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Camilo Andrés Rusinque Guatibonza DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DA TENACIDADE DO BAMBU DO MODO I (K IC ) E MODO II (K IIC ) Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós- Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio. Orientador: Prof. Khosrow Ghavami Rio de Janeiro Julho de 2009

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Camilo Andrés Rusinque Guatibonza

DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DA TENACIDADE DO

BAMBU DO MODO I (KIC) E MODO II (KIIC)

Dissertação de Mestrado

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio.

Orientador: Prof. Khosrow Ghavami

Rio de Janeiro

Julho de 2009

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Camilo Andrés Rusinque Guatibonza

DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DA TENACIDADE DO

BAMBU DO MODO I (KIC) E MODO II (KIIC)

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.

Prof. Khosrow Ghavami Orientador

Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio

Prof. Paulo Gonçalves Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio

Prof. Normando Perazzo Barbosa Universidade Federal da Paraíba

Prof. Conrado de Souza Rodrigues

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas de Gerais

Prof. José Eugenio Leal Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico - PUC-Rio

Rio de Janeiro, 24 de julho de 2009

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Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução

total ou parcial do trabalho sem autorização da

universidade, autora e do orientador.

Camilo Andrés Rusinque Guatibonza

Graduou-se em Engenharia Civil na Universidade

Nacional da Colômbia, em dezembro de 2004.

Ficha Catalográfica

CDD: 624

Rusinque Guatibonza, Camilo Andrés

Determinação experimental da tenacidade do bambu do modo I (KIC) e do modo II (KIIC) / Camilo Andrés Rusinque Guatibonza ; orientador: Ghavami, Khosrow. – 2009. 69 f. : il. ; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil)–Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

Inclui bibliografia

1. Engenharia civil – Teses. 2. Materiais não convencionais. 3. Bambu. 4. Fratura. 5. Tenacidade. 6. Propagação de trincas. 7. Mecânica da fratura. 8. Modo. I. Khosrow, Ghavami. II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Civil. III. Título.

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Dedico a feliz conclusão desta dissertação aos meus pais, que me ensinaram o valor do trabalho, sacrifícios e deram para mim o ânimo para levar até o final este logro, a minha irmã quem é o

combustível da sua lâmpada que guia seu caminho e a Pato que se encaminhou comigo nesta aventura que agora vemos

terminada.

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Agradecimentos

Especialmente ao meu orientador, o professor Khosrow Ghavami que atendeu

minha necessidade de conhecimento e paixão pela engenharia.

A CAPES e FAPERJ por sua ajuda econômica durante minha vida no Brasil.

Ao Euclides e a Evandro, laboratoristas do Laboratório de Estruturas e

Materiais– LEM da PUC-Rio por sua ajuda, tempo e boas idéias para o

desenvolvimento deste trabalho.

Ao João Krause por seus conselhos oportunos, imaginação e vontade.

A minha família por dois anos de ausência.

A Patrícia........por tudo.

E a Deus pelo espírito e força para continuar.

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Resumo Rusinque Guatibonza, Camilo Andrés; Ghavami, Khosrow. Determinação Experimental da Tenacidade do Bambu do Modo I (KIC) e Modo II (KIIC). Rio de Janeiro, 2009. 69p. Dissertação de Mestrado - Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Durante as ultimas três décadas, as pesquisas cientificas sobre bambu

como material de engenharia concentraram-se na caracterização física e

mecânica nos níveis macro, meso, micro e alguns trabalhos no nível nano-

estructural. As praticas de uso de bambu inteiro mostram ao longo do tempo

trincas na superfície que são provocadas por razão da variação da umidade, da

temperatura e entalhes gerados durante o processo de fabricação de peças

estruturais. A presença das trincas tem grande influenciam na resistência

desses elementos. Este aspecto do comportamento do bambu ainda é assunto

de estudo na fase inicial. O presente trabalho apresenta os resultados da

pesquisa teórico-experimental realizada para a determinação dos valores

característicos dos fatores de intensidade de tensões, KC, e as taxas de

dissipação de energia, GC, para os modos I e II, utilizando metodologias

experimentais aplicadas aos materiais compósitos. Foi estudada a espécie

Dendrocalamus Giganteus da parte basal do bambu do campus da PUC-Rio. A

dimensão do corpo-de-prova tinha seção transversal retangular de 10x10mm e

100 mm de comprimento do vão livre com entalhes induzidos. Os corpos-de-

prova foram submetidos à flexão em quatro pontos para diferentes valores de

tamanho de entalhe. São apresentados os resultados de carga-deslocamento

na metade do comprimento e as deformações relativas nas faces externa,

interna e lateral dos corpos-de-prova. Os valores das taxas dissipação de

energia e fatores de intensidade de tensões foram calculados a partir da curva

de carga - deslocamento.

Palavras - chave Materiais não convencionais, bambu, fratura, tenacidade, propagação de

trincas, mecânica da fratura, modo I, modo II, KIC, KIIC.

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Abstract Rusinque Guatibonza, Camilo Andrés; Ghavami, Khosrow (Advisor). Experimental Determination of Fracture Toughness of Mode I (KIC) and Mode II (KIIC) do Bamboo. Rio de Janeiro, 2009. 69p. MSc. Dissertation - Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

During the last three decades, the research on bamboo as engineering

material was carried on through the physical and mechanic characterizations in

the levels macro, meso, micro and some works in the nano-structural level. In

practice, the use of entire bamboo shows cracks on the surface throughout the

time, that are provoked by variation of the moisture, the temperature and

notches generated during the process of manufacture of structural parts. The

crack presence has influences on the resistance of these elements. This aspect

of the bamboo behaviour is still subject of study in the initial phase. This work

presents the results of a theoretical and experimental research for the

determination of the characteristic values of the intensity stress factors, KC, and

the release energy, GC, for modes I and II, using methodologies applied to the

composites materials. It was studied the basal part of the specie

Dendrocalamus Giganteus of the Pontifícia Universidade Católica do Rio de

Janeiro campus (PUC-Rio). The specimens had rectangular shape with

transversal section of 10x10mm and 100mm of length with notch; each one was

tested in four points bend for different values of notch size. The results

correspond to curves load-displacement in the half span; and strain in the

external, internal and lateral sides of the specimen. The values of release

energy and intensity stress factors have been calculated from the curve load-

displacement.

Keywords No conventional materials, bamboo, fracture, toughness, crack

propagation, fracture mechanics, mode I, mode II, KIC, KIIC.

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Sumário

1 INTRODUÇÃO 15

1.1. Objetivos da dissertação 17

1.2. Descrição da dissertação. 18

2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA 19

2.1. O bambu como material compósito 21

2.1.1. Análises Micro-mecânica do Bambu 22

2.1.2. Análise Macro-mecânica do Bambu 25

2.2. Mecânica da fratura 27

2.2.1. Definições e conceitos básicos 27

2.2.2. Tenacidade à fratura KC 29

2.2.3. Taxa de dissipação de energia critica GC 32

2.3. Procedimentos Experimentais 34

3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 36

3.1. Material Utilizado 36

3.2. Umidade 37

3.3. Determinação do Módulo de Elasticidade 37

3.4. Determinação da Resistência ao cisalhamento 39

3.5. Equipamentos 40

3.6. Corpos-de-prova para ensaios de fator de intensidade de tensões 43

3.6.1. Fator de Intensidade de Tensões sob Modo I num Ensaio de Tração

simples. 43

3.6.2. Fator de Intensidade de Tensões sob Modo I e II num Ensaio 4-ENF. 45

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS 50

4.1. Modulo de Elasticidade 50

4.2. Resistência ao Cisalhamento 51

4.3. KIC por ensaio de Tração Simples 52

4.4. KIC por ensaio 4-ENF 54

4.5. KIIC por ensaio 4-ENF 57

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5 CONCLUSÕES 61

6 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 63

APENDICE A 67

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Lista de figuras

Figura 1-Imagem digital da seção transversal de um colmo de bambu. 15

Figura 2- Propagação de trincas em colmos de bambu. 16

Figura 3-Distribuição de tensões tangenciais ao longo da borla do furo de Kirs. 20

Figura 4-Esquema do modelo estudado por Inglis em 1913. 20

Figura 5- Modos de deslocamento da superfície de fratura num corpo trincado. 21

Figura 6-Definição do eixo radial x ao longo da espessura do bambu. 23

Figura 7-Fatias da seção do bambu para o processamento digital de imagens. 23

Figura 8-Relação entre a fração volumétrica de fibras e a posição na espessura

no bambo. 24

Figura 9-Processo de avaliação do modulo de elasticidade para a fibra e a matriz

do bambu.. 24

Figura 10-Fração volumétrica vs. modulo de elasticidade para o calculo de Em e

Ef1. 25

Figura 11-Modelo de homogeneização do valor da tensão media de um

compósito. 25

Figura 12-Esquema de uma lamina unidirecional especialmente ortotrópica. 26

Figura 13-Tipo de fratura. 28

Figura 14-Tipo de fratura. 29

Figura 15-Estado de tensões na ponta de uma trinca. 31

Figura 16-Corpo-de-prova trincado sob ensaio de tração. 32

Figura 17-Diagrama energético de um corpo-de-prova trincado. 33

Figura 18- Corpo-de-prova para ensaios para determinação do módulo de

elasticidade 37

Figura 19- Ensaio de tração simples para a determinação do modulo de

elasticidade. 38

Figura 20-Detalhe do tratamento das extremidades dos corpos-de-prova para

evitar o deslocamento com as garras durante o ensaio de tração. 38

Figura 21- Esquema do corpo-de-prova para ensaios de corte. 40

Figura 22-,Ensaio de corte para a determinação da resistência ao cisalhamento.

40

Figura 23- Maquina de ensaios EMIC DC3000. 41

Figura 24- Células de carga. 41

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Figura 25- Microscópio para obtenção de imagens digitais 42

Figura 26- Garras. 42

Figura 27- Dispositivo para ensaios de flexão. 43

Figura 28-Dimensões do corpo-de-prova para determinação das propriedades à

fratura no modo I com um ensaio de tração simples. 44

Figura 29-Ensaio de tração para a determinação da tenacidade à fratura sob

modo I, KIC. 44

Figura 30- Detalhe do modo de propagação da fissura num ensaio de tração

simples para a determinação do fator de intensidade de tensões. 45

Figura 31-Dimensões dos corpos-de-prova para ensaios de flexão para

determinação das propriedades à fratura. 46

Figura 32-Ensaio de flexão 4-ENF. 46

Figura 33- Esmagamento ocorrido no ensaio de flexão. 47

Figura 1-Detalhe da trinca induzida para os ensaios para de flexão para a

determinação da tenacidade sob modo I. 47

Figura 2-Detalhe da trinca induzida para os ensaios de flexão para a

determinação da tenacidade sob modo II. 47

Figura 3-Localização de todos os strain gages nas faces do corpo-de-prova. 48

Figura 37-Determinação da carga critica (PC) num ensaio 4-ENF. 49

Figura 38- Tensão vs. Deformação para ensaio de Tração Simples para a

determinação do módulo de elasticidade. 50

Figura 39-Ensaio de corte para a determinação da tensão ao corte. 51

Figura 4-Detalhe do modo de fratura nos ensaios de tração simples. 54

Figura 41- Carga-Deformação para a determinação da carga critica no ensaio 4-

ENF para o modo I. 55

Figura 42-Ensaio 4-ENF para Modo I. 56

Figura 43-Regressão linear para a determinação da flexibilidade do espécime

com a=35mm. 57

Figura 44- Carga VS. Deslocamento num ensaio 4-ENF para o modo II e

determinação do carregamento critica PC. 58

Figura 45- Detalhe do processo de ensaio 4-ENF para obtenção do fator de

intensidade de tensões sob modo II. 58

Figura 46- Deslocamento nos extremos do corpo-de-prova. 59

Figura 47-Curva Flexibilidade vs. Comprimento de Trinca 59

Figura 48-Relação entre a taxa de dissipação de energia e o comprimento de

trinca. 60

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Lista de tabelas

Tabela 1-Relação entre a resistência à tração e o peso especifico de alguns

materiais. 16

Tabela 2-Quantidade de energia por volume e resistência de alguns materiais. 17

Tabela 3- Caracterização geométrica do Dendrocalamus giganteus utilizado na

pesquisa. 36

Tabela 4-Resultados dos ensaios de tração simples para módulo de elasticidade.

