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A IMPORTÂNCIA DAS AÇÕES EDUCATIVAS E DA EXPOGRAFIA ACESSÍVEL VINCULADAS À ACESSIBILIDADE NOS CONTEXTOS MUSEOLÓGICOS
ROCHA MOREIRA, MATHEUS.
E-mail [email protected]
Autor: Matheus Rocha Moreira – Designer Gráfico e Conservador Restaurador de Bens
Culturais Móveis. Pesquisa e trabalha com expografia e educação acessíveis aos
deficientes visuais em museus e centros culturais. Atualmente trabalha no educativo do
Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB BH.
RESUMO
O artigo que se apresenta tem como objetivo trazer o papel dos museus em relação à
conservação dos acervos e do patrimônio construído, diante de uma população que vem
se interessando cada vez mais pelos espaços culturais: os deficientes visuais. Dentro
dessas questões é apresentada a função do profissional de Conservação e Restauração
de Bens Culturais Móveis na relação da acessibilidade do patrimônio construído e dos
objetos expositivos na expografia para deficientes visuais. Quando se iniciaram as
pesquisas e as primeiras ações sociais para se objetivar a inserção do público com
necessidades especiais? Como os educadores estão envolvidos no processo de
acessibilidade? Esses questionamentos serão analisados, além de trazer discussões
sobre a atuação do conservador-restaurador presente nas instituições ou que
acompanham as exposições itinerantes.
Palavras-chave: Ações educativas; Acessibilidade; Conservação preventiva; Deficientes
visuais.
The collections and the built heritage in the face of a population that has become
increasingly interested in the cultural spaces: the visually impaired. Within these questions
the role of the Preservation and Restoration of Cultural Movable Property in respect of the
accessibility of the built heritage and exhibition of objects in expography for visually
impaired professional is presented. When we started the research and the first social
actions to objectify the inclusion of the public with special needs? As educators are
involved in the process of accessibility? These questions will be analyzed, in addition to
bringing discussions on the role of conservator-restorer present in institutions or
accompanying traveling exhibitions.
Keywords: Educational activities; accessibility; Preventive conservation; Visually impaired.
A IMPORTÂNCIA DAS AÇÕES EDUCATIVAS E EXPOGRAFIA ACESSÍVEL VINCULADAS À ACESSIBILIDADE NOS CONTEXTOS MUSEOLÓGICOS
O patrimônio histórico e a relação visitante versus conservação
A importância do patrimônio histórico é indiscutível, porém a responsabilidade de
preservação e as formas de interação entre homem-patrimônio estão sempre em pauta
nas discussões sobre o tema. Dentro de intuições como centros culturais e museus, o
patrimônio construído, e os objetos expostos em mostras permanentes ou itinerantes
oferecem o poder de provocar novas experiências, além de aproximar o visitante de
conteúdos que contam a própria história cultural, gerando, assim, a noção de
pertencimento da qual a comunidade faz parte.
Diante da problemática da preservação do ambiente construído versus a interação
dos visitantes, os profissionais que lidam diariamente com a questão devem estar atentos
e preparados para resolvê-las assim que forem apresentadas. Direcionar a
responsabilidade da conservação/ preservação somente aos profissionais de
conservação-restauração e aos órgãos públicos, como o IEPHA, é preocupante uma vez
que os conceitos de educação patrimonial devem ser discutidos e realizados por diversos
outros profissionais que podem e devem colaborar com o objetivo das instituições em
questão: preservar e valorizar o acervo.
Esses locais públicos devem, acima de tudo, estar preparados para receber toda a
diversidade de visitantes e promover, de formas semelhantes, as experiências propostas
pelas instituições. A especificidade dos deficientes visuais leva todos os questionamentos
descritos acima a um parâmetro pouco pensado e estudado.
