would be acollective activity, like the arrincada, a pretext forsongs and games. In S. Lourenço da Montaria(Viana do Castelo), the boys would wait for theend of the scutching to dance with the girls.

Scutching consists of beating the linen witha special instrument (the scutcher), hitting ithard and firmly to release the pieces of strawand separate the textile fibres. Generally, it isscutched twice to clearly remove the coarsepart - from which a thick tow is made.

The Vianese scutchers are rarely decorat-ed. They are generally only beautiful articleswith an opening on the fist where the fingers goin, next to which there is a strip of semi-cylin-drical wood which, closed in the palm of the

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On the linen route

uma estopa grosseira.As espadelas vianesas raramente apre-

sentam decoração. São geralmente ape-nas belas peças com uma abertura nopunho, por onde entram os dedos, juntoda qual existe uma tira de madeira semi-cilíndrica que, fechada na palma da mão,permite manejar a espadela sem que estaescorregue.

UMA ROTA POSSÍVELDepois de calcorrear diversas freguesias doconcelho de Viana do Castelo, o visitantepoderá avançar para Leste rumo a terras dePonte de Lima, pela EN 202, rumo a Leste.Para aqueles que seguem a rota do linho, oCentro de Arte e Cultura de Ponte de Limaé uma paragem necessariamente obrigatória.Aí podemos apreciar a tecelagem, os bor-dados e as rendas da Tecebordalinho, bemcomo a tecelagem e os bordados de TeresaNorberto. No Centro de Arte e Cultura épossível regressar a outros tempos, pois osprocessos, inteiramente artesanais, per-manecem idênticos aos métodos ancestrais.Convém, igualmente, visitar o posto de ex-posição e venda de artesanato do Posto deTurismo da mais antiga vila do país. Os vis-itantes que seguem a rota do linho não po-dem esquecer as importantes feiras do con-celho de Ponte de Lima, ou a importante fei-ra quinzenal de Ponte de Lima, onde essafibra vegetal tem presença garantida.

Continuemos a nossa rota para nascen-te. A próxima paragem será em S. Mar-tinho de Gandra, seguindo pela margemesquerda do Lima, passando por Gemieira.Em S. Martinho da Gandra pode apreciar-se a tecelagem e os bordados da ARVAL-Artesãos Reunidos do Vale do Lima. A visi-ta poderá também proporcionar a exper-iência única do antigo ambiente dasespadeladas. Na área da freguesia ainda vãoresistindo hábitos de fiar, de tecer e de bor-dar o linho.

Pela mesma estrada, rumo a nascente,chega-se a Ponte da Barca, depois de Sta.Cruz do Lima e Bravães. Em Ponte da Barca

hand, enables the scutcher to be handled with-out slipping.

A POSSIBLE ROUTEAfter wandering through several villages in thedistrict of Viana do Castelo, the visitor can goeast towards Ponte de Lima, on the EN 22. Forthose who follow the linen route, the Art andCulture Centre of Ponte de Lima is a compul-sory stop. Here we can admire the weaving, theembroidery and lace of the Tecebordalinho, aswell as the weaving and embroidery of TeresaNorberto. At the Art and Culture Centre you cango back in time since the entirely manual pro-cesses are identical to those of the ancientmethods. You should also visit the display areaand sale of handicrafts at the Tourist Office ofthe oldest town in the country. Visitors that fol-low the linen route should not miss the impor-tant fairs of the district of Ponte de Lima, or theimportant fortnightly fair of Ponte de Lima,where this plant fibre is always present.

Let us continue our route east. The nextstop will be in S. Martinho de Gandra, follow-ing the left bank of the Lima, passing throughGemieira. In S. Martinho da Gandra you canadmire the weaving and embroidery of theARVAL-Collected Artisans of the Lima Valley.The visit can also provide the unique experi-ence of the ancient environment of thescutchings. In the village the habits of linen

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vale a também a pena uma deslocação aoPosto de Turismo. Em Ponte da Barca des-tacam-se os bordados e bainhas abertas deTeresa dos Santos Cerqueira. O visitantepode observar alguns artesãos que trabal-ham o linho, assim como adquirir posteri-ormente alguns dos produtos de artesanatotêxtil. A não perder é também a feira anualdo linho que se realiza, em Ponte da Barca,no dia 22 de Agosto.

VELHOS HÁBITOS NAS SERRASDe Ponte de Lima, para Norte, rumo aArcos de Vadevez. Em Arcos de Valdevez,para além do Posto de Turismo, de notar osbordados de Maria das Dores Torres Silva ea tecelagem de Maria do Céu Pinto Amo-rim. Na feira de Arcos de Valdevez aindapoderá encontrar linho à venda, bem comoprodutos já confeccionados. As aldeias ser-ranas da Peneda e da Amarela também re-servam surpresas para aqueles que buscamas artes e tradições relacionadas com o li-nho. Aí ainda é possível encontrar os vel-hos hábitos ligados ao fiar e tecer o linho.

A fiação era e continua a ser uma ac-tividade efectuada quase exclusivamentepelas mulheres. Com as rocas e os fusos, elastrabalhavam isoladamente em casa ou nocampo, sempre que tinham as mãos livres. Aroda de fiar parece ter sido pouco difundida,embora também se usasse. Quanto à roca,apresenta na Ribeira Lima uma forma origi-nal, provavelmente única no país: trata-se deum cabo com uma torre de forma cónica,ligeiramente côncava, formada por uma su-cessão de elementos torneados e de estriashorizontais que se sobrepõem.

Segue-se a tecelagem, utilizando tearesde diferentes complexidades mas semprebastante rústicos. Em algumas aldeias po-demos ainda encontrar estes toscos teares,cheios de teias de aranha e com madeira aapodrecer por falta de uso.

O crescente interesse pela preservaçãodas antigas tradições e pela sustentabili-dade da vivência rural augura, no entanto,melhores dias.

spinning, weaving and embroidery still exist. On the same road, heading east, you

reach Ponte da Barca, after Sta. Cruz do Limaand Bravães. In Ponte da Barca it is alsoworth going to the Tourist Office. In Ponte daBarca the embroidery and openwork ofTeresa dos Santos Cerqueira are of particularnote. The visitor can watch some artisans thatwork the linen, and then purchase some ofthe handmade textile products. The yearlylinen fair held in Ponte da Barca on August22nd should not be missed.

OLD HABITS IN THE MOUNTAINSFrom Ponte de Lima, head north towards Arcosde Valdevez. In Arcos de Valdevez, apart fromthe Tourist Office, the embroidery work of Mariadas Dores Torres Silva and the weaving ofMaria do Céu Pinto Amorim are also notable. Atthe Arcos de Valdevez fair you can still find linenon sale, as well as ready-made products. Themountain villages of Peneda and Amarela alsohold surprises for those that seek the arts andtraditions related to linen. Here, it is still possi-ble to find the old habits related to linen spin-ning and weaving.

Spinning was, and continues to be, an activ-ity done exclusively by women. With the spin-dles and spools, they worked on their own athome or in the field, whenever they hands werefree. The spinning wheel seems to have beenless widely used. As for the spindle, it has itsown particular form in Ribeira Lima, which isprobably unique in the country: it is a cable witha cone-shaped tower, which is slightly concave,formed by a succession of rounded elementsand horizontal grooves over them.

This is followed by the weaving, usinglooms of various complexities, but always ratherrustic. In some villages we can still find theserough looms, covered in cobwebs and withwood rotting through lack of use.

The linen route is a journey to the past thatinsists on being present. The growing interest inpreserving old traditions and sustaining rural lifepromises better days. Perhaps there will be afuture in which linen regains the importance itonce had.

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Museu do TrajePraça da República - 4900 Viana do Castelo258 821 079 / 258 811 036

Centro de Arte e Cultura de Ponte de LimaAntigo Matadouro MunicipalR. Agostinho José TaveiraPonte de Lima

APPACDM - Associação Portuguesa dePais e Amigos do Amigos do CidadãoDeficiente Mental: bonecas regionais,bordados e rendas, tecelagem e trajesregionais; regional dolls, embroidery and lace,weaving and regional costumesRua dos Sobreiros – Ursulinas258 82 97 82

Armanda Esperança: bordados e ren-das; embroidery and laceRua do Hospital Velho, 9258 82 28 13

Maria Martins Costa Rocha:trajes regionais e rodilhas no tear;weaving and regional costumesTourim, Amonde

Maria Teresa Costa Ferreira:bordados; embroideryRua S. C. Vianense, Lt1-2 r/c esq. Frt.258 82 65 98

Maria Leonor Esteves Ribeiro: borda-dos; embroideryRua do Lamoso, 301 - Meadela258 84 13 41

Isilda Parente: bordados, rendas,tecelagem e trajes regionais; embroidery,lace, weaving and regional costumesPortela - Perre - 258 84 10 47

Manuel João Cunha: chinelos e socas,tecelagem e trajes; clogs and slippers,weaving and regional costumesRua S. Martinho - Sta. Marta dePortuzelo - 258 83 06 52Ponte de Lima

Maria Teresa: tecelagem, bordados erendas; weaving, embroidery and lacePasseio 25 de Abril - Ponte de Lima93 803 9913

Tecebordalinho: tecelagem, bordadose rendas; weaving, embroidery and lace

Centro de Arte e Cultura de Ponte deLima258 94 49 77

Teresa Norberto: tecelagem e borda-dos; weaving and embroideryCentro de Arte e Cultura de Ponte deLima258 94 14 56

ARVAL- Artesãos Reunidos do Valedo Lima: tecelagem, bordados e ren-das; weaving, embroidery and lace.S. Martinho de Gandra239 948 464Ponte da Barca

Isaura Patrícia Abreu: bordados e ren-das; embroidery and laceRua Conde da Folgosa258 843 179

Teresa M. dos Santos Cerqueira:bordados, rendas e bainhas abertas;embroidery, lace and seamworkBemposta - Lavradas258 454 184

Maria das Dores Torres Silva:bordados e rendas; embroidery and lacePinheiro – Couto

Associação S. Pelinho:tecelagem; weavingBreia - Jolda (S. Paio)258 947 255

CONTACTOS CONTACTS

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PERCURSO 10 No trilho do vinho verde10

A originalidade dos vinhos verdes resulta das características do solo, do clima,

das peculiaridades das castas regionais e dos modos de cultivo da vinha. Dessa

conjugação de factores resultam vinhos de sabor e personalidade incon-

fundíveis. Uma arte e sabores que têm de ser conhecidos e experimentados no

terreno, numa autêntica peregrinação ao vinho verde.