50

Tabela 5-Resumo de dados obtidos nos ensaios ao corte. 52

Tabela 6-Valores obtidos pelo ensaio de tração simples para KIC. 52

Tabela 7-Valores de KIC de alguns materiais. 53

Tabela 8-Resultados de obtidos de KIC. 54

Tabela 9-PC e KIC em função da posição do entalhe inicial induzido. 55

Tabela 10-Resultados das flexibilidades e cargas criticas para os espécimes

ensaiados. 57

Tabela 11-Resultado experimentais e teóricos da tenacidade à fratura sob modo

II. 60

Tabela 12-Valores da tenacidade à fratura sob modo II para diferentes madeiras.

60

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Lista de Símbolos

a = Comprimento da trinca

C = Flexibilidade

Cij = Componentes da matriz de rigidez

ε = Deformação

E1 = Módulo de elasticidade no eixo principal 1

E2 = Módulo de elasticidade no eixo principal 2

Ef = Módulo de elasticidade das fibras

Em = Módulo de elasticidade da matriz

f (a/t) = Fator de forma

FEN = Face endodérmica

FEX = Face exodérmica

FLT = Face lateral

g (B,t) = Função da geometria do espécime

G12 = Módulo de cisalhamento

γ12 = Deformação de cisalhamento

GC = Taxa de dissipação de energia crítica

Gf = Módulo de cisalhamento das fibras

GIC = Taxa de dissipação de energia crítica para o modo I

GIIC = Taxa de dissipação de energia crítica para o modo II

Gm = Módulo de cisalhamento da matriz

γs = Energia de superfície

KC = Fator de intensidade de tensões crítico

KIC = Fator de intensidade de tensões crítico para o modo I

KIIC = Fator de intensidade de tensões crítico para o modo II

L = Luz do vão

m = Rigidez

MC = Teor de umidade

ν12 = Coeficiente de Poisson

νf = Coeficiente de Poisson das fibras

νm = Coeficiente de Poisson da matriz

P = Carga

Pc = Carga crítica

Qij = Componentes da matriz de rigidez da lâmina

r = Raio da ponta da trinca

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σ = Tensão

σc = Tensão crítica

Sij = Relações tensão - deformação

σt = Resistência à tração

t = Espessura do corpo-de-prova

τ12 = Tensão de cisalhamento

TSCE = Ensaio de tração simples com entalhe

TSSE = Ensaio de tração simples sem entalhe

u = Deslocamento

U = Energia potencial

Ur = Energia de deformação liberada

Us = Energia absorvida

Vf = Fração volumétrica das fibras

Vm = Fração volumétrica da matriz

W = Trabalho

Ψ = Função de Airy

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1 INTRODU Ç Ã O

O presente trabalho baseia-se nos conceitos da mecânica da fratura para o

estudo do comportamento do processo de trincamento de um material

anisotrópico como é o bambu, que é considerado um material compósito natural

com fibras longas alinhadas unidirecionalmente. Além disso, o bambu é

considerado um Material Funcionalmente Graduado (MFG) devido ao fato que a

distribuição das fibras varia na espessura, tendo frações volumétricas maiores

na parede externa (Figura 1). Isto para ter uma maior resistência à flexão quando

submetido à ação do vento. O colmo também apresenta variação do diâmetro e

da espessura da parede ao longo da sua altura, tendo maior área da seção

transversal nos pontos de maiores tensões (Ghavami, 2003).

Figura 1-Imagem digital da seção transversal de um colmo de bambu.

A pesquisa do comportamento das trincas e os mecanismos de falha

devidos a elas tinham sido estudados para materiais convencionais e

industrializados como o aço, concreto e compósito artificiais, mas na procura de

promover o uso dos materiais não convencionais dentro dos quais se encontra o

bambu, o estudo os modos de falha e de fratura quando sujeito as diferentes

condições de carregamento torna-se um aspecto muito importante dentro da

análise dos componentes de durabilidade do material e na otimização e

Parte Externa Parte Interna

Seção Transversal

Seção Lateral

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fabricação de estruturas com bambu. A Figura 2 apresenta a propagação de

trincas de colmos de bambu utilizados como elementos de uma estrutura.

Figura 2- Propagação de trincas em colmos de bambu utilizados como elementos

estruturais.

Estes materiais renováveis são altamente utilizados e localmente

disponíveis em países em desenvolvimento como recurso na redução do

problema habitacional nas cidades e o campo (Ghavami, 1988). Além disso, têm

demonstrado alto desempenho estrutural, comparado a materiais como o aço e o

concreto (Tabela 1), baixas taxas de poluição e pequeno consumo de energia

para sua produção, até 50 vezes menor que aquela necessária para a produção

do aço (Tabela 2).

Material Resistência à

tração σσσσt (MPa) Peso específico γγγγ (N/mm3x10-2)

tR 2222σσσσ= ×10= ×10= ×10= ×10

γγγγ

aço

RR

Aço 500 7.83 0.64 1.00

Alumínio 304 2.70 1.13 1.76

Ferro Gusa 281 7.20 0.39 0.61

Bambu 140 0.80 1.75 2.73

Tabela 1-Relação entre a resistência à tração e o peso especifico de alguns materiais

(Ghavami, 1992).

Fissuras

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MATERIAL 3

MJm ×MPa

Aço 1500

Concreto 240

Madeira 80

Bambu 30

Tabela 2-Quantidade de energia por volume e resistência de alguns materiais (Ghavami,

1992).

A pesquisa em materiais não convencionais envolve um trabalho

interdisciplinar de diferentes profissionais na procura da caracterização, geração

dos procedimentos de obtenção, fabricação de elementos estruturais, impacto

ambiental e ecológico, avaliação da durabilidade e análise de comportamento

até mecanismos de falha. Esta interação supõe o estabelecimento de

parâmetros para o desenvolvimento de pesquisas em materiais não

convencionais relacionando conceitos de sustentabilidade, resistência e

durabilidade.

Baseado nas considerações estabelecidas para a análise de durabilidade

dos materiais industrializados, da mesma forma pode-se propor uma análise

para materiais como o bambu, definindo assim as condições às quais vão estar

submetidas, as falhas e formas de dano que podem experimentar e a perda de

resistência e de rigidez, para, desta forma, definir seu tempo de vida útil e a

durabilidade do material.

Este trabalho dá continuidade ao programa de pesquisas de materiais não

convencionais na construção civil, que vem sendo desenvolvido desde 1979 pelo

Departamento de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Rio de

Janeiro – PUC - Rio, sob orientação do professor Khosrow Ghavami.

1.1.Objetivos da dissertação

Aplicando os fundamentos da mecânica da fratura a modelos

experimentais, podem-se estabelecer as propriedades à fratura e o

comportamento do material fissurado sob carregamentos externos; assim, a

presente dissertação tem por objetivos:

• Definir a geometria dos corpos-de-prova e procedimentos de ensaio

para estabelecer os fatores de intensidade de tensões para os

modos I e II do bambu.

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18

• Calcular os valores KI e KII à fratura críticos (tenacidade) para os

modos I e II a partir dos dados experimentais e comparar-los com

os valores encontrados para materiais isotrópicos e anisotrópicos.

• Determinar os valores de taxas de dissipação de energia sob modo

II, comparados com os valores teóricos obtidos a partir da teoria

clássica de vigas.

1.2.Descrição da dissertação.

O presente trabalho esta dividido em seis capítulos, que são descritos a

seguir:

• Capitulo 1: corresponde à introdução e apresentação dos objetivos

da dissertação.

• Capitulo 2: Apresentação dos conceitos e fundamentos teóricos da

mecânica da fratura, da análise experimental e da teoria de

materiais laminados, assim como a revisão bibliográfica dos

procedimentos de ensaio e pesquisas sob o tópico em estudo.

• Capitulo 3: Neste capitulo são descritos os materiais,

equipamentos, corpos-de-prova e procedimentos de ensaio para a

avaliação dos modo I e II para o bambu. Alem disso, apresentam-

se os dados experimentais obtidos no laboratório.

• Capitulo 4: É apresentada a análise dos resultados dos FIT para os

modos I e II, comparando os dados obtido da experimentação

como os resultados da bibliografia para outros materiais.

• Capitulo 5: Apresenta as conclusões, comentários, recomendações

e contribuições originais deste trabalho.

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2 REVIS Ã O BIBLIOGRAFICA

Uma falha é normalmente o resultado de erros no projeto, da presença de

impurezas, de inclusões ou defeitos no material, da deterioração com o tempo e

da utilização equivocada dos elementos como sobrecargas, colisões e falta de

manutenção (Cetlin et al., 1978). Geralmente o processo de falha começa com a

geração e posterior propagação de pequenas trincas ou fissuras que podem ter

sua origem na superfície das faces ou na microestrutura interna do material. Este

processo gradual e estável é chamado de trincamento ou fissuração (Castro &

Meggiolaro, 2007), e pode levar a elemento a se quebrar em duas ou mais

partes, o que é denominado fratura.

A mecânica da fratura junto com a mecânica de dano contínuo têm por

objetivo o estudo do comportamento dos materiais sob o efeito de processos de

falha principalmente produzidos por fissuras ou microfissuras, para estabelecer

(Castro & Meggiolaro, 2007):

• A influência que há na resistência dos materiais.

• A distribuição de tensões e deformações sob carregamentos

externos.

• A máxima carga que uma estrutura trincada pode suportar em

condições de serviço.

• O tamanho crítico da trinca.

• A taxa de propagação de fissuras.

• A vida residual das estruturas trincadas sob cargas reais de

serviço.

Kirsh em 1898 resolveu o problema das tensões no bordo de um furo

circular em uma placa infinita sob carregamento de tração. Assim, definiu que as

tensões no ponto de interseção do eixo y com o contorno do furo são três vezes

maiores que a tensão nominal aplicada, e alem disso, o corpo submetido a

cargas de tração gera pequenas tensões compressivas na região próxima ao

eixo x. A Figura 1 mostra a distribuição de tensões tangenciais no bordo do furo

com um esquema da placa e o sistema de coordenadas utilizado por Kirsh.

