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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A INFLUÊNCIA DO DÉFICIT DE ATENÇÃO NO DESENVOLVIMENTO
ACADÊMICO DO ALUNO
IDERI LUIZ TEODORO
Orientadores:
Tutora Narcisa Melo
Professora Fabiane Muniz
Taguatinga – DF
2009
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A INFLUÊNCIA DO DÉFICIT DE ATENÇÃO NO DESENVOLVIMENTO
ACADÊMICO DO ALUNO
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre
– Universidade Candido Mendes como requisito parcial
para obtenção do grau de especialista em
Psicopedagogia sob orientação da Tutora Narcisa
Castilho Melo e da Professora Fabiane Muniz.
Por: Ideri Luiz Teodoro
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos, primeiramente a Deus,
por ter me privilegiado com a vida. Aos meus
amigos, por estarem sempre presente em meus
tempos de necessidade. Aos meus professores,
pela orientação dada no decorrer de nossos
estudos. Aos orientadores, pela ajuda na
concretização desse sonho, e aos colegas, pelo
companheirismo e dedicação.
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado à minha família,
que responde pela minha felicidade; aos
meus professores e tutores, que me
acompanharam durante o meu período de
estudos; a todos os meus amigos, que
direta ou indiretamente contribuíram para
o meu sucesso nesta vida. A todos vocês,
minha mais sincera demonstração de
apreço.
RESUMO
Muito tem sido discutido sobre o papel da escola no processo de aprendizagem em
crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Sabe-se
das dificuldades de aprendizagem que essas crianças enfrentam na escola e
da existência de vários motivos que levam as mesmas a fracassarem. É muito
importante o papel da escola na busca de soluções quando se percebe o TDAH. A
observação, a paciência e a disponibilidade do professor em sala de aula, ajudam
bastante no diagnóstico e também na melhoria da auto-estima do aluno. As crianças
devem se sentir estimuladas para freqüentarem a escola e lá encontrarem um
ambiente agradável com pessoas que demonstrem interesse e respeitem a
sua individualidade, e também, tenham conhecimento das variações
comportamentais, principalmente em se tratando do TDAH, sabendo-se que os
portadores não conseguem realizar os vários projetos que planejam e são
tidos como fora do contexto. O problema pode ser percebido em idade escolar,
assim, a compreensão do fenômeno hiperatividade se faz necessária, pois é
importante preparar o professor para lidar melhor com a criança portadora do
TDAH, de modo que esse seja capaz de diferenciar a hiperatividade de um
comportamento indisciplinado. Acredita-se que as escolas deixam muito a
desejar, confundindo TDAH com indisciplina, no entanto, uma intervenção precoce
pode significar muito em termos de reduzir a ampla série de problemas secundários.
O amadurecimento do nosso conhecimento mediante realização desta pesquisa
evidenciou que a ação pedagógica do professor não pode ser definida isoladamente
senão em contato com uma equipe multidisciplinar, bem como possibilitar ao
hiperativo acomodações para se obter sucesso.
Palavras-chave: TDAH, Hiperatividade, Criança, Professor.
METODOLOGIA
Na elaboração deste trabalho, buscou-se utilizar a pesquisa bibliográfica, que
objetiva explicitar e construir hipóteses acerca do problema do Transtorno do Déficit
de Atenção e Hiperatividade. Neste caso, tornou-se necessário realizar um
levantamento bibliográfico, por meio de pesquisa em diversas fontes, entre estas,
publicações de autores renomados na pesquisa da hiperatividade, tais como Zagury
(2003), Benckzik (2002), Goldstein & Goldstein (2001), Condemarín et al (2006),
que ofereceram suporte para esta pesquisa.
Buscou-se a utilização do enfoque qualitativo de pesquisa, pois por meio
desta, procura-se entender as razões e motivos de um determinado comportamento. Busca-se entender as percepções que as pessoas têm a respeito de um
produto/serviço/assunto.
É importante o que afirma Patton (1980, p. 381) sobre o assunto:
Normalmente a pesquisa qualitativa é associada a dados
qualitativos, abordagem interpretativa e não experimental,
análise de caso ou conteúdo, enquanto a pesquisa quantitativa
é associada a dados quantitativos, abordagem positivista e
experimental e análise estatística.
Dessa forma, entende-se que em pesquisas qualitativas, a consistência pode
ser checada por meio de exame detalhado da literatura e comparando os achados
ou observações com aqueles da literatura, o que foi realizado neste caso.
Ainda de acordo com Ludke & André (1986), a abordagem qualitativa
possibilita oferece uma relação com a compreensão mais profunda da realidade e
mais abrangente dos sujeitos pesquisados. Segundo o autor,
As abordagens que se utilizam da abordagem qualitativa
possuem a facilidade de poder descrever a complexidade de
uma determinada hipótese ou problema, analisar e
interação de certas variáveis, compreender e classificar
processos dinâmicos experimentados por grupo sociais,
apresentar atribuições no processo de mudanças, criação
ou formação de opiniões de determinado e permitir, em maior
grau de profundidade, a interpretação das particularidades
dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos. (LUDKE &
ANDRÉ, 1986, p 117).
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8
CAPÍTULO I - ENTENDENDO MELHOR O MUNDO DO ALUNO
HIPERATIVO................................................................................. 10
1.1. Fatores que Desencadeiam a Hiperatividade ..................................... 12
1.2. Classificação dos Tipos de TDAH ..................................................... 14
1.2.1. Subtipos e sintomas do transtorno ........................................ 16
1.2.1.1. Tipo Combinado ....................................................... 16
1.2.1.2. Tipo Predominantemente Desatento ...................... 16
1.2.1.3 Tipo Predominantemente Hiperativo/Impulsivo........ 16
1.3. Detectando o TDAH ............................................................................ 17
CAPÍTULO I I - A INFLUÊNCIA DO TDAH NO DESENVOLVIMENTO
ACADÊMICO DO ALUNO ......................................................... 19
2.1. O Hiperativo e o Seu Rendimento Escolar ......................................... 20
CAPÍTULO III - A ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA E DO PSICOPEDAGOGO
NO TDAH..................................................................................... 27 3.1. Professores, Orientadores Educacionais e o TDAH .......................... 29 CONCLUSÃO....................................................................................................... 37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 38
FOLHA DE AVALIAÇÃO ...................................................................................... 39
ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS .............................................................. 40
ANEXO 2 – SUGESTÕES PARA INTERVENÇÃO DO PROFESSOR ............... 41
8
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como tema O Transtorno de Déficit de Atenção
Hiperatividade. Entende-se que este é um distúrbio do neurodesenvolvimento mais
comum na infância. A apresentação clínica do TDAH compreende três categorias
principais de sintomas: desatenção, impulsividade e hiperatividade, que se
manifestam em ambientes diferentes e causam comprometimento funcional.
É fato também, que o TDAH começa no início da vida e pode persistir na
adolescência e idade adulta. A prevalência citada em diferentes estudos variou de
acordo com a faixa etária da amostra e os critérios usados. A prevalência
tradicionalmente mencionada é de 3 a 5% das crianças escolares.
Entretanto, é evidente que os estudos mais recentes encontraram prevalência
mais alta, e os estudos epidemiológicos mais rigorosos definiram taxas de 4 a 12%
da população geral de crianças de 6 a 12 anos de idade.
Assim, este trabalho se justifica na necessidade de chamar a atenção sobre
essa entidade clínica, o Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA),com ênfase em
hiperatividade (TDAH), uma vez que esse distúrbio raramente é diagnosticado
corretamente em nosso meio, embora venha despertando crescente interesse no
meio científico de outros países, particularmente nos Estados Unidos, onde se
realizam congressos anuais específicos sobre esse assunto.
De grande importância esse assunto se apresenta, pois a dificuldade e a falta
de informação para lidar com jovens portadores de TDAH que atinge não só os pais,
mas principalmente as escolas, que na maioria das vezes não possuem professores
e orientadores preparados para trabalhar com este tipo de situação, tem causado um
grande numero de reprovação nas escolas.
Assim, tendo em vista esta falta de preparo das escolas em lidar com estes
jovens e em orientar as famílias, este estudo tem como objetivo apresentar idéias de
alguns teóricos que vão contribuir para a eficiência das escolas perante estes
alunos, apresentando maneiras de estruturar o trabalho pedagógico, facilitando o
manejo da sala e o aprendizado do aluno.
Este trabalho, como objetivo geral, se propõe a repensar as estratégias
metodológicas para que o professor possa auxiliar no tratamento e no
desenvolvimento cognitivo das crianças e adolescentes portadoras de Transtorno de
9
Déficit de Atenção e Hiperatividade. Além disso, como objetivos específicos, deve
apontar as causas do TDAH; Identificar os principais fatores que auxiliam no
diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade; Relacionar as
ações da Psicopedagogia com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade;
Buscar formas de lidar com o problema em sala de aula.
O primeiro capítulo traz a tona a forma de entender melhor os problemas do
aluno hiperativo, os fatores que desencadeiam a hiperatividade, seus tipos e outros
assuntos relacionados.
O segundo capítulo apresenta as formas como o TDAH influencia o
desempenho escolar dos alunos que sofrem deste problema, a dificuldade que estes
alunos têm para se concentrarem em seus deveres.
