Aula 2
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MUNDO DO TRABALHO: CONSTRUÇÃO HISTÓRICA E
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOSBORGES, L. O. & YAMAMOTO, O. H. (2014). Mundo do trabalho: construção histórica e desafios contemporâneos. Psicologia, Organizações e trabalho no Brasil, 25 – 72.
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INTRODUÇÃO
• O mito de Sísifo (o epítome do trabalho inútil)• Origem da trabalha Trabalho: Tripalium, trabicula – Termos relacionados a tortura.• Trabalho deve ser necessariamente associado a sofrimento?• Trabalho é objeto de múltipla e ambígua atribuição de significado e/ou sentidos• Psicólogos organizacionais e do trabalho estudam o trabalho humano (intencionalidade e
intermediação da cultura”. ”Quando uma forma de exercer o trabalho tenta eliminar a necessidade de intencionalidade humana ou suas capacidades cognitivas, tenta descaracterizar o próprio trabalho na sua condição humana”.
• Emprego é uma forma específica de trabalho econômico (que pressupõe remuneração regulado por um acordo contratual de caráter jurídico.
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CONCEPÇÃO DO TRABALHO: DA DEGRADAÇÃO A SUA GLORIFICAÇÃOANTIGUIDADEPlatão e Aristóteles (exaltavam a ociosidade):Platão: cidadãos deveriam ser poupados do trabalhoAristóteles: valorizava a atividade política e referia-se ao trabalho como atividade inferior.Profissões mecânicas limitavam a intelectualidade e especulações mercantis degradavam eticamente;O trabalho competia aos escravos (Grécia e Roma)Caldeus, Hebreus, orientais e primeiros cristãos, entre outros, tinham ideias distintas sobre o trabalho daquelas mais conhecidas da antiguidade
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AS TRÊS CONCEPÇÕES DO TRABALHO
Influências
Contexto Papel do trabalho Descrição do trabalho Real Valores
Clássica Filosofia Clássica
Antiguidade clássicaRegime de trabalho: escravo
Conceito restrito de trabalho: trabalho braçalExaltação do ócio
DegradanteInferiorDesgastanteDuroBase de poder: força e coerção
ÓcioMeditação
Capitalista Tradicional
Economia clássica
Surgimento do capitalismoMercado concorrencialConfronto com o mercantilismo e com o absolutismoSurgimento do contrato de trabalho
Glorificação do trabalho como o único meio digno de ganhar a vidaCombate ao ócioExaltação do sucesso econômico-financeiroTrabalho duro como gerador da abundância geral
Mercadoria e econômicoCisão entre concepção e execuçãoPlanejado e concebido por especialistas e gerentesDisciplinadoSimplificado e parceladoDuroLarga escalaEstritamente supervisionadoRequisitos mínimosBase de poder: recompensas e coerção, saber e propriedade
MercadoriaSucesso financeiro por capacidade dos indivíduos e dedicação ProdutividadePadronizadoEsforço amenizado pela máquina e por ferramentasObediência e subordinaçãoProdução em larga escala Trabalho duro em oposição ao ócio
Marxista Marxismo
Capitalismo instalado no berço do capitalismoSurgimento das classes capitalistas e proletáriasOposição entre interesses do capital e dos trabalhadores
Estrutura da vida das pessoas e das sociedadesOntológico, vinculado à produção da condição humana
MercadoriaAlienanteExploratórioHumilhanteMonótono e repetitivoDiscriminanteEmbrutecedorSubmisso
HominizadorExpressivo e produtor de identidadesRecompensas de acordo com as necessidades de cada umDignificanteDe controle coletivoProtegido pelo Estado
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CONCEITO DE CAPITALISMO
• O capitalismo é um sistema econômico onde os meios de produção, distribuição, decisões sobre oferta, demanda, preço e investimentos são em grande parte ou totalmente de propriedade privada, com fins lucrativos. Os lucros são distribuídos para os proprietários que investem em empresas. Predomina o trabalho assalariado. É dominante no mundo ocidental desde o final do feudalismo.[1] - Wikipedia
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CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO APÓS CAPITALISMO• Trabalho tem valor de troca• A mais-valia é o prolongamento do processo de formação de valor, resulta de um
excedente quantitativo de trabalho na duração prolongada do processo de produção• O capitalista busca forma de aumentar a quantidade produzida com a menor quantidade
de trabalho (mais valia relativa)• Para Adam Smith, a manufatura aumentaria a abundância geral difundindo-a entre todas
as camadas sociais e postulou o aumento da produtividade através da especialização do trabalhador (considerou a divisão do trabalho uma consequência da propensão da natureza humana para permutar, negociar, e trocar bens e das faculdades da razão e da linguagem)
• Sofisticação da divisão de trabalho + máquina = introdução e aperfeiçoamento do capitalismo.
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CARACTERÍSTICAS DO TRABALHO APÓS CAPITALISMO• Max Weber – A Ética protestante: mostra o papel da reforma protestante na formulação
ideológica. O luteranismo criou a noção de vocação, que consistia em um chamado de Deus para a realização de um trabalho secular ou uma missão. A profissão poderia ser concebida como um dom divino.