Os visitantes dos museus ou centros culturais são os mais diversos possíveis, porém
os deficientes visuais estão cada vez mais presentes e precisam interagir das maneiras
mais acessíveis, pensando nas ações de inclusão dentro das galerias e dos espaços
arquitetônicos.
Um breve histórico de ações educativas com foco para os Deficientes visuais
Segundo o Conselho Internacional de Museus – ICOM, a missão de uma
instituição museal é:
“O museu é uma instituição permanente, sem finalidade lucrativa, a
serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberta ao público, voltada
à pesquisa dos testemunhos materiais do homem e de seu entorno, que os
adquire, conserva e comunica e, notadamente, expõe, visando estudos,
educação e lazer”. (ICOM, 1987, APUD Lourenço, 1999, p.12).
Atualmente a educação patrimonial estar em voga e dialoga diretamente com a
missão dos museus e centros culturais, no entento pode-se encontrar um empecílio
relacionado a conservação preventiva do acervo e do próprio espaço edificado.
O Conservador de Bens Culturais Móveis, muita das vezes presente nas
instituições museais, juntamente com outros profissionais de diferentes setores do museu,
trabalha para prolongar ao máximo a existência dos objetos expositivos preservados. A
atuação está inserida no contexto físico - químico do acervo e, assim, o conservador faz o
possível para controlar, da melhor maneira possível, todos os objetos expostos ou em
reservas técnicas. Segundo Yacy Ara Froner e Luis Souza, (2008) o conservador está
incumbido de analisar todos os fatores que podem acelerar a degradação dos objetos em
questão e, mesmo compreendendo a vida relativa de qualquer material irá estudar
medidas e formas de desacelerar esse processo.
Desta forma, objetos em exposição estão vulneráveis a diversos fatores de
degradação, inclusive ao toque humano. Essa ação tátil faz parte de políticas públicas
culturais de inclusão social, (as ações de acessibilidade) que podem representar um
grande desafio para a conservação preventiva. E desta forma, a política cultural de
preservação da cultura deve ser desenvolvida diretamente com as medidas de
conservação preventiva do objeto exposto.
Um momento marcante para o desenvolvimento de exposições e ações acessíveis
foi na década de 1990 no Museu de Arte Contemporânea – São Paulo, MAC – SP, sob
direção de Ana Mae Barbosa, o projeto “Museu e a pessoa deficiente” e depois
denominado “Museu e o publico especial” a partir de 1998. O projeto em questão levou
acessibilidade para uma exposição no MAC SP.
Com o passar dos anos, várias diretrizes para a conservaçao do patrimonio e, ao
mesmo tempo, promover a acessibilidade aos visitantes de um modo geral foram criadas,
como por exemplo a Carta da Guatemala e UNESCO.
Então, somente no final da década de 1990, os museus iniciaram ações mais
efetivas de acessibilidade para públicos com deficiência. Para efetivar a missão dos
museus e centros culturais inclusivos, iniciou-se o pensamento sobre a expografia
acessível e ações pedagógicas desenvolvidas pelos setores de arte educação. Segundo
Cecília Correia e Francisca Michelon:
“A partir da avaliação dos critérios de deslocamento, usabilidade,
comunicação, conforto e estratégias de recepção e permanência aplicáveis
a todos os públicos, buscou-se formular uma proposta que traduzisse o
esforço em promover acessibilidade para pessoas com deficiência motora
e sensorial em museus, consignando, dessa forma, o desejo de viabilizar o
conceito basilar de um ambiente que oferece a possibilidade de receber
grupos diversos.” (CORREIA, Cecília, MICHELON, Francisca, 2013).
Isso se traduz, basicamente, em ações do educativo, que desenvolvem projetos
paralelos as exposições ou diretamente ligadas ao momento de conceituação e criação
da exposição.