O terceiro capítulo relaciona a Psicopedagogia com os problemas
ocasionados pelo Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, oferecendo a
visão psicopedagógica sobre o assunto, sugerindo formas de amenizar os efeitos
do distúrbio, apontando para o papel do professor e da família (sociedade) no
sentido de auxiliar no desenvolvimento destes alunos TDAH.
10
CAPÍTULO I
ENTENDENDO MELHOR O MUNDO DO ALUNO
HIPERATIVO
A escola, desde o século XIX, tornou-se obrigatória, e, desde então, passou a
ter um papel fundamental para a ascensão social. Assim, as dificuldades escolares e
os seus fracassos passaram a ser considerados como um problema importante ou
até mesmo uma doença. Várias são as causas determinantes do fracasso escolar, e
o TDAH é uma delas, pois os portadores apresentam dificuldades para adaptação
escolar e familiar. Mas, antes de se apresentar algumas definições do TDAH,
vamos conhecer um pouco de sua história.
Cypel (2003, p. 13) assegura que pessoas hiperativas sempre existiram, mas
acredita que a educação familiar e os regimes escolares mais severos e mais rígidos
de antigamente (anteriores há esse século), de alguma forma tenham limitado
aparecimento desses comportamentos ou os mantiveram mais contidos. Ele também
afirma ainda que: “é difícil estabelecer na literatura o momento preciso em que se
determinou que essas manifestações corresponderiam a uma condição particular”.
Para ele, o ponto de partida foi dado no ano de 1925, quando os trabalhos de
Dupré assinalavam o desajeitamento ou a debilidade motora nas crianças sem
lesão cerebral, chamando a atenção para o aspecto emocional, e os trabalhos de
Wallon sobre L’Enfant Turbulent [A Criança Inquieta] que esboçava as
características clínicas dessas crianças, que se reconhece até hoje.
Já para Benczik (2002, p. 21), o ponto de partida se deu quando George
Frederick Still, no ano de 1902, analisou os sintomas em um grupo de crianças, onde
observou a existência de um “Defeito na Conduta Moral”. Tal “defeito” resultava em
uma inabilidade da criança para internalizar limites, gerando sintomas de
inquietação, desatenção e impaciência. Sendo assim, Still formulou a hipótese
de que esta condição não se deve à má-criação ou à perversidade da criança, e sim
a de uma herança biológica ou a um problema no parto. Condemarín et al. (2006, p.
21) acrescenta que foi a partir desse momento que o quadro começou a ter
importância entre os transtornos do desenvolvimento na infância.
Em 1934, Eugene Kahn e Cohen publicaram um artigo no jornal “The
New England Journal of Medicine”, onde afirmavam que havia uma base biológica
11
para a hiperatividade, no qual se fundamentaram em um estudo feito com
pacientes que foram vítimas da epidemia da encefalite de 1917-1918. Porém,
algumas crianças não foram expostas a essa epidemia, e, mesmo assim,
apresentaram sintomas similares ao da hiperatividade. Daí surgiu o novo termo
“Lesão Cerebral Mínima” que posteriormente, modificou-se para “Disfunção Cerebral
Mínima” (SILVA, 2003, p. 171).
Em 1937, Charles Bradley também mostrou uma linha de relação da
hiperatividade com o biológico, diante da descoberta acidental de que alguns
estimulantes do sistema nervoso central ajudavam crianças hiperativas a se
concentrarem melhor, a aprenderem melhor e a ficarem mais calmas. Esta
descoberta foi contrária aos pensamentos da época, pois os estimulantes em
pessoas ditas normais, produziam efeito inverso, ou seja, produziam um aumento de
atividade no sistema nervoso central (BENCZIK, 2002).
O termo hiperatividade só foi usado por Maurice Laufer, em 1957, e por Stella
Chess, em 1960. O primeiro acreditava que a síndrome era restrita a meninos e teria
sua remissão ao longo do crescimento do indivíduo, enquanto Chess acreditava que
a síndrome possui origem genética e não mesológica. Daí, o termo “Síndrome
da Criança Hiperativa” (SILVA 2003, p. 171).
Desde a década de 60, vêm surgindo muitas definições na literatura,
no quadro a seguir poderemos observar melhor todas elas:
Fonte: Condemarín et al. (2006, p. 20-21).
12
É importante considerar que a utilização diferenciada do termo desse
transtorno não muda em nada a condição da pessoa hiperativa. Como se pode
perceber nessa viagem no tempo, cada época parece trazer à tona alguma doença
ou perturbação que passa a preocupar intensamente determinada população e,
consequentemente, ser a mais percebida (inclusive onde não existe). Como um
fantasma, passa a causar temor. Esse é o caso da hiperatividade ou, para melhor
situá-la na atualidade, o TDAH.
Em relação a esse distúrbio deve-se esclarecer que pessoas diagnosticadas
TDAH não são, de forma nenhuma, maldosas, nem tampouco malcriadas, ou mal
educadas pelos pais. Elas são injustamente acusadas, quando na verdade são
portadoras de um transtorno que simplesmente as faz agir de maneira impulsiva,
desatenta e excessivamente agitadas.
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, que será aqui chamado de
TDAH, é um distúrbio comportamental comum da infância, sendo responsável pela
maioria dos encaminhamentos a serviços especializados. A literatura oferece uma grande variedade de definições teóricas, cada uma
representando uma linha de estudo e uma concepção sobre o quadro e levando as
diferentes formas de avaliação, intervenção e tratamento (CONDEMARÍN et al.
2006, p. 19).
1.1. Fatores que Desencadeiam a Hiperatividade
A hiperatividade é um transtorno que possui múltiplos fatores desencadeantes
que podem ou não estar vinculados ao distúrbio, sejam fatores genéticos, biológicos
ou psicossociais. Segundo Rohde e Benczick (1999, p.37), o TDAH “é um problema
de saúde mental que tem três características básicas: a desatenção, a agitação (ou
hiperatividade) e a impulsividade”.
Portanto, o transtorno é caracterizado por uma tríade sintomatológica que
parece ser responsável pela gama de problemas, principalmente quando a criança
começa a freqüentar a escola. Os sintomas de que se faz acompanhar são os
problemas de atenção (incapacidade em direcionar sua atenção para um
único foco), a hiperatividade (causada por uma mente que não pára nunca,
hipersensível, ligando-se a tudo ao mesmo tempo) e a impulsividade (o indivíduo
não consegue escolher uma idéia entre milhares que circulam pelo cérebro). É
13
fácil concluir que podem constituir um sério obstáculo à aprendizagem e a
socialização da criança portadora de TDAH em diferentes ambientes.
De acordo com Rodhe e Benczik (1999, p. 55), é possível que haja algo
errado com a estrutura do cérebro das pessoas portadoras de TDAH. “Os achados
científicos têm indicado claramente a presença de disfunção em uma área do
cérebro conhecida como região orbital frontal em crianças adolescentes com
TDAH. Essa região é situada na parte da frente do cérebro. É uma das
regiões responsável pela inibição do comportamento, pela atenção, pelo
autocontrole e pelo planejamento para o futuro. A maioria das pesquisas tem
demonstrado que existem alterações no funcionamento de algumas substâncias
encontradas nessas áreas, chamados de neurotransmissores, que possuem a
função de “passar informações” de um neurônio a outro”.
Em entrevista a um jornal, Carlos Nogueira1 tenta explicar esse desequilíbrio
nas funções cerebrais dos portadores de TDAH, afirmando ser um problema
hereditário, ou seja, a criança já nasce com esta disfunção no cérebro. O processo
pelo qual se percebe essa alteração na comunicação entre os neurotransmissores,
segue dois passos:
1) no cérebro, a comunicação entre os neurônios é feita por meio de
substâncias químicas especiais, os neurotransmissores (dopamina e noradrenalina),
que têm funções como manter a atenção, inibir as funções motoras, o temperamento
e o comportamento dos indivíduos. Pode ser que os portadores de TDAH produzem
dopamina e noradrenalina em menor quantidade, o que torna difícil a concentração e
o controle do temperamento. Devido a esse desequilíbrio químico, as crianças com
TDAH não conseguem se comportar “adequadamente”, mesmo que tentem ou se
esforcem.
2) a dopamina e a noradrenalina existem em todo o cérebro, mas se
concentram na área frontal conhecida como Lobo Frontal. A falta dessas
substâncias nessa localização específica é que provocaria a impulsividade, a
hiperatividade e a falta de concentração.
A incidência do transtorno é de 3% a 5% das crianças e em cada
nove garotos há uma menina com o diagnóstico; meninas tendem a ser mais
1 Professor de Neurologia Infantil pela Faculdade de Medicina da UnB, em entrevista ao jornal Correio Brasiliense nº 73. Caderno d: Diagnóstico pg. 16/17. “Pequenos Indomáveis”. Texto de Rosane Torres e Rubens Paiva, publicado Domingo, 22 de agosto de 2004.
14
desatentas e meninos mais hiperativos, por isso dão mais trabalho, afirma em uma
entrevista o psiquiatra Andrade (2004). Entretanto, bebês, adolescentes e até
adultos podem apresentar esse transtorno.
