GRUPO DE FOCO
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Em seguida, estruturou-se um roteiro que
deveria servir como base para que o moderador
guiasse as discussões no momento da pesquisa.
A partir das anotações feitas pelos assistentes e
das gravações em vídeo compilou-se uma série
de descobertas sobre as necessidades e
impressões dos usuários que podem guiar as
próximas decisões projetuais.
Este relatório foi elaborado como requisito
parcial à conclusão da disciplina Grupo de Foco
da pós-graduação Ergodesign de Interfaces:
Usabilidade e Arquitetura de Informação da PUC-
RJ.
A proposta da atividade foi realizar um grupo de
foco em sala de aula a partir do tema de trabalho
de conclusão de curso de algum dos integrantes
do grupo formado. A partir de um debate entre
os integrantes, chegou-se a um consenso sobre o
tema da pesquisa.
A etapa seguinte foi definir o objetivo da
pesquisa, o perfil de público que deveria ser
recrutado para a execução da técnica e a
definição dos papéis de moderador e assistentes.
Tela inicial PowerPoint 2016
O produto escolhido como tema para o grupo
de foco foi o PowerPoint. Um programa muito
utilizado para criação, edição e exibição de
apresentações digitais personalizadas. Pode ser
usado tanto em sistema operacional Windows,
MAC quanto o Linux.
Nas apresentações é possível usar imagens,
sons, textos e vídeos. Também possui modelos
de apresentação pré-definidos, galeria de
objetos gráficos e uma grande variedade de
efeitos de animação e composição de slides,
tornando o conteúdo mas atrativo gráfica e
visualmente. Muito utilizado em ambientes
acadêmicos e profissionais, é um recurso para
seminários, palestras e apresentações de temas
de modo mais visual.
O sistema possui recursos para auxiliar o
usuário tais como templates de slides e
modelos de imagens (gráficos, processos, etc.).
Apesar destes recursos, o sistema não
apresenta nenhum auxílio em relação à
concepção do conteúdo, ou seja, à estruturação
do roteiro e da argumentação da apresentação.
Este trabalho investigará se esta é, de fato, uma
questão para os usuários ou se existem outros
“pain points” mais críticos.
Criação de apresentações em Power Point.
Investigar o nível de satisfação dos usuários com relação aos
recursos existentes no PowerPoint.
Pessoas que utilizam o PowerPoint com alguma frequência como
ferramenta de criação de apresentações para fins profissionais ou
acadêmicos.
A técnica do grupo de foco tem como objetivo
ajudar os times de desenvolvimento a
compreender alguns desejos e necessidades dos
usuários de um sistema.
Diferente da Avaliação Cooperativa, esta não é
uma técnica específica para descoberta de
questões relativas à usabilidade do sistema, já
que os usuários não navegam no sistema no
momento da pesquisa.
No entanto, o grupo de foco pode ser aplicado
logo após uma avaliação cooperativa, para uma
discussão mais ampla sobre o sistema utilizado
ou como técnica avulsa, no início de um novo
projeto, para colher opiniões sobre o produto
em questão e/ou seus concorrentes.
O método consiste em promover uma ou mais
sessões de discussões com alguns usuários
convidados, em grupos que podem ter de 4 a 6
participantes.
A conversa entre os participantes deve fluir
naturalmente, sem rigidez, mas a equipe que
aplicará a técnica com os participantes deve
preparar previamente um roteiro com todas as
questões que precisam ser abordadas.
Na formulação do roteiro é importante pensar
em perguntas abertas para abrir as discussões e
aquecer os participantes. Em seguida, algumas
questões de transição devem direcionar a
conversa para os tópicos principais,
estabelecendo uma ligação lógica entre a
abertura e as questões de encerramento.
No momento de aplicação da técnica são
indispensáveis os seguintes perfis:
- 1 moderador, responsável por administrar o
diáogo e manter todos os participantes
envolvidos e focados nas questões pertinentes.
- 1 assistente, que não participa da discussão,
mas é responsável por organizar o ambiente e
os equipamentos necessários. O assistente
também pode ser responsável por fazer as
anotações das disussões, apesar de poder haver
alguns observadores externos que também
cumprem este papel.
No caso deste trabalho, além do moderador, 3
integrantes exerceram papéis de assistentes,
cada um com uma função específica: 2
anotadores e 1 responsável por controlar o
tempo da pesquisa e a câmera.
Como avaliar de o grupo de foco é a técnica
adequada para o projeto?
Entre as principais vantagens do método estão:
1) custo (baixo se comparado a outras técnicas
de pesquisa centrada no usuário); 2) agilidade
(como são realizados poucos grupos, é possivel
obter insights em um tempo relativamente
curto); 3) profundidade (é possível abordar
questões complexas de forma bastante
qualitativa, permitindo, inclusive, avaliar
questões como a satisfação dos usuários).
