Música Africana na Sala de Aula

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    Musica

    africana

    na

    sala

    de

    aula

    Cantando, tocando e danEando

    nossas raizes negras

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

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    a

    -f

    -t

    a

    Copyright 2010 by Lilian Abreu

    Sodre

    Revrsao

    pedar_.;o

    g rc.r:

    Ana

    M.irra

    Bertonr

    Editoracro L'lctr

    orrica:

    Tatiane

    Schilaro Santa Rosa

    Aqradecinrcntos:

    -,.rrr'rcia

    iVuntli, Casa das Airic.rs, Dc.cio Gioielli. Enny Parejo,

    Evanildo

    Ciciliotti,

    C ori.r lvlaletsabisa

    Saraiva, Gruiro

    Tour.: Kr.rnda

    (Seneg.rl),

    Heloisa Pires

    Lirna,

    t .rltcrrgcle li4un.rnga,

    L.rila

    ltlicolair,

    Mr"..,trw.r

    Lirr-tti>wt e

    Nilza

    Cav.-rlcanti

    Rocha

    Fotos:

    Dun.r Ducto Eclitora

    ct)

    irrralrJcarl

    r.riLrsical,

    arranjos,

    gravaciio,

    nrix.rgenr, rrr.rsterizagao

    e

    voz:

    Clotilclc, Saporito

    Particip.rcao

    especial na

    f.lix,r ALtiyoyo. Laura

    Saporito Cury

    As f.-rix;rs

    1

    e 2

    forarr gontilnrcnti) cr:rlicJas

    por

    Decio Gioielli.

    Tecr-rrco rle

    gravac.ro:

    Lee Conceigao

    6iav.rclo no

    estuclio

    l-.i

    &

    L

    Proclucot:s Artisticas

    en-r

    junho

    de 2010.

    O CD e

    p('rtc

    intecJrante

    cl.r obr,r.l'.Jeo

    poclo

    ser

    rrencliclo

    seltaraciarrente.

    (

    ll,-lllt,\sll .

    (.\l

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    \o-\.\-l,o\

    Il.

    Sl\t)l( .\ l'O

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    I)l

    t.lVl{()S.

    l{.1

    :rtr ltlltrr.

    l.iliurr

    lloeitt tlc ..\brett

    Sorlrr'

    \lrr:iclr

    ltll'ieltnl

    rur sallt

    tlc

    lttrla:cantillr(l().

    loclurtlo c

    tlliltc'lrttlo nos\iri

    rli/es

    nc r'il\

    ilirrrr

    lloclrri

    rie

    .\lrreu

    Sorlrt'('rtrrlllro.

    -

    l

    eri.

    -

    Sl-ro

    J)rtulo:

    [)rrtlr

    I)rrcto.

    ]()10.

    rr)11

    : rl.

    lnclrr i( l)

    I\lj\

    ()aN_ti.l_til

    t(i6-l

    l_9

    l.

    \lrrsica

    ptlprrlur

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    .\ ll'ie

    u.

    I

    \ltrsicrr

    rtrr

    cse oiu.

    .1.

    \ltrsicu

    I'it Lr lo.

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    ()-07ti0

    Instrrrgiro

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    cslrrrlo.

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    I)1.;:

    t)-l((r

    t

    Todos os direitos

    desta edigSo reservados

    a

    Durun Durro

    Eorronn Lroa.

    Rua

    Pascal

    ,

    1.532

    Cep 04616-004

    -

    Sao

    Paulo

    -

    SP

    Fone:11 3045-9894

    e-mail

    :

    [email protected]

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    C rJ

    n aO LietO

    COm. b

    r

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

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    LILIAN

    ABREU

    SODRE

    Musica

    africana na

    sala

    de

    aula

    Cantando, tocando

    e

    dangando nossas

    raizes

    negras

    S5o Paulo

    -

    2010

    1a

    ediq6o

    A,T

    i-,il\,'- )t)l1a)

    --t

    a

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    929

    -2001

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    o5o

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    -l

    Sumerio

    Apresentaqao

    Prefacio

    Ao

    professor

    Para

    o bom aproveitamento

    do material

    Preparaqao

    geral

    para

    cada atividade

    Preparag6o

    da

    turma

    Ensinando

    a

    canqSo

    Uso dos

    instrumentos

    A Africa

    Negra e o

    jeito "total"

    de

    fazer

    m0sica

    A

    polirritmia

    Unidade

    1

    -

    Taa

    taa tee

    (Gana)

    Unidade 2

    -

    Elala

    e/io

    (Camaroes)

    Unidade 3

    -

    Chai, chai

    (Africa

    do

    Sul)

    Unidade 4

    -

    Shosholoza

    (Africa

    do Sul)

    Unidade

    5

    -

    Abiyoyo

    (Africa

    do

    Sul)

    Unidade

    6

    -

    Fatouyo

    (Senegal)

    Unidade

    7

    -Zinyamaredu

    (Zimbabue)

    8

    10

    11

    14

    14

    15

    15

    16

    17

    20

    22

    24

    26

    30

    34

    36

    40

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    -D

    -a

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    a

    .,,ridade

    B

    -

    le

    ie bore

    ie

    (Zimblbue)

    Jnidade 9

    -

    Funga alafia

    (Liberia)

    tJnidade

    10

    -

    KamiolQ

    (Congo)

    LJnidade

    11

    -

    Obonso

    (Gana)

    Unidade

    12

    -

    E

    nhambo

    (Camaroes)

    Atividades

    alternativas

    I nstru

    mentos africanos

    lnstrumentos feitos com material

    reutilizdvel

    ia

    r'titu

    ras

    Paises

    de origem

    das cangoes

    Glossario

    Bibliografia

    Discografia

    Sites

    sugeridos

    Faixas

    do

    CD

    50

    42

    44

    46

    4B

    52

    56

    76

    61

    64

    70

    74

    77

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    a

    a

    a

    a

    1

    a

    Apresentagao

    ;oucas

    vezes

    me

    deparo

    com

    tarefa

    tao interessante:

    apresentar

    um livro

    que,

    estou certa,

    con,

    :'

    cuira

    de forma

    decisiva

    e importante para

    a

    educaqao musicaldas

    crianqas

    brasileiras.

    Mais

    que

    :sf,

    este livro,

    que

    Lilian

    Abreu

    Sodre

    gentilmente

    compartilha

    conosco,

    tem o merito de

    trazer

    .:la

    a sala

    de aula

    -

    por

    meio

    da m0sica,

    de

    cangoes

    e

    de dados historico-culturais

    sobre

    o conti-

    ^-nt€

    africano

    -

    a

    possibilidade

    de refletir

    sobre

    algumas

    questoes

    essenciais:Quem

    somos

    nos?

    lomo

    se

    deu

    a

    constituiqao

    etnica

    do

    povo

    brasileiro?

    Qual

    o

    papel

    do

    negro

    em

    nossa cultura?

    A

    contribuiqao

    dos

    negros para

    a

    mfsica

    das

    americas e

    quase

    imensurdvel.