No trilho do vinho verde

DISTÂNCIA APROXIMADA / APPROXIMATE DISTANCE:80 km; 80 km.

TEMPO APROXIMADO / APPROXIMATE TIME:1 dia; 1 day;

PONTOS DE INTERESSE / POINTS OF INTERESTPaço d’Anha e Adega Cooperativa de Viana doCastelo, quintas de Fundevila, Canadelo e Fonte daVila, em Viana do Castelo; Quinta de Merufe, emGeraz do Lima e Adega Cooperativa de Ponte deLima; Quinta do Ameal em Nogueira; Quinta doLuou, em Santa Cruz do Lima; Adega Cooperativade Ponte da Barca; Quinta dos Abrigueiros; Esta-ção Vitivinícola Amândio Galhano em Arcos de

Vadevez; Paço d’Anha and Wine Co-operative ofViana do Castelo, quintas of Fundevila, Canadeloand Fonte da Vila, in Viana do Castelo; Quinta deMerufe, in Geraz do Lima and Wine Co-operativeof Ponte de Lima; Quinta do Ameal in Nogueira;Quinta do Luou, in Santa Cruz do Lima; Wine Co-operative of Ponte da Barca; Quinta dosAbrigueiros; Amândio Galhano Viticultural Stationin Arcos de Valdevez.

CARACTERÍSTICAS DO PERCURSO / FEATURES OFTHE ROUTE: estradas alcatroadas ou empedradascom alguns declives; tarmacked or cobbled roadswith some hills.

FICHA TÉCNICA ROUTE DETAILS

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cultura mais típica e dominan-te na paisagem limiana, tão in-tensamente modelada pelohomem, é a vinha. Ela enqua-

dra os milheirais e ladeia as estradas, ela éa marca indissociável do sempre verdeMinho. A vinha constitui sem dúvida ne-nhuma a mais importante cultura da Ri-beira Lima e a sua presença na região re-monta a mais de dois mil anos.

A abundância de vinhedos é maiornas áreas situadas a menores altitudes mastambém se encontram em cotas mais ele-vadas, até 800 a 900 metros, sendo pos-sível observar vinhas em muitas das al-deias serranas. A cultura das videiras re-vela a estreita ligação que existe entre ohomem e a terra. Os homens foram aper-feiçoando, ao longo dos séculos, os mé-todos de produção do vinho, o entendi-mento dos segredos do solo e do clima, oapuramento das castas, o combate daspragas. A evolução conduziu a modernase mais eficazes artes de cultivo.

A actual Região Demarcada dos Vi-

he unique character of the vinhosverdes (young wines) is a resultof the characteristics of the soiland the climate, the peculiarities

of the regional varieties and the ways inwhich the vine is cultivated. Together, theyproduce wines of unmistakable taste andpersonality: an art and tastes that must beseen and tried where they are made, on a pil-grimage to the vinho verde.

The most typical and dominant crop on theLima landscape, which is so intensely mod-elled by man, is the vine. It frames the corn-fields and flanks the roads and cannot be dis-associated with the evergreen Minho. Thevine is undoubtedly the most important cul-ture in Ribeira Lima and it has been presentin the region for over two thousand years.

There are more vineyards are found inthe low-lying areas, but they can also befound on higher ground, up to 800 and 900metres, and vines can be seen in many of themountain villages. Vine-growing clearly re-veals man's close relationship with the land.

A T

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nhos Verdes estende-se por todo o No-roeste português, na área tradicionalmen-te conhecida por "Entre-Douro-e-Mi-nho". Questões de ordem cultural, tiposde vinho, encepamentos e modos de con-dução das vinhas obrigaram à divisão daRegião Demarcada em seis sub-regiões:Ribeira Lima, Amarante, Basto, Braga,Monção e Penafiel.

"PONTA DE AGULHA"A originalidade dos vinhos verdes resultadas características do solo granítico, doclima atlântico e das técnicas de produ-ção, bem como das peculiaridades dascastas regionais e dos modos de cultivoda vinha: factores determinantes na pro-dução desse precioso "nectar dos deuses".Dessa conjugação de factores resultamvinhos geralmente de cor rubi ou âmbar,levemente picantes, de baixo teor alcoó-lico e ligeiramente gasosos. Vinhos de sa-bor e personalidade inconfundíveis: dei-xam um travo designado, pelos provado-res, de "ponta de agulha".

Os tintos apresentam cores intensas eespuma rosada ou vermelha viva, os bran-cos exibem cor citrina ou palha. Possuemóptimas propriedades digestivas e, pelasua frescura e ímpares qualidades, tor-nam-se especialmente apetecidos nasépocas mais quentes. Os tintos encorpa-dos de Portuzelo e de Perre ou os tintospalhetes de Ponte de Lima são, entre out-ros afamados vinhos verdes, aqueles queacompanham o tradicional arroz de sar-rabulho ou de lampreia, os rojões ou abroa de milho, o cozido ou o caldo verde.

Note-se que, tanto os brancos comoos tintos, são usualmente servidos frescose não à temperatura ambiente. De notar asignificativa penetração no mercado queo vinho verde tem granjeado, com o mer-cado regional a absorver a maior parte daprodução, onde os hábitos de consumocorrente do vinho verde estão profunda-mente enraizados, mas conquistando po-sição nos grandes mercados, co-

Over the centuries, men have perfected wine-making methods improving their understand-ing of the secrets of the soil and the climate,the selection of varieties and the way to com-bat infestations. Evolution has led to modernand more efficient arts of cultivation.

The present Demarcated Region of Vi-nhos Verdes covers the whole of north-eastPortugal, in the area traditionally known as"Entre-Douro-e-Minho". Issues of a culturalnature, types of wine, vine-stocking and me-thods of training the vine led to the division ofthe Demarcated Region into six sub-regions:Ribeira Lima, Amarante, Basto, Braga, Mon-ção and Penafiel.

"NEEDLE POINT"The unique character of the vinhos verdes isa result of the characteristics of the granitesoil, the Atlantic climate and the productiontechniques, as well as the peculiarities of theregional varieties and methods of vine culti-vation. These are all determining factors inthe production of this precious "nectar of thegods". These factors produce wines that aregenerally ruby or amber in colour, slightly pi-

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mo vinho para ocasiões sociais ou gastro-nómicas especiais.

UMA ROTA PELOS VERDES DO LIMAA "Rota do Vinho Verde", tal como a do li-nho, pode iniciar-se em qualquer ponto daRibeira Lima, mas vamos começar a nossa"aventura" em Viana do Castelo. O visitan-te também pode partir à descoberta dos vi-nhos verdes seja qual for a estação do ano,mas é no período das vindimas, em finaisde Setembro e princípios de Outubro, quesurge a oportunidade única de apreciar afesta e o convívio que se lhe associam.

O visitante não deverá abandonar acidade de Viana do Castelo sem antes pro-var um "Casa de Fundevila". Um vinho ver-de-branco, de sabor seco e aroma de castaLoureiro, produzido com uvas das vinhasdas quintas de Fundevila, Canadelo e Fonteda Vila. Os restaurantes da cidade pos-suem, no entanto, um variado leque de es-colhas. A descoberta começa, logo antes departir, em torno da gastronomia vianense edo inseparável vinho verde. Em Viana doCastelo, vale ainda a pena experimentar o

quant, low in alcohol content and slightlysparkling. They are wines of unmistakabletaste and personality that leave a finishknown to the tasters as "needle point".

The reds are intense in colour and havepink or bright red foam. The whites are citrusor straw-coloured. They have excellent diges-tive qualities and their freshness and une-qualled quality make them especially good forwarm seasons. The full-bodied reds of Por-tuzelo and Perre or the pale reds of Ponte deLima are, among other well-known vinhosverdes, those that are served with the tradi-tional sarrabulho or lamprey rice, the rojões orcornbread, the cozido or the caldo verde.

Both the whites and the reds are gener-ally served chilled and not at room tempera-ture. Vinho verde has achieved significantmarket penetration. The regional marketabsorbs most of the production, where thehabits of drinking vinho verde are deeplyrooted, but it has gained a position on thelarge urban markets, as wine for social occa-sions or to accompany particular dishes.

A ROUTE THROUGH THE GREEN LIMAThe "Vinho Verde Route", just like that of thelinen, can begin at any point in Ribeira Lima,but we will begin our "adventure" at Viana doCastelo. The visitor can also go on the dis-covery trail of vinhos verdes at any time ofyear, but at harvest time, at the end of Sep-tember and beginning of October, there is aunique opportunity to enjoy the festival andsocialising associated with it.

The visitor should not leave the city ofViana do Castelo without first trying the"Casa de Fundevila". This is a white vinhoverde, dry in flavour with the aroma of theLoureiro variety, produced with grapes fromthe quintas of Fundevila, Canadelo and Fonteda Vila. However, the city's restaurants have awide choice. The discovery begins, beforeyou leave, with the Vianese cuisine and theinseparable vinho verde. In Viana do Castelo,it is also worth trying the white and red verdeof the Wine Co-operative and worth visitingthe Paço d’Anha. In this case, you should go

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verde branco e tinto da Adega Cooperativade Viana do Castelo e visitar o Paçod’Anha. Neste caso, há que seguir no senti-do Sul, pela EN 13, passando o rio, rumo aVila Nova d’Anha.