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Figura 1-Distribuição de tensões tangenciais ao longo da borla do furo de Kirsh (Castro &

Meggiolaro, 2007).

Em 1913, C. E. Inglis realizou ensaios de tração em placas com orifícios

elípticos para analisar as tensões provocadas no contorno do furo. Desta forma,

estabeleceu que as tensões no semi-eixo maior da elipse como mostra a Figura

2 tinham os valores mais altos no contorno e que a ruptura se caracteriza por o

comprimento do orifício e do raio de curvatura do vértice, e não a forma do furo.

Figura 2-Esquema do modelo estudado por Inglis em 1913 (Castro & Meggiolaro, 2007).

Anos depois em 1920, A.A. Griffith ensaiou placas de vidro com fissuras

induzidas em ensaios de tração, aplicando a carga em sentido perpendicular ao

comprimento da trinca. Assim determinou que as tensões no começo e ao final

da trinca tinham os valores mais elevados e que o vidro era debilitado

significativamente. Com estes dados definiu que para que uma trinca crescesse,

era necessário que a energia potencial do sistema fosse suficiente para criar

uma nova superfície de ruptura, i.e, que a fratura será instável quando a energia

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de deformação liberada for maior que a necessária para criar uma nova

superfície de falha.

Em 1957, G. R Irwin, propôs os fatores de intensidade de tensões para

representar a magnitude da intensificação da tensão na região da ponta da

trinca, e definiu o efeito da introdução de uma fissura num elemento,

estabelecendo o princípio de similitude que indica que se duas trincas diferentes

em corpos diferentes, sob cargas diferentes, com modos de deslocamento iguais

e com deformações elásticas, possuem o mesmo valor do KC já que têm o

mesmo campo de tensões (Velásquez, 2004). Os fatores de intensidade de

tensões são calculados para cada um dos tipos de modos de deslocamento da

superfície de fratura, como é mostrado na Figura 3.

Figura 3-Modos de deslocamento da superfície de fratura de um corpo

trincado (Tassini, 2005).

2.1.O bambu como material compósito

O bambu é um polímero natural, heterogêneo, poroso, higroscópico e

anisotrópico, cujas paredes são constituídas por compostos orgânicos como a

celulose, principal fonte de suas propriedades mecânicas, a lignina, responsável

pela rigidez e durabilidade dos tecidos e de poliusacaridos de baixa resistência

que são chamados de hemiceluloses. Estes componentes orgânicos formam as

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paredes das células que compõem os tecidos do bambu (Ghavami, 1988). Sua

estrutura pode ser classificada como inteligente. Isto porque tanto sua macro-

estrutura (diâmetro, espessura, espaçamento entre nós) quanto sua micro-

estrutura (variação da fração volumétrica de fibras de celulose na espessura)

desenvolveram-se de forma a otimizar o volume de material frente aos esforços

aos quais este está sujeito na natureza (peso próprio e flexão devido á força do

vento), resultando em um material leve e de excepcionais características

mecânicas. A esta otimização natural chama-se Funcionalidade Graduada

(Murad, 2005).

2.1.1. Análises Micro-mecânica do Bambu

As formulações para a micro-mecânica baseadas na mecânica dos

materiais podem ser empregadas na modelagem do bambu como material

compósito natural com fibras longas alinhadas, auxiliando nos estudos da

funcionalidade graduada do bambu a nível micro-estrutural (Ghavami, 2003).

Já que as fibras do bambu não são uniformemente distribuídas na

espessura, as constantes de engenharia não podem ser obtidas aplicando o

conceito da regra das misturas tradicionais expressas nas eq. (2.1) até (2.4).

1 f f m mE E V E V= + (2.1)

2

f m

f m m f

E EE

E V E V=

+ (2.2)

12

f m

f m m f

G GG

G V G V=

+ (2.3)

12 f f m mV Vν ν ν= + (2.4)

Para poder aplicar as regras das misturas para o material bambu, é preciso

estabelecer uma função da fração volumétrica das fibras em relação à

espessura, assumindo que a distribuição de fibras é simétrica ao eixo radial x

com origem na parede interna como indica a Figura 4. Assim, por exemplo, o

módulo de elasticidade no eixo principal 1, isto é, o eixo longitudinal no sentido

das fibras, E1, pode ser expresso de forma simplificada pela eq. (2.5).

( ) ( )( )11 1f f m f

E E V x E V x= + − (2.5)

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Figura 4-Definição do eixo radial x ao longo da espessura do bambu (Ghavami et al,

2003).

Para determinar a função ( )fV x é preciso aplicar técnicas para o

processamento digital de imagens, já que a seção transversal da espessura é

digitalizada e seccionada em varias fatias onde a distribuição de fibras seja

considerada uniforme (Figura 5). Cada fatia é processada para obter a

quantidade de fibras e definir com os dados de cada seção os pontos

coordenados em uma curva de fração volumétrica vs. posição no eixo x e definir

a melhor regressão para a função de ( )fV x . A Figura 6 mostra a curva para o

bambu Dendrocalamus Giganteus, cuja função da fração volumétrica é dada

pela eq. (2.6) (Ghavami, 2003). Tal resultado permite a utilização das

formulações das regras das misturas e calcular as propriedades mecânicas em

função da distribuição de fibras na matriz.

Devido à dificuldade para caracterizar as propriedades isoladas das fibras

e da matriz do bambu, a abordagem da mecânica dos materiais pode ser

utilizada para aferir as propriedades destes componentes a partir do

comportamento global do compósito, determinado experimentalmente. Por

exemplo para a determinação do modulo de elasticidade E1, são realizados

ensaios de tração simples para avaliar o modulo de elasticidade para várias

fatias com distribuição aproximadamente uniforme de fibras. A Figura 7 mostra

um esquema da seqüência do processo de análise para a determinação do

módulo de elasticidade para as fibras e a matriz do bambu.

Figura 5-Fatias da seção do bambu para o processamento digital de imagens (Ghavami

et al, 2003).

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24

Figura 6-Relação entre a fração volumétrica de fibras e a posição na espessura no

bambo (Ghavami, 2003).

( ) 246.27 1.60 11.85f

V x x x= + + (2.6)

Figura 7-Processo de avaliação do modulo de elasticidade para a fibra e a matriz do

bambu. (a) e (b) extração do corpo-de-prova, (c) fatias com distribuição de fibras

uniforme.

Das fatias obtidas do corpo-de-prova, são extraídas imagens da seção

transversal para serem processadas digitalmente e calcular a fração volumétrica

para cada uma do mesmo jeito que foi estabelecida à função ( )fV x . Com os

resultados dos ensaios a tração das fatias, é possível plotar uma curva de fração

volumétrica vs. módulo de elasticidade e usando uma regressão linear definir os

valores dos módulos de elasticidade para a matriz (Em) e as fibras (Ef1) como os

valores extrapolados para 0% e 100% respectivamente (Figura 8).

(a) (b)

(c)

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Figura 8-Fração volumétrica vs. modulo de elasticidade para o calculo de Em e Ef1

(Ghavami 1990).

Este procedimento é aplicável para a determinação das demais

propriedades elásticas e das propriedades isoladas dos componentes (fibras e

matriz) do bambu.

2.1.2. Análise Macro-mecânica do Bambu

Outra forma de caracterizar as propriedades mecânicas do bambu é

observar um elemento estrutural de compósito como um todo, onde as

propriedades macroscópicas dele são expressas em termos de propriedades

efetivas de um material homogêneo equivalente. Desta forma, as relações

constitutivas σ ε− são modeladas através de valores médios de tensão e

deformação obtidos experimentalmente, ao invés de considerar propriedades de

fibras e matriz isoladamente. A Figura 9 apresenta um esquema de um modelo

para homogeneizar a tensão normal de um compósito.

Figura 9-Modelo de homogeneização do valor da tensão media de um compósito.

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O bambu é considerado um material compósito natural com fibras

alinhadas e no qual a espessura de parede é muito menor comparada com seu

diâmetro e comprimento, assim, pode-se simplificar definindo-o como uma

lamina unidirecional especialmente ortotrópica (Figura 10) sob um estado plano

de tensões ( 3 23 31 0σ τ τ= = = ) para o qual as relações constitutivas são dadas

nas eq. (2.13) a eq. (2.15).

Figura 10-Esquema de uma lamina unidirecional especialmente ortotrópica.

121 1 2

1 2

1

E E

νε σ σ= − (2.7)

122 2 1

2 1

1

E E

νε σ σ= − (2.8)

12 12

12

1

Gγ τ= (2.9)

As relações tensão-deformação podem ser definidas em forma matricial a

partir da matriz de flexibilidade, dos quais 4 dos 5 elementos não nulos são

independentes. As constantes de engenharia são expressas a seguir pelas

Equações. (2.16).

11 22

1 2

21 1212 21 66

2 1 12

1 1, ,

1,

S SE E

S S SE E G

ν ν

= =

= = − = − =

(2.10)

Assim, a forma matricial fica definida pela eq. (2.17).

1 11 12 1

2 21 22 2

12 66 12

0

0

S S

S S

S

ε σ

ε σ

γ τ

=

(2.11)

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As tensões na lâmina também podem ser definidas em termos do tensor

de deformações (eq. (2.18)), onde ij

Q correspondem aos elementos da matriz

de rigidez da lâmina que são o resultado da inversão da matriz de flexibilidade

[ ] [ ]1

Q S−

= .

1 11 12 1

2 21 22 2

12 66 12

0

0

2 2

Q Q

Q Q

Q

σ ε

σ ε

τ γ

=

(2.12)

Onde,

22 111 2

11 22 12 12 21

12 12 212 212

11 22 12 12 21

11 222 2

11 22 12 12 21

66 12

66

1

1

1

1

S EQ

S S S

S EQ Q

S S S

S EQ

S S S

Q GS

ν ν

ν

ν ν

ν ν

= =− −

= = =− −

= =− −

= =

(2.13)

2.2.Mecânica da fratura

2.2.1. Definições e conceitos básicos

A fratura de um elemento corresponde a sua separação ou fragmentação

sob cargas externas, como resultado do processo de criação de novas

superfícies de fratura que pode se originar a partir de uma fissura preexistente

no material. O processo de fratura tem lugar em pequenas regiões localizadas

geralmente com tensões menores que as máximas, caracterizando-o como uma

ação súbita, inesperada e catastrófica (Gonzalez, 2004).

Desde o ponto de vista do comportamento dos materiais, a fratura se pode

dividir em dois tipos que dependem da quantidade de deformação plástica previa

à falha. Assim, a Figura 11 apresenta um esquema dos tipos de fratura que são

definidos a seguir.

• Fratura frágil: ocorre quando a deformação da maior parte do

corpo é elástica, de forma que depois da fratura sob pequenas

deformações, os fragmentos do elemento se podem juntar sem

mudanças significativas na geometria da peça.

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• Fratura dúctil: ocorre depois de uma apreciável deformação

plástica e uma propagação estável de trincas.

Figura 11-Tipo de fratura. (a) Fratura frágil, (b) fratura dúctil.