    Por

    onde

    passa-

    ':nr

    transmutaram

    as

    praticas,

    o

    pensar

    e o serrtir dos

    povos,

    transmitindo

    inebriante

    vibraqao

    e

    ;',i'.'encia

    dinamogenica

    do

    ritmo

    que

    nos

    arrasta

    e

    envolve.

    Basta

    pensar

    no

    que

    se

    sente ao ver

    .:ss3r

    uma

    bateria de escola

    de

    samba, nos

    percutindo

    e

    excitando

    pelo

    tato,

    levando

    o

    corpo

    ao

    --oiirrento,

    ainda

    que

    involuntariamente;

    ou,

    ainda, basta

    resgatar

    na

    memoria

    a manifestagao

    ^'pressionante

    do

    canto

    gospelque

    a cada vez me

    emociona

    e

    faz

    pensar

    se

    existe

    forma

    mais

    .:equada

    para

    louvar

    a Deus.

    De

    norte

    a

    sul, de

    leste

    a oeste,

    os negros

    passaram

    por

    nos

    pro-

    loi,endo

    inundagoes

    de vibrante

    sensibilidade.

    Ao

    valorizar

    a

    importante

    contribuiqao

    da

    cultura

    .fricana

    para

    a

    formaqao

    de nossa

    propria

    cultura, o

    livro

    atinge

    amplamente

    o

    objetivo

    a

    que

    se

    propoe:

    dar

    a

    conhecer

    -

    e

    saborear

    -

    o sentido da afrobrasilidade

    a nossas

    crianqas.

    A

    reflexao

    sobre

    valores

    humanos

    nao

    pode permanecer

    longe

    da escola

    por

    mais

    tempo,

    fato

    s:bianrente percebido

    pela autora,

    que

    aborda

    a

    questao

    a

    partir

    de

    uma perspectiva

    lIdica

    e

    ^.:Einativa

    como

    a

    que

    e

    proposta

    no livro.

    Abre-se

    um espaqo

    importante

    para

    o

    didlogo

    inter-

    :;

    iural,

    possibilitando

    refletir

    sobre

    como sonlos

    diferentes

    uns

    dos

    outros

    nas

    manifestaqoes

    ex-

    :.'lres

    da

    cr-rltura

    -

    cantos,

    danqas, historias

    que

    criamos,

    mitos

    que

    desenvolvemos,

    hdbitos

    e

    -

    t'fr-ras

    de convivencia

    social,

    a

    arte

    que produzimos.

    Mas,

    ao mesmo

    tempo,

    como

    somos iguais

    :^-

    essencia

    e conro

    necessitamos

    todos viver

    o verdadeiro

    amor

    que

    nas

    palavras

    de

    Humberto

    '.1:turana

    e a

    "aceitagao

    do

    outro

    em

    seu

    legitimo

    outro na

    convivencia"2.

    Aceitar

    o outro e

    aceitar

    a Civersidade

    que

    caracteriza os

    tempos em

    que

    vivemos,

    e conscientizar-se

    da

    cidadania

    e

    da

    inrportancia da

    paz para

    a

    humanidade.

    A

    abordagem

    holfstica da

    educaqao musical

    e

    outro

    pilar

    educacional

    imprescindivel,

    para

    o

    qual

    o

    livro

    desperta a

    atenqao.

    Holos,

    em

    grego,

    significa

    todo

    ou

    totalidade

    integrada.

    Trata-se

    de

    o educador

    assumir uma concepqao

    organicanrente

    integrada

    do

    ser humano

    e

    da

    musica.

    Na

    arte africana,

    que

    se

    confunde com a

    propria

    vida,

    manifesta-se

    o holos,

    e diferentes

    express6es

    humanas

    se unem

    num

    amdlgama

    -

    musica, danqa,

    poesia,

    mito,

    magia.

    Para

    o

    ser

    humano,

    esse

    holos

    implica

    a manifestaqao

    unificada e

    integrada de suas

    multiplas

    dimens6es:

    corpo,

    mente,

    razao,

    sensibilidade, sociabilidade,

    espiritualidade.

    Por

    meio

    da

    viv6ncia

    desse

    todo

    no

    processo

    EmoEoes e linguoqent

    na

    eiucaqoo

    e na

    politico.

    Belo

    Horizonte,

    UFMG, 2002,

    p.67

     

    Mutrrunu, Humberto

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    9/79

    a

    a

    :ducacional,

    compreende-se

    que

    o ser

    humano

    e um

    sistema

    de

    alta

    complexidade

    e

    que

    todas

    as

    dimensoes

    constitutivas

    dele devem

    estar

    presentes

    nas

    aulas

    de m0sica.

    As

    propostas

    desse

    li-

    \"ro,

    ao incentivar

    uma

    pluralidade

    de

    formas

    de

    expressao

    -

    verbal,

    musical,

    corporal,

    e,

    por

    que

    nao

    dizer,

    a

    expressao

    do

    imagindrio

    -,

    possibilitam

    a valorizaqao

    desse

    pequeno

    ser,

    a crianqa,

    como um

    ser

    humano integral.

    As

    atividades propostas no livro garantem um

    espaqo

    de abertura

    para

    a

    crianqa, por

    meio

    do imagindrio

    e

    das situaqoes

    sensivelmente

    poeticas

    colocadas pelos

    temas

    das canqoes.

    Dimensoes

    de

    emoqao e

    encantamento

    vem

    a tona,

    desvelando

    um espaqo

    interno

    verdadeiramenre

    transdisciplinar.

    Outra

    liqao

    a registrar

    com

    carinho

    e

    que

    este

    precioso

    livro

    ensina

    ao

    professor

    que

    ele deve

    ser

    um

    pesquisador,

    um

    eterno curioso.

    Os

    projetos

    para

    a

    sala

    de

    aula

    se

    constroem

    a

    partir

    de

    pesquisas

    consistentes

    que

    o

    professor

    deve

    levar

    a

    cabo

    em nome

    do

    enriquecimento

    de

    seu

    trabalho

    e

    da formaqao

    qualitativa

    das criangas.

    Nesse

    sentido,

    o livro

    procura

    ir

    alem,

    ao sugerir

    temas

    interessantes

    para

    discussoes e pesquisas

    por

    parte

    das crianqas, ao

    trazer

    mais

    do

    signifi-

    cado

    cultural

    das

    canqoes

    apresentadas,

    dos instrumentos

    que

    as

    acompanham,

    e,

    para

    contextu-

    alizar

    na realidade

    atual,

    ao

    sugerir

    a

    fabricaqao

    desses

    instrumentos

    com

    materiais reutilizSveis.

    O

    CD

    de

    apoio materializa

    a

    presenqa

    da

    mfsica

    propriamente

    dita.