Depois da visita, o caminho é paraNorte, de modo a entrar na EN 202, avan-çando na margem direita do Lima. Para is-so, o mais prático será seguirmos de novopela EN 13 e, em Darque, entrar no IC 1para sair depois da ponte, na Meadela e,então sim, seguir pela EN 202. Tudo paravisitar Portuzelo e Perre com o objectivode apreciar os tão afamados tintos encorpa-dos. Depois podemos continuar rumo anascente até Ponte de Lima, mas será reco-mendável regressar um pouco atrás, atra-vessar o rio para a outra margem e prosse-guir até Geraz do Lima. A Quinta de Me-rufe, onde é produzido e engarrafado o"Solar de Merufe" merece uma visita, masnão se esqueça de contactar previamente osproprietários. O "Solar de Merufe" trata-sede um vinho de cor citrina, sabor seco, aro-ma frutado e de castas Loureiro e Trajadura.

A viagem prossegue até Ponte de Limaonde será possível continuar o conhecimen-

south on the EN 13, passing the river in thedirection of Vila Nova d’Anha.

After the visit, the route is northbound topick up the EN 202, going up the right bankof the Lima. The easiest way to do this is fol-low the EN 13 again and at Darque, go on tothe IC 1 to come off after the bridge, in Mea-dela and then onto the EN 202. The aim of allthis is to visit Portuzelo and Perre to enjoy thefamous full-bodied reds. Afterwards, we cancontinue east towards Ponte de Lima, but it isa good idea to go back a little, cross the riverto the other bank and head towards Geraz doLima. The Quinta de Merufe, where the "So-lar de Merufe" is produced and bottled, isworth a visit, but do not forget to contact theowners in advance. The "Solar de Merufe" isa citrus-coloured wine, with a dry taste andfruity aroma of the Loureiro and Trajaduravarieties.

The journey continues to Ponte de Limawhere it is still possible to get to know betterthe regional cuisine and the different charac-teristics of the various "verdes". This is anexcellent opportunity to try the verde-tinto(red) or the verde-branco (white) of the WineCo-operative of Ponte de Lima. The "Samo-

Garrafas em armazém aguardam entrada no mercadoStored bottles ready for market

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to da gastronomia regional e das especifida-des dos diversos "verdes". Uma oportunida-de excelente para provar o verde-tinto ou overde-branco da Adega Cooperativa dePonte de Lima. O vinho "Samora", produzi-do e engarrafado pela empresa Ribeiro & Ir-mão, também é uma excelente opção proce-dente de Canadelo (Ponte de Lima).

APRECIADORES EM FRANÇA E EUAQuando regressamos à estrada, para visi-tar a Quinta do Ameal, podemos passarpor Canadelo. A Quinta do Ameal, situa-da em Nogueira (Refoios do Lima), pos-sui actividade vitivinícola e agro-pecuá-ria, sendo responsável pela produção dovinho "Ameal". Um verde-branco, da cas-ta Loureiro, de sabor seco e aroma fruta-do. Em ambos os casos recomenda-se umcontacto prévio para agendar as visitas.

Depois de visitar os vinhedos da mar-gem direita regressamos a Ponte de Limapara seguir até Santa Cruz do Lima. Seoptarmos por sair da vila pela Rua Condede Bertiandos passamos junto da AdegaCooperativa de Ponte de Lima. Mais umaoportunidade de conhecer um local liga-

ra" wine, produced and bottled by the Ribeiro& Irmão company, is also an excellent optionfrom Canadelo (Ponte de Lima).

ADMIRERS IN FRANCE AND THE USAWhen we return to the road to visit the Quintado Ameal, we can go through Canadelo. TheQuinta do Ameal, located in Nogueira (Re-foios do Lima), has viticultural and cattle-bre-eding activities and is responsible for the pro-duction of the "Ameal" wine: a verde-brancoof the Loureiro variety, dry in flavour with afruity aroma. In both cases, it is advisable tobook your visit in advance.

After visiting the vineyards on the rightbank we return to Ponte de Lima to go toSanta Cruz do Lima. If we choose to leave thetown on Rua Conde de Bertiandos we gopast the Wine Co-operative of Ponte de Lima.This is another opportunity to get to know aplace connected to vinho verde production.

The Quinta do Luou, located in Santa Cruzdo Lima, produces and bottles the wine of thesame name, which is citrus-coloured, has a dryflavour and fruity aroma from the Loureiro,Trajadura and Pedernã varieties. In the 1960s,the agronomy engineer, Gaspar Malheiro

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do à produção de vinho verde.A Quinta do Luou, situada em Santa

Cruz do Lima, produz e engarrafa o vinhohomónimo, de cor citrina, sabor seco, aro-ma frutado e castas Loureiro, Trajadura ePedernã. O engenheiro agrónomo GasparMalheiro Reymão ensaiou, na década de60, a reestruturação da vinha da Quinta doLuou que ocupa actualmente oito hectares.A quinta adquiriu o estatuto de produtor-engarrafador em 1985, ano em que proce-deu ao primeiro enchimento na adega dapropriedade. O vinho produzido na quintaé, hoje em dia, exportado para os EstadosUnidos da América e para a França. Depoisda visita ao "Quinta do Luou" seguimos pa-ra Ponte da Barca.

EXPORTADO HÁ TRÊS SÉCULOSO visitante que se encontre em Ponte daBarca não pode deixar de fazer uma visi-ta à adega cooperativa local. Saliente-se,contudo, que as visitas são condicionadasa marcação prévia. Localizada mesmo àsaída da sede de concelho, na EN 101,em direcção a Braga, a Adega Coopera-tiva de Ponte da Barca permite conhecer

Reymão, tried to restructure the vines of theQuinta do Luou, which now covers eight hec-tares. The quinta gained the status of produc-er and bottler in 1985, the year in which theproperty's cellar was filled for the first time.Nowadays, the wine produced on the quinta isexported to the United States of America andFrance. After the visit to the "Quinta do Luou"we move on to Ponte da Barca.

EXPORTED FOR THREE CENTURIESThe visitor to Ponte da Barca should not missa visit to the local wine co-operative. However,it should be noted that visits must be bookedin advance. Located as you leave the munici-pal capital, the Wine Co-operative of Ponte daBarca allows you to try some of the region'swines, in particular the famous "Terras deNóbrega" (verde-branco and verde-tinto), andyou can also go into the cellar itself.

The white "Terras da Nóbrega" is citrus-coloured, has a dry taste and fruity aroma,resulting from the Loureiro, Trajadura and Pe-dernã varieties. The red "Terras da Nóbrega",from the Vinhão and Borraçal varieties has adry taste and fruity aroma. The wine co-oper-ative also produces a keg wine called "Vinho

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João

Mené

res

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alguns dos vinhos da região, com desta-que para o famoso "Terras de Nóbrega"(verde-branco e verde-tinto), bem comofazer uma incursão pela sua adega.

O "Terras da Nóbrega" branco possuicor citrina, sabor seco e aroma frutado,resultante das castas Loureiro, Trajadura ePedernã. O "Terras da Nóbrega" tinto, dascastas Vinhão e Borraçal, apresenta saborseco e aroma frutado. Um vinho à pressãodenominado "Vinho Regional Minho" étambém produzido por esta adega cooper-ativa. No regresso da visita à adega, o vis-itante poderá ainda adquirir algumas gar-rafas para, mais tarde, saborear.

A cooperativa, constituída provisoria-mente em 1963, iniciou a laboração em1968. Três anos mais tarde deu início aoengarrafamento e à comercialização di-recta dos seus vinhos. A produção passoua ser, desde 1977, engarrafada na totali-dade. A cooperativa recolhe uva das vin-has dos concelhos de Ponte da Barca e deArcos de Valdevez: a área de produçãoabrange os vales do Alto Lima e do Vez.

A Quinta dos Abrigueiros é outro doslocais que o visitante pode procurar nassuas incursões sobre o vinho verde. Ficapróximo do Paço da Glória, seguindo pe-la estrada que liga Ponte da Barca a Arcosde Valdevez, será necessário depois virarna EN 202 para Ponte de Lima e virar àdireita em Jolda (S. Paio). Este espaço, éconstituído igualmente por uma área devinha e uma vista panorâmica interessan-te, permite ao visitante provar e compraralguns vinhos da região. No ambiente deuma antiga propriedade nobre, este espa-ço foi restaurado mantendo o traçadooriginal, permitindo ao visitante aí hos-pedar-se, já que explora também a com-ponente do turismo de habitação. Tal co-mo nos outros locais de visita, deve tele-fonar para agendar a sua visita.

A Quinta dos Abrigueiros é produtorae engarrafadora do famoso "Casa da Sen-ra", de cor palha, sabor seco e aroma fru-tado. No século XVII quando Tristão de

Regional Minho". At the end of the visit youcan purchase some bottles to enjoy later.

The co-operative was provisionally for-med in 1963 and began working in 1968.Three years later, it began bottling and directmarketing of its wines. Since 1977, the pro-duction has been entirely bottled. The co-operative gathers grapes from the vines ofthe Ponte da Barca and Arcos de Valdevez:the area of production covers the valleys ofthe Upper Lima and the Vez.

The Quinta dos Abrigueiros is anotherplace the visitor can find on the vinho verderoute. It is near Paço da Glória, following theroad that connects Ponte da Barca to Arcosde Valdevez, you then have to turn off the EN202 to Ponte de Lima and turn right in Jolda(S. Paio). The quinta, which consists of an areaof vines and an interesting panoramic view,allows the visitor to taste and purchase somewines from the region. In the surroundings ofa noble old property, the quinta was restoredmaintaining the original form and offersaccommodation for the visitor that wishes tolodge there. Like the other places to visit, youshould telephone to book in advance.

