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8/14/2019 maiasfrei
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Os Maias e Frei Luís de Sousa
Paula Cruz
Esboço de estudo paralelo de OS MAIAS e FREI LUÍS DE SOUSA (Duas formas de recuperação da tragédia clássica)
Frei Luís de Sousa Os Maias
Uma partida e separação: D. João de Portugalparte para a batalha de Alcácer Quibir, deixandoem Portugal sua mulher, D. Madalena.
Uma partida e separação: Maria Monforte parte como napolitano, deixando em Portugal Pedro, seumarido, e Carlos, seu filho.
D. João de Portugal é dado como morto; D.Madalena tenta, por todos os meios ao seualcance, certificar-se da morte do marido.A hipótese da morte acaba por ser aceite comocerteza.
Maria Monforte e sua filha são consideradas mortas;Afonso da maia tenta, por todos os processos,adquirir a certeza da morte da neta. A hipótese damorte acaba por ser aceite como certeza.
D. Madalena reorganiza a sua vida, baseando-sena morte de D. João.
Afonso dedica-se inteiramente a Carlos, consideradaa neta para sempre perdida.
D. João de Portugal, erradamente consideradomorto, vai-se aproximando de portugal.
Maria Eduarda, erradamente tida por morta,aproxima-se de Portugal.
D. João de Portugal, uma vez regressado, dirige-se à sua antiga casa. Encontra-se com D.Madalena que não o reconhece e pára diante doretrato. Perante a interrogação inquieta de FreiJorge, responde: «Ninguém».
Maria Eduarda, uma vez de regresso a Lisboa,encontra Carlos que, naturalmente, a não reconhece.Acabando ela por se dirigir ao Ramalhete, páradiante do retrato do Pai. Carlos esclarece: «- É meuPai».
Uma vez consumada a tragédia, D. Madalenarevolta-se, tenta negar a evidência dos factos,lutando desesperadamente pela conservação deum amor para ela mais forte que todas asdúvidas.
Quando conhece o parentesco que o une a MariaEduarda, Carlos revolta-se e tenta, também ele, comdesespero, lutar pela sobrevivência de um amor que
julga superior a todos os imperativos que lhe sãoexteriores.
D. João de Portugal permanece impassível esilencioso perante a tragédia. Sensibilizadoapenas por uma falsa interpretação dossentimentos de D. Madalena, quando pretende
(?) alterar o curso dos acontecimentos quedesencadeara, vê-se impossibilitado de o fazer.
Maria Eduarda aceita, discreta e silenciosa, a tragédiaque destrói as suas relações amorosas com Carlos.Apenas de ressente do mutismo e ausência deste
último.
Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalenaseparam-se. Permanecem vivos para seenterrarem no convento.
Carlos e Maria Eduarda separam-se. Tentamreintegrar-se, aparentemente incólumes, numa vidasolitária: Carlos - instalado em Paris, Maria Eduarda- casada em Orléans
Maria, a verdadeira vítima trágica e testemunhaacusadora do «erro» dos pais, morre.
Afonso, oponente racional à paixão «incestuosa» deCarlos e Maria Eduarda, morre.
Gandra, Maria António / Oliveira, Luís Amaro de, Caderno Para Uma Direcção de Leitura de OS MAIAS, Porto Editora,Ldª, Porto, 1987