EXPOGRAFIA ACESSÍVEL AOS DEFICIENTES VISUAIS
Dentro de museus e centros culturais existem exposições de curta ou longa
duração. Para isso, os espaços museais contam com profissionais que planejam,
concebem e mantém as exposições. Os profissionais que elaboram as exposições terão
um amplo papel e, possivelmente, irão abordar a acessibilidade para diferentes públicos.
Quando um espaço está inserido em conceitos de acessibilidade, implicitamente
quer dizer que:
“A acessibilidade aplicada aos espaços culturais indica que todas as
esferas envolvidas no acesso ao patrimônio cultural, isto é, as exposições,
sejam elas temporárias ou de longa duração; os espaços de
conveniência... perceptíveis a todas as formas de comunicação e com sua
utilização de forma clara, permitindo a autonomia dos usuários”. (SARRAF,
Viviane, 2013)
A expografia é a materialização do processo visual e conceitual, que
posteriormente viabilizará, de maneira com que os outros setores da instituição, como o
educativo, consiga colocar em prática através da mediação aos objetos expostos. Assim,
expografia pode ser definida, de acordo com Maria Ignez Franco:
A Expografia é a área da Museografia que se ocupa da definição da
linguagem e do design da exposição museológica, englobando a criação
de circuitos, suportes expositivos, recursos multimeios e projeto gráfico,
incluindo programação visual, diagramação de textos explicativos,
imagens, legendas, além de outros recursos comunicacionais (FRANCO,
2008, p.61).
Em suma, expografia abrange os recursos visuais, como legendas, iluminação,
mobiliário e organização do layout do espaço. Tudo isso que alimenta o espaço expositivo
para contextualizar o cenário, no qual, irá abrigar os objetos da exposição.
Desta forma todos os profissionais responsáveis pelas elaborações do design das
exposições devem atentar-se aos produtos que compõem a expografia. Assim, os
recursos disponíveis estarão alinhados à promoção da comunicação inclusiva. Sobre o
tema, Viviane Sarraf (2012) diz que:
Para tornar o design de exposições, espaços e projetos culturais
acessíveis e atrativos para todas as pessoas, considerando diferentes
formas de percepção, comunicação, locomoção e compreensão são
necessárias novas diretrizes de pensamento e atuação que proporcionem
proposições inclusivas: adequações arquitetônicas baseadas no Desenho
Universal, adequações comunicativas inclusivas e acesso à informação
livre de barreiras. Cada uma dessas proposições pode ser viabilizada por
meio de ações específicas como exemplificadas a seguir:
Adequações arquitetônicas baseadas no Desenho Universal que
podem ser resumidas em:
. Projeto arquitetônico e expográfico livre de barreiras de acesso,
circulação e fruição;
. Sinalização e informação multimodal (sonora, gráfica, tátil e símbolos),
com contraste e tamanhos que proporcionem acuidade adequada para
leitura;
. Equipamentos de informação e comunicação de fácil manuseio e
entendimento;
. Mobiliário que considere as diferenças dos indivíduos (estaturas
baixas, pessoas em cadeiras de rodas, crianças, pessoas com problemas
de locomoção e visão). (SARRAF, Viviane, 2012).
Para ilustrar uma expografia envolta nos conceitos acessíveis descritos acima,
cabe relatar a exposição intitulada “Galeria tátil”, (Imagem 1) - na Pinacoteca do Estado
de São Paulo que apresenta exposição com 12 esculturas táteis, em bronze, e fazem
parte do acervo do museu. A exposição de longa duração está prevista para ficar até
2020. A exposição conta com recursos expográficos conceituados nos parâmetros
arquitetônicos, de mobiliários, sinalização, e principalmente, ao acesso aos acervos
exposto.
“Com esta iniciativa, o público com deficiências visuais poderá explorar e
reconhecer, por meio do toque, todas as obras da Galeria Tátil,
apresentadas segundo um criterioso padrão de acessibilidade e
complementadas por outros recursos de apoio, como folder e catálogo em
dupla leitura (tinta e Braille), além de áudio-guia elaborado especialmente
para o público alvo participante desta exposição. Entre os artistas
selecionados para a mostra estão Rodolfo Bernardelli, Victor Brecheret,
Bruno Giorgi, Amilcar de Castro, entre outros. A disponibilidade destes
materiais pode ser consultada na recepção do museu”.