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Azevedo de Araújo "Leonês", era Senhorda Casa da Senra, já o vinho produzidonas suas terras era exportado pelo porto deViana. No começo do século XX uma suaoitava neta, D. Adélia Azevedo de Araújoe Gama e seu marido Gaspar Pimenta deCastro, iniciaram a reconversão dos vi-nhedos, mais tarde prosseguida e amplia-da, de acordo com os modernos processosde plantação, condução e vinificação peloseu neto e actual proprietário.

APOIAR A PRODUÇÃOPara o "descobridor" que pretende conhe-cer tudo sobre o vinho verde nada melhordo que visitar, no concelho de Arcos deValdevez, a Estação Vitivinícola AmândioGalhano. Localizada perto da zona indus-trial de Arcos de Valdevez, a magníficapropriedade, outrora particular, encontra-se encaixada num vale, tendo o rio Lima ePonte da Barca como fundo.

A principal função deste organismo pri-vado, é o apoio técnico aos produtores devinho verde da região, assim como o estu-do e apuramento das principais castas des-tinadas à sua produção. No caso do verde-branco, temos as castas Loureiro, Pedernã eTrajadura. Para o verde-tinto, Vilhão (umacasta tintureira), Borraçal e Espadeiro. Do-tada de uma excelente área de vinha, em-bora não seja um organismo comercializa-

The Quinta dos Abrigueiros producesand bottles the famous "Casa da Senra",which is straw-coloured, with a dry taste andfruity aroma. In the 17th century, when Tristãode Azevedo de Araújo "Leonês", was Lord ofthe Casa da Senra, the wine produced on thisland was already exported from the port ofViana. At the beginning of the 20th century,the his grandaughter, D. Adélia Azevedo deAraújo e Gama and her husband, Gaspar Pi-menta de Castro, began the reconversion ofthe vineyards. This was later continued andextended, in accordance with the modernprocesses of planting, vine-training and wine-making, by their grandson and present owner.

SUPPORTING PRODUCTIONThe "discoverer" who wants to know every-thing about vinho verde can do nothing bet-ter than to visit the Amândio Galhano Viticul-tural Station in the municipality of Arcos deValdevez. Situated near the industrial park ofArcos de Valdevez, the magnificent property,which was once a private home, is tucked intothe valley, with the river Lima and Ponte daBarca as a background.

The main function of this private institu-tion is to give technical support to the re-gions' wine producers and to study the selec-tion of the main varieties aimed at its produc-tion. In the case of verde-branco, we have theLoureiro, Pedernã and Trajadura varieties. For

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- Paço d’AnhaVila Nova d’Anha (Viana do Castelo),tel. 258 322459

- Adega Cooperativa de Viana doCasteloLugar do Paço Mujães, Viana doCastelo, tel. 258 971404

- Casa de FundevilaViana do Castelo, tel. 258 821460;

- Quinta de MerufeGeraz do Lima (Viana do Castelo),tel. 258 73 15 25.

- Adega Cooperativa de Ponte de LimaPonte de Lima, tel. 258 90 77 00;

- Adega Cooperativa de Ponte da BarcaAgrelos (Ponte da Barca), tel. 258 42 25 2;

- Quinta de LuouSanta Cruz do Lima (Ponte de Lima),tel. 258 948488;

- Quinta dos AbrigueirosJolda Madalena (Arcos de Valdevez),tel. 258 947315;

- Quinta do Ameal, Sociedade AgrícolaNogueira-Refoios do Lima (Ponte deLima), tel. 258 947172;

- Ribeiro & IrmãoCanadelo (Ponte de Lima),tel. 258 74 11 60.

CONTACTOS CONTACTS

dor, esta estação vitivinícola produz vinhoque se destina essencialmente a ofertas. Es-ta estação possui laboratórios e sala de pro-vas destinadas a avaliar as característicasdas múltiplas amostras de uvas e vinhos ob-tidos em vários locais da região. Este traba-lho, tem permitido verificar a existência dediferenças significativas entre as castas adiferentes níveis, destacando-se a possibili-dade de estabelecer um perfil sensorial mé-dio de cada uma das castas aqui estudadas.

A propriedade recebe mais de mil vis-itas por ano, incluindo estrangeiros, alémde possuir protocolos com diversas enti-dades, onde se incluem universidades. Assuas magníficas instalações podem aindaservir de pano de fundo para diversoseventos como festas, casamentos, etc..

A "Rota do Vinho Verde" continua coma descoberta das importantes manchas devinha existentes nos vales do concelho deArcos de Valdevez, onde são cultivadas es-pécies para a produção de vinho verde. Asramadas plantadas entre a aldeia do Soajo eErmelo também merecem uma visita.

Para mais informações procurar a pá-gina da Comissão Vitivinicultura: www.vinhoverde.pt ou a página da Região deTurismo do Alto Minho em www.rtam.pt.

the verde-tinto, there is Vilhão (a red variety),Borraçal and Espadeiro. The viticultural sta-tion has an excellent area of vines, but it doesnot market them: the wines it produces areessentially for gifts. The station has laborato-ries and a tasting room used for assessingthe characteristics of the large numbers ofgrapes and wine samples obtained in variousplaces in the region. This work has shownthat there are significant differences bet-ween the varieties at different levels, and hasallowed an average sensorial profile to bemade for each of the varieties studied here.

The property receives over a thousandvisitors a year, including foreigners and hasprotocols with several entities, including uni-versities. Its magnificent installations alsoserve as the background for various eventssuch as parties, weddings, etc.

The "Vinho Verde Route" continues withthe discovery of the important areas of vinesin the valleys of the Arcos de Valdevez, wherespecies for vinho verde production are grown.The trellised vines planted between the villageof Soajo and Ermelo are also worth a visit.

For further information, see the Viticul-tural Commission page: www.vinhoverde.pt orthe Upper Minho Tourist Region page www.rtam.pt.

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ANEXOSA

INFORMAÇÃOTURÍSTICATOURIST INFORMATIONRegião de Turismo do Alto Minho;

Alto Minho Regional Tourist OfficeCastelo de Santiago da BarraViana do Castelo258 820270

Posto de Turismo de Viana do

Castelo: informações/Posto deExposição e Venda de Artesanato;Tourism Information Centre of Vianado Castelo: information/handicraftexhibition and salesCastelo de Santiago da Barra258 822 620

Posto de Turismo de Ponte de Lima:

informações/Posto de Exposição e Vendade Artesanato; Tourism InformationCentre of Ponte de Lima: information/handicraft exhibition and salesPraça da República258 942 335

Posto de Turismo de Ponte da Barca:

informações/Posto de Exposição e Vendade Artesanato; Tourism InformationCentre of Ponte da Barca: information/handicraft exhibition and salesLg. da Misericórdia258 452 899

Posto de Turismo de Arcos de

Valdevez: informações/Posto de Exposiçãoe Venda de Artesanato; TourismInformation Centre of Arcos de Valdevez:information/handicraft exhibition and salesCampo do Transladário258 516 001

MUSEUS ECENTROS CULTURAISMUSEUMS AND CULTURALCENTRES

VIANA DO CASTELO

Museu Municipal de Viana do Castelo

Largo de S. Domingos - 258 820 377

Museu do Traje

Praça da República 258 821 079 / 258 811 036

Navio museu Gil Eanes

Doca ComercialFundação Gil Eanes258 809710

PONTE DE LIMA

Museu dos Terceiros - Instituto

Limiano: espaço museológico,conferências e exposições; museum,conferences and exhibitionsAvenida D. Luis Filipe258 942 563

Centro de Arte e Cultura

Rua Agostinho José Taveira258 944 977

PONTE DA BARCA

Museu Castelo do Lindoso

Castelo – Lindoso258 576 451

Museu Cristais Quartzo

Nossa Senhora da Paz Barral - Vila ChãS. João 258 588 268

Museu Núcleo Museológico

Ermida258 588 214

Centro Cultural Frei Agostinho de

Sousa e Diogo Bernardes

Largo 25 de Abril258 452168

ARCOS DE VALDEVEZ

Casa das Artes

Jardim dos Centenários

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203Passeios no Vale do Lima

Appendix

ARTESTRADICIONAISTRADITIONAL CRAFTS

VIANA DO CASTELO

ACISJF*: artes de festa; festivity craftsARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSSantuário Sra. da Agonia258 82 40 67

Associação Juvenil Deão*: artes deco-rativas e artes de festa; decorative andfestivity crafts ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSLugar da Igreja - 258 73 01 53

APPACDM - Associação Portuguesa

de Pais e Amigos do Amigos do

Cidadão Deficiente Mental*: bonecasregionais, bordados e rendas, tecelageme trajes regionais; regional dolls, embroi-dery and lace, weaving and regional cos-tumes ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSRua dos Sobreiros – Ursulinas258 82 97 82

Armanda Esperança*: bordados erendas; embroidery and lace ARTESTRADICIONAIS; TRADITIONAL CRAFTSRua do Hospital Velho, 9258 82 28 13

Maria Edite Salgueiro*: bonecasregionais; regional dolls ARTESTRADICIONAIS; TRADITIONAL CRAFTSRua Grande, 23 - 258 82 43 43

Maria Martins Costa Rocha: trajesregionais e rodilhas no tear; weaving andregional costumes ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSTourim, Amonde

Maria Teresa Costa Ferreira: bordados;embroidery ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSRua S. C. Vianense, Lt1-2 r/c esq. Frt.258 82 65 98

Tareka*: ARTESANATO URBANO;URBAN HANDICRAFTRua Sport Club Vianense, 1-2, r/c esq.258 82 65 98

Meadela

Maria Leonor Esteves Ribeiro:

bordados; embroidery ARTES TRADI-CIONAIS; TRADITIONAL CRAFTSRua do Lamoso, 301 - 258 84 13 41