Quando um elemento apresenta trincas, os deslocamentos e deformações

vão ser maiores na região da fissura, havendo uma elevada concentração de

tensões na ponta da trinca, o que leva a se terem deformações locais muito

superiores às globais. Isto tem como conseqüência uma redução da capacidade

de suportar cargas, levar a um desempenho inadequado e a diminuir o tempo de

vida útil da estrutura (Gonzalez, 2004).

Já que uma trinca representa uma descontinuidade no corpo do material,

os postulados da mecânica do contínuo tradicional não podem ser aplicados

para análise do elemento trincado, levando ao desenvolvimento da mecânica da

fratura para a determinação da resistência residual (resistência mecânica de um

elemento trincado) e a predição da taxa de propagação de fissuras definido

como vida residual. Com estes parâmetros definidos é possível estabelecer se

sob cargas de serviço (cargas normais de operação) os elementos estruturais

trincados têm a capacidade de suportar as ditas cargas e o tempo no qual será

funcional e seguro.

A mecânica da fratura baseia seus fundamentos na definição de dois

aspectos principais. O primeiro corresponde às relações entre o tamanho e

forma das trincas com os carregamentos que podem provocar mecanismos de

falha ou fratura a partir do cálculo dos campos de tensões, deformações e

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deslocamentos na ponta de uma trinca; e o segundo, no estabelecimento dos

balanços de energia que têm lugar durante a propagação de uma fissura.

A análise de fratura se pode dividir em três tipos de metodologias

dependendo de extensão da deformação plástica que precede à fratura, como é

mostrado na Figura 12.

• Fratura linear plástica: quando numa pequena região na ponta da

trinca estão concentradas as deformações plásticas, embora o

corpo esteja no regime elástico.

• Fratura elastoplástica: quando a zona plástica esta localizada

numa região relativamente estreita ao longo da largura do corpo

entorno do plano da fissura.

• Colapso plástico: quando a fratura ocorre depois de uma

deformação plástica em todo o corpo.

Figura 12-Tipo de fratura. (a) Linear elástica, (b) Elastoplástica, (c) Colapso plástico.

2.2.2.Tenacidade à fratura KC

O processo de fratura começa com uma trinca que se propaga até a separação

ou fragmentação do elemento. Se a propagação da trinca pode se detiver ao

diminuir ou se eliminar as tensões na ponta da trinca, a propagação chama-se

de estável, mas se a trinca se propaga rapidamente e não é possível dete-la, a

propagação é denominada instável.

O critério energético de propagação de fissuras proposto por Griffith está

determinado a partir da solução elástica do problema de tensões na ponta de

uma cavidade elíptica num meio semi-infinito, assim a Equação 2.14 define a

energia de deformação liberada (Ur) em função da geometria a trinca (espessura

t, comprimento a), da tensão (σ) e do modulo de elasticidade do material (E).

2 2

r

a tU

E

πσ= (2.14)

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Griffith assumiu também que a criação de uma nova superfície trincada

precisa da absorção de uma quantidade de energia, dada pela Equação (2.15),

onde Us corresponde à energia absorvida e, γs a energia de superfície pela

área.

4s s

U atγ= (2.15)

Desta forma, derivando parcialmente as equações (2.14) e (2.15) em

relação ao comprimento de trinca (a), obtêm-se as expressões matemáticas que

definem a estabilidade do sistema.

• Propagação estável de trinca

srUU

a a

∂∂>

∂ ∂ (2.16)

• Propagação instável de trinca

srUU

a a

∂∂<

∂ ∂ (2.17)

• Condição de equilíbrio

srUU

a a

∂∂=

∂ ∂ (2.18)

Resolvendo a Equação (2.18) obtêm-se:

2

4s

a

E

πσγ= (2.19)

Da Equação (2.19) pode-se arranjar os termos de forma a de deixar em

evidencia duas parcelas, uma em função da geometria e cargas, e outra

dependendo das propriedades do material.

2s

C C

a E

a K

σ π γ

σ π

=

= (2.20)

Substituindo a tensão critica de fratura (σC), isto é, a tensão com a qual

começa a propagação da trinca na Equação (2.20), obtém-se a expressão que

define a tenacidade à fratura KC, que constitui uma propriedade do material que

pode ser medível por meio de ensaios de laboratório.

A Figura 3 no capitulo anterior mostra os três tipos de modo de

propagação de trinca; o modo I que caracteriza a propagação da trinca pela ação

de uma tensão perpendicular ao plano da trinca; o modo II provocado por uma

tensão cisalhante no plano da fissura, e o modo II por efeito também de uma

tensão de cortante, mas fora do plano da trinca. Assim, para cada um dos modos

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de propagação, é definido um fator de intensidade de tensões em função da

geometria da trinca e da tensão atuante.

O primeiro problema que se deve resolver dentro da análise da fratura, é o

calculo do campo de tensões na ponta da trinca que consiste em procurar uma

função de tensões que satisfaça simultaneamente as equações de equilíbrio

(2.21), de compatibilidade (2.22) e constitutivas (2.23)

0; 0xy yy xyxx

x y y x

τ σ τσ ∂ ∂ ∂∂+ = + =

∂ ∂ ∂ ∂ (2.21)

; ; xx yy xy

u v v u

x y x yε ε γ

∂ ∂ ∂ ∂= = = +

∂ ∂ ∂ ∂ (2.22)

; ; xx xx yy yy yy xx xy xy

E E Gε σ νσ ε σ νσ γ τ= − = − = (2.23)

Esta solução logra-se com uma função ψ tal que:

2 2 2

2 2; ;

xx yy xyy x x y

ψ ψ ψσ σ τ

∂ ∂ ∂= = =

∂ ∂ ∂ ∂ (2.24)

4 0ψ∇ = (2.25)

A combinação das Equações (2.24) leva a uma expressão conhecida como

função de tensões de Airy (Equação (2.25)), cujas condições de fronteira estão

definidas pelas Equações (2.26 e 2.27).

( )Quando , : ; 0xx yy aplicado xy

x y σ σ σ τ→ ∞ = = = (2.26)

Na superficie da trinca: 0yy xy

σ τ= = (2.27)

θ

Figura 13-Estado de tensões na ponta de uma trinca

De forma geral, a Equação (2.28) expressa o estado de tensões de um

ponto qualquer, como o indica a Figura 13. Assim, tem-se que para ponto muito

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perto da ponta da trinca, as tensões tendem para o infinito, condição que torna

mais fácil o processo de propagação e fratura.

( )2

ij ij

Kf

rσ θ

π= (2.28)

Já que geralmente os corpos-de-prova não apresentam tensões uniformes

na sua seção transversal, o fator de intensidade de tensões (K) é expresso em

função da carga aplicada (P), de uma função da geometria do espécime g(t,W),

onde t corresponde a espessura e W a largura do espécime; e de expressões

polinomiais ou trigonométricas que definem a geometria da trinca, f(a/W), onde a

define o comprimento de trinca, Equação (2.29).

( ) ( ), aK P g B W fW

= × × (2.29)

2.2.3.Taxa de dissipação de energia critica GC

Se um corpo é deformado elasticamente durante a aplicação de uma carga

(Figura 14), este armazenará certa quantidade de energia potencial (dada pela

deformação), e uma quantidade de trabalho aplicado pela carga. Irwin

estabeleceu que a trinca cresce em função destas energias.

(a)

(b)

Figura 14-(a) Corpo-de-prova trincado sob ensaio de tração, (b) Curva típica de Carga

(P) vs. Deslocamento (u) de um ensaio de tração.

A taxa de dissipação de energia está definida como a diferença entre a

variação do trabalho (W) e a energia potencial (U) em função da área de

extensão da trinca. A Figura 15 mostra que a energia potencial armazenada

antes da propagação da trinca corresponde à área do triângulo definido pelos

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vértices OAC; a energia potencial dissipada pela extensão da fissura é dada pela

área triangular OAB e o acréscimo de trabalho realizado pelo espécime durante

o incremento de deslocamento corresponde à área do trapézio ABCD.

Figura 15-Diagrama energético de um corpo-de-prova trincado.

Assim, a expressão que define a taxa de dissipação de energia é dada

pela Equação (2.30), onde A representa a área da superfície da trinca. Levando

em consideração a definição da flexibilidade do sistema como a relação entre o

deslocamento e a carga aplicada, Equação (2.31), é possível expressar a

energia potencial em relação da flexibilidade (C), como o indica a Equação

(2.32).

0limA

W U dW dUG

A dA dA∆ →

∆ − ∆= = −

∆ (2.30)

uC

P= (2.31)

21 1

2 2U Pu P C= = (2.32)

Agora, derivando parcialmente a energia potencial em relação à área da

trinca, obtemos o segundo termo da definição da taxa de dissipação de energia.

21

2

dU P CPC P

dA A A

∂ ∂= +

∂ ∂ (2.33)

O acréscimo no trabalho feito pela carga durante a propagação da trinca é

dado pela Equação (2.34), cuja derivada parcial com respeito à área da trinca e

substituindo-se o valor da flexibilidade do sistema, define o primeiro termo da

Equação (2.30).

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0limA

W U dW dUG

A dA dA∆ →

∆ − ∆= = −

∆ (2.34)

W P u∆ = ∆ (2.35)

( ) 2

0 0lim lim = = = + A A

dW W P u du d P CP P PC PC P

dA A A dA dA A A∆ → ∆ →

∆ ∆ ∂ ∂= =

∆ ∆ ∂ ∂ (2.36)

Substituindo-se a Equação (2.33) e (2.36) na (2.30) e levando em conta

que a variação da área da trinca está definida pela espessura (t) vezes a

variação do comprimento de trinca (a), obtém-se uma expressão para G, em

função da carga, da espessura do espécime e da variação da flexibilidade do

sistema em função do comprimento de trinca. A Equação (2.37) apresenta a

expressão geral para a determinação da taxa de dissipação de energia crítica

GC.

22

2 2

C

I IC

C

PP C CG G

t a t a

∂ ∂ = ⇒ =

∂ ∂ (2.37)

A equação anterior permite encontrar os valores de GC tanto para materiais

isotrópicos como anisotrópicos, e permite obter uma correlação com a

tenacidade (KC), Equação (2.38 e 2.39) e os fatores de intensidade de tensões

(KI,II,II) em função do modulo de elasticidade (E, para materiais isotrópicos), ou do

modulo de elasticidade efetivo (E*, para anisotrópicos, Equação (2.40)), onde E11

e E22 correspondem ao modulo de elasticidade longitudinal e transversal

respectivamente, G12 ao modulo de cortante e v12 ao coeficiente de Poisson.

2K GE= (2.38)

2 *

C CK G E= (2.39)

11 1112*

22 1211

1 1

22

E E

E E GEν

= + −

(2.40)

2.3.Procedimentos Experimentais

Amada e Untao (2001) estudaram o comportamento à fratura sob modo I

do bambu da espécie Mosó com ensaios de tração de corpos-de-prova com

entalhes induzidos na face externa do material, i.e, na face exodérmica. A

pesquisa encontrou que a tenacidade à fratura é proporcional à variação da

fração volumétrica das fibras na espessura. Assim, os fatores de intensidade de

tensões têm valores mais altos na parede exterior e vão decrescendo até a

parede interior, mostrando que corresponde a um material funcionalmente

graduado. Os valores de KIC médio é 56.8 MPa-m1/2. Assim, foi adotada a seção

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35

transversal e procedimento de ensaio nesta dissertação para comparar os

valores do fator de intensidade de tensões.