A prevalência relatada para o TDAH depende de inúmeros fatores, incluindo a
população estudada, os métodos de avaliação utilizados, os critérios diagnosticados
empregados (BENCZIK, 2002). A autora ainda ressalta que não existe uma
explicação científica para lançar luz sobre essa aparente vulnerabilidade. Ela
acredita que o que acontece é que em amostras clínicas os meninos são mais
encaminhados para tratamento do que as meninas, pelo fato de desenvolverem
problemas de conduta que incomodam mais os adultos. E enquanto os pais
subestimam a prevalência do TDAH, os professores tendem a superestimar. Os
educadores, geralmente cifram o número de crianças com TDAH na idade escolar
entre 15% e 20%. Isso pode ser justificado pelo fato de os sintomas aparecem,
frequentemente, cedo na vida na vida da criança, mas acabam se tornando mais
graves a partir do ingresso destas na escola, pois é durante o processo de
ensino aprendizagem que a criança necessita focar mais sua atenção durante as
aulas.
1.2. Classificação dos Tipos de TDAH
Condemarín et al (2006, p. 25) afirma que as diferentes formas de
manifestação dos sintomas dificultam uma definição única e geral do quadro
do TDAH, fazendo com que muitas linhas de investigação não o considerem como
um transtorno único, o que acaba resultando em diferentes subtipos e fatores
a ele associados.
No Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças Mentais DSM-III (APA,
1980), o TDAH é caracterizado por falta de atenção, impulsividade, hiperatividade e
conduta socialmente perturbadora. Mais tarde, no ano de 1994, o DSM-IV propõe
uma nova distinção do transtorno: a) Desordem do Déficit de Atenção e
Hiperatividade Combinados; b) Desordem do Déficit de Atenção e Hiperatividade
predominantemente atencional; c) Desordem do Déficit de Atenção e Hiperatividade
com predomínio da hiperatividade e impulsividade.
Barkley (1998) também sustenta essa afirmação quando destaca que a
conceituação que tende a ser válida é aquela que descreve o quadro sobre a base
15
de três sintomas principais, os quais dão origem a outros tantos subtipos: um
em que predomina a dificuldade de atenção; outro em que prevalecem a
impulsividade e a hiperatividade; e o terceiro que combina os dois anteriores. Ou
seja, a proposta atual do DSM-IV contaria com importante consenso na literatura
especializada.
1.2.1. Subtipos e sintomas do transtorno
De acordo com Rohde e Mattos (2003), a classificação americana de
Psiquiatria traz ainda a denominação dos subtipos de sintomas do TDAH. A saber:
1.2.1.1. Tipo Combinado
Sintomas: conduta opositiva e desafiadora, crianças propensas a serem
rejeitadas pelos seus colegas, apresentam falta de atenção sustentada,
hiperatividade e impulsividade. Alguns autores demonstram um déficit na inibição do
comportamento.
1.2.1.2. Tipo Predominantemente Desatento
Sintomas: é mais freqüente em meninas e parece apresentar
comprometimento acadêmico, devido à falta de atenção sustentada e distração.
Alguns autores sugerem que são crianças que sofrem de inabilidade social.
1.2.1.3 Tipo Predominantemente Hiperativo/Impulsivo
Sintomas: são mais agressivas tendendo a sofrer impopularidade, porque
costumam agir sem pensar; são inadequadas socialmente e falham em fazerem
planos e prever situações a despeito do que é esperado que façam.
Benckzik (2002, p.25) destaca que o TDAH difere dos demais transtornos por
possuir um padrão persistente de desatenção e hiperatividade, mais freqüente
e mais severo do que aquele tipicamente observado em crianças de mesma idade
que estão no nível equivalente de desenvolvimento.
Silva (2003) afirma que o comportamento do TDAH nasce do “trio de
base alterada”, formado por desatenção, impulsividade e hiperatividade física e
16
mental. Os autores concordam que das características presentes no TDAH, a
alteração da atenção é o sintoma mais importante, pois acaba gerando problemas
de, relacionamento interpessoal, aprendizagem e, principalmente, por esse sintoma
ser um indicativo seguro para o diagnóstico de TDAH.
A impulsividade caracteriza-se por ações feitas sem terem sido pensadas; são
crianças que “costumam dizer o que lhes vem à cabeça, envolvem-se em
brincadeiras perigosas, brincam de brigar com reações exageradas”, o que pode
produzir rótulos desagradáveis como “mal educada”, “agressiva”, “irresponsável”.
Nas crianças com TDAH, esses comportamentos são, além de mais intensos,
mais freqüentes. “A hiperatividade mental ou psíquica apresenta-se de maneira
mais sutil, o que não significa, em hipótese alguma, que seja menos penosa que
sua irmã física” (SILVA, 2003, p. 26).
No que diz respeito à hiperatividade física, pode-se dizer das crianças
agitadas, que manipulam vários objetos ao mesmo tempo, assistem a TV e ouvem
música simultaneamente, etc. já é diagnosticada como portador do TDAH. Segundo
o psiquiatra Ênio de Andrade2, a explicação para o problema estaria em uma
maneira diferente de o cérebro funcionar. “É um cérebro que não consegue filtrar os
estímulos. Essas crianças têm dificuldade no controle inibitório, ou seja, elas não
conseguem controlar os impulsos”. Isso explica o fato de os portadores do
TDAH não se concentrarem e esquecerem facilmente o que lhes é pedido.
O funcionamento deficiente desse centro de atenção pode ser considerado
como uma das causas da hiperatividade, o transtorno não aparece de uma hora
para outra. Tampouco pode-se afirmar que qualquer “instabilidade de atenção”
que surja de repente seja hiperatividade. Em princípio não é hiperatividade,
porque segundo os estudos existe forte tendência da ciência em afirmar ser este
transtorno de origem hereditária. Desse modo, o indivíduo com TDAH seria
hiperativo desde bebê.
2 Psiquiatra e coordenador do Ambulatório de Transtornos de Deficiência de Atenção do Hospital das Clínicas de São Paulo. Reportagem do Globo Repórter, exibida em 28 de maio de 2004 com o tema: “Pais e Filhos Hiperativos”.
17
1.3. Detectando o TDAH
O TDAH pode ser detectado segundo critérios propostos pela Associação
Americana de Psiquiatria, o DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças
Mentais) que envolvem a atenção, a hiperatividade e a impulsividade.
De acordo com o manual, o indivíduo deverá se enquadrar em pelo menos
seis dos sintomas de desatenção e/ou seis dos de hiperatividade para que se
possa pensar na possibilidade do diagnóstico de TDAH, os sintomas devem ter
aparecido numa fase precoce, antes dos 7 anos de idade, e prolongar-se por seis
meses e não estarem limitados a uma situação apenas (casa, lazer, escola).
Assim, serão destacadas as manifestações do grupo de desatenção, do grupo
de hiperatividade e do grupo de impulsividade, separadamente para que haja um
melhor entendimento.
O DSM-IV destaca como sintomas a serem observados na criança do grupo
de desatenção: não prestarem atenção a detalhes ou cometerem erros por descuido
em atividades escolares; demonstrar dificuldade de concentração em tarefas
e/ou jogos, pois consideram difícil persistir em uma mesma tarefa até seu término;
Não prestar atenção ao que lhe é dito (parece estar no “mundo da lua”);
demonstrar dificuldade em seguir regras e instruções e/ou em terminar o que
começa; apresentar grandes dificuldades em organizar as tarefas e materiais;
evitar atividades que exija um esforço mental continuado (leitura, escutar o
professor, fazer lições ou trabalhar em tarefas monótonas e repetitivas); perder
coisas importantes para realização das tarefas; distrair-se facilmente com
estímulos alheios que não têm nada a ver com o que está fazendo (e que são
ignorados por outras crianças) como, por exemplo, a buzina de um carro, o latido
do cachorro, um mosquito que passa voando e por fim esquecer compromissos
e tarefas diárias.
Durante a aula, o aluno quase nunca presta atenção no que a professora
fala se distrai facilmente. Na hora em que ela está fazendo a lição a
qualquer barulho como um lápis caindo no chão, um mosquitinho passando, um
coleguinha falando, mesmo baixo, ela já para o que está fazendo para
observar as outras coisas. Conforme Silva (2003), a pessoa hiperativa apresenta
muita facilidade em desviar sua atenção.
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O comportamento da criança com TDAH, como já foi mencionado, geralmente
passa despercebido pelos pais, mas, quando ela ingressa na escola os
sintomas tendem a se tornar mais evidentes, pois lhe será exigido mais atenção e
ficar parado em um mesmo local por mais tempo. Deve ser levado em
consideração que os sintomas primários do transtorno poderão variar de
acordo com o estágio do desenvolvimento. Por exemplo, os sintomas de
hiperatividade que estão presentes em crianças mais novas, em comparação
com crianças mais velhas que, por sua vez, apresentam mais sintomas de
desatenção.
Conclui-se, então, que o TDAH configura um grande desafio para pais
e professores, pois é uma condição que promove dificuldades de controle de
impulsos, concentração, memória, organização, planejamento e autonomia.
Envolve uma enorme pluralidade cultural, comportamental, intelectual, social e
emocional.
19
CAPÍTULO II
A INFLUÊNCIA DO TDAH NO DESENVOLVIMENTO
ACADÊMICO DO ALUNO
Como já se pôde observar, vários autores afirmam que o TDAH é um
distúrbio comportamental que ocorre na infância e se caracteriza por uma dificuldade
que a criança têm de manter os níveis necessários de atenção, concentração,
impulsividade, inquietude motora e psíquica, no qual esse transtorno pode
estar associado, com maior freqüência, a outros problemas secundários.