    Os mais

    exigentes,

    ao

    analisar

    a

    estrutura

    do

    livro,

    pensarao

    talvez

    eis

    aqui mais

    um

    livro

    de

    receitas

    de

    educoEao

    musical...

    ao

    que

    eu

    seria,

    entdo,

    obrigada

    a

    argumentar

    com

    as

    sdbias

    pa-

    lavras

    de Georges

    Snyders:

    "a

    apropriaqao

    dos

    'modelos'

    nao

    e uma

    forma

    de

    opressio

    sobre

    os

    educandos

    e de eliminaqSo

    de

    sua

    originalidade,

    mas

    sim

    uma

    condiqao

    necessdria

    para

    a

    busca

    da originalidade"3.

    Para

    o

    professor,

    conhecer

    e

    aplicar

    modelos

    e essencial,

    desde

    que

    nao ani-

    quile

    sua

    personalidade

    criadora,

    desde

    que

    se

    proponha

    a

    transformar

    sempre

    tudo

    o

    que

    lhe

    chegue

    as

    maos,

    a

    partir

    de

    uma reflexSo pessoal.

    No

    mais,

    quem

    de

    nos

    terd

    um

    dia

    feito

    algo

    de

    absolutamente

    original?

    Dependemos

    uns

    dos

    outros,

    felizmente;

    aprendemos

    uns

    com

    os

    outros

    e depois

    nos

    transcendemos,

    criativamente.

    Assim

    vejo

    a educaqao

    musical

    e

    o

    processo

    de formaqao

    de

    professores.

    Lilian

    seguird

    sua

    instigante

    trajetoria

    de

    pesquisadora

    e

    professora

    a

    maneira

    de

    um

    grio

    con-

    temporaneo,

    com

    suas

    historias

    e encantamentos,

    ensinando

    canqoes

    sobre

    a

    vida

    e

    o

    mundo,

    sejam

    elas reais

    ou simplesmente

    imaginadas para

    alimento

    de

    nossa

    fantasia.

    Enny

    Parejo

    Professora

    de

    pos-graduaq6o

    em Educaqao

    Musical;

    doutora

    em Educagao

    pela

    PUC-SP

    3

    Snyders, Georges.

    ln Luckesi,

    Cipriano Carlos Filosofia

    do

    Educagao.

    Sio Paulo,

    Cortez,

    2000,

    p.

    l6

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    10/79

    a

    a

    a

    a

    -

    -:--'

    a**f:

    :i;:ji:';1.:.;i

    :-i'

    t',ti'

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    11/79

    a

    a

    a

    a

    a

    a

    l-h"

    pr$fes$@r

    Como

    jd

    referido,

    o

    presente

    trabalho

    e

    o

    resultado

    de

    nossas

    pesquisas

    de

    adequaqio

    de

    :tr'''idades

    nrusicais relativas

    a

    Africa

    Negra

    para crianqas

    da

    Educagao

    lnfantile

    do

    Ensino Funda-

    :rental.

    Acreditamos

    que

    a

    m[sica

    seja

    um vefculo

    de

    grande

    valor

    para

    o

    entendimento

    desse

    :crtinente

    formid6vel,

    cerca

    de

    tres vezes

    e

    meia

    maior que

    o

    Brasil,

    que

    tanto

    contribuiu

    e contri-

    lui

    para

    a

    criaqao

    musi:al

    em

    todo o mundo.

    A musica pode

    ajudar

    a vencer

    resistencias

    e a

    fazer

    .onr

    que

    os

    coraqoes

    se

    abram

    para

    a

    aceitagao

    da

    diversidade.

    o material que

    apresentamos

    oferece

    indicaqoes

    e

    sugestoes para que

    os

    alunos

    tenham

    gos-

    to

    por

    conhecer

    a historia,

    a

    geografia,

    os

    costumes

    e a

    cultura

    africana

    negra,

    de uma

    maneira

    lurdica

    e

    prazerosa.

    Nao sou especialista

    em cultura africana,

    e

    sim educadora musical

    comprometida

    com

    a

    qua-

    lrdade

    do

    material

    usado

    em

    nosso

    trabalho. No

    Colegio

    Vertice,

    em

    2009,

    tivemos

    a

    Africa,

    em

    ';arias

    visoes

    disciplinares,

    como

    tema gerador

    de

    projetos.

    Uma vez que

    houve

    o desafio

    profis-

    sional

    de

    desenvolver

    um

    projeto

    sobre a m0sica

    africana,

    fizemos

    um

    estudo

    amplo buscando

    ntusicas

    tradicionais que

    envolvessem

    nao

    apenas

    o canto,

    mas tambem

    instrumentagao,

    brinca-

    deiras

    cantadas e dangas.

    Esse

    material

    foi

    pesquisado

    especialmente

    na

    literatura

    especializada

    norte-anrericana,

    portuguesa,

    italiana

    e

    em

    apostilas

    de

    pedagogos

    musicais

    (ver

    Bibliografia).

    Quando

    se

    fala

    de

    musica

    africana,

    o

    que

    nos vem

    a

    mente?

    A

    primeira

    ideia,

    quase

    sempre,

    e

    ritr-t-to{

    e

    tambor,

    nao e mesmo? O

    instrumento

    que

    mais

    nos

    faz lembrar

    a

    Africa

    e

    sem

    duvida

    o

    iarlbor,

    que

    toma variadas

    formas

    e

    nomes

    dependendo

    da

    regiao

    de

    origem.

    Na Africa

    Negra,

    as

    ;rrrrcoes

    do

    tambor

    sJo

    mdgicas.

    Eles

    podem

    fazer

    a comunicaqac

    com

    os

    espiritos

    e

    dao

    poder

    'Itstico

    a

    quem

    os

    toca,

    alem

    de serem

    um

    meio

    de comunicaqao

    complementar

    a

    palavra.

    No

    entanto, imaginar

    os

    sons

    da Africa restritos

    a

    toques

    de

    tambor seria

    uma superficialidade

    e uma

    grande

    reduqao

    da notdvel riqueza

    de

    sua

    mIsica. De

    fato,

    a

    musica

    africana

    apresenta

    uma

    pluralidade

    melodica

    e

    de harmonia

    sofisticada

    e

    surpreendente.

    Assim,

    na medida

    enr

    que

    a

    Africa

    e

    variada

    em relaq6o

    a idiomas

    (hd

    cerca

    de

    duas

    mil linguas),

    culturas,

    grupos

    etnicos

    e

    na-

    qoes,

    e

    tambem

    plural

    e

    abundante

    nas

    suas

    possibilidades

    de

    produzir

    mUsica.

    A musica,

    o canto

    e a

    danqa

    estao

    presentes

    em todas

    as

    etapas

    da vida

    e

    d6o

    ritmo

    a

    quase

    todos

    os

    momentos

    do

    dia,

    no

    trabalho,

    na

    caqa,

    na

    pesca,

    nas

    oraqoes

    etc.

    Para

    atender

    as

    faixas

    etdrias

    para

    as

    quais

    este

    livro

    foi

    projetado,

    selecionamos

    canq6es

    que

    lhes

    fossem

    adequadas,

    vindas

    de vdrios

    pafses.

    Todo

    o

    tempo

    optamos

    por

    nio falar

    de mfsica

    afro-brasileira,

    mas

    sim

    da musica

    tradicionalafricana

    negra.