Os primeiros trabalhos no estudo do fator de intensidade de tensões para o

modo II em materiais ortotrópicos, especialmente para as madeiras e mais

recentemente para materiais compósitos, foram feitos com corpo-de-prova tipo

viga, em ensaios de flexão em três pontos como o desenvolvido por Yoshihara e

Ohta no ano 2000.

Devido à influência das deformações pelo cortante num ensaio de flexão

em três pontos, em 2004, Yoshihara propõe um ensaio de flexão em quatro

pontos, conhecido como 4-ENF para a determinação a taxa de dissipação de

energia para o modo II GII, com o qual é garantida uma zona sem a influência do

cortante nas deformações do corpo.

Mindess e Bentur (1986) ensaiaram diferentes corpos-de-prova de madeira

com entalhes induzidos a diferentes orientações com respeito ao plano de

orientação das fibras. Eles encontraram que, independentemente da orientação

do entalhe inicial, a propagação da trinca sempre é paralela à fibra.

Valores da tenacidade à fratura para os modos I e II sob diferentes tipos de

ensaio para alguns tipos de madeiras foram recopilados por Patton e Cramer

(1987), encontrando valores para KIC entre 0.11 a 0.54 MPa-m1/2 e 1.33 até 2.24

MPa-m1/2 para o KIIC.

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3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

A presente pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Estruturas e

Materiais (LEM) do Departamento de Engenharia Civil da PUC - Rio, com o

objetivo de estabelecer as propriedades à fratura e a tenacidade do bambu,

procurando os valores característicos dos fatores de intensidade de tensões KC,

e taxas de dissipação de energia de deformação GC, para os modos I e II.

3.1.Material Utilizado

Neste trabalho foi utilizado bambu da espécie Dendrocalamus giganteus

oriundo dos jardins da PUC – Rio, cortados no mês de março de 2008,

aproximadamente 40cm acima do nível do solo. Para facilitar o transporte dos

colmos cada bambu foi dividido em segmentos de 3m de comprimento

aproximadamente e armazenados em posição vertical no LEM durante um

período de 3 semanas, para se realizar sua caracterização física e mecânica.

Para cada vara de três metros, foram numerados os colmos, registrando

seu comprimento entre nós e calculados os diâmetros externo e interno do topo

e da base a partir da medição do perímetro e da média aritmética de oito leituras

da espessura obtidas com o paquímetro, como feito por Ghavami & Marinho

(2001). Os resultados da caracterização geométrica do bambu utilizado estão

descritos na Tabela 1, onde a última linha indica a o valor médio.

DIÂMETRO EXTERNO (mm) ESPESSURA (mm)

COMPRIMENTO INTERNODAL (mm)

99.22 14.22 28099.5 12.82 300

96.79 14.38 34099.52 13.52 355100.46 15.68 38598.71 13.26 40097.01 14.72 41598.11 14.74 425

Media 98.67 14.17 362.50DesvioPadrão 1.28 0.93 53.25

Tabela 1- Caracterização geométrica do Dendrocalamus giganteus utilizado na pesquisa.

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3.2.Umidade

A determinação do teor de umidade foi feita segundo o procedimento da

norma ISO/TC 165 N315 Date: 2001-12-07. Foram preparadas amostras de 25

mm de comprimento por 25 mm de largura aproximadamente com espessura

igual à espessura da parede do colmo; cada amostra foi pesada e levada ao

forno a uma temperatura de 102oC para secagem.

Após 24 horas de iniciado o processo de secagem deve ser registrado o

novo peso de cada amostra em intervalos de duas horas até se obter uma

diferença inferior de 0.01 g entre duas medições consecutivas.

Sendo mo o peso inicial da amostra e m o peso após a secagem, o teor de

umidade MC de cada amostra é calculado com a equação 3.1:

( ) 100% ×−

=m

mmMC o (3.1)

A medição do teor de umidade foi feita para três amostras. Estes ensaios

foram realizados no Instituto de Ensayos e Investigaciones (IEI) da Universidade

Nacional da Colômbia.

3.3.Determinação do Módulo de Elasticidade

Foi determinado o modulo de elasticidade do bambu selecionado dos

colmos da base segundo as normas ISO/DIS 22157 por meio de um ensaio de

tração simples paralela à fibra. As deformações foram obtidas utilizando-se strain

gages colados na zona central do corpo-de-prova. Os corpos-de-prova foram

identificados com a seguinte nomenclatura: TSSE (Tração Simples Sem

Entalhe). As dimensões do corpo-de-prova são mostradas na Figura 1.

Figura 1- Esquema do corpo-de-prova para ensaios para determinação do módulo de

elasticidade

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O ensaio de tração simples é mostrado na Figura 2, indicando a

localização do strain gage no trecho do meio da zona de estricção do corpo-de-

prova. Durante o ensaio foram registrados os valores de carga, deslocamento

vertical e deformação para determinar a curva Tensão - Deformação para cada

espécime.

(a) ’

(b)

Figura 2- Ensaio de tração simples para a determinação do modulo de elasticidade. (a)

Detalhe do Strain Gage. (b) Montagem do ensaio.

Durante o processo de ensaio, foi preciso procurar a melhor forma de

garantir que o espécime não deslizasse, assim foram feitos ensaios de prova

com diferentes elementos colados nas pontas do corpo-de-prova que ficariam

em contato com as garras. Para isto foram preparados espécimes com chapas

de alumínio (Figura 3 (a)), chapas de madeira e com chapas de compensado

(Figura 3 (b)).

(a)

(b)

Figura 3-Detalhe do tratamento das extremidades dos corpos-de-prova para evitar o

deslocamento com as garras durante o ensaio de tração. (a) Espécime com chapa de

alumínio. (b) Espécime com chapa de compensado.

Chapa de alumínio

Chapa de compensado

Strain Gage

P

P

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Os corpos tratados com chapas de alumínio apresentaram um bom

comportamento, mas o efeito dependia da rugosidade lograda com os traços

feitos na superfície da chapa. Mas tal efeito não era constante e em alguns

ensaios não melhorou a fricção entre o espécime e as garras.

As amostras nas quais foram usadas chapas de madeira não

apresentaram comportamentos adequados, já que a pressão das garras sob as

pontas do corpo-de-prova quebravam as chapas de madeira permitindo o

deslocamento do espécime levando a resultados errôneos.

Para os testes com chapas de compensado foram obtidos os melhores

resultados já que a resistência à compressão deste material é baixa produzindo

um esmagamento na chapa melhorando o agarre e evitando o deslocamento

entre as garras e o corpo-de-prova.

Do mesmo jeito foram testados diferentes tipos de colas para a adesão das

chapas aos espécimes. Foram usadas colas epóxicas, colas para madeiras,

massas plásticas e colas especiais para materiais porosos.

A cola que apresentou melhor comportamento foi a cola epóxica já que

não apresentou desprendimentos nem deslocamentos entre a amostra e as

chapas. Nos testes com colas para madeira foram observados deslocamentos

excessivos devido à flexibilidade do produto; para as provas com massas

plásticas e colas para materiais porosos os resultados não foram os melhores

devido a que ditos produtos ficam frágeis após da secagem e se quebram

facilmente com o incremento da pressão das garras deixando o corpo-de-prova

sem aderência e fricção permitindo deslocamentos excessivos durante o ensaio.

3.4.Determinação da Resistência ao cisalhamento

Foram realizados ensaios de corte interlaminar em fatias de aproximadamente

3mm de espessura com o fim de estabelecer a resistência ao corte e a sua

variação com respeito à fração volumétrica ao longo da espessura da parede do

colmo. O procedimento de ensaio seguiu os passos propostos por Ghavami &

Souza (2000), que modificaram o corpo-de-prova indicado pela norma ISO N314,

propondo um espécime mais simples como o mostrado na

Figura 5.

As fatias foram cortadas com estilete num processo muito cuidadoso para

garantir uma espessura constante. A espessura foi medida com paquímetro ao

longo do corpo em seis pontos com os quais são definidas a espessura média e

calculada a área submetida às tensões cisalhantes. A Figura 4 indica as

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dimensões do corpo-de-prova e os cortes transversais A e B inseridos no

espécime com a finalidade de gerar a zona de cisalhamento de

aproximadamente 60mm de comprimento, a qual é levada até a falha por méio

de um ensaio de tração simples.

Figura 4- Esquema do corpo-de-prova para ensaios de corte.

Os corpos-de-prova tiveram um tratamento similar ao indicado nos ensaios

de tração simples para a determinação do módulo de elasticidade com a

introdução de chapas de compensado coladas com cola epóxica nos pontos de

contato com as garras, para evitar o deslocamento dos espécimes.

Os corpos-de-prova são indicados pela nomenclatura ECI-A1 (Ensaio de

Corte Interlaminar) onde A corresponde ao espécime e 1 à fatia ensaiada.

Figura 5- Ensaio de corte para a determinação da resistência ao cisalhamento. (a)

Corpos-de-prova. (b) Montagem do ensaio.

3.5.Equipamentos

Os ensaios foram realizados numa máquina servo hidráulica EMIC

DC3000 (Figura 6) micro processada tipo bi fuso de bancada com capacidade de

30kN especialmente projetada para ensaios de compressão, tração e flexão,

(a)

(b)

Corte A

Corte B

P

P

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com Faixa de Velocidades: 0,01 a 1000 mm/min. A máquina (Figura 6) conta

com um sistema automático para o registro da carga aplicada por meio de uma

célula de carga e os deslocamentos verticais por um sensor Óptico com

resolução de 0,01 mm. O equipamento permite escolher o procedimento de

aplicação da carga i.e, em função da taxa de carga no tempo ou pela taxa de

deslocamento no tempo. Para os ensaios, foi controlada a carga por meio do

incremento da carga em função do deslocamento.

Figura 6- Maquina de ensaios EMIC DC3000.

A Figura 7 mostra as células de carga utilizadas na montagem dos

ensaios. Já que a célula de carga da EMIC não podia ser utilizada no

equipamento de aquisição de dados, foi necessário acoplar uma célula de carga

externa de 50kN de capacidade, como a mostrada na Figura 9 (b), para a

obtenção da carga aplicada. A dita célula foi calibrada especialmente para o

registro das cargas dos ensaios num intervalo de até 5kN.

Figura 7- Células de carga. (a) Célula da máquina de 30kN. (b) Célula acoplada de 50kN.

Pelo fato de não haver um clip-gage compatível com a máquina de ensaios

para o registro das deformações, foi preciso utilizar um equipamento de

(a)

(b)

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aquisição de dados da National Instruments que permite a obtenção de leituras

de carga, deslocamentos e deformações por strain-gages.

Foram também utilizados LDVT com intervalo de leitura de 50mm para a

medição dos deslocamentos verticais. Os LDVT foram utilizados nos ensaios de

flexão para a obtenção das deflexões no meio do vão da amostra.