Topczewski (1999, p. 21) afirma que “a hiperatividade é um desvio
comportamental, caracterizado pela excessiva mudança de atitudes e de atividades,
acarretando pouca consistência em cada tarefa a ser realizada”. Ou seja, grande
parte das crianças hiperativas apresenta forte tendência à dispersão, o que acaba
provocando grandes dificuldades em manter-se concentrado em determinado
assunto, pensamento, ação ou fala, causando desse modo situações bastante
desconfortáveis ao ambiente de sala de aula.
Cypel (2003, p. 21) utiliza o termo DA/H para se referir ao TDAH, no qual
assegura que a conceituação do mesmo baseia-se na avaliação de manifestações
relacionadas à desatenção, à hiperatividade e à impulsividade, ou seja, é um quadro
no qual, essencialmente, ocorrem alterações no comportamento da criança.
Barkley (1982) refere-se ao TDAH como uma deficiência que diz respeito à
atenção, controle de impulsos, domínio da conduta e a excessivo nível de
atividades. Além disso, ele destaca que essa deficiência é significativamente crônica
e permanente.
Harris & Hodges apud Condemarín et al, (2006, p. 23) referem-se ao
TDAH como um transtorno que gera incapacidade de orientação,
concentração, dificuldade de respeitar normas e de motivação, o que constitui,
sem dúvida, um inconveniente que afeta significativamente o desempenho escolar.
Cortés apud Condemarín et al., (2006, p.23) define o TDAH como uma
“alteração do desenvolvimento caracterizada por falta de concentração,
impulsividade e hiperatividade, associada a problemas de aprendizagem e
anomalias de conduta”.
20
Goldstein e Goldstein (1994) afirmam que o TDAH resulta de quatro tipos de
deficiência, a saber: dificuldade de atenção, impulsividade, excitação e frustração ou
baixa motivação, as quais podem causar problemas em casa, na escola e com os
amigos. Eles, também, ressaltam que os problemas ocorrem com base na
pouca habilidade da criança e nas exigências impostas pelo ambiente, e que o
quadro do TDAH é resultante da inconsistência e da incompetência e não do
mau comportamento ou desobediência. Essa definição coincide com as anteriores,
no sentido de enfatizar o impacto na aprendizagem e no comportamento.
Rohde e Benczick (1999, p.37) também concordam com as afirmações
anteriores quando asseguram que o TDAH possui três características básicas:
a desatenção, a agitação e a impulsividade. Igualmente, atestam que essas
características podem levar a criança portadora do TDAH a ter dificuldades
emocionais, de relacionamento familiar e social, bem como baixo rendimento
e/ou desempenho escolar.
Para finalizar Förster e Fernández, apud Condemarín et al, (2006, p. 25)
definem o TDAH como um transtorno crônico de conduta, com uma forte
base genética, e formada por um grupo heterogêneo de crianças que
apresentam dificuldades significativas para adequarem seu comportamento e/ou
aprendizagem à norma esperada em sua idade. Nos quais os principais
sintomas do TDAH são a desatenção, a impulsividade e a hiperatividade, que
desde muito cedo estão na vida da criança, mas que se tornam mais evidentes na
idade escolar. Os autores também destacam que esses sintomas afetam a conduta,
as habilidades sociais e familiares e a aprendizagem da criança.
2.1. O Hiperativo e o Seu Rendimento Escolar
Nas escolas, os alunos que se diferenciam, pelo comportamento, de
outras crianças (não TDAH), logo são considerados como hiperativas e acusadas
de “não prestar atenção”. No entanto, o que acontece com as crianças com TDAH é
que elas não prestam atenção a alguma coisa, em particular, e sim a todas as
coisas. Na verdade o grande problema está na dificuldade de direcionar-se e
centrar-se em um único objetivo ou uma atividade de cada vez.
21
Todavia, a impulsividade, a desatenção e o não respeito às regras podem
ser próprios de sua fase de desenvolvimento.
Rohde e Benczik (1999) ressaltam que existem algumas variações nos
sintomas mais evidentes do transtorno de acordo com a faixa etária, ou seja,
em crianças de 3 a 6 anos os sintomas mais evidentes são os de
hiperatividade associada a dificuldades de tolerar limites e frustrações.
Zagury (2003, p. 101) complementa essa afirmação quando ressalta que
nessa faixa etária muitas vezes ocorrem comportamentos inadequados, mas que
não prejudicam ninguém, e que as emoções ainda são muito fortes e pouco
controladas. Na idade de entre 7 e 12 anos, destaca-se uma combinação bastante
variável de sintomas na área da distração ou desatenção, da hiperatividade e da
impulsividade. Na adolescência (de 12 anos em diante), os sintomas mais evidentes
passam a ser a desatenção e a impulsividade.
No entanto, é difícil diferenciar a inquietude habitual de uma criança normal
da agitação apresentada pela criança hiperativa. Além disso, ambas podem ser
consideradas desatentas e impulsivas.
Ainda segundo o professor Carlos Nogueira (2004)3 em entrevista a um
jornal, “A diferença entre a criança ativa e energética para uma criança hiperativa é
que a criança ‘levada’ obedece, mesmo que sobre pressão. Quem tem TDAH não
atende nem aos castigos”, afirma. Todavia, existem casos em que há tanta
semelhança entre o comportamento TDAH e uma criança malcriada que só um
especialista clínico com base numa avaliação criteriosa poderá determinar
aquela que tem hiperatividade e aquela que apresenta um comportamento
impulsivo, devido talvez a uma educação negligenciada ou demasiadamente
permissiva, e que a leva parecer hiperativa.
Há, porém algumas diferenças notáveis: o hiperativo continua agitado, pois
não consegue controlar seus sintomas; já o mal-educado não segue as regras por
sentir-se o dono do mundo, ou seja, ele só é hiperativo quando quer.
De qualquer forma, para que haja um diagnóstico seguro quanto a um
indivíduo ser ou não ser portador de TDAH é imprescindível e fundamental
que aconteça uma intervenção médica que considerará informações como
3 Professor de Neurologia Infantil pela Faculdade de Medicina da UnB, em entrevista ao jornal Correio Brasiliense nº 73. Caderno d: Diagnóstico pg. 16/17. “Pequenos Indomáveis”. Texto de Rosane Torres e Rubens Paiva, publicado Domingo, 22 de agosto de 2004.
22
identificação, análise, implementação de planos e reavaliação do problema, além de
orientação à família e aos professores (BENCZIK, 2002).
Segundo Goldstein & Goldstein (2001, p. 20), “Para a criança hiperativa,
o dia-a-dia é uma série de desafios produzidos por inúmeras deficiências ou poucas
habilidades”, devido à sua incapacidade de concentrar-se em uma única atividade e
ao constante bombardeamento de estímulos, o TDAH pode ficar estressado, e,
assim, passar a ter muitos problemas secundários. Essa sua “instabilidade atentiva”
muitas vezes a faz sentir-se isolada e segregada dos colegas, não entendendo por
que é tão diferente. Entretanto, quando existe motivação e interesse nas atividades
escolares ela poderá passar da desatenção para a atenção sustentada.
Porém, se a convivência da criança hiperativa se restringe ao núcleo familiar,
muito dos comportamentos primários não passarão de: “é a idade”, “criança quieta é
criança doente”, ou seja, ela acaba por deixar de revelar sua problemática,
pois muitas de suas características repousam em estado de latência, protelando
assim, o diagnóstico e o tratamento que a fariam não evoluir para os problemas
secundários que são muito mais prejudiciais, pois atingem a todos (CYPEL, 2003).
Pode-se concluir que as crianças com TDAH não só sofrem com os sintomas
típicos a sua perturbação, como também com os impactos negativos do seu
comportamento. Para a criança talvez o maior impacto da hiperatividade seja o fato
de serem frequentemente rejeitadas pelos seus colegas. As dificuldades escolares e
de relacionamento social podem ser conseqüências em longo prazo. A família vê a
criança como um fardo. Os pais e cuidadores ficam irritados, frustrados e muitas
vezes intolerantes, sem saber o que fazer. Para a sociedade, não passam de
crianças “problemáticas”, “irresponsáveis”, “sem limites”, “desinteressadas” e
“desobedientes”.
A verdade é que a criança com TDAH na escola, na família e na sociedade,
está sempre fora do contexto, como se tentássemos “encaixar um prego quadrado
num buraco redondo”. A questão principal na promoção do sucesso está em tornar
cada dia o melhor possível para a criança portadora de hiperatividade.
Citando um exemplo prático de criança hiperativa, Goldstein & Goldstein
(2001, p. 105), relatam sobre Josh, da seguinte forma:
Josh é um garoto de oito anos de idade da segunda série. Ele é
um desafio para seus professores. Embora tivesse o mesmo
23
tamanho e jeito que as outras crianças, sua professora do
jardim da infância frequentemente o descrevia como imaturo.