• O trabalho deve ser concebido como uma categoria central que os indivíduos devem tomar como prioridade em suas vidas, porque deverá prover a abundância geral e o sucesso individual.
• A história do desenvolvimento capitalista é, também, a história da resistência dos trabalhadores.
• Séculos XVIII e XIX: marcado pelo crescimento do movimento sindical na Europa.• Marx x Smith: descordavam, também sobre o parcelamento do trabalho.
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A SECULARIZAÇÃO DA CONCEPÇÃO DE TRABALHO
• Cenário do século XIX: organização dos trabalhadores, influências do positivismo (valorização da razão, objetividade, desenvolvimento científico e evidências empíricas)
• Surgimento da Administração Científica (Taylor e Fayol)• Taylor (1980, princípios da administração científica): define que o objetivo principal dos sistemas em
administração é assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tem, o máximo de prosperidade ao empregado.
• Pregava a seleção científica de trabalhadores e treinamento sistemático para aumento de produtividade.• Abordagem integrativa: conciliação entre trabalho e capital.• Fayol: partiu de uma visão macroscópica da organização preocupando-se com as funções de
gerenciamento;• Fordismo: perspectiva integrativa que contribui com inovações tecnológicas e econômicas (produção em
massa. Teve estratégicas para diminuição do abseteísmo (five dollars day) e criação de departamento social.
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CONSTRUÇÃO DO ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL E A CONSOLIDAÇÃO DO GERENCIALISMO
• Cenário do século XX: Guerras mundiais, guerra fria, medo vermelho, grande depressão, ascensão do nazismo.
• Keynesianismo: Keynes considerava o capitalismo liberal como incompatível com a manutenção do pleno emprego e estabilidade econômica. Suas idéias incentivaram a regulação do mercado pelo Estado e entenderam o consumo como necessário a prosperidade.
• Ciclo virtuoso/progressista: consumo gera demanda de produtos, que gera empregos e estes, por sua vez, mantém os níveis de consumo.
• Novo modelo de desenvolvimento baseado no tripé: organização do trabalho; regime de acumulação de capital e regulação de conflitos com larga institucionalização. (Estado de bem-estar/Walfare State)
• Convenção coletiva de trabalho: pacto social, instrumento para lidar com o conflito capital-trabalho.• Estado do bem-estar: felicidade por meio de consumo – modelo Estadunidense e almejado por países
subdesenvolvidos.• Trabalho: mantém seu papel instrumental para fins econômicos, mas também para possibilitar qualidade a
relações interpessoais e de trabalho.
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DO ESGOTAMENTO E SUPERAÇÃO DO ESTADO DE BEM-ESTAR E SEUS IMPACTOS• Crises no Estado do bem Estar Social:• Déficit comercial no EUA e Europa a partir de 1961; Estilo de gerenciamento taylorista/fordista que inchou o
quadro das empresas; Perdas em produtividade em decorrência de resistência organizada dos trabalhadores; Críticas ao trabalho para fins de consumo.
• Organizações começaram a optar por práticas de redução de controle e abertura à participação: controle de qualidade, gestão participativa.
• No modelo anterior o bem estar era um resultado externo ao trabalho, sob os novos estilos gerenciais, o bem estar é um insumo necessário a realização das tarefas.
• Toyotismo: combinava a produção no momento específico (just in time) autoativação de produção • Fatores de mudanças no mundo do trabalho no século XXI: Mudanças na noção de distância/espaço; alta
circulação de capital financeiro; aumento de imprevisibilidade; bombardeio de informações.• Segmentalistas: separam as características/evolução do trabalho por segmento (trabalhadores rurais,
urbanos assalariados e autônomos, mercado primário subordinado e mercado primário independente)
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DUAS CONCEPÇÕES SOBRE O TRABALHO: ÉTICA DO LAZER E LAÇOS SOCIAIS• Ética do lazer: • Impossibilidade de superar a alienação no trabalho• Incapacidade do trabalhador de se conceber como parte do coletivo• Incapacidade de tornar-se sujeito do exercício do poder• Tecnologia substitui o proletariado• Ampliação da exclusão social• Surgimento da classe de não trabalhadores• A ação política e transformadora da sociedade não tem mais o trabalho como eixo• Movimentos sociais substituindo o movimento trabalhista em seu papel revolucionário• Caminha-se para uma sociedade sem trabalho• Propõe a redução do tempo de trabalho para desenvolver outros modos de sociabilidade
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DUAS CONCEPÇÕES SOBRE O TRABALHO: ÉTICA DO LAZER E LAÇOS SOCIAIS• Trabalho como laço social:• Diversidade de modos de produzir na contemporaneidade• Diversidade de profissões e trabalho• Flexibilização e desfiliação• Transição do industriamentalismo para o informacionismo• Redescoberta democrática do trabalho• Reconhecimento de que o trabalho segue implicado no processo de construção da
identidade• Reconstrução de novo pacto social
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