Antes de optar pelo de grupo de foco,
entretanto, cabe avaliar também algumas
ressalvas em relação à aplicação deste método:
- O grupo de foco não fornecerá dados
quantitativos.
- Os insights obtidos não poderão ser
generalizados pois refletem opiniões dos
participantes ali presentes e nao são realizados
muitos grupos a fim de de checar redundância
dessas questões.
- Seu resultado fica muito dependente de
alguns fatores difíceis de serem geridos: um
bom moderador, recrutamento correto.
Introdução (3 minutos)
1. Apresentação pessoal
2. Apresentação breve da técnica e dos objetivos
(Estamos aqui nessa tarde fria para fazer um grupo de
foco.
O grupo de foco é uma técnica utilizada a título de pesquisa que tem como objetivo entender melhor a percepção de pessoas sobre um determinado tema, que nesse caso é a criação de apresentações.A participação de todos é muito importante. Não há nada certo ou errado e nenhum comentário ou dúvida será julgado, muito pelo contrário, é deles que nós precisamos! Fiquem a vontade para compartilhar e comer o lanchinho…)
Aquecimento (15 minutos)
3. Em que situações vocês costumam fazer apresentações digitais? Com que frequência?
Contexto (40 minutos)
4. Quais programas vocês costumam utilizar para montar as apresentações digitais?
5. Na sua experiência, lembra de alguma
situação em que o programa não te atendeu?
6. Vocês usam modelos prontos? Quais as
vantagens de utilizar esses modelos? E as desvantagens? Algo que poderia ser diferente?
7. Como vocês estruturam as apresentações?Vocês montam um roteiro?Como vocês organizam o conteúdo dos slides?Vocês adaptam suas apresentações de acordo com quem assistirá? Como?
8. Com relação a criação do conteúdo/texto? Vocês tem dificuldade ou facilidade?
9. O que vocês achariam de ter um auxílio sobre como estruturar cada etapa da apresentação? Por exemplo, o que incluir na introdução, argumentação, etc...
Agradecimentos (2 minutos)
(Muito obrigada pela participação de vocês na nossa pesquisa. Se houver uma nova etapa, vocês gostariam de participar novamente?)
A amostra dos grupos de foco usualmente são
compostas por usuários que representem o
público-alvo, podendo ser selecionado um
grupo homogêneo ou heterogêneo.
A maioria dos grupos tende a ser homogêneo
para garantir níveis sociais, econômicos e
culturais semelhantes para que nenhum
participante sinta-se inibido.
Entretanto, por vezes pode-se ter como
objetivo gerar polêmicas afim de aprofundar
discussões sobre um determinado tema. Nesses
casos recomenda-se a utilização de um grupo
heterogêneo.
É importante gerar um questionário de
recrutamento para garantir a seleção dos
usuários dentro do perfil necessário.
No caso específico deste trabalho, como a
proposta foi a de realização em sala de aula
com os próprios alunos da pós-graduação, esta
etapa foi desconsiderada. No próximo slide
consta o perfil dos participantes deste grupo.
3 homens
4 mulheres
5 de 21 a 30 anos
2 de 31 a 40 anos
6 designers
1 publicitário
- Todos os usuários reportaram realizar
apresentações tanto em sua vida profissional
quanto para fins acadêmicos. Além disso, fazem
apresentações para si mesmos e para terceiros.
- A “falta de tempo” para elaboração de
apresentações foi uma questão unânime. A
frequência variou de 1 a 4 vezes por semana,
indicando intensidade na realização da atividade.
- Os usuários concordaram que enxergam a
realização de apresentações como uma obrigação
“chata”, mas de grande exposição. Falas de
admiração e respeito por bons apresentadores
acompanharam todas as perguntas.
“Estou me esforçando aqui para lembrar, mas realmente eu só fiz
apresentações obrigada. Sempre a contragosto. É um pouco a parte chata
que precisa ser feita.”
“Fazer apresentações é algo que te abre uma porta”
“Tem gente que tem o dom”
- Um ponto importante levantado por alguns
participantes é que existem dois tipos de
apresentação: aquela que de fato será
apresentada e aquela que será enviada como um
material explicativo ou relatório. Essas funções
exigem tipos diferentes de apresentação.
- Os usuários concordam que na maioria das
corporações o Power Point é a ferramenta mais
comum, sendo utilizado pela maioria para fins
profissionais. O key note foi apontado por uma
usuária de Mac. Para fins acadêmicos o Google
drive foi o mais mencionado por suas features
de colaboração e compartilhamento. O Prezi foi
apontado por uma usuária que disse não
utilizar mais e que a ferramenta caiu em
desuso.