Apesar de dois anos de préescola, Josh parecia incapaz de se
ajustar à rotina do jardim de infância. Não prestava atenção,
não terminava nem mesmo suas tarefas mais simples, ficava
inquieto e agitado em sua carteira, era muito emotivo, gritava
frequentemente, tornava-se super excitado por nada e
frequentemente chamava a atenção para si de uma maneira
negativa. Embora Josh apresentasse capacidade escolar,
muitas vezes não consegui terminar o seu trabalho e, segundo
sua professora, parecia ser lento em apreender novas idéias
escolares. Com as outras crianças, Josh era impulsivo, e
frequentemente se comportava de uma maneira imprópria e, por
isto, logo foi excluído de suas atividades sociais. Na segunda
série, este padrão tinha se intensificado. Como consequência de
sua frustração, Josh se transformou no palhaço da classe.
Porque continuava a sentir dificuldades em terminar uma tarefa,
ele frequentemente buscava encontrar motivos para não
terminar o dever de casa. Josh continuava a ter problemas com
as outras crianças e em resposta à rejeição por parte delas
tinha se envolvido em muitas brigas. Era também incapaz de
participar, de uma maneira ativa e correta, das instruções em
grupo. Josh estava se tornando cada vez mais ciente de seus
problemas. Seus pais e professores tinham se exaurido e a
todos os seus recursos na tentativa de entende-lo e ajuda-lo a
se sair bem na escola.
Passando para a idade escolar, a criança hiperativa passa a se aventurar no
mundo e já não tem a família para agir como amortecedor. O comportamento que
antes era considerado engraçado deixa de ser tolerado. Esta criança precisa saber
que existem regras novas, e que ela precisa lidar com estas. Então, seu
comportamento passa a ocupar uma quantidade desproporcional do tempo do
professor, e assim, esta atenção por parte deste professor se apresenta como
24
negativa pelo fato de a criança não estar fazendo o que se espera dela. Insto
contribui para uma maior desintegração da turma.
Além desse problema, Goldstein & Goldstein (2001, p. 106) afirmam que,
segundo alguns pesquisadores, as crianças hiperativas simplesmente não são tão
inteligentes quanto as outras crianças, embora esta seja uma declaração que exige
cautela. Desta criança, exige-se que não apenas exiba as aptidões que estão sendo
avaliadas, mas também possuir a capacidade de ouvir e seguir instruções, prestar
atenção e persistir até que a prova seja completada. A criança deve também ser
capaz de parar para pensar qual seria, entre as várias opções, a melhor resposta
possível.
De acordo com Goldstein & Goldstein (2001, p. 107), “Talvez as crianças
hiperativas não aprendam tão bem quanto as outras crianças da escola e muitos têm
um comprometimento tão grave em sua capacidade de aprender que se poderia
dizer que são incapazes de aprender”. Sugeriu-se que estas crianças não
conseguem completar suas tarefas, não apenas por causa da sua desatenção, mas
porque seriam menos capazes de aprender que as outras crianças.
Ainda outro exemplo prático, citado por Hallowell & Ratey (1999, p. 85), relata
o caso de Will, um garoto considerado imaginativo, mas irritante com o passar do
tempo, pela sua dificuldade de entrar na linha:
Creche, 1975: Will é um menino ativo, imaginativo e amigável. Adora as
pessoas na escola. Passa a maior parte do tempo em brincadeiras teatrais com seu
melhor amigo – em geral representando algum tipo de super-herói em alguma cena
de perseguição. Isso envolve proezas físicas imaginárias e ousadas;
Jardim de Infância: Will desfruta uma posição invejável no jardim de infância.
Todos o adoram. Will tem verdadeiro talento para imaginação, fantasias, que pode
ser usado em seu benefício, mas também pode torna-lo distraído;
Primeira Série: A capacidade de Will parece exceder seu desempenho em
termos de produtividade. Ele é um bom leitor, escreve histórias interessantes e
geralmente engraçadas e tem boa compreensão da leitura. No entanto, fica
enrolando no trabalho de sala de aula e demora mais do que se poderia esperar
para solucionar os exercícios dos livros. Expressa suas idéias de maneira
sofisticada, mas seu discurso é imaturo.
25
Em alguns momentos Will funciona bem de maneira independente, mas, em
outros, suas conversas com seus amigos interferem em seu trabalho. Não é zeloso
com o seu material ou com a aparência de seus trabalhos. Will precisa aprender a
seguir as instruções com mais esmero.
Terceira Série: Will não é capaz de aproveitar as oportunidades oferecidas
na escola, pois a relações sociais ocupam grande parte do seu tempo e energia,
neste período letivo. Tem alguma dificuldade em ordenar suas idéias, precisando
desenvolver uma abordagem gradual. Will teria muito maior satisfação com seus
resultados se se envolvesse mais com seus trabalhos.
Quarta Série: Will começou o ano fazendo um trabalho admirável, com base
no conceito da linha reta. Apresentou uma solução original, o que, junto com
experiências anteriores, fez com que eu tomasse consciência de seu potencial
artístico.
Por outro lado, todos os seus demais trabalhos vêm sendo executados de maneira
desleixada, e seu comportamento geral tem deixado muito a desejar. Sua mente não
consegue concentra-se nos trabalhos, e ele não dá a seu talento a chance de se
manifestar. Gostaria de ver Will esforçando-se para ficar quieto na sala de aula.
Sexta Série: Will ainda não concluiu muitos de seus projetos. Parece trazer
alegria para o ambiente de aprendizagem. Sua falta de habilidade para organizar-se
continua a interferir no seu progresso escolar.
E assim, a vida deste aluno prossegue, com alterações de comportamento,
altos e baixos em seu aprendizado. Às vezes, seu comportamento agride aos
componentes da turma, deixando o professor muito insatisfeito, mas a melhora
existe. No caso de Will, com o passar do tempo, seu desempenho passa a melhorar,
e isso leva seus professores a elogiar a melhora no desempenho de Will. Entretanto,
como no caso de tantos alunos TDAH, a dificuldade se faz presente no
comportamento deste aluno.
Apesar de o TDAH contar com uma longa história de estudos empíricos e
numerosas linhas de investigação, ainda não existe consenso entre os especialistas
sobre os termos mais adequados para sua definição teórica. Por outro lado, a
maioria dos investigadores concorda com que este se caracteriza por um
padrão persistente de falta de atenção, hiperatividade e impulsividade.
Arango e Jiménez apud Condemarín et al, 2006, p. 24) acrescentam que a
freqüência e severidade desses sintomas são maiores que o habitualmente
26
observado em um indivíduo com um nível comparável de desenvolvimento, e,
afirmam, ainda, que essas crianças correm um risco maior de apresentar
problemas de conduta, de aprendizagem, de depressão e de deserção escolar.
27
CAPÍTULO III
A ATUAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA E DO
PSICOPEDAGOGO NO TDAH
O comportamento TDAH traz ao estudante, principalmente no início de
sua vida escolar, problemas emocionais de rejeição, dúvidas quanto à sua
capacidade intelectual, baixa autoestima e várias outras situações que podem
agravar seu quadro clínico. Isso acontece quando não se busca precocemente ajuda
profissional, e também quando o professor não procura se conscientizar de que é
preciso intervir com procedimentos adequados, a fim de minimizar não somente as
dificuldades de um aluno com esse transtorno, mas também todo o ambiente de sala
de aula que, estará se beneficiando desses procedimentos.
Goldstein & Goldstein (1994, p. 32) destacam que,
Para que haja uma reestruturação eficiente da classe escolar,
na qual existe a presença de um aluno hiperativo, é
essencial que o professor estabeleça objetivos realistas
que venham atender as expectativas dentro do limite das
possibilidades e que seja possível mantê-las, de modo a levar
em conta as necessidades desse grupo, como por exemplo,
sabemos que o TDAH limita a capacidade de aquisição rápida
de criança,
Logo, essa criança necessita de uma atenção especial e mais cuidadosa, um
trabalho amplo, fazendo uma ponte entre casa/escola/terapia, entretanto, a
desinformação de professores, diretores e toda uma equipe de apoio sobre a
problemática do TDAH; classes superlotadas sem professores capacitados para
lidar com essa criança TDAH geram grandes dificuldades de manejo. Sendo assim
é preciso conscientização.
Essa questão de classes superlotadas está longe de ser solucionada.
Além disso, percebe-se também o pequeno espaço para esse grande número
28
de alunos, e assim, a criança portadora de TDAH acaba não tendo o
atendimento exclusivo e nem o espaço de que necessita. A professora deste
aluno TDAH faz o possível, mas chega um dado momento em que não depende
somente dela, e sim da equipe de coordenação e direção, no qual a professora
destaca ter pouco apoio.
Segundo Rief (apud ROHDE e MATTOS, 2002, p. 206), “é necessário
modificar vários aspectos no processo ensino-aprendizagem do aluno TDAH, como
o meio ambiente, a estrutura da sala de aula, os métodos de ensino, os materiais
usados, o nível de apoio (...)”, enfim, mudanças que permitam a esta criança
hiperativa uma integração social mais ampla e adequada. É importante que o
professor tenha em mente que é preciso tentar várias intervenções até que algum
resultado positivo apareça.
