Amebíase - Resumo
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Amebíase
A amebíase é definida como a infecção do homem pela Entamoeba histolytica.
Na amebíase 90% dos indivíduos infectados são assintomáticos ou apresentam o quadro clínico
como colite não-disentérica.
A E. histolytica é um complexo formado por duas espécies morfologicamente idênticas
o E. histolyt ica : patogênica e invasiva, possuindo diversos graus de virulência e produzindodiversas formas clínicas da doença.
o E. díspar : não invasiva e não virulenta, podendo em alguns casos produzir erosões na
mucosa intestinal, sem no entanto invadi-la. Esta ameba seria responsável pela maioria dos
casos assintomáticos e por aqueles com colite não-disentérica.
Classificação
Todas as espécies do gênero Entamoeba vivem no intestino grosso de humanos ou de animais, à exceção
da Entamoeba moshkoviskii , que é uma ameba de vida livre.
As espécies de ameba pertencentes ao gênero Entamoeba foram reunidas em grupos diferentes, segundo
o número de núcleos do cisto maduro ou pelo desconhecimento dessa forma. São eles:
1) Entamoeba com cistos contendo oito núcleos, também chamada grupo coli: E. coli (homem), E.
muris (roedores). E. gallinarum (aves domésticas).
2) Entamoeba de cistos com quatro núcleos, também chamada grupo hystolytica: E. histolytica
(homem), E. díspar (homem), E. ranarum (sapo e rã), E. invadens (cobras
3) e répteis), E. moshkoviskii (vida livre).
4) Entamoeba de cisto com um núcleo: E. polecki (porco, macaco e, eventualmente, humanos), E.
suis (porco, para alguns sinonímia de E. polecki).
5) Entamoeba cujos cistos não são conhecidos ou não possuem cistos: E. gingivalis (humanos e
macacos).
Dessas oito espécies, a E. gengivalis vive na cavidade bucal e as demais vivem no intestino grosso, e a E.
hitolytica é a única que em determinadas situações pode ser patogênica.
Entamoeba histolytica Sua prevalência é menor do que a da E. dispar
É mais comum nas regiões tropicais e subtropicais, não só devido as condições climáticas, mas
também devido às precárias condições sanitárias e a baixo nível socioeconômico das populações
que vivem nessas regiões.
A amebíase é a segunda doença causadora de mortes por protozoários, somente superada pela
malária.
Morfologia Trofozoíto
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Mede de 20 até 40ym, mas pode chegar a 60pm nas formas obtidas de lesões tissulares (forma
invasiva); em culturas ou disenterias, os trofozoítos medem entre 20 e 30 pm.
Vivem no intestino grosso, podendo ser também encontrados nas ulcerações intestinais, nos
abcessos hepáticos, pulmonares, cutâneos e, mais raramente, no cérebro.
São tradicionalmente considerados anaeróbicos, por não possuírem mitocôndrias e citocromos. No
entanto, têm uma limitada capacidade de consumir oxigênio e são capazes de crescer em uma
atmosfera contendo até 5% de oxigênio.
Geralmente tem um só núcleo, bem nítido nas formas coradas e pouco visível nas formas vivas.
A movimentação quando observados a fresco, logo após a eliminação das fezes ou em cultura, faz-
se de maneira rápida e unidirecional, através da emissão contínua de pseudopodos grossos e
explosivos.
O núcleo é bem visível e destacado, geralmente esférico. A membrana nuclear é bastante delgada
e a cromatina justaposta internamente a ela é formada por pequenos grânulos, uniformes no
tamanho e na distribuição, dando ao núcleo um aspecto de anel (aliança de brilhante). Na parte
central do núcleo encontra-se o cariossoma, também chamado endossoma. E pequeno e com
constituição semelhante à cromatina periférica. Às vezes, o cariossoma apresenta-se formado por
pequenos grânulos centrais, dando centrais uma configuração, com a cromatina, de "roda de
carroça".
Pré cisto
É uma fase intermediária entre o trofozoíto e o cisto. É oval ou ligeiramente arredondado, menor
que o trofozoíto. O núcleo é semelhante ao do trofozoíto. No citoplasma podem ser vistos corposcromatóides, em forma de bastonetes, com pontas arredondadas.
Metacisto
É uma forma multinucleada que emerge do cisto no intestino delgado, onde sofre divisões, dando
origem aos trofozoítos.
Cistos
São esféricos ou ovais, medindo 8 a 20pm de diâmetro, com a parede cística rígida, provavelmente
de quitina e glicoproteína, o que lhes confere certa resistência
Contem de um a quatro núcleos, com morfologia semelhante à descrita para os trofozoitos. Os
núcleos são pouco visíveis. Corados com lugol, os núcleos ficam bem visíveis, juntamente com os
corpos cromatóides (massas de ribossoma envolvidos com a síntese de proteína), e forma de
bastonetes e de ponta arredonda.
Encontramos também no citoplasma dos cistos regiões que se coram de castanho pelo lugol: sãoas reservas de glicogênio, também chamadas "vacúolos de glicogênio".
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Em preparações sem coloração ou a fresco, eles aparecem como corpúsculos halinos, claros, às
vezes de coloração palha,com as paredes refringentes.
Os cistos não são encontrados em tecidos, e sim nas fezes formadas dos indivíduos parasitados
pela E. histolytica, e quando as condições ao encistamento são favoráveis.
O cisto é a forma de resistência, responsável pela transmissão da amebíase, que se faz através da
contaminação de alimentos, água ou diretamente por contato de pessoa a pessoa.
Somente os cistos tem importância na transmissão de amebas, pois são as únicas formas
infectantes.