Nos ensaios para a determinação dos fatores de intensidade de tensões foi

utilizado um microscópio digital Celestron HDM213 de 1.3mp para captura de

fotografias e vídeos (Figura 8).

Figura 8- Microscópio para obtenção de imagens digitais

Foram usados um par de garras auto travante por efeito de alavanca, para

ensaios de tração com capacidade máxima 500kgf com recartilhado plano fino

para corpos de prova planos com largura máxima 32mm e espessura máxima

10mm, Figura 9 (a).

Também usou-se um par de garras auto travante por efeito cunha para

ensaios de tração com capacidade máxima de 2000kgf, com pré aperto por

sistema de rosca, com recartilhado plano fino para corpos de prova planos com

largura máxima 40mm e espessura 0 a 5 mm, Figura 9 (b).

(a)

(b)

Figura 9- Garras. (a) por efeito de alavanca. (b) por efeito cunha.

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Na Figura 10 pode se ver o dispositivo para ensaio de flexão/dobramento,

para corpo de prova com largura máxima de 100mm, distância entre apoios

ajustável de 16 a 250mm, raio de curvatura dos apoios e cutelo de aplicação de

carga 3,5mm e capacidade máxima de 2000kgf, para os ensaio de flexão em

quatro ponto foi utilizado um dispositivo especial para distribuir o carregamento

em duas cargas concentradas.

Figura 10- Dispositivo para ensaios de flexão.

3.6.Corpos-de-prova para ensaios de fator de intensidade de tensões

Os corpos-de-prova para a determinação das propriedades á fratura foram

extraídos da base do bambu Dendrocalamus giganteus, pois nesta seção têm-se

as maiores espessuras o que permite obter espécimes mais uniformes e

regulares. As amostras foram preparadas no laboratório do LEM da PUC-Rio

num procedimento de corte manual com serras tipo fita, estilete, lixas e

ferramentas próprias para trabalhos de marcenaria.

Foram utilizados dois tipos de corpos-de-prova, um para ensaios de tração

para a determinação do fator de intensidade de tensões sob modo I, e outro para

ensaios de flexão em quatro pontos (4ENF) para fator de intensidade de tensões

sob modos I e II.

3.6.1.Fator de Intensidade de Tensões sob Modo I num Ensaio de Tração simples.

Na Figura 11 vê-se a geometria do corpo-de-prova para os ensaios de

tração utilizados para a determinação do fator de intensidade de tensões para o

modo I. O espécime é cortado longitudinalmente ao colmo do bambu tentando-

se ter uma espessura constante ao longo do corpo-de-prova similar às amostras

para a determinação do módulo de elasticidade. No desenho, a espessura (t)

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corresponde à espessura de parede do colmo e o comprimento do entalhe

induzido é representado pela variável a.

Figura 11-Dimensões do corpo-de-prova para determinação das propriedades à fratura

no modo I com um ensaio de tração simples (Amada & Untao, 2001).

Foram preparados corpos-de-prova com entalhes induzidos na face

exodérmica (EFEX) com comprimento inicial de 1, 2, 4, 5 e 6mm feitos com um

estilete de 0.5mm de espessura. No total foram feitos três corpos-de-prova para

cada comprimento de entalhe para um total de 15 espécimes.

O ensaio de tração é realizado aplicando-se uma carga axial longitudinal

no sentido das fibras do bambu (Figura 12), com uma velocidade de

deslocamento de 1mm/min. Antes do ensaio foram determinados os valores

médios de largura e espessura da zona de estricção para o cálculo da área da

seção transversal do corpo-de-prova. Durante o ensaio foi registrada a carga (P),

o tempo (t) e o instante no qual se inicia a propagação das fissuras (ti).

Figura 12-Ensaio de tração para a determinação da tenacidade à fratura sob modo I, KIC.

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A determinação do instante de inicio da propagação da fissura horizontal,

i.e, da propagação no plano do entalhe foi difícil de estabelecer devido à trinca

não se propagar no sentido do plano, mas muda de direção e se propaga

verticalmente. A Figura 13 indica como a fissura que inicialmente correspondia a

um entalhe horizontal, muda para ter uma propagação vertical no sentido da

orientação das fibras e especialmente por uma faixa de concentração de lignina

a qual tem baixa resistência.

Figura 13- Detalhe do modo de propagação da fissura num ensaio de tração simples

para a determinação do fator de intensidade de tensões.

Os ensaios foram executados até a falha do espécime para observar o

comportamento do elemento fraturado.

3.6.2.Fator de Intensidade de Tensões sob Modo I e II num Ensaio 4-ENF.

Para os ensaios de flexão para a determinação das propriedades à fratura,

foram utilizados dois tipos de espécimes, o primeiro com entalhe vertical no meio

do elemento, para o modo I e o segundo com entalhe horizontal coincidente com

o eixo neutro da seção, para o modo II. A Figura 14mostra a geometria dos

corpos-de-prova mencionados.

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Figura 14-Dimensões dos corpos-de-prova para ensaios de flexão para determinação

das propriedades à fratura. a) Modo I, b) Modo II.

Os ensaios foram executados como ensaios de flexão em quatro pontos,

i.e, como uma viga simplesmente apoiada com duas cargas concentradas como

mostra a Figura 15.

(a)

(b)

Figura 15-Ensaio de flexão 4-ENF. (a) Esquema do ensaio 4-ENF para modo II. (b)

Fotografia do ensaio onde pode se observar a forma de aplicação da carga, as

condições de apoio e os strain gages colados na cara lateral do corpo-de-prova

Foram realizados ensaios iniciais que permitiram observar falhas de

material por esmagamento nos pontos de aplicação do carregamento e nos

apoios do espécime (Figura 16). Assim, foi preciso colar com cola epóxica

chapas de alumínio de 2mm de espessura para evitar o esmagamento nos

pontos indicados.

P/2 P/2

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Figura 16- Esmagamento ocorrido no ensaio de flexão.

O comprimento dos entalhes nos espécimes para modo I é de 1mm (Figura

17) e para o modo II varia de 35mm até 65mm (Figura 18) a partir do apoio, estes

são feitos com estilete de 0.5mm de espessura. Para o modo I foram preparados

nove corpos-de-prova, três para cada posição de entalhe induzido, i.e, na face

exodérmica, endodérmica e lateral. Nos ensaios para modo I foram registrados

os dados de carga aplicada (P), deslocamento vertical no meio do vão da viga

(v) e leituras de deformação na face superior, inferior e num ponto perto da ponta

do entalhe.

Figura 17-Detalhe da trinca induzida para os ensaios de flexão para a determinação da

tenacidade sob modo I.

Figura 18-Detalhe da trinca induzida para os ensaios de flexão para a

determinação da tenacidade sob modo II.

1mm

h

a

1mm

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Para os testes para o fator de intensidade de tensões sob modo I foram

utilizados strain-gages colados nos pontos de maiores deformações na face

superior e inferior do corpo-de-prova para registrar as deformações durante o

ensaio e assim poder estabelecer o instante no qual as deformações nos

extensômetros ficam nulas e indicava o ponto de carga critica. A Figura 19 indica

a posição dos extensômetros elétricos utilizados.

Figura 19-Localização de todos os strain gages nas faces do corpo-de-prova (Dimensões

em mm).

Para o modo II foram feitos oito espécimes, dois por cada comprimento de

entalhe. Os ensaios 4-ENF correspondem a testes de flexão de vigas

simplesmente apoiadas solicitadas por duas cargas concentradas com os quais

é possível determinar o carregamento crítico. Foi registrada a carga e a deflexão

no meio do vão. A Figura 15, mostra um esquema da configuração do ensaio. A

carga foi controlada para ser aplicada a uma velocidade de 0.5mm/min.

Os valores da carga crítica para o modo II é determinada a partir da curva

experimental Carga aplicada vs. Deflexão, na qual é desenhada a melhor linha

reta que define a zona elástica e determina a flexibilidade (C) (reta AB) como

mostra a Figura 20 (a). Depois é desenhada a linha AB’ cuja pendente

corresponde ao 105% da pendente da reta AB (Tanaka et. All, 1995).

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(a)

(b)

Figura 20-Procedimento para a determinação da carga critica (PC) e a flexibilidade (C). a

partir de uma curva Carga (P) vs. Deslocamento Vertical (U) num ensaio 4-ENF.

Se a carga máxima max

P se encontra dentro das duas linhas AB e

AB’,maxc

P P= . Se max

P fica por fora das líneas AB e AB’, c Q

P P= . Se

max 1.1Q

PP

< , c Q

P P= ; mas se max 1.1Q

PP

> , C

P corresponde ao ponto de

intersecção das duas retas desenhadas sobre os segmentos lineares da curva

Carga aplicada vs. Deslocamento vertical, como mostra a Figura 20 (b)

(Yoshihara, 2004).

Car

ga

( )

( ) ( )

tan

1.05 tan '

Flexibilidad C

C

θ

θ

= =

=

U

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4 AN Á LISE DOS RESULTADOS

4.1.Modulo de Elasticidade

O modulo de elasticidade é calculado a partir da regressão linear da curva

Tensão – Deformação, onde a pendente da dita curva corresponde ao modulo

de elasticidade indicado na. A Figura 1 mostra as curvas para quatro corpos-de-

prova e a Tabela 1 indica os valores de tensão máxima e modulo de elasticidade

obtido.

CPTENSÃO MAX.

(MPa)MODULO DE ELASTICIDADE

(GPa)TSSE-01 118.08 10.90

TSSE-02 97.40 11.51

TSSE-03 69.75 11.20

TSSE-04 117.13 11.51

MEDIA 110.87 11.31DESVIO PADRÃO 22.66 0.29

Tabela 1-Resultados dos ensaios de tração simples para módulo de elasticidade.

ENSAIO DE TRAÇÃO SIMPLES SEM ENTALHETSSE

0

10

2 0

3 0

4 0

50

6 0

70

8 0

0 100 0 200 0 3000 4 00 0 5000 6 000 7000

Deformação (ξλξλξλξλ)

Ten

são

(M

PA

)

TSSE-01 TSSE-02 TSSE-04 TSSE-03

Figura 1- Tensão vs. Deformação para ensaio de Tração Simples para a determinação

do módulo de elasticidade.

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Os valores obtidos são comparados com os encontrados por Ghavami e

Marinho (2002) que estabeleceram para o módulo de elasticidade à tração de

segmentos da base dos bambus das espécies Dendrocalamus Giganteus 15,11

GPa. A diferença dos valores encontrados com os valores mencionados pode

estar na seção transversal dos segmentos usados, as condições de umidade e

presença de fungos nas amostras utilizadas. Em outros trabalhos com

Dendrocalumus giganteus brasileiro, foram encontrados valores da ordem de 10

a 15 GPa (Lima et AL, 1996) e de 17,5 GPa encontrado por Ghavami e Marinho

(2001).

4.2.Resistência ao Cisalhamento

O ensaio de corte interlaminar é feito com fatias de espessura de

aproximadamente 3mm, ensaiada aplicando uma carga axial de tração paralela

à fibra até a falha do corpo-de-prova. Assim é estabelecida a tensão máxima

(τmax) ao corte para cada fatia, como a relação entre a carga máxima e a área

transversal afetada pelo corte e a tensão media (τpro)

A Figura 2 mostra o procedimento de ensaio e a forma de falha do teste a

corte.