Sendo assim, uma programação com o objetivo de se ter uma sala de aula
“ideal” deve ser composta por objetivos que venham atender às necessidades e as
possibilidades de cada aluno (coletivamente e individualmente); o conteúdo deve
visar o desenvolvimento global do aluno e não apenas o aspecto cognitivo
intelectual. Laccino (2006, p. 15) aponta que
É necessário desenvolver uma visão maior do todo com o
ser humano, que é composto por mente e corpo, tornando-
se assim um indivíduo; a metodologia deve ser flexível,
visto que os alunos são diferentes e apresentam ritmos
diferentes (é interessante que o educador tenha
conhecimento sobre os vários métodos de ensino, e assim
aplicá-los quando houver necessidade); a avaliação deverá
visar o nível de competência, o estilo de aprendizagem,
como resolve as tarefas, interesse, esforço que faz para
atender as demandas e solicitações do meio, bem como o de
controlar o seu comportamento.
Por outro lado, Goldstein & Goldstein (1994, p. 106) destacam que as
avaliações tradicionais muitas vezes refletem somente sua hiperatividade e se
esquecem do seu potencial intelectual.
29
Para que isso não aconteça deve-se contar com o grupo de apoio da
escola em conjunto com outros profissionais que colaboram com o processo
ensino-aprendizagem deste aluno. Colocados de maneira esquematizada, estes são
os elementos básicos que o professor deve utilizar para obter resultados positivos
nas atividades com seus alunos dentro da sala de aula, sobretudo
representam elementos-chaves para o sucesso não só dos professores e dos
outros alunos da classe, mas principalmente dos alunos TDAHs.
Para Goldstein & Goldstein (2001, p. 32), “O ambiente escolar “ideal” para a
criança ou adolescente hiperativo deve ser organizado, dispor de regras claras, uma
programação previsível, recompensas e punições consistentes”. Daí, a necessidade
de rotinas bem programadas com horário para os afazeres, trabalhos escolares,
lazer e televisão. Regras claras e concisas de comportamento são essenciais para o
hiperativo, bem como conseqüências por sua transgressão, e, isso vale tanto para o
ambiente escolar como para o ambiente familiar.
Um local específico, com o mínimo de distração é ideal para garantir os
afazeres escolares. “As punições devem ser breves, imediatas e firmes, jamais
prometa algo que não possa cumprir e se prometer uma punição cumpra, é preciso
demonstrar controle sobre o ambiente” (Zagury, 2003). Responsabilidade breve
e freqüente é importante para se sentir integrada ao meio, é preciso que o
professor se conscientize de que esses fatores ou intervenções de manejo irão
ajudar muito o seu aluno hiperativo e a sua dinâmica na classe.
3.1. PROFESSORES, ORIENTADORES EDUCACIONAIS E O TDAH.
Segundo, Rodhe e Mattos (2003, p. 200), a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB) 9.394/96 dedica um capítulo específico à educação especial,
deixando bem claro o papel e as obrigações das instituições sobre a adequação do
ensino aos alunos com necessidades especiais, entre os quais poderíamos incluir o
TDAH, embora esse transtorno não seja citado.
No seu artigo 59, está exposto:
Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades
especiais:
30
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específica para atender às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível
exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e
aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os
superdotados;
III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior
para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular
capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns.
Portanto, a possibilidade de flexibilidade na “implementação” de currículos
adaptados, com processos de avaliação diferenciados e estratégias individualizadas,
é amplamente prevista e incentivada pelo órgão regularizador, e que tais
acomodações devem ser fundamentais nas necessidades educacionais
(acadêmicas) reais do aluno. Na escola observada não podemos perceber isso na
realidade prática, o que se pode perceber é a falta de compromisso da instituição
escolar e com essa criança, onde não existe um acompanhamento verdadeiro
ou adaptações a essa criança, nem por parte da coordenação e nem por parte
da direção.
De acordo com Rief (2004, p. 52), existem inúmeros fatores a serem
considerados quando se trabalha com alunos portadores de TDAH. Ela
desenvolveu uma lista (mais útil possível) que vai influenciar a maneira como esses
alunos aprendem e os professores ensinam. Certamente que essa lista também
influencia o trabalho de orientadores educacionais. Em outras palavras, sabe-se
que o maior problema de um portador de TDAH diz respeito à atenção, e,
que esta é menor frente a estímulos externos. Menor no que se refere ao
tempo em que à criança fixa sua atenção aos estímulos. Portanto, o mais difícil
para ela é finalizar uma tarefa, pois assim que começa uma já está prestando
atenção em outra o que acaba resultando em dificuldades escolares.
Rohde e Mattos (2002, p. 22) apontam que, “Tanto os pais, quando os
professores, orientadores educacionais e o médico que acompanha a criança devem
manter um contato estreito”. Orientadores educacionais que trabalhem com alunos
que apresentam problemas de hiperatividade devem ter muita paciência e
disponibilidade, pois eles precisam de muita atenção. A criança hiperativa
geralmente possui baixa auto-estima pelo fato de apresentar dificuldades na
31
concentração e os professores que não conhecem os problemas relacionados ao
TDAH consideram-na como exemplo negativo para os demais alunos.
Assim, de acordo com Rohde e Mattos (2002, p. 23), “É fundamental que a
escola tenha uma equipe de professores e orientadores educacionais que estejam
familiarizados com conceitos básicos sobre o TDAH, ou que, pelo menos, tenham
interesse em discuti-los”.
Recaem sobre os orientadores educacionais algumas responsabilidades
pertinentes aos alunos TDAH, a saber:
Estes devem desenvolver a capacidade de distinguir entre
problemas que resultam de incapacidade e problemas que
resultam de recusa ativa em obedecer ordens. Os primeiros
devem ser tratados através da educação e desenvolvimento de
habilidades. Os outros são resolvidos de maneira satisfatória
através de manipulação das conseqüências (SILVA, 2003,
p.35).
Além disso, estes devem cuidar para que seus pedidos sejam feitos de
maneira positiva ao invés de negativa. Uma indicação positiva mostra para a criança
o que deve começar a ser feito e evita que ela focalize em parar o que está fazendo.
Como passo adicional, os orientadores educacionais deveriam escolher quando e
como gastar suas energias numa batalha, sempre reforçando o positivo, aplicando
conseqüências imediatas para comportamentos que não podem se ignorados e
usando o sistema de créditos ou pontos.
Silva (2003, p. 36) reforça ainda que:
Os Orientadores educacionais devem aprender a reagir aos
limites de seu filho de maneira positiva e ativa. Aceitar o
diagnóstico de TDAH significa aceitar a necessidade de fazer
modificações no ambiente da criança. A rotina deve ser
consistente e raramente variar. As regras devem ser dadas de
maneira clara e concisa. Atividades ou situações em que já
ocorreram problemas devem ser evitadas ou cuidadosamente
planejadas.
32
No que diz respeito ao papel dos professores na sala de aula, não somente
Rief (2004), como também Condemarín et al (2006) e Benczick (2002) destacam
que é preciso que o professor de sala de aula reflita sobre alguns desses fatores
abaixo e perceba a importância deles para se lidar com alunos portadores de TDAH,
buscando aplicá-los, de acordo com as possibilidades, no grupo escolar como um
todo, e, que venha a constatar que a sua aplicabilidade funciona em toda a classe
e não somente a um pequeno grupo de alunos hiperativos. São eles:
• Flexibilidade, comprometimento e vontade do professor em trabalhar
com o aluno num nível pessoal. Isso significa disponibilizar tempo, energia e esforço
extra para realmente escutar o aluno, dar apoio e fazer mudanças e
acomodações necessárias, ou seja, perguntar como ele acha que pode
aprender melhor. A criança poderá se sentir mais segura sabendo o que é
esperado dela em determinado momento. Envolver-se mais com o aluno para
despertar nele a motivação, o interesse e a responsabilidade.
• Comunicação constante entre a casa e a escola. Se você quer ser
bem sucedido com alunos com TDAH, precisa de apoio, cooperação e uma
comunicação aberta com seus pais.
• Proporcionar clareza e estrutura da aula para o aluno. Alunos com
problemas de atenção precisam de uma sala de aula estruturada. Uma sala
de aula estruturada não é, necessariamente, uma classe tradicional, séria, rígida,
com poucos estímulos auditivos e visuais (cartazes, calendários e músicas – ótimo
instrumento para relaxar). As salas de aulas podem ser estruturadas da
maneira mais criativa, convidativa, colorida, ativa e estimulante sem exageros.
A estrutura que esses alunos necessitam vem através da comunicação clara,
direta e curta; regras e conseqüências bem explicitadas; tarefas acadêmicas
estruturadas em partes, com o professor instruindo e mostrando como fazê-las,
dando regras claras e estabelecendo padronização além de proporcionar retorno
sobre o trabalho feito.
Os alunos necessitam de assistência para organizar seu material, a dinâmica
do trabalho de grupo, o tomar decisões e os períodos de transição. Seu dia precisa
ser estruturado de maneira a alternar períodos de atividade e períodos tranqüilos.
Não importa o estilo de ensinar do professor ou o ambiente da sala de aula,
é sempre possível propiciar uma estrutura que favoreça o sucesso do aluno.