Perre

Isilda Parente*: bordados, rendas,tecelagem e trajes regionais; embroidery,

lace, weaving and regional costumes

ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTS

Portela - 258 84 10 47

Sta. Marta de Portuzelo

Samuel Carvalhosa:

chinelos e socas; clogs and slippers

ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTS

Sta. Marta de Portuzelo258 83 07 49

Manuel João Cunha*: chinelos esocas, tecelagem e trajes regionais; clogs

and slippers, weaving and regional costumes

ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTS

Rua S. Martinho - 258 83 06 52

Vila Franca

Manuel Silva Costa*: artefactos emferro; ironwork ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTS

Lugar do Monte - 258 32 13 35

Vila Punhe

Manuel Liquito*: artefactos em ferro;ironwork ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTS

Calvário – Arques258 97 24 11

Page 204: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

204 Passeios no Vale do Lima

ANEXOSA

PONTE DE LIMA

Ana Paula Antunes*: tecelagem;weaving ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSCentro Ibérico - 258 89 47 90

Centro de Arte e Cultura: tecelagem,bordados, rendas, latoaria de luminária etamancaria; weaving, embroidery and lace,clogs, tinwork ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSRua Agostinho José Taveira-Ponte de Lima258 90 04 11

Irmãos Armada: latoaria de luminária;tinwork ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSCentro de Arte e Cultura de Ponte de Lima258 94 22 91

Maria Teresa*: tecelagem, bordados erendas; weaving, embroidery and laceARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSPasseio 25 de Abril- Ponte de Lima93 803 9913

Tecebordalinho*: tecelagem, bordadose rendas; weaving, embroidery and laceARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSCentro de Arte e Cultura de Ponte de Lima258 94 49 77

Teresa Norberto*: tecelagem e borda-dos; weaving and embroidery ARTESTRADICIONAIS; TRADITIONAL CRAFTSCentro de Arte e Cultura de Ponte de Lima258 94 14 56

Casa Rei

COMÉRCIO DE ARTESANATOTÊXTIL; TEXTILE CRAFTS SHOPLoja n.º 5, Mercado Municipal

Arcozelo

Abel Januário Fernandes: cantaria eestatuária; masonry and statuaryworkARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSLousados - 258 74 26 17

Calheiros

Pedras Sequeiros*: cantaria e estatuária;masonry and statuarywork ARTES TRADI-CIONAIS; TRADITIONAL CRAFTSCarvalho Mouco - 258 943 468

Rebordões - Souto

José Gonçalves Lopes: tanoaria;barrelmaking ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSRebordões - Souto258 944 790

S. Martinho de Gandra

ARVAL - Artesãos Reunidos do Vale

do Lima*: tecelagem, bordados e ren-das; weaving, embroidery and laceARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSS. Martinho de Gandra239 948 464

PONTE DA BARCA

Isaura Patrícia Abreu*: bordados erendas; embroidery and laceARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSRua Conde da Folgosa258 843 179

Teresa M. dos Santos Cerqueira*:

bordados, rendas e bainhas abertas;embroidery, lace and seamwork

ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTS

Bemposta - Lavradas258 454 184

A Giga

COMÉRCIO DE ARTESANATOTÊXTIL; TEXTILE CRAFTS SHOPRua Conselheiro R. Peixoto258 453 340

Barca Antiga

COMÉRCIO DE ARTESANATOTÊXTIL; TEXTILE CRAFTS SHOP

Rua Condes de Folgosa258 453 179

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205Passeios no Vale do Lima

Appendix

Coisas e Loisas

COMÉRCIO DE ARTESANATOTÊXTIL; TEXTILE CRAFTS SHOPRua Cónego Avelino Jesus da Costa,Loja nº4258 454 817

ARCOS DE VALDEVEZ

José Armando Moscoso: artefactos demadeira; wooden crafts ARTES TRADI-CIONAIS; TRADITIONAL CRAFTSRua Dr. Germano Amorim, 90 - cave258 515 035

Ana de Jesus Martins Casal

COMÉRCIO DE ARTESANATOTÊXTIL; TEXTILE CRAFTS SHOPLoja nº 5, Mercado MunicipalArcos de Valdevez258 751 287

Aguiã

Augusto Fernandes*: chinelos e socas;clogs and slippers ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSS. Martinho, Aguiã258 516 066

Couto

Maria das Dores Torres Silva:

bordados e rendas; embroidery and laceARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSPinheiro – Couto

Jolda (S. Paio)

Associação S. Pelinho*: tecelagem;weaving ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTS

Breia - Jolda (S. Paio)258 947 255

Soajo

Alzira Moreira Machado: artefactosde madeira; wooden crafts

ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTS

Torre, Soajo - 258 576 294

Vale

Avelino Boalhosa Cerqueira: cestaria;basketwork ARTES TRADICIONAIS;TRADITIONAL CRAFTSCasal – Vale258 521 546

TRADICIONAISTRADITIONAL INDUSTRIES

VIANA DO CASTELO

Casa de Fundevila: vinificação; wine

making INDUSTRIAS TRADICIONAIS;TRADITIONAL INDUSTRIES

Viana do Castelo258 821 460

Vianagrés*: cerâmica; pottery

INDÚSTRIAS TRADICIONAIS;TRADITIONAL INDUSTRIES

Lugar de Algores – Carvoeiro258 770 000

Geraz do Lima

Quinta de Merufe: vinificação; wine

making INDUSTRIAS TRADICIONAIS;TRADITIONAL INDUSTRIES

Geraz do Lima 258 731 525

Meadela

Fábrica Jerónimo Pereira Campos e

Filhos (Fábrica de Louças de Viana)*:

cerâmica; pottery

INDÚSTRIAS TRADICIONAIS;TRADITIONAL INDUSTRIES

Meadela258 828 908

Mujães

Adega Cooperativa de Viana do

Castelo: vinificação; wine making

INDUSTRIAS TRADICIONAIS;TRADITIONAL INDUSTRIES

Lugar do Paço - Mujães258 971 404

Page 206: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

206 Passeios no Vale do Lima

ANEXOSA

Vila Nova d’Anha

Paço d’Anha: vinificação; wine makingINDUSTRIAS TRADICIONAIS;TRADITIONAL INDUSTRIESVila Nova d’Anha 258 322 459

PONTE DE LIMA

Adega Cooperativa de Ponte de Lima

vinificação; wine makingINDUSTRIAS TRADICIONAIS;TRADITIONAL INDUSTRIESPonte de Lima258 907 700

Arcozelo

Anhel - Arte Cerâmica (Fábrica Lançós)

cerâmica; potteryINDUSTRIAS TRADICIONAIS;TRADITIONAL INDUSTRIESPonte de Lima258 742129

Canadelo

Ribeiro & Irmão: vinificação; wine making

INDUSTRIAS TRADICIONAIS;TRADITIONAL INDUSTRIES

258 741 160

Correlhã

Minhofumeiro - enchidos, produtos ali-mentares; food products, several types ofsausages INDUSTRIAS TRADICIONAIS;TRADITIONAL INDUSTRIESLugar do Carvalho258 742 421

Refóios do Lima

Quinta do Ameal, Sociedade

Agrícola: vinificação; wine making

INDUSTRIAS TRADICIONAIS;TRADITIONAL INDUSTRIES

Nogueira - 258 947 172

Sta. Cruz do Lima

Quinta de Luou: vinificação; wine making

INDUSTRIAS TRADICIONAIS;TRADITIONAL INDUSTRIES

258 948 488

Pirotecnica Minhota - pirotecnia;pyrotechnics INDUSTRIAS TRADICIONAIS;TRADITIONAL INDUSTRIES

Ponte de Lima - 258 948 476

PONTE DA BARCA

Adega Cooperativa de Ponte da

Barca: vinificação; wine making

INDUSTRIAS TRADICIONAIS;TRADITIONAL INDUSTRIES

Agrelos - 258 480 220

ARCOS DE VALDEVEZ

Quinta dos Abrigueiros:

vinificação; wine makingINDUSTRIAS TRADICIONAIS;TRADITIONAL INDUSTRIESJolda (Madalena) - 258 947 315

FEIRAS, FESTASE ROMARIASFAIRS, FEAST DAYS AND FESTIVALS

VIANA DO CASTELO

Festa da Sra. da Agonia

Viana do Castelo

Feira da cidade

Semanal às sextas-feirasWeekly market on Fridays

Barroselas

Feira de Barroselas

Semanal às quartas-feirasWeekly market on Thursdays

Darque

Feira de Darque

Quinzenal aos domingosFortnightly market on Sundays

Page 207: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

207Passeios no Vale do Lima

Appendix

Meadela

Feira da Meadela

Semanal aos domingos de manhãWeekly market on Sunday mornings

Lanheses

Feria de Lanheses

Quinzenal aos sábadosFortnightly market on Saturdays

Sta. Marta de Portuzelo

Feria de Sta. Marta de Portuzelo

Quinzenal aos sábadosFortnightly market on Saturdays

Vila Franca do Lima

Festa das Rosas

Maio, May

PONTE DE LIMA

Feiras Novas – Festas do concelho

3º fim-de-semana de SetembroThe 3rd weekend in September

Vaca das Cordas

Véspera do Corpo de DeusOn the eve of the Corpus Christi Day

Festa do Corpo de Deus

Dia do Corpo de DeusCorpus Christi Day

Jogo do Cântaro

Carnaval em Ponte de Lima

Carnival Ponte de Lima

Os Maios ou as Maias

Primeiro de Maio, First of May

Feiras Novas

Terceiro fim-de-semana de Setembro(três dias), The third weekend inSeptember (three days)