    Acreditamos

    que

    assim

    nossas

    crian-

    qas

    estarao

    mais

    bem

    preparadas

    para

    compreender,

    comparar

    e vivenciar

    a

    m0sica

    afro-brasi-

    leira

    em

    um segundo

    momento,

    percebendo

    a semelhanqa

    dos ritmos,

    da

    estetica da

    percussao

    4

    As

    palavras

    sublinhadas

    esiao

    no

    Glossario,

    na

    pagina

    74

    11

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    12/79

    a

    a

    a

    a

    t

    IMPORTANqA

    DAUSAO

    e da

    expressao

    corporal

    na

    danqa.

    ',,

    Nossa

    intenqao

    e

    que

    o

    professor,

    '

    por

    via

    do

    ensino

    da

    cultura

    musi-

    cal africana

    negra

    as crianqas,

    abra

    espaqo mais

    ludico

    e

    receptivo,

    no

    .

    Ensino

    Fundamentale

    Medio,

    para

    ,

    Brasil

    e da

    sua

    contribuicao inesti-

    INTEGRADA

    DA NNOSICN

    ruN

    EDUCAqAO

    |NFANTIL

    E

    NO

    ENSINO FUNDAMENTAL

    O livro

    comeqa

    com

    a

    apresen,

    taqao

    de sugestoes

    de etapas que

    possibilitarao

    um melhor

    aprovei-

    tamento

    das

    atividades

    propostas.

    Em

    seguida,

    nossa

    pequena

    mostra

    da

    cultura

    nrusical

    africana

    negra

    consta

    de

    doze unidades,

    cada

    uma

    com uma

    musica para

    :-::'cantare/oudanqar.Oprofessorencontraracanqoestonais,canqoesemestiloresponsorial

    :,:'iunta-resposta),

    rnusicas

    pentatonicas,

    musicas

    com

    espaqo

    para

    improvisos

    vocais

    e instrumen-

    :-:

    :

    '-:,jsicas

    conl

    possibilidades

    de

    acompanhanrento

    instrumental,

    percussao

    corporale

    danqa.

    --'r-rc

    didatica

    para

    o

    ensino

    das

    cangoes,

    valemo

    nos

    da tecnica

    do

    educador

    belga Jos

    \Vuytack

    seguidor

    de

    Carl

    Orff.

    Wuytack grropoe

    a

    teoria

    de

    que

    a

    experiencia

    musical

    conrpre-

    :.-

    -:

    ::

    : :onjunto

    palavra,

    som

    e movimento.

    Conr

    base

    nessa

    concepqao,

    entendemos

    neste

    livro

    -.

    -

    . :

    'r.rrrslca

    africana

    negra

    e

    exemplo

    significativo

    dessa

    totalidade

    de

    tres formas

    de expressao:

    .=':a

    nlusical

    e

    corporal.

    lsso voce, professor,

    vera

    no

    texto,

    nas

    nossas

    sugestoes

    sobre

    como

    :'-:r:alirar

    cada

    musica.

    Como

    preparaqao

    das criangas para

    as atividades

    nas

    aulas

    utilizamos

    a

    :l'Jposta pedagogica

    da educadora

    musical

    brasileira

    Enny

    Parejo,

    que

    favorece

    a

    ambientaqao

    :sDaco-temporal, por

    meio

    de

    atividades ritualfsticas

    (ver

    seqao Preparaqao

    daTurma,

    a

    sequir).

    lsses

    exercicios previos

    ou

    rituais

    preparatorios

    sao

    compativeis

    com

    a cultura

    africana.

    Quanto

    a

    grafia

    das

    palavras

    constantes nas

    canqoes,

    fizemos

    um

    exercicio

    de

    transliteraqao

    ilara

    um

    falante

    da

    lingua

    portuguesa.

    lsto e, reproduzimos

    as letras

    das musicas

    de modo

    que

    possam

    ser lidas

    sem

    dificuldade

    por

    criangas brasileiras.

    No

    entanto,

    em

    algumas

    ocasioes,

    man-

    tivemos

    transliteraqoes

    jd

    consagradas,

    feitas

    para

    falantes

    de

    Frances

    ou

    lngles,

    mas

    que podem

    ser

    bem

    entendidas

    por

    nos.

    A

    integraqao

    de movimento,

    ritmo,

    danga,

    fala e

    canto,

    como

    ocorre

    na

    cultura tradicional

    da

    Africa

    Negra,

    deixou

    de ser

    notada

    nos

    tempos

    modernos.

    No

    entanto,

    como

    formulado

    por

    Carl

    Orff

    e,

    em

    seguida,

    por

    seus

    seguidores

    como

    o belga

    Jos

    Wuytack,

    essa integraqeo

    6 muito

    importante

    na

    Educaqao

    lnfantil

    e no

    Ensino

    Fundamental

    para

    o

    desenvolvimento

    da

    personalidade,

    da

    comunicaqSo

    e

    da

    qualidade

    da

    interaE6o

    socialdas

    criangas.

    Serve

    tamb6m

    como

    meio

    de

    prepar6-

    -las

    para

    a aquisiqao

    de

    sensibilidade

    e

    gosto

    pela

    audiqao

    musical

    e

    pela

    apreciaqao

    da

    danqa

    e

    do

    canto

    em

    todas as culturas.

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    13/79

    Alenr

    das

    atividades

    sugerrdas

    ern cada

    Lrnidade,

    proponros

    atividacles

    alternativas, de

    forrl.r

    qLre

    o

    professor

    possa

    selecionar

    aqr-rela

    que

    identifique

    conro a

    ideal

    para

    sLra turma. Sao

    core-

    ografias simples

    que podem

    ser aplicadas a

    qualquer

    das

    mLrsicas

    apresentadas

    nas

    unidades,

    exceto

    a

    da

    Unidade 5, Abiyoyo,

    que

    e a

    unica

    construida em

    compasso

    ternaro.

    No

    final

    do

    livro

    lra

    unra

    apresentacao

    de instrunrentos

    africanos e

    suas

    caracteristicas.

    Seria

    rluito

    born

    que

    cada escola

    pudesse

    formar

    seu

    acervo de instrur-r-rentos

    africanos.

    Como isso

    nenr senrpre e

    possivel,

    proponros,

    er"n seguida,

    qrrc

    os

    professores

    incentivem

    e

    ajudenr

    seLrs

    alunos

    (se

    pr,rderenr

    contar conr

    a

    ajirda

    dos

    pais

    sera

    r-nellror)

    a

    construir alguns

    instrumentos

    conr

    nrateriais reutilizaveis.

    Assim,

    cada aluno

    poder.i

    tocar seu

    proprio

    instrunterrto. Ainda

    que

    sua es-

    cola tenha

    possibilidade

    de

    usar

    instrurnentos

    africanos originais,

    sera

    interessante

    que

    os alunos

    tanrltenr constrLranr

    seus

    prolrrios

    irrstrunrentos.