(a)

(b)

Figura 2-Esquema do ensaio de corte para a determinação da tensão ao corte. (a)

Montagem do ensaio. (b) Falha do espécime.

Devido aos entalhes induzidos como foi indicado na ¡Error! No se

encuentra el origen de la referencia. o espécime falha por cisalhamento numa

área vertical por uma zona de lignina que permite estabelecer a resistência

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máxima ao corte. O valor obtido é muito similar ao valor médio encontrado na

pesquisa de Ghavami e Marinho em 2001 que obtiveram um valor característico

(ou médio) de 3,46 MPa.

FATIA ττττMax (MPa) ττττPro (MPa) A1 3.35

3.75 A2 4.50

A3 3.42

B1 3.14 3.35 B2 3.08

B3 3.82

C1 3.55 3.23 C2 3.87

C3 2.27

D1 5.29 4.79

D2 4.29

Media 3.78 Tabela 2-Resumo de dados obtidos nos ensaios ao corte.

4.3.KIC por ensaio de Tração Simples

A Tabela 3 apresenta os valores de C

P , C

σ e IC

K avaliado a partir da

equação 2.35 utilizando o fator de forma dado pela equação 4.1 (Amada e

Untao, 2001), tal fator de forma é aplicável a corpos-de-prova como o indicado

na ¡Error! No se encuentra el origen de la referencia. sob carregamento

uniaxial de tração.

( )

( )

2 3 41.99 0.4 18.7 38.5 53.85 ;

I

afw

K a f

γ γ γ γ γ γ

σ π γ

= − + − + =

= ⋅ (1.1)

CP a (mm) w (mm) a/w f(a/w) σσσσc (MPa) KIC (MPa-m1/2)

TSCE-01 1 8.67 0.12 1.21 132.87 8.98

TSCE-02 1 8.94 0.11 1.20 107.50 7.23

TSCE-03 1 8.82 0.11 1.20 112.21 7.56

TSCE-04 2 8.67 0.23 1.45 28.97 3.32

TSCE-05 2 8.97 0.22 1.43 29.78 3.37

TSCE-06 2 8.36 0.24 1.47 27.99 3.26

TSCE-07 4 8.40 0.48 2.62 43.13 12.67

TSCE-08 4 8.71 0.46 2.49 43.29 12.07

TSCE-09 4 9.27 0.43 2.29 43.02 11.06

TSCE-10 5 9.17 0.55 3.30 39.21 16.20

TSCE-11 5 9.58 0.52 3.04 38.54 14.69

TSCE-12 5 9.31 0.54 3.20 38.62 15.50

TSCE-13 6 8.40 0.71 6.33 37.80 32.86

TSCE-14 6 8.67 0.69 5.78 35.72 28.37

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53

TSCE-15 6 8.56 0.70 6.00 36.46 30.02

Tabela 3- Valores obtidos pelo ensaio de tração simples para KIC.

Foi observado que, para os ensaios com comprimento de trinca induzida

de 1mm, foram obtidas tensões maiores que 100 MPa, valores similares aos

obtidos nos ensaios de tração simples sem entalhe utilizados para a

determinação do modulo de elasticidade. Este comportamento é devido a que o

comprimento do entalhe é muito menor e não tem propagação, levando o corpo-

de-prova a falhar por tração das fibras. Assim, para a análise são descartados os

dados para entalhe de 1mm.

O valor médio de IC

K corresponde a 13.81 MPa-m1/2, que representa um

valor baixo na relação com outros materiais e inclusive com os valores de

tenacidade para o bambu encontrados na literatura (Tabela 4). Este

comportamento pode ser devido à incerteza que se tem para a determinação do

instante no que começa a propagação da fissura e a que a propagação não

ocorre em sentido do plano do entalhe, já que se apresenta uma propagação

perpendicular ao dito plano, comportamento não coincidente com o indicado por

Amada & Untao (2001), que obtiveram tenacidade de 56 MPa-m1/2 sendo um

valor similar ao encontrado para aço e materiais metálicos. A diferença dos

resultados pode ser devido à diferença de umidade dos corpos-de-prova que

para os espécimes utilizados neste trabalho tinha um valor de 12.73% e que

para os ensaios de Amada e Untao não é especificada. Além disso, os

resultados de Amada indicam a observação da propagação da fissura no sentido

do plano do entalhe inicial sem mudança da direção da fratura. A Tabela 4 mostra

valores médios do fator de intensidade de tensões para o modo I de vários

materiais (Amada e Untao, 2001)

MATERIAL KIC (MPa-m1/2)

Aço de alta resistência 57

Titanio 38.5

Aluminio 34

Plástico 2.0-10.

Madeira Spruce 7

Bambú Mosso 56.8

Tabela 4-Valores de KIC de alguns materiais (Amada & Untao, 2001).

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A Tabela 5 mostrar os valores médios para o fator de forma, tensão no

começo da propagação e tenacidade sob modo I para os comprimentos de trinca

2, 4, 5 e 6mm.

a/w f(a/w) σσσσc (MPa) KIC (MPa-m1/2)

0.23 1.45 28.91 3.32

0.46 2.47 43.15 11.93

0.53 3.18 38.79 15.46

0.70 6.04 36.66 30.42

Tabela 5-Resultados de obtidos de KIC.

A Figura 3, mostra a forma da fratura observada durante a execução dos

ensaios a tração simples. Pode-se notar que a fissura induzida tem uma

pequena propagação até encontrar a zona de lignina mais próxima cuja

resistência é da ordem de 4MPa (valor muito menor que a resistência das fibras),

por onde se propaga uma fissura vertical no sentido do alinhamento das fibras.

(a)

(b)

Figura 3-Detalhe do modo de fratura nos ensaios de tração simples, (a) Começo da

propagação, (b) Fratura por cortante.

A diferença do comprimento da fissura induzida não muda a forma da

fratura e em todos os casos se gera uma fissura no sentido paralelo às fibras

que se propaga no sentido da aplicação da carga, mas incrementa o fator de

intensidade de tensões.

Inicio da fissura

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55

4.4.KIC por ensaio 4-ENF

Neste tipo de ensaio o corpo-de-prova não apresenta uma fratura

caracterizada pelo modo I, já que de forma similar que para o ensaio de tração

simples, a fissura muda de direção iniciando uma fratura horizontal dentro da

zona de lignina mais próxima à ponta do entalhe.

Para estabelecer o instante de inicio da propagação da fissura durante a

execução do ensaio, foi escolhido como referência os resultados das

deformações registradas pelos strain gages 4 e 5 indicados na ¡Error! No se

encuentra el origen de la referencia., pois no momento que começa a nova

fissura horizontal, o carregamento sobre os extensômetros é liberado e as

leituras das deformações mostram um ponto de inflexão deixando em evidência

o valor da carga critica. A Figura 4 mostra como foi determinada a carga crítica

para os ensaios 4-ENF para o modo I.

CURVA DE CARREGAMENTO vs. DEFORMAÇÃO

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

0 500 1000 1500 2000 2500

Deformação (µεµεµεµε)

P (

kN)

Media Strain Gages 4-5 Strain Gages 4 Strain Gages 5

Figura 4- Carga-Deformação para a determinação da carga critica no ensaio 4-ENF para

o modo I.

A Tabela 6 apresenta os valores de C

P de acordo com a face no qual foi

inserido o entalhe inicial. Os resultados indicam um aumento da carga crítica

quando a fissura se encontra na fase exodérmica. Nos casos onde o entalhe fica

na fase endodérmica e lateral, C

P muda ligeiramente correspondendo a 77% de

CP na fase exodérmica.

PC

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POSIÇÃO DO ENTALHE INICIAL

PC (kN) KIC (MPa-m1/2)

FEX 1.29 16.38

FEN 1.02 12.96

FLT 0.96 12.23

MEDIA 1.09 13.86DESVIO PADRÃO 0.18 2.22

Tabela 6-PC e KIC em função da posição do entalhe inicial induzido

Utilizando a formulação indicada pela equação (4.2) e substituindo P por

CP , obtém se o valor da tenacidade à fratura para o modo I com um espécime

num ensaio 4-ENF, onde o fator de forma para este tipo de ensaio foi adotado da

literatura.

( )( )( )

( ) ( )

( )

2

3

3

3 1.99 1 2.15 3.93 2.7;

2 1 2 1

I

afw

PLK f

B W

γ γ γ γ γγ γ

γ γ

γ

− − − + = =− −

= ⋅

(1.2)

Os resultados para o fator de intensidade de tensões determinados pelo

ensaio 4-ENF não concordam com os obtidos pelo ensaio de tração simples,

devido à incerteza na determinação do instante de início da propagação da

fissura e da carga critica no ensaio a tração.

(a)

(b)

(c)

(d)

Inicio da fratura

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Figura 5-Ensaio 4-ENF para Modo I. (a) Entalhe inicial. (b) Começo da propagação da

fissura horizontal. (c) Fratura. (d) Detalhe de execução do ensaio.

A Figura 5 mostra o processo de fratura observado nos ensaios à flexão

em quatro pontos para a determinação da tenacidade sob modo I. A Figura 5 (a)

mostra o estado inicial do ensaio com o entalhe inicial de 1mm. A Figura 5 (b)

apresenta o instante no que a fissura muda de orientação e começa a

propagação no sentido horizontal. A Figura 5 (c e d) mostram a forma de fratura

correspondente a uma falha pelo cortante sem apresentar propagação da fissura

no sentido do plano do entalhe inicial (plano vertical).

4.5.KIIC por ensaio 4-ENF

Os ensaios para a determinação da tenacidade a fratura sob modo II

correspondem a ensaios do tipo 4-ENF para corpos-de-prova com trincas

horizontais, como a indicada na ¡Error! No se encuentra el origen de la

referencia. com diferentes comprimentos de trinca iniciais (35, 45, 55 e 65mm).

Dos ensaios feitos para cada comprimento de entalhe foi estabelecido o valor do

carregamento crítico (PC) e o valor da flexibilidade (C) do espécime seguindo o

procedimento indicado no capítulo 3. A flexibilidade é obtida como o inverso da

pendente (Figura 6), calculada com uma regressão linear da curva Carga vs.

Deslocamento. Os resultados obtidos estão resumidos na Tabela 7 onde o valor

de m representa a pendente das curvas. A Figura 7 mostra como foi determinada

a carga critica.

a (mm) m (kN/mm) C (mm/kN) Pc (kN) 35 0.56 1.80 0.67

35 0.50 2.00 0.72

45 0.46 2.19 0.64

45 0.47 2.13 0.66

55 0.42 2.38 0.70

55 0.41 2.42 0.67

65 0.39 2.58 0.58

65 0.39 2.59 0.60

Tabela 7-Resultados das flexibilidades e cargas criticas para os espécimes ensaiados.

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58

Carga vs. Deslocamento

y = 0.5696x

R2 = 0.9993

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2

Deslocamento (mm)

Car

ga

(kN

)

Figura 6-Regressão linear para a determinação da flexibilidade do espécime com

a=35mm.