(<http://www.pinacoteca.org.br/pinacoteca-pt/default.aspx?
c=exposicoes&idexp=1086&mn=537&friendly=Exposicao-Galeria-Tatil>
Acesso em: 01 de maio de 2014.)
Imagem 1 – Galeria tátil da Pinacoteca de São Paulo. Detalhe da expografia acessível com pisos táteis,
mobiliário que facilita o acesso e manipulação de pessoas que usam cadeira de rodas.
Outro exemplo de espaço expositivo com acessibilidade é na Fundação Dorina Nowill, em
São Paulo. A fundação recebe diariamente vários deficientes visuais e, mantém um local de
exposição na própria instituição. O espaço expositivo concentra um pouco da história da instituição,
além de trazer informações sobre instrumentos que facilitam a vida do público alvo. As primeiras
exposições foram pensadas para abrigar os objetos expositivos dentro de vitrines de acrílico que
abriam permitindo o toque. O objetivo era tornar o material acessível e protegido de poeiras
presentes no meio ambiente. Confirmando, assim que a conservação do material expositivo e a
acessibilidade sempre foram pensadas.
A atual exposição da instituição Dorina Nowill conta com um espaço todo adaptado,
(imagem 2 e 3) onde a demanda foi estudada e segue instruções do desenho universal, além de se
preocupar com a conservação do acervo. Em visita técnica a instituição, (visita técnica ao Instituto
Dorina Nowill em Fevereiro de 2014), a profissional Juliane Suemy, psicologa da instituição,
revelou a preocupação com o espaço expositivo: “Precisamos de bancadas que estejam a uma
altura ideal baseadas no desenho universal para pessoas com cadeiras de rodas e que deixam o
material acessível para pessoas com deficiência visual tocar”1.
Imagem 2 e 3 – Expografia acessível Fundação Dorina Nowill – Bancadas acessíveis para pessoas que usam
cadeira de rodas e pisos táteis para deficientes visuais.
A construção de bancadas com bases preenchidas na parte da frente se justifica
pelo uso de bengalas por deficientes visuais para poderem reconhecer um obstáculo/
mobiliário expositivo. Porém, as pessoas que se movimentam com cadeiras de rodas
precisam ter acesso ao interior do mobiliário para poderem se aproximar dos objetos
expostos, na parte superior das bancadas, (fig. 3). A alternativa se torna eficiente com o
auxilio de pisos táteis instalados por todo o espaço expositivo.
Desenho universal – métodos e estratégias para tornar as coleções de exposições acessíveis
As exposições inclusivas contam com uma variedade de recursos expográficos
(citados no item anterior) e, também, com as proposições do desenho universal.
Cambiaghi e Carletto ressaltam o valor do desenho universal2:
Desenho universal não é uma tecnologia direcionada apenas à que
dele necessitam; é desenhado para todas as pessoas. A ideia de desenho
universal é, justamente, evitar a necessidade de ambientes e produtos
especiais para pessoas deficientes, assegurando que todos possam utilizar
com segurança e autonomia os diversos espaços construídos e objetos.
(CAMBIAGHI; CARLETTO, 2010, p.10).