Romaria de S. Lourenço da Armada

10 de Agosto, August 10th

Arca

Romaria de S. Bento

2º Domingo de Julho,The 2nd Sunday in July

Calheiros

Festa S. Brás

1º Domingo de Fevereiro,The 1st Sunday in February

Festa do Sr. dos Perdidos

3º Domingo de Agosto,The 3rd Sunday in August

Correlhã

Festa N. Sra. da Boa Morte

Último Domingo de Julho,The last Sunday in July

Fornelos

Festa Sto. Amaro

15 de Janeiro, January 15th

Labruja

Festas do Sr. do Socorro

1º domingo de Julho,The 1st Sunday in July

Rendufe

Festa de Sta. Luzia

2º Domingo de Junho,The 2nd Sunday in June

S. Julião de Freixo

Romaria S. Cristóvão24/25 Julho, July 24/25 th

S. Martinho da Gandra

Festa de S. Martinho11 de Novembro, November 11th

PONTE DA BARCA

Feira de Ponte da Barca

Quartas-feiras (quinzenal),Fortnightly market on Wednesdays

Festas do Concelho, (Local Feast Days)

de 19 a 24 de Agosto, From the 19th to

the 24th in August

Page 208: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

208 Passeios no Vale do Lima

ANEXOSA

Feira Anual do Linho, Annual Linen Fair22 de Agosto, August 22nd

Rusgas

Romaria a S. Bartolomeu;

Feira de Artesanato, Handicraft fair

Feira de Rusgas

23 de Agosto, August 23rd

ARCOS DE VALDEVEZ

Dia do Concelho, (Municipality Feast Day)11 de Julho, July 11th, Arcos de Valdevez

Festas do Concelho, Local Feast Days)Agosto, August, Arcos de Valdevez

Expovez

Julho, July, Arcos de Valdevez

Feira quinzenal, Fortnightly MarketQuartas-feiras, Wednesdays, Arcos deValdevez,

Senhora do Castelo

40 dias pós Páscoa, 40 days after Easter,Arcos / Salvador

Senhora da Boa Nova

Março, In March, Oliveira

Ermelo

São Bento

11 de Julho, July 11th

Gavieira

Senhora da Peneda

1 a 8 de Setembro, From the 1st to the8th of September

Guilhadezes

São Sebastião

Março / Abril

Gondoriz

Senhora da Guia

Março / Abril, March / April

Portela do Alvito

Feira (Market)

Dias 12 e 18, On the 12th and 18th

Sabadim

Senhora da Luz

Agosto, August

Soajo

Festas do Soajo

Agosto, August

Feira mensal

1.º Domingo, The 1st Sunday

Souto

Senhora do Carmo

Julho, July

Távora Santa Maria

Senhora da Piedade

Julho, July

GASTRONOMIARESTAURANTS

VIANA DO CASTELO

Alambique

Rua M. Espregueira258 823 894

Arcada

Rua Grande, 34258 823 643

Astúrias

Lg. 5 de Outubro, 21258 823 814

Átrio

Rua da Gramática, 77258 823 944

Beira Rio

Rua de Camões, 23258 822 109

Boccadino

Rua de Sto. António, 118258 829 567

A Boina

Page 209: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

209Passeios no Vale do Lima

Appendix

Rua José Espregueita258 829 139

Bar Montanha

Monte de Sta. Luzia235 821 307

Bordallo

Tr. Da Vitória, 15258 823 867

Cabana do Machado

Rua Nova de Santana, 34258 823 586

O Caloiro

Rua Frei Bartolomeu Mártires, 90258 829 873

Colombo

Rua de Monserrate, 219258 824 946

Cantinho do Mangoeiro

Rua de Sto. António, 40258 824 643

Casa D’armas

Lg. 5 de Outubro, 30258 824 999

Conde do Camarido

Av. Conde de Carreira258 808 200

Costa Verde

Rua de Monserrate, 411258 829 240

Covas

Rua Prior do Crato, 41258 828 376

Cozinha das Malheiros

Rua Gago Coutinho, 19258 823 680

Cozinha do Ricardo

Rua do Loureiro, 19258 826 036

Diplomático

Av. Rocha Paris, 202258 825 656

Dolce Vita

Rua do Paço, 44258 824 880

Eiffel

Rua do Anjinho, 24258 822 492

Farol da Barra

Rua dos Monjovos, 27258 811 077

Filipe

Rua da Bandeira, 52258 823 283

O Garfo

Lg. 5 de Outubro, 28258 829 415

Galeão

Rua Grande, 73258 827 826

Guerreiro

Rua Grande, 14258 822 099

Gruta

Rua Grande, 87/89258 828 214

Hong-Kong

Lg. da Altamira, 10258 826 526

Laranjeira

Rua Manuel Espregueira, 24258 822 258

O Manel

Rua do Hospital Velho258 822 885

Maria de Perre

Rua de Viana, 118258 822 410

Marialva

Azenhas D. Prior258 811 433

A Messe

Rua de Viana, 112-4258 825 668

Page 210: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

ANEXOSA

210 Passeios no Vale do Lima

Náutico

Praça da Galiza258 822 330

Neiva Mar

Lg. Infante D. Henrique, 1258 820 669

Oceano

Rua Cândido dos Reis258 822 622

Paladar

Rua Prior do Crato, 46-52258 811 873

O Padrinho

Rua Gago Coutinho, 162258 826 954

A Palhada

Rua da Palha, 1258 827 950

O Pescador

Rua Gois Pinto, 111258 826 039

Pekin

Rua Gen. Luís do rego, 164258 826 836

O Pipo

Rua Prior do Crato, 68258 825 097

Portugália

Rua Grande, 79258 823 290

Os 3 Potes

Beco dos Fornos, 9258 829 928

Pousada de Sta. Luzia

Monte de Sta. Luzia258 828 889

O Prior

Rua Prior do Crato, 14258 824 922

Ruela Bar

Campo do Castelo, 13258 821 859

O Sargaço

Av. Praia Norte258 811 333

O Sonho do Padrinho

Lg. João Tomás da Costa, 39258 824 560

Sport

Rua dos Monjovos, 4-10258 822 117

Taberna do Valentim

Rua de Monsenhor Daniel Machado, 180258 827 505

Três Arcos

Lg. João Tomás da Costa258 824 014

Túnel

Rua dos Monjovos258 822 188

Universo

Lg. João Tomás da Costa258 822 384

Valentino

Rua de Sto. António258 821 310

O Vasco

Rua Grande, 21258 824 665

Verde Viana

Praça 1º de Maio258 829 932

Viana’s

Rua Frei Bartolomeu Mártires258 824 797

Viana Mar

Av. dos Combatentes, 203258 823 032

Zefa Carqueija

Campo do Catelo258 828 284

Zip Zip

Rua Luís Jácome, 17258 823 320

Page 211: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

Appendix

211Passeios no Vale do Lima

Afife

A Braseira

S. Roque258 981 377

Mariana

S. Roque258 981 327

Praia Mar

Lugar Praia de Afife258 981 314

As da Quinta

Lg. das Tílias258 981 879

Quinta S. Roque

S. Roque258 981 494

Areosa

Churrasqueira

Av. do Maio, 646258 835 914

Mirante

L. do Meio258 835 704

Papo Cheio

Além Rio258 836 629

Barroselas

Lafayot

Rua da Lagarteira - Barroselas258 773 395

Pérola do Neiva

Rua da Fábrica, 195258 773 112

Sol Doce

Carvoeiro258 773 035

S. Jorge

Barroselas258 773 108

Carreço

Pardal

Troviscoso - Carreço258 835 076

Castelo do Neiva

Estrela do Mar

Castelo do Neiva258 871 434

Paradise

Castelo do Neiva258 371 026

Pedra Alta

Castelo do Neiva258 371 463

Chafé

Marinho

Amorosa258 331 046

Pizaria Atlântico

Amorosa258 321 059

Solmar

Amorosa258 331 851

Darque

Abrigo do Postilhão

Cais Novo258 331 031

Abe

Qta. Do Sequeiro258 322 031

Aquário

Cabedelo258 323 780

D. Augusto

Qta. Do Sequeiro258 322 491

A Cave

Qta. Da Bouça258 321 141

Cervejaria N. York

Rua das Rosas258 332 750

Page 212: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

ANEXOSA

212 Passeios no Vale do Lima

Darque Vila

Rua das Rosas258 322 032

Foz Café

Cabedelo258 332 485

O Galeão

Qta. da Bouça258 323 130

Martins Darque

Qta. da Bouça258 322 211

Lanheses

O Barril

Largo da Feira258 731 406

Teresa

Largo da Feira258 731 409

Meadela

As 4 Colunas

Rua João Paulo II258 842 936

Comigrama

Rua Francisco Passos, 16258 843 957

Quinta da Presa

Rua da Presa258 823 771

S. Romão

Alcazar

Neiva258 871 125

Ponte do Neiva

Neiva258 871 466

Santa Marta de Portuzelo

Camelo

Lugar Petigueira258 839 090

Soares

Petigueira258 830 646

Serreleis

Quinta de S. Miguel

Barco do Porto258 831 076

Vila Nova de Anha

O Caracol

Estrada Nacional 13258 351 887

PONTE DE LIMA

Alameda

Largo da Feira258 941 630

Aliança

Urbanização da Graciosa258 942 274

Astro

Av. António Feijó258 941 036

Beco das Selas

Beco das Selas258 943 576

Beira Rio

Passeio 25 de Abril258 943 471

Brasão

Rua Formosa258 941 890

Braseiro

S. João da Ribeira258 742 509

Caipira

Lg. Dr. Ferreira Carmo258 942 077

Catrina

Passeio 25 de Abril258 941 465

Cunha (Rosa Maria)