    Essa

    .rtividade,

    qr-re

    podera

    ser feita

    nas

    aulas de

    .-rrtes,

    criar(r

    unr

    envolvinrL.nto

    nr.lior

    conr

    a

    nr[rsica.rfricarta

    negra

    e conr

    o

    seu

    aprendiz.rdo, alerr-r

    cle

    rlostrar

    unr.r

    possibilidade

    adicior-ral cle

    reutiliz.rgao

    cle

    rnatcriais.

    O

    profcssor-contarcr

    conr

    o.rpoio

    irrprescindiveldc

    r-rnr

    CD

    (parte

    inteqr.rnte

    ciesta

    edigao),

    clue

    o ajucl.tra

    rrrLrito

    na realizagao de

    cada

    Llnr(r

    clas

    ativiclades.

    Este

    CD

    poclera

    sr-.rvir

    tatlbetn como

    suporte

    nas

    apresentagoes

    feitas na escola,

    pois

    incluifaixas de

    playback

    para

    todas as cangoes.

    Por

    finr,

    cabe

    clizer

    que

    nacla substitr.ri d

    presenqa

    e

    a sabecloria

    do

    professor

    e'o

    conhecimento

    clLre

    ele

    tern

    sol)re

    su.ls criangas e os

    reclrrsos

    qure

    pode

    usar. O

    prclfessor

    e

    qLrern

    rnelhor

    fard o

    diagnostico

    para

    a

    adequagao e corrdugao das

    atividades,

    sem

    subestinrar o

    potencial

    de

    seus .tlunos.

    As escolas

    sao rnuito diferentes enr

    relacao

    a seus

    rneios fisicos

    e

    econornicos

    erlr nosso

    irnert'

    so

    Br.rsil.

    C.rda

    professor

    saber.i

    ad.rptar

    .'rs

    urridacles

    cleste livrcr

    as

    condicires

    cle su.r escola. Se ela

    nao

    dispuser

    de ur-n

    toca-CD,

    por

    cxernplo, sera

    o

    caso

    de o

    llro

    fessor ider-rtificar

    unra

    alternativa,

    conr a colaboragao

    dos

    pais

    e

    d.rs

    criangas. Erl

    resurno,

    cabe ao

    pro-

    fessor ad.rptar o

    material didatico

    que

    lhe oferecenros a

    seu

    gosto,

    a

    seLrs

    nreios €

    d

    sUcr

    sensibilidade

    como

    educador.

    lsso inclui,

    por

    certo,

    o

    uso

    deste livro

    em cortju-

    gagao

    cont atividades

    e

    projetos

    t

    ra

    n

    sd

    isc ip

    lina res.

    ENNY

    PAREJO

    A

    educadora

    musical

    Enny Parejo

    demonstrou,

    por

    meio

    de suas

    pesquisas,

    que

    a

    mfsica,

    em

    conjunto

    com

    rituais

    preparat6rios

    e t6cnicas

    de

    relaxamento

    corporal e da

    mente, 6 fator de

    desenvolvimento

    das

    fungoes

    do

    sentir

    e

    do

    pensar.

    Seu

    trabalho

    enfatiza, a

    partir

    de

    uma

    base

    te6rica transdisciplinar e consistente,

    a aplicag6o

    de

    exerclcios dirigidos ao corpo

    e i

    mente

    dos

    alunos

    para

    a obtengio de

    novas

    e ampliadas

    condiqoes

    do sentir

    que

    levem

    ao

    melhor

    pensar.

    Para ela, a educagSo musical

    deve

    perceber

    o

    ser

    humano integralmente como um

    ser

    que

    sente-

    -pensa

    em

    interagao

    sist6mica.

    Assim, a m(sica

    pode

    contribuir

    em

    todo

    o

    processo

    educacional.

    13

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    14/79

    -:.:.'

    :=

    .>::r'.'idades

    musicais

    africanas

    negras

    nao

    serem

    "espetdculos"

    para

    serem

    vistos

    :

    :

    --

    : :

    .'-.

    .. o

    professor

    pode

    e

    deve

    mostrar

    seu

    trabalho

    ao

    publico.

    Alem

    do

    mais,

    as

    --

    :-

    -::

    :l

    j::^:

    le

    se

    apresentar,

    e

    isso

    faz

    parte

    da

    sua

    formaqao,

    como

    exercfcio

    de

    sua afir-

    -

    '

    --i

    -

    ::::

    --:

    eara

    tanto,

    fica

    a

    questao

    de

    como

    descaracterizar

    a relaqao

    espetdculo-plateia.

    - -

    .='

    ^- -

    :

    :

    '

    crofessor que

    escolha locais

    em que

    as

    crianqas

    possam

    ser vistas

    de vdrios

    6ngulos

    ::

    ::

    :

    j-:

    si:iies

    em lugar

    do

    plano

    frontal

    comum

    nos

    teatros

    e

    auditorios

    onde

    hii

    um

    palco.

    I

    -:=--

    ::'

    :J.ldras

    ou

    outros

    lugares

    abertos

    e

    planos,

    onde

    os

    assistentes

    possam

    circundar

    o

    ;' -=:

    l:

    :r

    ancas. Por

    finr,

    e

    importante

    que

    o

    professor,

    ao anunciar

    o

    que

    serd

    mostrado,

    diga

    a

    :-:l:

    lJ==lespodemedevemparticipardaatividade,comosefaznasaldeiasafricanas,sejacantan-

    : :

    :'^c:nco

    ou fazendo

    percussao

    corporal.

    Para

    o

    born

    aproveltamento

    do

    materlaE

    Preparasec

    geral

    para

    cada

    atividade

    :^i=s

    de

    iniciar qualquer

    das

    atividades

    propostas

    neste

    livro,

    e

    importante que

    o

    professor

    l-:a

    e

    faixa

    do

    CD

    relativa

    a unidade

    a

    ser

    realizada

    de

    maneira

    a

    se

    tornar

    confiante quanto

    a

    ::

    '-lc

    cantar

    a

    canqao,

    atentando

    a todas as

    nuanqas

    da

    melodia

    e

    da lingua.

    lsso

    feito,

    sugerimos

    :o

    professor,

    jd

    com

    as crianqas,

    localizar

    o

    pais

    a

    que

    se faz referencia

    em

    um

    mapa

    ou

    globo.

    'magine

    que

    a Africa

    tem

    aproximadamente

    tres vezes

    e meia

    o

    tamanho

    do

    Brasil.

    As

    crianqas

    adoram

    esse

    tipo

    de

    aprendizado, adoram comparar

    distancias

    e

    tamanhos, observar

    os

    oceanos

    e imaginar

    como eram

    diffceis

    os

    deslocamentos

    antes

    do aparecimento

    dos

    avioes.

    E

    tambem

    aconselh6vel

    situar

    a

    cultura

    do

    pais,

    falar

    sobre

    as

    potencias

    europeias que

    o

    ocuparam,

    determi-

    nando

    uma

    influencia

    francesa

    ou

    inglesa;

    ou

    ainda

    uma

    forte

    arabizaqao

    por

    forga

    da

    poderosa

    presenqa

    isl6mica.