1 SUEMY, Juliane. Entrevista I. [Fev. 2014]. Entrevistador: Matheus Rocha Moreira. São Paulo, 2014.
2 Segundo o autor Marcelo Guimarães a diferença entre design e desenho universal é: “O desenho universal se insere no conceito de design universal, o qual devemos utilizar preferencialmente quando nos referirmos à vivência dos usuários no meio construido para acessibilidade. O design universal que se estrutura em princípios generalizantes enquanto processo e produto da acessibilidade ambiental, mas também serve de inspiração como referência máxima de qualidade enquanto inclusão de todos, discreta e onipresente. Mais do que um simples traço fortuito e genial de síntese formalizada pelo profissional, um desenho, o design universal implica numa manisfestação cultural entre profissionais e seu público que tem como ponto inicial de todo o trabalho, e sempre em primeiro plano, o respeito à diversidade das características e experiências dos usuários pelos ambientes onde atuam”. (GUIMARÃES, Marcelo, S/D).
Com isso, os ambientes devem ser planejados dentro dos padrões de
acessibilidade e, sendo assim, promoverem a visitação autônoma. O design inclusivo está
fundamentado no princípio da comunicação acessível e com isso, na diversidade humana.
Sobre o tema, Patrícia Martins (2008) diz:
O design inclusivo contempla os aspectos não só físicos, mas também
comunicacionais tão importantes para garantir o elo entre o público e os
museus. Muitas vezes esse elo nem sequer chega a acontecer quando
existe sobretudo uma barreira na comunicação. Até porque, e tomando
apenas como base situações relacionadas a deficiência visual, as pessoas
cegas ou com baixa-visão enfrentam diariamente, cada vez que saem à
rua, o problema das barreiras arquitectónicas. Para além do mais, arrisco-
me a afirmar que muitas das barreiras arquitectónicas detectadas em
museus situados em edifícios históricos possam ser solucionadas sem ferir
a estrutura do edifício, basta analisar o assunto sem cepticismos e partindo
do pressuposto que dificilmente se tornariam acessíveis. No entanto,
pensa-se que não é esse o motivo que os afasta do museu, mas antes a
barreira comunicacional. Deste modo, partindo da ideia que as barreiras
arquitectónicas de um museu não podem ser solucionadas, há que
compensar esta falha com a acessibilidade na comunicação. (MARTINS,
Patrícia, 2008)
Dischinger e Bins Ely (2005) definem espaço acessível como aquele de fácil
compreensão, que permite ao usuário comunicar-se, ir e vir e participar de todas as
atividades que o local proporcione, sempre com autonomia, segurança e conforto,
independente de suas habilidades e restrições.
Para isso, o desenho universal foi definido por pesquisadores da América do norte
em sete princípios básicos, são eles:
1º - Igualitário – Os objetos e espaços devem ser utilizados por todas as pessoas,
independente de serem ou não pessoas com deficiência.
2º - Adaptável – Uso flexível. Todas as proposições devem ser adaptáveis para
qualquer pessoa.
3º - Óbvio – O uso deve ser simples e intuitivo.
4º - Conhecido – Qualquer pessoa deve saber perceber e usufruir do objeto ou
local com os conhecimentos pessoais de cada um.
5º - Seguro – deve ter a menor probabilidade de acidentes.
6º - Sem esforço – Deve ser usado sem esforço físico.
7º - Abrangente – Deve abranger a todos, pensando na diversidade física e
sensorial, por exemplo.
A exposição “Sentir pra Ver”, com curadoria da Amanda Tojal encontra-se
estruturada nos conceitos do desenho universal. Assim, as obras de arte foram expostas
e posicionadas adequadamente, enquadrando nos pontos criados pelo design universal.
Assim, a exposição conseguiu incluir de modo a respeitar os visitantes de um modo geral.
Essa observação é relevante em exposições para deficientes visuais que, em alguns
casos, irão tocar ou interagir de outras formas como, por exemplo, através de uma
legenda em Braille ou que levem e consideração os outros sentidos que não somente o
visual.