Page 213: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

Appendix

213Passeios no Vale do Lima

Rua do Postigi258 741 293

Clara Penha

Rua General Norton de Matos258 941 818

Diamante Azul

Rua de Vandoeuvre258 742 754

Encanada

Passeio 25 de Abril258 941 189

Escondidinho

Rua do Rosário258 942 828

Expresso

Rua Inácio Perestrlo258 942 849

Flor do Lima

Largo da Feira258 941 003

Fu Man

Urbanização Olho Marinho258 944 171

Gaio

Rua Agostinho José Taveira258 941 251

Império

Av. 5 de Outubro258 741 510

Marina

Centro Náutico258 944 158

Manuel Padeiro

Rua do Bonfim258 941 649

Muralha

Lg. da Picota258 741 997

Parisiense

Passeio 25 de Abril258 942 159

Retiro do Sobral

Lugar do Sobral258 942 435

S. João

Lg. S. João258 941 288

S. Nicolau

Rua Cónego Manuel B. Correia258 742 806

Solar do Taberneiro

Cto. Com. Rio Lima258 942 169

Tropical

Rua Agostinho José Taveira258 941 770

Tulha

Rua Formosa258 942 879

Arca

Bocados

Carreiros – Arca258 942 501

Arco-Íris

Graciosa - Arca258 942 780

Arcozelo

Minhoto

Arcozelo258 942 645

Limiano

S. Gonçalo - Arcozelo258 742 365

Carvalheira

Sabadão - Arcozelo258 742 316

Bertiandos

Celeiro

Bertiandos258 942 815

Correlhã

Page 214: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

ANEXOSA

214 Passeios no Vale do Lima

Casa Borges

Correlhã258 942 442

Feitosa

J. Pimenta

Feitosa258 941 874

Leão do Lima

Feitosa258 942 302

Benny Golf

Cp. Golfe - Feitosa258 743 416

Rendufe

Panorâmico / Montanha

Rendufe258 757 154

Refoios

Padeira

Refoios258 947 475

Seara

Cedro

Seara258 942 155

S. J. da Ribeira

Garfo

Crasto – S. J. da Ribeira258 941 460

S. Martinho de Gandara

Lusitano

S. Martinho de Gandara258 948 286

PONTE DA BARCA

Adega na Praça

Praça 258 455 897

Bar do Rio

Fonte Velha - Praia Fluvial

258 452 582

Barca Velha

Rua Dr. Joaquim Moreira de Barros, n.º 44258 452 326

O Churrasco

Santinha 258 452 513

Churrasqueira Barquense

Av. Francisco Sá Carneiro 258 454 104

Churrasqueira Solare da Barca

Rua Diogo Bernardes258 455 064

O Emigrante

Rua António José Pereira258 452 248

Gomes

Rua Conselheiro Rocha Peixoto, n.º 13 258 452 194

Lanchonete Printemps

Largo de Sto. António258 452 057

Lindo Verde

Castelo do Lindoso 258 578 010

Linda Flor

Estrada de Vila Verde258 454 643

Kibom

Rua Dr. Joaquim Moreira de Barros258 452 194

Mega Pizzaria

Rua Comendador José C. Bouças 258 455 794

O Moinho

Campo do Côrro 258 452 035

Pizzaria Avenida

Dr. Francisco Sá Carneiro 258 454 826

Pizzabaía

Page 215: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

Appendix

215Passeios no Vale do Lima

Bairro das Maceiras258 455 937

Pizzaria Dom Chivita

Rua das Fontainhas 258 454 474

Varanda do Lima

Campo do Corro258 453 469

Bravães

Quinta D. PenedoBravães258 453 871

Entre-Ambos-os-Rios

Albufeira do Lima

Tamente - Entre Ambos os Rios 258 588 135

Novas Pontes

Entre-Ambos-os-Rios 258 588 353

Lobo

Tamente – Entre-Ambos-os-Rios258 588 016

Grovelos

Sant'Ana

Lugar da Igreja - Grovelos 258 454 576

Painçais

O Bom Grelhado

Painçais - Paço Vedro Magalhães 258 454 492

Raposeiras

Mira Lima

Raposeiras 258 452 597

Vila Nova de Muía

Santa Rita

Carvalhal – Vila Nova de Muía258 453 177

Gil

Quintela de Baixo - Vila Nova de Múia

258 452 865

ARCOS DE VALDEVEZ

Alameda

Alameda Dr. Francisco Sá Carneiro258 515 476

Arco dos Caneiros

Rua da Valeta258 516 291

Bom Gosto

Centro Comercial Norte Vez258 516 953

Braseiro

Rua Soares Pereira258 521 506

Chave d’Ouro

Largo da Lapa258 515 102

Churrasqueira do Mercado

Pra. Salvador Alves Pereira258 516 953

O Encontro

Rua Dr. Vaz Guedes258 515 683

Estrela d’Ouro

Rua Dr. Gremano Amorim258 516 606

Franco Francês

Rua Dr. Germano Amorim258 516 606

O Lagar

Rua Vaz Guedes258 516 002

Manjar das Hortas

Quelha das Hortas258 521 144

Minho Verde

Rua Dr. Mário Júlio B. ª Costa258 516 296

O Morais

Urbanização de Faquelo258 521 792

Page 216: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

ANEXOSA

216 Passeios no Vale do Lima

Pizzaria Condessa

Rua General Amilcar Mota258 521 430

Pizzaria Big Seto

Rua Dr. Felix Alves Pereira258 521 956

Pizzaria Gelataria Brisoubar

Rua Dr. Joaquim C. C. Cerqueira258 521 446

Pizzaria Koala

Centro Comercial Norte Vez258 515 074

Pizzaria Parmegiana

Rua Padre Manuel Himaláia258 523 075

Solar do Vez

Rua Soares Pereira258 515 360

Aboim das Choças

O Mirante

Costa do Monte – Aboim das Choças258 564 254

Paçô

O Diogo

Alto de Freitas - Paçô258 521 963

S. Paio

A Laurinha

Praça D. Manuel I – Novelho – S. Paio258 513 568

Churrasqueira Ponte Nova

Praça D. Manuel I – Novelhos – S. Paio258 522 260

O Casarão

Quinta dos Remédios – S. Paio258 522 378

Silvares

Costa do Vez

Silvares258 516 122

Soajo

Videira

Eiró - Soajo258 576 205

O Espigueiro

Lage - Soajo258 576 136

Vila Fonche

Retiro do Castelo

Monte do Castelo – Vila Fonche258 516 192

ALOJAMENTOACCOMODATION

VIANA DO CASTELO

Pousada do Monte de Santa Luzia

Monte de Sta. Luzia258 828 889

Estalagem Casa Melo Alvim - 5 estrelas

Av. Conde da Correira, 28258 808 200

Hotel Parque Residencial - 4 estrelas

Praça da Galiza258 828 605

Hotel Hall Residencial - 3 estrelas

Av. Afonso III, 180258 829 770

Hotel Viana Sol Residencial - 2 estrelas

Largo Vasco da Gama258 828 995

Hotel Aliança Residencial - 2 estrelas

Av. dos Combatentes da Grande Guerra258 829 498

Pensão Calatrava (Res.) - 1ª cat.l

Rua Manuel Fiúza Jun., 157258 828 911

Pensão Laranjeira (Res.) - 2ª cat.

Rua General Luís Rego, 45258 822 261

Pensão Jardim (Res.) - 2ª cat.

Page 217: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

Appendix

217Passeios no Vale do Lima

Largo 5 de Outubro, 68258 828 915

Pensão Restaurante Alambique - 2ª cat.

Rua Manuel Espregueira, 86258 823 894

Pensão Viana Mar (Res.) - 3ª cat.

Av. dos Combatentes da Grande Guerra, 215258 828 962

Pensão Magalhães (Res.) - 3ª cta.

Rua Manuel Espregueira, 62258 823 283

Pousada da Juventude

Azenhas D. Prior – Rua da Argaçosa258 800 260

Afife

Pensão Restaurante Compostela - 2ª cat.

Estrada Nacional 13 - Afife258 981 465

Darque

Motel Abrigo Postilhão - 3 estrelas

Estrada Nacional 13 - Darque258 331 031

Pensão D. Augusto (Res.) - 3ª cat.

Quinta do Sequeira - Darque258 322 491

Turismo no Espaço Rural

Rural Accomodation

Turismo de Habitação

Rural Accomodation

Casa dos Costa Barros

Rua de S. Pedro, 22/28258 828 137

Casa Grande da Bandeira

Largo das Carmelitas, 488258 823 168

Baroselas

Casa da Torre de Nossa Senhora das Neves

Barroselas258 771 300

Cortegaça

Solar da Cortegaça

Cortegaça258 811 939

Lanheses

Paço de Lanheses

Lanheses258 731 334

Meadela

Casa do Ameal

Rua do Ameal, 119 - Meadela258 822 403

Turismo RuralRural Accomodation

Afife

Casa do Penedo

Gateira - Afife258 980 000

Casa de Santa Ana

Amado - AfifeTel. 258 98 17 74

Casa de Santa Filomena

Cabanas - AfifeTel. 258 98 16 19

Sta. Maria de Geraz do Lima

Casa de Santa Maria

Sta. Maria de Geraz do LimaTel. 258 73 23 96

S. Nomão do Neiva

Casa do Carmo

S. Nomão do Neiva258 871 333

Moreno

Quinta das Tuias

Moreno258 830 636

Page 218: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

ANEXOSA

218 Passeios no Vale do Lima

Agro-TurismoFarm houses

Areosa

Quinta da Boa Viagem

Areosa258 835 835

Meadela

Quinta do Ameal

Rua do Ameal, 119 - Meadela258 822 403

Salgueiro

Quinta Dom Sapo

Salgueiro258 839 080

Vila Nova d’Anha

Quinta do Paço d’Anha

Vila Nova de Anha258 322 459

PONTE DE LIMA

Albergaria Império do Minho

Av. D. Luís Filipe258 741 510

Pensão S. João (Res.) - 3ª cat.

Largo S. João 258 941 288

Arcozelo

Pensão o Marquês de S. Gonçalo

(Res.) - 2ª cat.