- Devido ao grande número de designers, este
tópico acaba enviesado, uma vez que grande
parte das ferramentas mencionadas não são de
conhecimento geral. Foi apontado mais de uma
vez a diferença entre a apresentações “de
outras áreas da empresa” e “dos designers”.
“Como no Power Point não dá para fazer porra nenhuma, eu faço tudo no
Photoshop e exporto para o Power Point. Fica bizarro de pesado, mas
enfim… e é extremamente trabalhoso.”
“O pedido vem assim: “Faz aí ficar bonito, mas tem que ser editável para o CEO poder mudar o que ele quiser…”...
aí fica difícil.”
- Os usuários reportaram utilizar diversos
programas para realizar suas apresentações,
especialmente quando há uma preocupação
estética: Photoshop, Illustrator, In design,
Sketch.
- Os usuários apontaram dificuldades em
executar trabalhos gráficos de qualidade no
Power Point, embora um integrante do grupo
tenha mencionado que há alguns profissionais
que vivem de apresentação e fazem tudo no
Power Point, gerando apresentações muito
bonitas. “Mas são pessoas que vivem disso. Os
mestres do Power Point”.
- A gestão de outros arquivos de mídia tais
como vídeos, audios, etc. foram apontados
como uma dificuldade em qualquer sistema
utilizado. “Nunca funciona”.
- Outra dificuldade foi o uso de fontes que não
são default de sistema.
“O Power Point é só um cara que tem uma folha em branco e os clientes
pedem coisas extremamete visuais. Como fazer isso no Power Point?”
“A forma como lidam com conteúdo multimídia ainda é muito estranha.
Não tenho confiança.”
- Foram feitas sugestões de integração entre
programas gráficos avançados e o Power Point
a fim de minimizar o esforço dessa dicotomia
entre o trabalho do designer e a necessidade de
edição por parte do apresentador.
- Os usuários reconheceram três tipos de uso
de “modelos prontos”: 1) o uso de templates
fornecidos pelo sistema, 2) o uso de templates
oferecidos pela empresa e 3) o uso de materiais
que já foram apresentados anteriormente.
- Em todos os casos, o ponto positivo
“economia de tempo” é o principal fator para
escolha do uso de modelos pontos. Além disso,
foi apontado a padronização no caso de
apresentações corporativas e relatórios e a
possibilidade de “inspirar-se” vendo
apresentações anteriores.
- A principal desvantagem é a perda de
flexibilidade.
“Como designer prezo muito pela estética. Só uso templates quando estou
com muita pressa.”
“Quando faço uma apresentação preciso dar uma estudada. Quando às
vezes tem um template pronto mais estruturado, ajuda a te guiar… dá mais
ideias”
“Depende da finalidade. Posso me preocupar mais com a estética ou com o
conteúdo. [...] Conteúdo o template serve.”
- Há uma aceitação maior no uso de templates
nas apresentações quando o usuário não é um
designer.
- Os usuários apontaram que quando fazem
apresentações para si mesmos criam um
roteiro (mental ou de fato), mas que por vezes
recebem demanda externas (criar apresentação
para terceiros) e nesses casos a estrutura já
vem pronta.
- Os métodos para criação de roteiros variam:
listas e storyboards em papel, slides de
sumário ou até mesmo já ir abrindo vários
slides com os títulos de cada tópico.
- Alguns usuários apontaram que a forma
como estruturam o roteiro depende do
tamanho da apresentação: se for até 15 slides,
estruturam no próprio software de
apresentação.
“Quando eu vou apresentar eu monto minha própria estrutura, qaundo é para
outra pessoa normalmente recebo as instruções.”
“Papel. Aí é papel e lápis.”
“Normalmete sempre crio um índice. Lá eu coloco os tópicos e vou me
guiando por ali. Como se fosse uma agenda, um “do que vamos falar hoje”:
o qué, como foi feito, quais foram os resultados…”
- De um modo geral a forma de fazer roteiros
se mostrou bastante particular e individual.
- Os usuários relatam adaptar o conteúdo e a
forma não apenas de acordo com o espectador,
mas também com o local no qual a
apresentação será realizada.
- Em relação ao conteúdo, alguns usuários
disseram manter o texto no slide para se ajudar
a lembrar no momento da apresentação mais
do que para que de fato o espectador leia.
- A questão do texto é um dilema grande que
faz parte da divsão de apresentações “para
serem apresentadas” x “para serem enviadas”,
uma vez que frequentemente materiais podem
ter que atender às duas demandas.
“Se o espectador importa? 100% da apresentação é o espectador.”
“Eu fico muito insegura de esquecer o que vou falar.”
“Se o apresentador é bom, eu não leio, porque fico focada.”
“Redator está aí para isso. Até a parte técnica eu descrevo para o redator que
escreve de uma forma vendedora”
“Queria que tivesse um botão mágico para transformar todo o conteúdo que
montei em uma apresentação.”