Normalmente a expografia é realizada de forma que as pessoas consigam circular
e observar as obras expostas. A funcionalidade é fundamental, e para isso, alguns
princípios se encaixam aqui. Desta forma, o trabalho será muito maior para realizar uma
adaptação que atenda a todos os públicos. Além de ser funcional precisa ser
compreensível, e para isso, a sinalização, legendas, pictogramas devem ser posicionados
em locais previamente estudados e coerentes com o espaço expográfico. Assim, o
resultado final dessas ações será uma exposição agradável a todos os visitantes.
Desta forma, a instituição deverá atentar-se para as regulamentações que
garantem os itens analisados anteriormente.
“Segundo a Norma Brasileira de Acessibilidade ABNT NBR 9050,
da Associação Brasileira de Normas Técnicas, acessibilidade é a
possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a
utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário,
equipamento urbano e elementos”. (SARRAF, Viviane, 2012).
Logo, para que os museus e centros culturais sejam acessíveis é necessário que a
expografia, e as ações pedagógicas, promovam a acessibilidade dentro das normas de
acessibilidade, como NBR e as propostas pelo caderno de acessibilidade.
“Para que os princípios da acessibilidade e da inclusão social das
pessoas com deficiência sejam viabilizados nos espaços culturais, além do
cumprimento dos parâmetros expressos na legislação e nas normas
nacionais e internacionais é necessário desenvolver estratégias para
renovação de parâmetros em:
. Linguagem expositiva: formas de representação inclusivas e sensoriais;
. Informação: conteúdos diretos e claros, que possam ser percebidos de
forma multimodal;
. Mediação e Comunicação: formas alternativas de transmissão e
compartilhamento de conceitos e conteúdos que incentivem maneiras
diferentes de fruição e comunicação;
. Recepção de visitantes: eliminação de preconceitos e barreiras atitudinais
para proporcionar o acolhimento. (SARRAF, Viviane, 2012).
Todas as ações descritas acima compõem propostas para expografias acessíveis
e, também como medida de evitar acidentes por pessoas com deficiencia ou não. O fato
de existir sinalizações táteis no chão e nas paredes deixam os visitantes mais atentos, no
caso dos videntes, e acessível para os visitantes com deficiencia. Essas medidas são
fundamentais para a redução de acidentes entre visitantes e acervo exposto. A maioria
dos acidentes é provocada por esbarrões durante a circulação das pessoas nas galerias
ou em locais que compreendem acervos expostos. O Conservador desenvolve ações e
medidas preventivas para se tornar o objeto exposto menos vulnerável e com qualidade
expográfica.
Bibliografia LOURENÇO, M.C.F. (1988). Acervo da Pinacoteca: memória do gosto ou mecanismos para inclusão. In: Pinacoteca do
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Revista Memória em Rede, Pelotas, v.3, n.9, Jul./Dez.2013 – CORREA, Celina Maria, MICHELON, Francisca Ferreira.
FRANCO, Maria Ignez Mantovani. Processos e métodos de planejamento e gerenciamento de
exposições In: 3º Fórum Nacional de Museus. Planejamento e organização de exposições
(Parte II). 2008 [Slides em Powerpoint/ PDF, pp.1-31]. Disponível em:
<http://www.difusaocultural.ufrgs.br/admin/artigos/arquivos/Planejamentoeorganizacaodeexp
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SARRAF, Viviane, A comunicação dos sentidos nos espaços culturais brasileiros: estratégias de mediação e acessibilidade
para as pessoas com suas diferenças. Pág. 77. 2013
SARRAF, Viviane, Acessibilidade para pessoas com deficiência em espaços culturais e exposições: inovação no design de
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SARRAF, Viviane Panelli. Reabilitação do Museu: políticas de inclusão cultural por meio da acessibilidade. 180p., il., 3
anexos. Dissertação (Mestrado). Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2008
MARTINS, Patrícia, A Inclusão pela arte: museus e públicos com deficiência visual. Lisboa, Portugal, dissertação
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XXIV Colóquio CBHA- Teoria da recepção e o estudo da arte moderna musealizada. LOURENÇO, Maria Cecília França.