Alimentação
A alimentação da E. histolytica se dá, principalmente, por fagocitose de partículas volumosas como
hemácias, grânulos de amido e outros detritos. A fagócitose se processa após o contato seguido pela
aderência da membrana da ameba à partícula, ocorrendo em seguida endocitose por meio de vacúolo
digestivo ou fagossomo. Em seguida, através de um processo enzimático ocorrido no interior dovacúolo digestivo, as substâncias são transformadas e absorvidas pelo trofozoíto. Outro processo de
alimentação se faz através da pinocitose, em ingestão d elíquidos ou substâncias nele dissolvidas,
através dos vacúolos e dos canalículos de pinocitose que atingem o interior do citoplasma, onde as
substâncias são absorvidas.
Reprodução
Dá-se através da divisão binária simples, no trofozoíto, e múltipla, nos cistos.
Ciclo biológico
O ciclo biológico da E. histolytica é monoxênico e relativamente simples. Podem ser observados durante o
ciclo quatro estágio consecutivos: trofozoítos, pré-cistos, cistos e metacistos. O ciclo se inicia pela ingestão
dos cistos maduros, junto de alimentos e água contaminados. Passam pelo estômago, resistindo à ação
do suco gástrico, chegam ao final do intestino delgado ou início do intestino grosso, onde ocorre o
desencistamento, com a saída do metacisto, através de uma pequena fenda na parede cística. Em
seguida, o metacisto sofre sucessivas divisões nucleares e citoplasmáticas, dando origem a quatro e
depois oito trofozoítos, chamados trofozoítos metacísticos. Estes trofozoítos migram para o intestino
grosso onde se colonizam. Em geral, ficam aderidos à mucosa do intestino, vivendo como um comensal,
alimentando-se de detritos e de bactérias. Sob certas circunstâncias, ainda não muito bem conhecidas,
podem desprender da parede e, na luz do intestino grosso, principalmente no cólon, sofrer a ação da
desidratação, eliminar substâncias nutritivas presentes no citoplasma, transformando-se em pré-cistos; em
seguida, secretam uma membrana cística e se transformam em cistos, inicialmente mononucleados.
Através de divisões nucleares sucessivas, se transformam em cistos tetranucleados, que são eliminados
com as fezes normais ou formadas. Geralmente não são encontrados em fezes liquefeitas ou disenténcas.
Ciclo Patogênico
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Em situações que não estão bem conhecidas, o equilíbrio parasito-hospedeiro pode ser rompido e os
trofozoítos invadem a submucosa intestinal, multiplicando-se ativamente no interior das úlceras e podem,
através da circulação porta, atingir outros órgãos, como o fígado e, posteriormente, pulmão, rim, cérebro
ou pele, causando a embíase extra-intestinal. O trofozoíto presente nestas úlceras é denominado forma
invasiva ou virulenta
Transmissão
O mecanismo de transmissão ocorre através de ingestão de cistos maduros, com alimentos (sólidos ou
líquidos).
Manifestações clínicas
Formas Assintomáticas: Enquadra-se neste caso a grande maioria das infecções humanas pela E.
histolytica: 80% a 90% são completamente assintomáticas e a infecção é detectada pelo encontro
de cistos no exame de fezes
Formas Sintomáticas
o Amebíase Intestinal
Colite disentérica: aparece mais frequentemente de modo agudo, acompanhada decólicas intestinais e diarréia, com evacuações mucossanguinolentas ou com
predominância de muco ou de sangue, acompanhadas de cólicas intensas, de
tenesmo ou tremores de frio.
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Colite necrotizante: lesões de camadas da mucosa, ocasionando ulcerações
profundas, isquemia e hemorragias que comprometem extensas áreas do intestino
grosso, mais precisamente o ceco e o cólon ascendente, culminando com
perfurações e consequente peritonite.
Ameboma: provoca um reação no tecido conjuntivo com a formação granulomatosa
responsável por edema e estreitamento da luz do intestino. Os indivíduos com essa
manifestação queixam-se de surtos esporádicos de diarreia, inapetência e perda de
peso, as vezes, há constipação intestinal.
Colite não disentérica: se manifesta por duas a quatro evacuações, diarréicas ou
não, por dia, com fezes moles ou pastosas, às vezes contendo muco ou sangue.
Pode apresentar desconforto abdominal ou cólicas, em geral localizadas na porção
superior.
o Amebíase Entra-Intestinal
Hepática
Pulmonar
Cutânea
Outras localizações
Diagnóstico clínico
Parasitológico de fezes
o Exame direto a fresco realizado com fezes diarreicas diluídas em solução salina
tamponada, objetivando identificar trofozoítos.o Métodos de concentração – MIF.
o Fixação e coloração pela hematoxilina férrica.
o Método de Faust para encontro de cisto em fezes formadas.
Testes Sorológicos
Exames inespecíficos
Hemograma
Bioquímica do sangue
Exames endoscópicos
Exames por imagem
Tratamento
O tratamento da amebíase deve ser realizado com drogas efetivas capazes de promover concentrações
elevadas na luz do intestino e em qualquer local que possa ser invadido pela E. histolytica. Os
medicamentos utilizados no tratamento da amebíase podem ser divididos em três grupos:
1) Amebicidas que atuam diretamente na luz intestinal;2) Amebicidas tissulares;
3) Amebicidas que atuam tanto na luz intestinal como nos tecidos.
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Profilaxia
Não ingerir água e alimentos suspeitos.
Não usar excrementos como fertilizantes de hortas.
Manter sanitários limpos.
Lavar as mãos antes das refeições e após a defecação.
Procurar tratar os portadores de cistos.