    Na

    segao Pafses

    de

    origem

    das canEoes

    hd

    algumas

    informaqoes

    sobre

    os

    pafses

    de onde

    foram

    selecionadas

    as

    m[sicas

    aqui

    apresentadas.

    Sio

    informaqoes

    bdsicas,

    mas

    que

    podem

    servir

    de

    estlmulo

    para

    que

    a

    turma

    pesquise

    mais

    sobre cada

    pafs.

    Para

    resultados

    ainda

    melhores,

    convem

    que

    o

    professor

    faga

    uma

    pesquisa

    em revistas

    e

    jornais

    e mostre

    as

    crianqas

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    15/79

    i+

    a

    a

    a

    -t

    a

    1

    a

    1''

    ,

    rii,il lcs

    i:'

    (.1.1

    llovo

    cio

    pais

    refericJo

    ou

    converta

    par.t

    transparencias,

    se

    for

    possivel.

    r rtriir,,r

    cli'

    possibilrclades

    para

    o

    uso

    didatico

    deste livro,

    deperrdendo

    da criativida-

    r:

    :ii,:

    t.1,1

    tilTrl[j()

    r:

    I'e(LtfSOS.

    r.,i:rir

    ('rilt

    ',ritt

    ritrial

    para

    o

    inicio

    de

    cacla

    aula. Enny

    Parejo

    (2007)

    sugere

    que

    se

    deva

    r'r.,'il.ii..lcAC

    clo

    artrltic'nte

    conlo

    unr

    todo:

    c.r

    posicionamento

    do

    CD,

    a

    previa

    regulagen-r

    r riiir.triri,tcar-r

    cja

    sala

    e

    a

    separacao

    dos instrumentos.

    Da

    tnesma

    forma,

    a

    postura

    te-

    i,'/.'.,i)r

    ,l

    futtci:tntental

    1:ari:

    aqir, faiar

    e rnc\/er'se

    com harnroni.r

    e tranqLrilidade.

    Suas

    ,

    :i,

    ,ilii'(.;r

    ,r

    ii'ttpOttcttlct;r

    cit.r

    clue est,i

    sCnclo

    desenvolvido

    naquela

    ocasiao.

    i-rr,r

    lilll

    rll()rll()nto

    cie

    cotlcentrdcajo

    e

    []rt'l)araCao

    para

    o

    trabalho

    musical,

    con-l um

    r.l.r...,rir'r:irii)if.rix,t:,

    lt:2cioCD.son:delialirnba).Paraseobterbonsresultadosepara

    .,

    ,j,',,i..,;(i.i1;rofessorte'nhantn'icllrorreceptividade,eideal

    quesecrieumambiente

    ),',;;

    ()iito

    clc cxpectativa,

    ent

    clite

    todds.rs

    crianqas

    sejanr

    solicitadas

    a

    participar.

    .

    . i)':rr .;ri:rilc

    clLte, rrc'1

    intpossibrliclade

    de unr espaco icleal

    (amplo

    o

    bastante

    para

    ,

    r

    ,

    ir

    lii

    ,r:,

    cOtll

    cottfortO),

    e

    intytot'tante

    otirnizar

    o espaco

    clisponivel,

    nao

    se deixando

    ',

    ,r'r.,il.ti;ti.rs,

    por

    filencres

    que

    sejarrt,

    conro afastar

    os moveis

    e

    as

    carteiras.

    Pode-se

    ii,.iil,:

    li"u.ii

    ,')

    tllrm,r

    para

    unt

    espaqo

    aberto

    ou

    para

    o cantpo.

    O

    relevante

    e

    tnostrar

    j .,1.,,.

    ;,,'tlii-i:,ri

    e

    cieve;er

    realizada

    com

    proposito

    e

    seried.rde.

    '

    I

    i:

    ':

    r'-'

    i:1

    i; '

    \/L,ijrl

    Dtinreiro

    deve

    donrinar a

    cangao

    e

    o

    proprio

    professor.

    As nr0sicas,

    embora

    aparen-

    l.-ilr'.:nli,r

    stnrl;lr:s,

    sao

    tnuito ricas

    em

    variagoes

    sonoras.

    A beleza

    da mIsica africana negra

    estd

    iristanreltte

    rtisso.

    fendo aprendido

    a

    canqio por

    inteiro,

    o

    professor deve ensind-la

    por

    partes,

    cie

    rt.iot.jo

    que.rs

    criatrcas

    incorporem todas

    as nuanqas

    e

    os efeitos

    sonoros,

    assim

    como fez

    o

    i-.rofessor.

    oilservanros

    ciue

    11

    irttportante,

    ao

    apresentar

    a

    cangao,

    introduzir

    a noqao

    prStica

    de

    pulso

    badcl;,

    ou seja,

    a

    marcaqao

    inconsciente

    que

    uma

    pessoa

    faz,

    normalmente

    batendo

    o

    pe

    no chao

    or-r

    usando

    as nraos,

    ao

    se

    sentir familiarizada

    con't

    uma musica.

    De

    acordo corn riossa experiencia

    em

    sala

    de

    aula, sugerirnos

    os

    seguintes

    passos

    para

    o ensi-

    rro

    cle

    uma can(ac.

    15

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    16/79

    a

    a

    a

    a

    1.

    Solicitar

    as

    crianqas

    a imitaq6o

    rftmica

    da canqao

    com

    variaqoes

    de timbres

    vocais,

    instru-

    ^-=^::s

    de

    pequena

    percussao

    ou

    percussSo

    corporal,

    para

    fixagao

    do ritmo

    (sempre

    por

    partes).

    I

    :':r':ssor

    executa,

    e

    o aluno

    imita,

    como um

    eco.

    2.

    Solicitar

    as

    crianqas

    a imitaqao

    ritmica

    com

    o

    texto

    da cangao

    (ainda

    sem

    a melodia),

    ex-

    :

    -'::tco

    as

    varias

    possibilidades sonoras

    da

    voz falada: graves, agudos, sons

    nasalados,

    fortes,

    j

    -.

    j

    .

    is,

    falar

    de maneira

    teatral

    (assustadora,

    engraqada,

    triste,

    imitando

    cantor

    de

    opera).

    O

    pro-

    '-:i

    )or

    executa,

    e

    o

    aluno

    imita,

    como

    um

    eco.

    3'

    Solicitar as crianqas

    a imitaq6o

    melodica

    da canqao

    substituindo

    a

    letra por

    repetiqao

    de

    -'-ra

    nresma

    silaba

    (la,

    la,

    ld

    ou

    ne, ne,

    ne,

    por

    exemplo),

    vogais

    ou

    sons de

    animais.

    4,

    Solicitar

    as

    crianqas

    a

    imitaqao

    melodica,

    dessa

    vez

    com

    a

    letra

    da

    canqio.

    Uso

    dos

    instrumentos

    E

    irrtportante

    que

    as

    crianqas

    tenham

    contato

    com instrumentos

    musicais

    africanos

    (ver

    lista

    ::s

    instrumentos

    na p6gina

    56)

    ou com instrumentos

    construidos

    por

    elas

    (ver

    exemplos

    e

    instru-

    :::s

    sobre

    como faze-los

    na

    pdgina

    61).