S. Gonçalo – Arcozelo258 742 410

Vitorino das Dornas

Pensão Solar das Arcadas (Res.) - 3ª cat.

Vitorino das Dornas258 731 351

Turismo de HabitaçãoRural Accomodation

Casa das Pereiras

Ponte de Lima258 942 939

Arcozelo

Casa do Arrabalde

Arcozelo258 742 442

Casa do Outeiro

Arcozelo258 941 206

Casa de Pomarchão

Arcozelo258 741 742

Convento Val de Pereiras

Arcozelo258 742 161

Casa de Sabadão

Arcozelo258 941 963

Ardegão

Quinta de Vermil

Ardegão258 761 595

Beiral

Casa de Barrezes

Beiral258 948 435

Solar da Várzea

Beiral258 948 603

Calheiros

Paço de Calheiros

Calheiros258 947 164

Facha

Casa das Torres

Facha258 941 369

Page 219: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

Appendix

219Passeios no Vale do Lima

Fontão

Casa de Fontão

Fontão258 731 147

Fornelos

Quinta do Anquião

Fornelos258 749 535

Gemeirra

Casa do Barreiro

Gemeirra258 948 137

Queijada

Casa do Baganheiro

Queijada258 749 612

Refoios

Torre de Refoios

Refoios258 751 030

Ribeira

Casa de Crasto

Ribeira258 941 156

Santa Comba

Quinta da Coslinha

Santa Comba258 941 040

Vitorino das Dornas

Quinta da Pousada

Vitorino das Dornas258 732 327

Turismo RuralRural Accomodation

Arcozelo

Casa do Antepaço

Arcozelo258 941 702

Casa de S. Gonçalo

Arcozelo258 942 365

Quinta do Arquinho

Arcozelo258 742 306

Quinta do Salgueirinho

Arcozelo258 941 206

Quinta do Arrabalde

Arcozelo258 742 442

Beiral do Lima

Casa de Barreses

Beiral do Lima258 948 435

Brandara

Quinta de Canadelo

Brandara258 947 670

Cabaços

Casa da Quinta do Outeiro

Cabaços258 941 204

Calheiros

Casa de Martim

Calheiros258 941 677

Quinta de Martim

Calheiros258 941 677

Correlhã

Quinta da Roseira

Correlhã258 941 354

Estorãos

Azenha de Estorãos

Page 220: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

ANEXOSA

220 Passeios no Vale do Lima

Estorãos258 941 546

Casa do Galba

Estorãos258 941 546

Casa da Quinta do Rei

Estorãos258 941 432

Casa do Tamanqueiro

Estorãos258 941 432

Feitosa

Quinta da Igreja

Feitosa258 743 620

Moreira

Casa de Covas

Moreira258 941 711

Queijada

Casa da Oliveira

Queijada258 749 612

Ribeira

Quinta da Aldeia

Ribeira258 741 355

Santa Comba

Quinta do Rio

Santa Comba258 943 684

Agro TurismoFarm Houses

Arcozelo

Azenha de Rebimba

Arcozelo258 941 963

Quinta de Pomarchão

Arcozelo

258 741 742

Brandara

Quinta do Bom Jesus do Canadelo

Brandara258 947 227

Calheiros

Quinta do Paço de Calheiros

Calheiros258 947 164

Gandra

Casa de Abbades

Gandra258 948 227

PONTE DA BARCA

Pensão Os Poetas (Resid.) - 3ª cat.

Jardim dos Poetas 258 453 568

Pensão S. Fernando (Resid.) - 3ª cat.

Rua Das Maceiras 258 452 580

Turismo emEspaço RuralRural Accomodation

Turismo de habitaçãoRural AccomodationCasa do Correio Mor

Rua Trás do Forno 258 452 129

Nogueira

Torre da Quintela

Quintela – Nogueira258 452 238

São Pedro de Vade

Casa da Agrela

São Pedro de Vade 258 452 313

Page 221: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

Appendix

221Passeios no Vale do Lima

Agro-turismoFarm Houses

Bravães

Quinta do Morgado da Roda

Bravães 258 455 084

Prova

Quinta da Prova

Prova 258 452 163

Turismo de NaturezaNature Tourism

Casa Retiro de Penadoeiro

Entre ambos os rios258 452 250

Britelo

Casa Abrigo da Penha

Britelo258 452 250

ARCOS DE VALDEVEZ

Pensão D. António Residencial

Rua Dr. Germano Amorim258 521 010

Pensão Tavares Residencial

Rua Padre Manuel José da Cunha Brito258 516 253

Residencial D. Isabel

258 520 380

Silvares

Pensão Costa do Vez

Estrada Nacional 101 –Silvares258 521 226

Turismo noEspaço RuralRural Accomodation

Turismo de HabitaçãoRural Accomodation

Giela

Casa da Coutada

Coutada – Giela258 515 167

Casa de Requeijo

Requeijo – Giela258 515 272

Jolda Madalena

Paço da GlóriaPortela – Jolda Madalena258 947 177

Paço

Quinta de Cortinhas

Cortinhas – Paço258 522 190

Turismo RuralRural Accomodation

Cabreiro

Casa de Avelar

Lugar de Avelar – Cabreiro258 564 400

Jolda Madalena

Quinta dos Abrigueiros

Lugar da Igreja – Jolda Madalena258 947 115

Távora Santa Maria

Casa de Calvos

Calvos – Távora Santa Maria258 529 465

Soajo

Casa do Adro

Lugar de Eiró – Soajo258 576 327

* Rota do Artesanato do Alto Minho

Page 222: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

222 Passeios no Vale do Lima

BIBLIOGRAFIAB

BIBLIOGRAFIABIBLIOGRAPHYADERE, "Por Tempos, Terras E Gentes"

ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de,"Alto Minho"; "Novos guias de Portugal"- 5, Editorial Presença, Lisboa, 1987;

ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, AltoMinho, Lisboa, Editorial Presença, 1987;

AURORA, Conde d`, "Roteiro daRibeira Lima"; Associação para Defesado Ambiente e do Património Culturalde Ponte de Lima, Ponte de Lima, 1996;

LIMICI - Associação para a Defesa do

Ambiente e do Património Cultural de

Ponte de Lima, Ponte de Lima;

BASTO, Cláudio, "Traje à Vianesa",Gaia, 1930;

BERTIANDOS, Conde de, "Lendas";Hospital Conde de Bertiandos, Ponte deLima, 1993;

"100 Alojamentos Seleccionados em

Portugal", colec. "O Melhor do TurismoRural"; Girassol Edições, Rio de Mouro;

GUEDES, Francisco, "À mesa noMinho"; Público – Sociedade deComunicação, Lisboa, 1997;

OLIVEIRA, Ernesto Veiga de, GALL-HANO, Fernando e PEREIRA, Benjamim,Actividades Agro-Marítimas em Portugal,Lisboa, Publicações Dom Quixote,1990

PACHECO, Hélder; et al, "Artes etradições de Viana do Castelo"; TerraLivre, Lisboa, 1983;

PITTA, Francisco, "Lendas e tradiçõesdo Alto Minho", 1987;

REIS, António Matos, "Ponte de Limano tempo e no espaço"; CâmaraMunicipal de Ponte de Lima, Viana doCastelo, 2000;

SAMPAIO, Francisco, Alto Minho –Roteiro "Em busca de uma gastronomiaperdida", 1999;

SAMPAIO, Francisco, "DomingosGastronómicos", Viana do Castelo, Regiãode Turismo do Alto Minho, 1999;

SARAIVA, José Hermano, "ItinerárioPortuguês – o tempo e a alma", Lisboa,Gradiva – Publicações Lda, 1987;

Região de Turismo do Alto Minho

(Costa Verde), Viana do Castelo, 2ª ed.;

Região de Turismo do Alto Minho

(Costa Verde), "Rota Dos Vinhos Verdes",

Local Magazines:

· Romaria de Nossa Senhora d’ Agonia,Viana do Castelo, 1998

· Romaria de Nossa Senhora d’ Agonia,Viana do Castelo, 1999

· Romaria de Nossa Senhora d’ Agonia,Viana do Castelo, 2000

VASCONCELOS, Joaquim, Moinhosdo Rio ncoraa, Viana do Castelo,Câmara Municipal,1997

AGRADECIMENTOSACKNOWLEDGEMENTS:Eng. João Garrido da EstaçãoVitivinícola "Amândio Galhano"

Dr. José Lacerda Megre

Dra. Palmira Mota

Dra. Conceição Osório (Comissão deViticultura da Região dos VinhosVerdes)

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· Itinerário do Românico da Ribeira Minho

· Santiago - Caminhos do Minho

· Rota dos Vinhos Verdes

· Rota do Artesanato

· Domingos Gastronómicos(primeiro trimestre do ano)

Concelho Endereço Telefone Telefax

Arcos de Valdevez Campo do 258 516 001 258 516 001Trasladário

Ponte da Barca Largo da 258 452 899 258 452 899Misericórdia

Ponte de Lima Pç. da República 258 942 335 258 942 335

Viana do Castelo Praça da Erva 258 822 620 258 827 873

INFORMAÇÕES: Delegações de Turismo do Vale do Lima

COMPLEMENTANDOOS TRILHOS DESTE GUIA,

A RTAM RECOMENDA-LHE(informação nas Delegações de Turismo):

RTAM - Região de Turismo do Alto MinhoCastelo de Santiago da Barra 4900-360 VIANA DO CASTELO

Tel.: 058-820270/1 Fax: 058-829798www.rtam.pt - [email protected] - www.artesminho.com

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Page 226: 32 33 34 35 - Alto Minho · 2014. 6. 27. · 8 Passeios no Vale do Lima P PREFÁCIO À descoberta das tradições do Lima elaboração de um guia de per-cursos para o Vale do Lima,

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