33
Estratégias de ensino criativas, atraentes e interativas, que mantêm os alunos
envolvidos e interagindo com seus colegas, são muito importantes. Alternar
atividades mais envolventes com as menos interessantes, evitar tarefas
monótonas e repetitivas, dando retorno constante e imediato. Incentivar a
leitura em voz alta, falar por tópicos, ajudando a organizar idéias. Dar
recompensa para a tarefa desempenhada com um reforço por sua melhora
(sentar na cadeira do professor, apagar a lousa, levar recados, arrumar as
carteiras) e utilizar todos os recursos disponíveis que tornam uma aula mais
interessante e mais dinâmica, e não somente a voz (gravador, computador, retro
projetor, muita cor - giz colorido para a lousa -, revistas para recortes, música,
atividades na biblioteca, atividades fora da classe ao ar livre e etc.). Segundo
Benczik (2002, p.87), “muitas dessas crianças aprendem melhor visualmente do
que por meio de exposição oral”.
Rief (2004), Condemarín (2006) e Benczick (2002) ainda destacam
alguns fatores que precisam ser refletidos e mudados em sala de aula, e também na
parte administrativa escolar, são eles:
• Trabalho de equipe em benefício do aluno com TDAH. Ensinar em
equipe permite uma visão diferente de cada criança. Os problemas sociais e
comportamentais que eles frequentemente apresentam pedem orientação, daí ter
na escola um serviço de orientação educacional que poderá ajudar de várias
maneiras, como: na modificação do comportamento, treinamento em hábitos
sociais, técnicas de relaxamento e no controle da agitação. A comunicação do
professor com a equipe é muito importante, pois facilita o trabalho de todos.
• Apoio administrativo. É importante que os administradores estejam
conscientes das características e estratégias para lidar de maneira eficiente com
alunos portadores de TDAH, de modo que possam apoiar o professor no seu
trabalho com as crianças que perturbam o meio ambiente.
Além disso, uma das chaves para o sucesso é a comunicação e a cooperação
casa-escola.
• Respeitar a privacidade do aluno e os aspectos confidenciais. É importante
que as notas individuais do aluno, os resultados de testes, assim como os
assuntos relacionados com os medicamentos utilizados, não sejam divulgados.
Em função da ética profissional.
34
• Modificar tarefas, reduzir o trabalho escrito. Aquilo que uma criança comum
leva 20 minutos para fazer, frequentemente custa a este aluno horas para
completar (especialmente os trabalhos escritos). Não há necessidade de fazer todas
as folhas do caderno de exercício, todos os problemas de matemática ou todas as
redações. Importante é despertar o interesse desse aluno para as tarefas. Ser
flexível do suficiente para fazer exceções. Permitir que o aluno faça um número
razoável de exercícios (exemplo: meia página, 2 problemas em vez de 4). Encontrar
maneiras alternativas de mostrar o conhecimento (respostas orais ou ditadas).
Ser sensível ao extremo esforço físico que representa para eles escrever algo que
parece muito simples. A datilografia e a digitação de textos devem ser opções.
• Limitar a quantidade de tarefas para casa. Muitos professores mandam para
casa qualquer trabalho que não foi completado em sala de aula. Lembrar que, se o
aluno foi incapaz de completar a tarefa durante um dia inteiro na escola,
provavelmente não vai completá-la durante aquela noite. É preciso ter em mente
que a lição de casa tem o objetivo de revisar e praticar o que foi aprendido
em sala de aula, acima de tudo, não deve ser jamais conseqüência de mau
comportamento na escola.
• Propiciar mais tempo para as tarefas. Esses alunos (frequentemente,
crianças muito inteligentes), muitas vezes sabem a informação mas não
conseguem escrevê-la, principalmente em testes. Ser flexível e permitir que os
alunos com essa dificuldade tenham tempo extra para fazer testes e/ou possibilitar
que sejam testados oralmente.
• Sensibilidade do professor em não constranger ou humilhar alunos na frente
de seus colegas. Alunos com TDAH normalmente se consideram fracassados. A
auto-estima deles é frágil. Reconhecer os esforços, a mudança de comportamento
e chamar a atenção da conduta correta da criança e não para os erros é
uma forma de ajudá-los. Preservar a auto-estima é fator primordial para
realmente ajudar essas crianças a serem bem sucedidos na vida. O prejuízo à
auto-estima é mais devastador do que o TDAH em si.
• Ajudar na organização. Alunos com TDAH têm um problema sério
com organização e hábitos de estudo. Precisam de intervenção extra para garantir
que as tarefas sejam registradas corretamente (agendas, pastas, blocos de
anotação), que seu lugar de trabalho e os materiais estejam organizados, que
35
cadernos e carteira sejam revistos de tempos em tempos para diminuir o
excesso de coisas desnecessárias, e para verificar se estão utilizando
estratégias específicas para estudar.
• Modificações ambientais. O ambiente da sala de aula é um fator muito
importante na maneira como os alunos se comportam. Devido à variedade de estilos
de aprendizagem, deve haver opções ambientais para os alunos que atendam às
necessidades de como e onde eles trabalham melhor. O lugar que o aluno senta
faz uma diferença considerável. Iluminação, móveis, lugar, ventilação, materiais
expostos, cor, áreas de relaxamento e a possibilidade de isolar as distrações
durante o trabalho escrito – tudo isso deve ser cuidadosamente considerado.
Organizar a sala de aula com a certeza de que a maioria dos alunos com TDAH
precisa estabelecer contato olho-no-olho com o professor, estar sentado perto
de alunos concentrados e não perto daqueles que vão incentivá-lo a
incomodar os outros e todo o ambiente da classe. Há muitos fatores ambientais
que podem ser modificados e regulados para melhorar o desempenho em sala de
aula de alunos com TDAH.
• Valorizar as diferenças dos alunos e ajudar a ressaltar seus pontos fortes.
Propiciar muitas oportunidades para que eles possam demonstrar aos colegas
aquilo que fazem bem. Reconhecer a diversidade dos estilos de aprendizagem e
das diferenças individuais na sua sala de aula. Assinale e elogie os sucessos
da criança tanto quanto for possível; valorize suas qualidades e atitudes
positivas. Ela já convive com tantos fracassos que precisa de toda estimulação
positiva que puder obter.
• Ajudar a manter a atenção nas atividades e tarefas rotineiras. Alunos
com TDAH têm problemas sérios com a atenção e concentração o ideal é fazer a
tarefa em pequenas partes para que possa ser completada em diferentes
tempos; identifique o que a criança gosta de fazer e use essa atividade para atrair
sua atenção; sugerir que a tarefa menos interessante seja feita antes da preferida;
usar menos ortografia; dar trabalhos em duplas e coletivas e, principalmente,
trazer novidades (jogos que levem ao conhecimento), especialmente em tarefas
longas. Dar o conteúdo passo-a-passo, verificando se houve aprendizado a cada
etapa.
36
• Intervenções para baixa produção de escrita. Dar a opção de colorir, circular
ou sublinhar partes do texto em que à criança geralmente falha ao fazer seu
trabalho escrito; não fazer a criança recopiar a tarefa e reduzir o trabalho
escrito ao máximo.
• Estimular o planejamento das atividades. Alunos TDAH, geralmente
demonstram dificuldades em planejar o modo como vai fazer cada tarefa, visto
que são tantas idéias que circulam em sua mente, o que requer orientações.
Um bom começo é ensinar-lhes a fazer anotações em três colunas, salientando
os pontos mais importantes, os de apoio e as dúvidas, além de ensinar-lhes a
administrar o tempo que será necessário para a realização das atividades.
• Acreditar no aluno. Não desistir quando as intervenções ou estratégias A, B
e C não funcionam. Sempre vão existir os planos D, E, F... Ser bem sucedido exige
voltar frequentemente à prancheta. Essas crianças valem o tempo extra e o esforço
despendido, quando se pensa com lógica inclusiva.
O professor deve levar em conta que não há uma solução fácil para lidar com
as crianças portadoras de TDAH na sala de aula. O importante é trabalhar visando o
seu aspecto global (cognitivo, afetivo, social e motor), e utilizar as sugestões
que melhor se adequar à realidade da instituição, não esquecendo que o mais
relevante nesse processo de ensino-aprendizagem é o aluno, seja ele
hiperativo, com necessidades especiais ou normais.
Sobretudo, é inquestionável o apoio, termos paciência, compreensão e
conhecimento para entendermos um ser humano com hiperatividade,
principalmente, por tudo o que foi posto neste trabalho. Portanto, que todos
se dediquem para melhor ajudar o portador de TDAH valorizando sempre seu
esforço para ser aceito, suas qualidades e atitudes positivas, pois, na verdade,
eles se sentem tão frustrados quanto seus professores, quando não aprendem.
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CONCLUSÃO
Apesar dos avanços nos estudos do TDAH, as relações entre esse transtorno
e as dificuldades de aprendizagem ainda não estão bem esclarecidas. Este trabalho
pretendeu estabelecer as relações entre o TDAH e o sintoma na aprendizagem,
diferenciando dificuldades que se apresentam decorrentes do transtorno, dos
sintomas na aprendizagem causados por co-morbidades e relações familiares
confusas e pouco afetivas.
É importante salientar que nem toda a criança ou adolescente com TDAH
apresenta dificuldades de aprendizagem. Em alguns casos, as dificuldades de
atenção podem ser compensadas pela inteligência, pelo interesse pelo
conhecimento e por condições de ensino adequadas. A escola é muito importante
para o desenvolvimento do portador de TDAH, e faz-se necessário o uso de
intervenções específicas para a realização na sala de aula, com o intuito de ajudar a
aprendizagem dessas crianças e adolescentes.