    Assinr,

    sugerimos

    o

    seguinte:

    '

    Realizar

    a

    atividade

    descrita para

    cada unidade

    com todas

    as

    crianqas

    da

    turma.

    t

    Enr

    seguida, separarcerca

    de

    1/3

    das

    crianqas

    (o "grupo

    instrumental") para

    fazer

    uso

    de

    -

    -i:'u

    nrentos

    dentre

    os

    que

    a escola

    dispuser, inclusive

    os

    construidos

    com material

    reutilizjvel.

    '

    Escolher

    os

    instrumentos

    baseando-se

    no

    que

    foi

    ouvido

    na

    faixa

    do

    CD relativa

    a

    unidade

    '-

    -.€

    €sta

    sendo trabalhada.

    Nao

    hd

    instrumentos

    certos

    ou errados.

    A sensibilidade

    e

    criatividade

    ::

    orofessor

    e

    das

    criangas

    e

    que

    irao

    importar.

    Pensar

    sempre

    que

    o som

    dos

    instrumentos

    nao

    ::de

    superar

    o

    canto.

    Aceitar

    as

    sugestoes

    das crianqas

    no

    que

    for

    possivel,

    lembrando que

    a

    rrprovisaqao

    e

    positiva

    e

    sempre

    bem-vinda. A

    improvisaqao,

    no

    entanto,

    nao

    e uma

    prdtica

    sim-

    ples.

    Depende

    de

    conhecimento

    e

    muito

    exercicio

    anterior de padroes ritmicos variados.

    '

    Definir,

    com as

    crianqas

    do

    grupo

    instrumental,

    o ritmo

    que

    cada

    uma

    ird

    tocar com

    seu

    instrumento,

    bem como

    os

    momentos

    de

    sil€ncio e os

    de intervenqao

    ao

    acompanhar

    o

    grupo

    maior.

    o

    Orientar

    as crianqas

    do

    grupo

    instrumental

    para

    inicialmente

    nao

    cantar

    a

    canqao

    ao

    mes-

    mo

    tempo

    em

    que

    fazem

    a

    percussao.

    Devemos

    observar

    que

    as nossas

    crianqas

    n5o

    sao

    cria-

    das,

    como

    as

    africanas,

    praticando

    a

    simultaneidade

    do ritmo

    silSbico

    da

    canqao

    com

    o ritmo

    da

    percussao.

    So

    com muito treino

    nossas

    crianqas conseguem

    lidar ao mesmo

    tempo

    com

    os

    dois

    planos

    da

    produqSo

    musical.

    16

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    17/79

    a

    a

    a

    a

    '

    Experimentar

    a

    polirritmia

    (ver

    pdgina

    20).

    Certas

    crianqas

    do

    grupo

    instrumental

    tocarao

    em

    compasso

    bin6rio e

    as

    demais

    em

    compasso

    terndrio. O

    efeito da

    polirritmia

    e

    exotico

    para

    nossos

    ouvidos ocidentais,

    mas

    e

    algo muito

    estimulante

    para

    a

    mente

    na

    ampliaqSo

    da

    percepgao.

    c

    Depois de algum

    tempo,

    as

    criangas do

    grupo

    instrumental

    devem ir

    para

    o

    grupo

    princi-

    pal

    e

    vice-versa,

    de modo

    que

    todas

    tenham

    contato com

    os

    variados

    instrumentos.

    frA

    Africa

    Negra

    e

    G

    geito

    "total"

    I

    -de

    fazev

    muslca

    Neste livro,

    o

    termo

    mrlsica

    africana

    e usado exclusivamente

    para

    as

    culturas musicais

    dos

    po-

    vos

    africanos ao

    sul do deserto

    do

    Saara, ou seja,

    a

    Africa

    Negra.

    As

    culturas musicais

    do

    norte

    da

    Africa

    sao diferentes

    das

    do

    resto

    do

    grande

    continente,

    pertencendo

    a

    uma 6rea

    cultural

    afro-

    -asi6tica

    mais

    do

    que

    a

    uma

    Srea

    africana. Alem

    disso,

    deve-se

    ter em

    conta

    que

    o

    norte

    da Africa

    estd

    proximo

    da Europa

    e

    fez

    parte,

    por

    centenas de

    anos,

    do lmperio

    Romano,

    sendo em

    seguida

    territorio

    conquistado

    pela

    expansao

    do

    islamismo.

    Apesar

    das

    diferenqas

    entre as tradigoes

    musicais

    do norte

    da Africa

    e

    da Africa

    Negra,

    hd

    tro-

    cas culturais

    entre

    as

    duas regioes.

    O

    comercio e a

    religiao

    islamicos

    tiveram como

    resultado

    al-

    guma

    islamizaq6o

    da musica

    em

    espaqos da

    Africa

    Negra.

    Ocorreu

    tambem

    um

    forte

    impacto

    de

    aspectos

    musicais

    da

    Africa

    Negra no

    norte

    da Africa.

    E

    interessante registrar

    que,

    de acordo

    com muitos

    pesquisadorest,

    as

    populaqoes

    negras

    da

    regiSo

    subsaariana

    derivam

    majoritariamente

    de

    um

    mesmo

    grupamento

    humano

    que

    se teria

    estabelecido originariamente

    no

    territorio

    do

    atual Camar6es,

    hd cerca

    de

    dois mil

    anos.

    Esse

    con-

    tingente

    humano

    chamava-se

    a si

    pr6prio

    de

    "banto",

    que

    significa

    "ser

    humano".

    Eram

    agricul-

    tores e criadores

    e

    tinham

    conhecimento

    de

    metalurgia.

    Tal

    grupo

    migrou

    em

    direqao

    ao

    sul

    e

    ao

    leste

    da

    Africa,

    deslocando

    algumas

    populaqoes

    nativas

    como

    os Pigmeus,

    os

    Hotentotes

    e

    os

    Bushmen.

    Desse modo,

    a maior

    parte

    das

    populaqoes

    e das

    culturas

    que

    se

    encontram

    nessa

    enorme regiao

    6

    banta.

    A

    prova

    dessa

    origem

    comum est6

    em

    que

    a

    quase

    totalidade

    das linguas

    e dos

    dialetos

    falados

    e

    do

    mesmo

    tronco

    linguistico,

    sendo

    comprovaqSo

    disso

    o fato

    de

    que

    todos

    eles se

    referem

    ao

    ser

    humano

    como

    "banto",

    com reconheciveis

    e

    naturais

    diferenqas,

    Essa

    5

    D'Arnicoe

    Mizzau

    1997

    pitg.11

    121

    17

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    18/79

    -f

    a

    a

    a

    05

    GRIOS,

    CONTADORES DE HISTORIAS

    DA

    AFRICA

    NEGRA

    Hoje

    em dia, os costumes, os

    hiibitos,

    as crenqas, as historias,

    as ciencias,

    a

    nr0sica e as artes em

    geral

    s6o

    passados

    as

    crianqas

    pela

    familia

    e

    pela

    escola.