- Os usuários não conseguiram entender
adequadamente o que seria esse auxiliar.
Interpretaram hora como algo que traria dicas
clichê hora como algo que faria um cruzamento
através de leitura semântica do conteúdo
trazendo mais sugestões de links.
- É possível que uma introdução sobre modelos
e técnicas de argumentação, e/ou trazer telas
pensadas para o auxiliar pensado facilitasse a
compreensão e permitisse comentários mais
assertivos acerca da ideia.
- Apesar disso, os usuários relataram passar
sim por momento de “branco” nos quais não
sabiam como prosseguir com o conteúdo de
suas apresentações.
“Se eu tiver que ler para poder escrever, eu não vou ler.”
“Eu acho que ía causar muita antipatia. Dependendo da forma (...) se fosse para
dar dicas de como fazer “show business” eu não ía gostar.”
“Como poderia ter um assistente de estrutura ou conteúdo? Quando penso
em retrospectiva não há nada que tenha em comum em todas as minhas
apresentações”
- Foi percebido um certo receio de que esse
auxiliar acarretasse mais trabalho ou afetasse a
auto-confiança do usuário.
- Foram sugeridas algumas formas que o
programa poderia ajudar no layout, dando alertas
para muito texto, fontes excessivamente
pequenas, imagens pixeladas, etc.
- A questão da busca semântica foi mal
interpretada, soando infantil para alguns
usuários.
- Nenhum usuário gostou da ideia de ter um
assistente invasivo, ou seja, que opinasse sobre o
trabalho sem que o usuário o ativasse.
- Foi sugerido ainda que o programa ofertasse
um banco de dados de apresentações com filtro
por tema, para que o usuário pudesse se inspirar.
“Fico pensando que essa abordagem é muito infantil...”
“Teria que ser assim: “eu quero que você me lembre ou eu quero que você
suma””.
“Qual é o limite entre ele te ajudar a fazer a apresentação e ele fazer a
apresentação por você?”
- Os usuários mostraram desconforto com esse
auxílio no sentido de perder autoria em relação
à apresentação.
- Foram feitas associações irônicas com o
antigo auxiliar do Word (“um clips
inconveniente”).
O assistente deve funcionar de forma interativa
e dinâmica, sem parecer inconveniente. Ele
também deve poder ser acessado apenas
quando necessário. Tornando mais agraável a
experiência de produtividade de apresentações.
Assim destacam-se os seguintes pontos:
- O assistente pode ter funcionalidades que
ajudem a preparar o design da apresentação.
Levando em consideração o número de pessoas
que deve assistir a apresentação e o tamanho
do ambiente, pode sugerir o tamanho de fonte
adequado, por exemplo, assim como sugerir as
melhores recomendações de cores para que o
documento fique mais legível.
- Com relação ao look and feel do assistente, ele
deve possuir uma interface moderna e não deve
parecer infantil, já que este não seria o público
primário de um produto com esta funcionalidade.
Com a realização desta trabalho verificou-se na
prática a utilidade do uso da técnica de grupo
de foco. A partir do tema escolhido para a
conversa “Criação de apresentações em Power
Point” pode-se perceber a variedade de
opiniões acerca do produto assim como o
levantamento de necessidades que o software
ainda não atende em relação ao público do
grupo (formado basicamente por designers).
A discussão foi proveitosa e ouvir a experiência
dos usuários com o produto (ou o porquê da
não utilização) pôde de fato trazer insights que
seriam utéis na melhoria do programa
(Powerpoint).
Foram recolhidas informações obtidas através
da maneira como os participantes sentiam-se e
o que pensavam sobre o software.
Portanto, executar a técnica como ferramenta
de pesquisa para conhecer o que de fato é
satisfatório ou não em um produto pode fazer a
diferença para a captação de ideias novas e
auxiliar nas tomadas de decisões na melhoria
ou desenvolvimento de um produto.
Além disso, com relação à condução da
pesquisa, concluímos que os participantes não
compreenderam a funcionalidade imaginada
porque faltaram elementos para ilustrá-la.
Neste sentido, poderia ter sido apresentado um
protótipo ou algumas telas para contextualizar
melhor os participantes.
Outro fator que pode ter enviesado os
resultados da pesquisa foi a homogeneidade
profissional do grupo de participantes. Um
grupo formado quase exclusivamente por
designers pode possuir algumas caracteristicas
específicas, como o fato de não valorizarem
templates prontos e preferirem montar os seus
modelos, que atendam melhor às suas
necessidades.
Apesar destes fatos, concluiu-se que um
assistente de concepção de conteúdo e roteiro
pode sim atender a alguns públicos
interessados se for desenhado de forma
adequada, sem parecer infantil e sem parecer
uma bloqueio à criatividade.