Carga vs. Deslocamento

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8

Deslocamento (mm)

Car

ga

(kN

)

Figura 7- Carga VS. Deslocamento num ensaio 4-ENF para o modo II e determinação do

carregamento critica PC.

Foram desenhados traços verticais sob o corpo-de-prova com uma

separação de 5mm para ajudar na visualização com o microscópio do processo

de propagação da fissura, já que, como se observa na Figura 8, os traços

marcados vão se deslocando e deixando em evidência a incremento na fissura.

Dito comportamento também foi observado nos extremos do espécime já que a

parcela superior do corpo foi se movimentando com respeito à parcela inferior

(Figura 9).

PC

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59

Figura 8- Detalhe do processo de ensaio 4-ENF para obtenção do fator de intensidade

de tensões sob modo II.

Figura 9- Deslocamento nos extremos do corpo-de-prova.

Com os dados médios obtidos para cada comprimento de trinca foi

determinada a curva de variação da flexibilidade em função do comprimento de

entalhe. A partir desta curva foi calculado o melhor ajuste linear, obtendo uma

reta com pendente de 2,28% valor que indica a relação C

a

∂ que é necessária

para o cálculo da taxa de dissipação de energia (Equação 2.42).

Aplicando a teoria clássica de análise de vigas, foi determinado o valor da

flexibilidade para cada corpo-de-prova e calculado o valor de GIIC**. Assim na

Tabela 8 apresentam-se os resultados experimentais e teóricos para a análise

de fratura sob modo II. O valor do fator de intensidade de tensões é calculado a

partir da equação 2.44.

A Figura 10 mostra o incremento da flexibilidade de sistema em função do

aumento do comprimento da trinca. Isto é válido porque a que a inércia da

secção transversal muda dependendo do comprimento do entalhe induzido.

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60

Flexibilidade vs. Comprimento de Trinca

y = 0.0228x + 1.1213R2 = 0.9951

1.50

1.70

1.90

2.10

2.30

2.50

2.70

30 35 40 45 50 55 60 65 70

a (mm)

C (

mm

/kN

)

prom Lineal (prom)

Figura 10-Curva Flexibilidade vs. Comprimento de Trinca

Com os dados obtidos se estabelece uma curva que relaciona o

comprimento de trinca com a taxa de dissipação de energia que deixa ver uma

pequena variação de GIIC na medida em que se incrementa o comprimento da

fratura, mas que pode ser definido como uma variação constante dado o valor

obtido do desvio padrão (Figura 11).

a (mm) C (mm/kN) Media Pc (kN) GIIc* (kJ/m2) GIIc** (kJ/m2)

KIIc (MPa-m1/2)

35 1.90 0.70 0.51 0.55 2.27

45 2.16 0.65 0.43 0.43 2.08

55 2.40 0.68 0.48 0.48 2.20

65 2.59 0.59 0.37 0.39 1.93

Media 0.45 0.46 2.12

σ 0.06 0.07 0.15

Tabela 8-Resultado experimentais e teóricos da tenacidade à fratura sob modo II.

O valor médio do fator de intensidade de tensões sob modo II é similar aos

valores encontrados na literatura para ensaios feitos em madeiras altamente

fibrosas e que apresentam um comportamento parecido ao observado pelo

bambu na fratura sob modo II. A Tabela 9 apresenta os resultados de KIIC para

diferentes tipos de madeiras.

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61

Taxa de discipação de Energia vs. Comprimento de Trinca

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

30 35 40 45 50 55 60 65 70

a (mm)

GII

(kJ/

m)

Experimental Teorico Serie3

Figura 11-Relação entre a taxa de dissipação de energia e o comprimento de trinca.

Material KIIc (MPa-m1/2)

Douglas-Fir 2.24

Scotch pine 1.33

Balsa 0.28

Western Hemlock 2.24

Dendrocalamus 2.12

Tabela 9-Valores da tenacidade à fratura sob modo II para diferentes madeiras.

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5 CONCLUSÕES

A pesquisa desenvolvida permitiu estabelecer os fatores de intensidade de

tensões para os modos I e II, KIC, KIIC para a espécie Dendrocalamus Giganteus

a partir de ensaios de tração e de flexão em quatro pontos.

Nos ensaios de tração simples com diferentes comprimentos de entalhe

inicial para a determinação do fator de intensidade de tensões KIC, foi encontrado

um valor médio de 13.81 MPa-m1/2 que fica no intervalo das tenacidades de

materiais ortotrópicos fibrosos como a madeira (4-20 MPa-m1/2)

Nos ensaios realizados nesta pesquisa, observou-se que a fissura inicial

se propaga uma pequena quantidade até encontrar uma zona de lignina onde a

fissura muda de direção para propagar-se no sentido paralelo às fibras e

finalmente causando a falha por cisalhamento sob modo II de fratura.

Nos ensaios para a determinação de KIC num ensaio 4-ENF foi avaliada a

variação da tenacidade em função da localização do entalhe inicial na face

exodérmica, endodérmica e lateral do corpo-de-prova, o que indicou um

aumento de KIC quando a fissura se inicia na face exodérmica onde se tem maior

concentração de fibras que nas faces lateral e endodérmica do bambu, obtendo

um valor médio de 14 MPa-m1/2, este valor corresponde ao valor encontrado nos

ensaios de tração simples, apresentando o mesmo comportamento de

propagação da fissura. Há a influência da presença de lignina que tendo

resistência muito inferior que as fibras entre as fibras, inibem a propagação da

trinca perpendicularmente a elas, ocorrendo em todos os casos uma falha pelo

modo II e uma delaminação das camadas do bambu.

Foi apresentado o procedimento de ensaio para a determinação do fator

de intensidade de tensões para o modo II KIIC, a partir de testes a flexão em

quatro pontos e a aplicação do método da calibração da flexibilidade para a

determinação da taxas de dissipação de energia GIIC, encontrando-se boas

correlações com os dados teóricos obtidos da análise tradicional de vigas. O

valor médio experimental e teórico de GIIC corresponde a 0.45 kJ/m2, e 0.46

kJ/m2 respectivamente, valores que permanecem constantes com o incremento

do comprimento do entalhe inicial, assim, o valor de KIIC corresponde a 2.12

MPa-m1/2.

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62

As pesquisas desenvolvidas no estudo do comportamento à fratura do

bambu são escassas e ainda tem-se muitos temas disponíveis por investigar,

como os que se sugerem a seguir:

• Avaliação do comportamento do bambu sob modos de fratura I e II

mistos para estabelecer o processo de delaminação das camadas

do bambu.

• Estudo da propagação das trincas em colmos inteiros de bambu.

• Análise numérica dos fatores de intensidade de tensões para os

modos I e II do bambu.

• Aplicação experimental da fratura do bambu em modelos de

estruturas simples.

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67

APÊNDICE A

As relações constitutivas σ ε− podem ser expressas para um ponto de

um material qualquer onde todos os termos de tensão (ij

σ ) são relacionados

aos nove termos de deformação de Cauchy (kl

ε ), o que é expresso

matricialmente como indica Equação (A.1), onde os 81 componentes ijkl

C

correspondem aos elementos da matriz de rigidez do material, os subíndices ij e

kl são referidos as tensões e as deformações respectivamente (Gibson, 1994).

1111 1122 1133 1123 1131 1112 1132 1113 112111

2211 2222 2233 2223 2231 2212 2232 2213 222122

33

23

31

12

32

13

21

C C C C C C C C C

C C C C C C C C C

σ

σ

σ

σ

σ

σ

σ

σ

σ

=

M M M M M M M M M

M M M M M M M M M

M M M M M M M M M

M M M M M M M M M

M M M M M M M M M

M M M M M M M

11

22

33

23

31

12

32

13

2111 2122 2133 2123 2131 2112 2132 2113 2121 21C C C C C C C C C

ε

ε

ε

ε

ε

ε

ε

ε

ε

M M

(A.1)

Devido à simetria existente entre as tensões e as deformações, os

elementos da matriz de rigidez são também simétricos da forma

, ijkl jikl ijkl ijlk

C C C C= = , assim, para um material anisotrópico, a matriz de rigidez

é formada por 36 elementos, dos quais 21 são independentes, como o indica a

Equação (A.2), na qual é aplicada uma mudança nos subindices para trabalhar

de acordo com a notação de Voigt-Kelivin (Reddy, 1997), descrita a seguir.

11 1, 22 2, 33 3, 23 4, 13 5, 12 6→ → → → → →

1 11 12 13 14 15 16 1

2 22 23 24 25 26 2

3 33 34 35 36 3

4 44 45 46 4

5 55 56 5

6 66 6

C C C C C C

C C C C C

C C C C

C C C

SIM C C

C

σ ε

σ ε

σ ε

σ ε

σ ε

σ ε

=

(A.2)

Levando em conta as possíveis formas de simetria que um material

compósito pode apresentar, é fácil fazer simplificações na matriz de rigidez. O

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primeiro caso é aplicado para o um material monoclínico, definido como aquele

cujas constantes elásticas ij

C de um ponto qualquer têm os mesmos valores

que o ponto espelho com respeito a um plano definido, obtendo-se 20

componentes não nulas das quais 13 são independentes. Por exemplo, se o

plano de simetria corresponde a 3

0x z= = , a matriz de rigidez é definida pela

Equação (A.3).

[ ]

11 12 13 16

22 23 26

33 36

44 45

55

66

0 0

0 0

0 0

0

0

C C C C

C C C

C CC

C C

SIM C

C

=

(A.3)

O segundo caso se refere à possibilidade de ter três planos de simetria

mutuamente ortogonais onde não há interação entre tensões normais

(1 2 3, ,σ σ σ ) e deformações cisalhantes (

23 31 12, ,ε ε ε ), e vice-versa. No entanto, o

termo ortotrópico não é suficiente para descrever a forma da matriz de rigidez, a

que depende do sistema de coordenadas usado. Assim, se os eixo principais

coincidem com os eixo de simetria do material compósito, os componentes da

matriz são reduzidos a 12 elementos não nulos, 9 deles independentes. Este

material é chamado especialmente ortotrópico cuja matriz de rigidez é dada pela

Equação (A.4).

[ ]

11 12 13

22 23

33

44

55

66

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0

0

C C C

C C

CC

C

SIM C

C

=

(A.4)

Quando as propriedades de um material ortotrópico ao longo de duas

direções ortogonais são as mesmas, o material é denominado transversalmente

isotrópico, obtendo-se os mesmos 12 elementos não nulos, mas só 5

independentes. Para este terceiro caso, a Equação (A.5) define a matriz de

rigidez.

O caso mais simplificado corresponde aos materiais isotrópicos nos quais

os três eixos coordenados são eixos de simetria e as propriedades elásticas são

as mesmas para qualquer ponto. Para este caso a matriz de rigidez dada pela

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Equação (A.6), tem 12 elementos não nulos e unicamente 2 componentes

independentes.

[ ]( )

11 12 13

22 23

33

22 23

66

66

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 02

0

C C C

C C

CC

C C

SIM C

C

= −

(A.5)

[ ]( )

( )

( )

11 12 12

11 12

11

11 12

11 12

11 12

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 02

02

2

C C C

C C

CC

C C

C CSIM

C C

= −

(A.6)