É muito importante que os professores mostrem-se abertos à mudança e
compreensivos quanto ao TDAH, buscando informação e transformação da atuação
pedagógica, com mudança na organização da sala de aula, estruturar a aula com
rotinas e prevenção de situações de conflito, bem como oferecer apoio afetivo.
O TDAH é uma patologia orgânica que, em muitos casos, requer medicação,
como complemento a uma abordagem terapêutica interdisciplinar. No entanto, deve
ser diagnosticada com profundidade, pois uma criança ou adolescente pode estar
inquieta ou distraída por muitos motivos, e não necessariamente devido a um
transtorno. Inquietação pode ser um indicativo de que possui uma inteligência ativa,
questionadora e faltam estímulos adequados no meio familiar e escolar, estar no
“mundo da lua” pode ser uma forma de mobilizar inconscientemente a atenção em
relação a múltiplos problemas emocionais e de aprendizagem, que não estão tendo
o devido cuidado.
Nessa perspectiva, é crescente a importância da Psicopedagogia nos estudos
do TDAH e suas implicações no sintoma na aprendizagem.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENCZIK, E. B. P. TDAH: Atualização Diagnóstica e Terapêutica. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. CONDEMARÍN et al. Transtorno do Déficit de Atenção: Estratégias para o diagnóstico e a intervenção psicoeducativa. 1. ed. 1. São Paulo: Planeta do Brasil, 2006. CYPEL, S. A Criança com Déficit de Atenção e Hiperatividade: Atualização para pais, professores e profissionais de saúde. 2. ed. São Paulo: Lemos Editorial, 2003. GOLDSTEIN, S., Goldstein, M. Hiperatividade: Como Desenvolver a Capacidade de Atenção da Criança. São Paulo, Papirus Editora, 1994. ________. Hiperatividade: Como Desenvolver a Capacidade de Atenção da Criança. Ed. 6. Campinas, SP: Papirus, 2000. ________. Hiperatividade: Como Desenvolver a Capacidade de Atenção da Criança. Ed. 6. Campinas, SP: Papirus, 2001. HALLOWELL, Edward; RATEY, John J. Tendência à Distração. Rio de Janeiro, Rocco, 2000. LAKATOS, E. M. & MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico.4. ed. São Paulo: Atlas, 1992. LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. PATTON, Michael Q. Qualitative evaluation methods. Beverly Hills, CA: Sage, 1980. RIEF, S. Hiperatividade: Fatores Importantes no Trabalho com Alunos Portadores de TDAH (2004). Disponível em <http://www.hiperatividade.com.br >. Acesso: 03 jan. 2009. ROHDE, L. A.; MATTOS, Paulo e (Cols.). Princípios e Práticas em TDAH. 1. ed Porto Alegre: ARTMED, 2002. SILVA, A. B. B. Mentes Inquietas: Entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas. 5. ed. Rio de Janeiro: Napades, 2003. TOPCZEWSKI, A. Hiperatividade: Como lidar? 1. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999. ZAGURY, Tânia. Limites sem trauma. 57. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes
Título da Monografia: A Influência do Déficit de Atenção no Desenvolvimento
Acadêmico do Aluno
Autor: Ideri Luiz Teodoro
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito:
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ANEXO 1 – HIPERATIVOS FAMOSOS
Embora a confirmação do diagnóstico de TDAH exija procedimentos
rigorosos, alguns nomes famosos são apontados como sendo hiperativos. Em
comum com os milhares de anônimos que nasceram com TDAH, esses ilustres
escreveram uma história de superação. Confira:4
Beethoven (1770-1827) – compositor.
Cher – atriz/cantora.
Leonardo da Vinci (1452–1519) – inventor/artista plástico.
Walt Disney (1901–1966) – criador do império Disney. Um editor de jornal o demitiu
porque ele não tinha boas idéias.
Thomas Edison (1847–1931) – inventor da lâmpada. Suas professoras disseram que
ele era tão estúpido que não seria capaz de
aprender nada.
Albert Einstein (1879–1955) – físico. Só falou com
quatro anos de idade e só leu aos 7 anos. Whoopi Goldberg – atriz.
John Lennon (1940–1980) – compositor, um dos
integrantes dos Beatles.
Abraham Lincoln (1809–1865) – presidente dos
EUA.
Sir Isaac Newton (1642–1727) – cientista e
matemático.
Steven Spielberg – diretor de cinema.
4 Fonte: http://www.revistaenfoque.com.br/index.php?edicao=62&materia=525. Acesso em 16 mar. 2009.
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ANEXO 2 - Sugestões para Intervenções do Professor
Há uma grande variedade de intervenções específicas que o professor pode
fazer para ajudar a criança com TDAH a se ajustar melhor à sala de aula:
Proporcionar estrutura, organização e constância (exemplo: sempre a mesma
arrumação das cadeiras ou carteiras, programas diários, regras claramente
definidas)
Colocar a criança perto de colegas que não o provoquem, perto da mesa do
professor, na parte de fora do grupo.
Encorajar freqüentemente, elogiar e ser afetuoso, porque essas crianças
desanimam facilmente. Dar responsabilidades que elas possam cumprir faz com que
se sintam necessárias e valorizadas. Começar com tarefas simples e gradualmente
mudar para mais complexas.
Proporcionar um ambiente acolhedor, demonstrando calor e contato físico de
madeira equilibrada e, se possível, fazer os colegas também terem a mesma atitude.
Nunca provocar constrangimento ou menosprezar o aluno.
Proporcionar trabalho de aprendizagem em grupos pequenos e favorecer
oportunidades sociais.Grande parte das crianças com TDAH consegue melhores
resultados acadêmicos, comportamentais e sociais quando no meio de grupos
pequenos.
Comunicar-se com os pais. Geralmente, eles sabem o que funciona melhor
para o seu filho.
Ir devagar com o trabalho. Doze tarefas de 5 minutos cada uma traz melhores
resultados do que duas tarefas de meia hora. Mudar o ritmo ou o tipo de tarefa com
freqüência elimina a necessidade de ficar enfrentando a inabilidade de sustentar a
atenção, e isso vai ajudar a auto-percepção.
Favorecer oportunidades para movimentos monitorados, como uma ida à
secretaria, levantar para apontar o lápis, levar um bilhete para o professor, regar as
plantas ou dar de comer ao mascote da classe.
Adaptar suas expectativas quanto à criança, levando em consideração as
deficiências e inabilidades decorrentes do TDAH. Por exemplo, se o aluno tem um
tempo de atenção muito curto, não esperar que ele se concentre em apenas uma
tarefa durante todo o período da aula.
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Recompensar os esforços, a persistência e o comportamento bem sucedido
ou bem planejado.
Proporcionar exercícios de consciência e treinamento dos hábitos sociais da
comunidade. Avaliação freqüente sobre o impacto do comportamento da criança
sobre ela mesma e sobre os outros ajuda bastante.
Favorecer freqüente contato aluno/professor. Isto permite um “controle” extra
sobre a criança com TDAH, ajuda-a a começar e continuar a tarefa, permite um
auxílio adicional e mais significativo, além de possibilitar oportunidades de reforço
positivo e incentivo para um comportamento mais adequado.
Colocar limites claros e objetivos; ter uma atitude disciplinar equilibrada e
proporcionar avaliação freqüente, com sugestões concretas e que ajudem a
desenvolver um comportamento adequado.
Assegurar que as instruções sejam claras, simples e dadas uma de cada vez,
com um mínimo de distrações.
Evitar segregar a criança que talvez precise de um canto isolado com biombo para
diminuir o apelo das distrações; fazer do canto um lugar de recompensa para
atividades bem feitas em vez de um lugar de castigo.
Desenvolver um repertório de atividades físicas para a turma toda, como
exercícios de alongamento ou isométricos.
Estabelecer intervalos previsíveis de períodos sem trabalho que a criança
pode ganhar como recompensa por esforço feito. Isso ajuda a aumentar o tempo da
atenção concentrada e o controle da impulsividade através de um processo gradual
de treinamento.
Reparar se a criança se isola durante situações recreativas barulhentas. Isso
pode ser um sinal de dificuldades de coordenação ou auditivas que exigem uma
intervenção adicional.
Preparar com antecedência a criança para as novas situações. Ela é muito
sensível em relação às suas deficiências e facilmente se assusta ou se desencoraja.
Desenvolver métodos variados utilizando apelos sensoriais diferentes (som, visão,
tato) para ser bem sucedido ao ensinar uma criança com TDAH. No entanto, quando
as novas experiências envolvem uma miríade de sensações (sons múltiplos,
movimentos, emoções ou cores), esse aluno provavelmente irá precisar de tempo
extra para completar sua tarefa.
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Não ser mártir! Reconhecer os limites da sua tolerância e modificar o
programa da criança com TDAH até o ponto de se sentir confortável. O fato de fazer
mais do que realmente quer fazer traz ressentimento e frustração.
Permanecer em comunicação constante com o psicólogo ou orientador da
escola. Ele é a melhor ligação entre a escola, os pais e o médico.5
5 Fonte: http://www.hiperatividade.com.br/article.php?sid=14. Acesso em 07 mar. 2009.