    A combinagao de

    familia

    com

    escola d

    muito importante

    para

    que

    a crianqa

    e o

    adolescente

    possam

    incorporar o mdximo

    posslvel

    do

    que

    a

    humanidade

    ja

    conseguiu

    de

    conhecimento

    e de

    cultura

    ate agora. Essas mesmas criangas e

    adolescentes,

    no

    futuro

    como

    pais

    e

    maes, ajudarSo a escola a f azer esse

    traba-

    lho

    de

    passar

    o

    conhecimento

    e

    a

    cultura

    adiante.

    Nem sempre

    foi

    assim. Houve um

    tempo,

    em

    todos

    os

    lugares,

    em

    que

    nao

    havia

    escola organizada e

    eram

    pessoas

    especlficas na sociedade, na

    tribo, na

    etnia

    ou na naqao

    que

    tinham,

    cada

    uma, o

    papel

    de

    lidar

    com um

    tipo

    de ensi-

    namento

    e de educar as criangas e os adolescentes. O

    pai

    ensinava umas tantas

    coisas, a mae outras. O

    guerreiro

    mais

    experiente

    dava aulas

    de

    luta. O

    feiticeiro

    mostrava como escolher as

    plantas

    boas

    para

    rem6dio.

    Os adultos bons em con-

    ta

    ensinavam

    uma matem6tica rudimentar.

    Os artesaos adestravam os

    jovens

    em

    vdrias habilidades. Os mais velhos

    bons

    em

    musica e danqa

    ensinavam

    a fa-

    zer instrumentos, a cantar as canqoes

    dos antepassados

    e

    a

    danqar.

    Os contado-

    res de hist6ria contavam e recontavam

    hist6rias e as

    passavam

    adiante.

    Na

    Africa

    Negra

    tambdm foi

    assim,

    e

    ainda

    e

    fora

    das

    capitais

    e

    regi6es urba-

    nas onde h6 escolas

    formais

    e

    universidades. Nas areas remotas o

    passado

    ainda

    est6

    presente.

    Quando

    o

    assunto

    6

    m0sica, existe a

    figura

    do contador de

    hist6rias

    nas

    al-

    deias

    africanas,

    especialmente

    na

    Africa

    ocidental, a

    parte

    do continente

    que

    fica

    "de

    frente"

    para

    o

    Brasil.

    Esse

    educador

    6

    chamado "gri6", dofrances

    griot,

    que por

    sua

    vez

    e

    provavelmente

    uma

    corruptela

    da

    palavra portuguesa

    criado.

    Esse e

    o

    nome

    dado

    para

    a

    pessoa

    na

    tribo

    ou

    na etnia

    que

    tinha

    (e

    tem nas

    aldeias remotas)

    por papel

    social

    passar

    adiante historias

    sobre

    os

    feitos

    e

    as

    aventuras dos herois, das heroinas e dos

    antepassados em

    geral.

    Ele

    tinha tam-

    bem a

    incumbencia de ensinar

    as canqoes

    que

    registravam

    as

    explicag6es

    que

    se

    tinha

    sobre

    a vida

    e

    o

    mundo, ou

    ainda sobre

    um fato

    marcante

    do

    passado.

    Nao

    eram

    necessariamente hist6rias

    verdadeiras,

    mas

    davam

    alguma

    satisfaqio

    d

    curiosidade

    das criangas e dos

    jovens.

    Os

    gri6s

    eram tao

    importantes

    que,

    se

    fossem

    capturados numa

    guerra

    entre

    :

    tribos,

    nao eram mortos ou

    presos.

    Eram

    mantidos

    em sua fungSo

    como

    repas-

    sadores

    e inventores

    de

    hist6rias

    e canq6es. O chefe da

    tribo vencedora

    queria

    que

    o

    grid capturado

    pudesse contar

    as suas

    vit6rias

    como

    guerreiro

    e

    lider,

    as-

    :

    sim o deixava

    viver.

    Fazer

    mal

    a

    um

    gri6

    era

    prejudicar

    a transmissio

    da tradiqeo

    ,'l

    e um

    desrespeito

    aos antepassados

    em

    geral

    da

    tribo

    vencida.

    E interessante

    dizer

    que

    as

    criangas

    que

    ouvem

    os

    gri6s

    devem aprender

    os contos e

    as

    can-

    .'

    qoes

    de

    modo

    que

    possam

    tamb6m

    repass5-los

    adiante, mantendo-se

    viva

    a

    mem6ria daquele

    povo

    especifico e sua

    identidade

    hist6rica

    e

    cultural.

    Quando----

    isso ocorrer a crianqa ou

    o

    jovem

    estard

    fazendo

    o

    papel

    de

    gri6.

    1B

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    19/79

    -f

    a

    -a

    a

    a

    -t

    -t

    a

    a

    a

    a

    a

    origem

    comum

    sugere

    uma

    certa

    uniformidade

    bdsica

    na

    variedade

    cultural

    e

    musical

    de

    boa

    parte

    da Africa

    Negra.

    Em

    vista

    da

    integraqao

    do movimento,

    da danqa,

    do canto

    e

    do

    ritmo

    como

    um conjunto

    de

    nranifestaqoes

    inseparaveis,

    nao

    existe

    nas lfnguas

    africanas

    negras

    tradicionais

    uma

    palavra

    que

    especificamente

    signifique

    "m[sica",

    no sentido

    de

    melodia

    cantada

    e/ou instrumentada

    fora do

    contexto

    da danqa

    e da

    confraternizaqao

    social.

    Existem palavras

    para

    significar

    estilos,

    reperto-

    rios

    ou fotma:-rnuslcau.

    Atualmente,

    por

    influencia

    da

    cultura

    ocidental,

    houve

    a

    incorporaqao

    das

    palavra

    s

    muzik,

    no

    Quenia,

    e musiki,

    em Camaroes;

    respectivamente,

    de

    music,

    em

    lngles,

    e

    do

    Frances,

    musique.

    A

    aus€ncia

    de

    sistemas

    de

    notaqao

    escrita

    na

    m[sica

    africana

    negra

    tradicional

    nao

    e unr

    de-

    feito

    ou

    um

    aspecto

    menor.

    Pelo

    contrdrio; na

    percepqao

    africana

    a ideia

    de escrever musica

    e

    tocd-la

    a

    partir

    de uma

    pauta

    (como

    faz um

    musico

    ocidental)

    seria

    pobre

    e limitada

    em

    uma

    cultura

    musical em

    que

    os aspectos

    visuais estao

    completamente

    ligados

    aos sonoros

    e

    sao

    tao

    inrportantes

    quanto

    esses.

    A

    manifestaqao

    artistica

    popular

    ou

    etnica

    configura

    uma totalidade,

    ern

    que

    a

    rigor

    nao

    existe

    um

    espetdculo

    a ser

    visto

    por

    uma

    audiencia.

    Aquilo que

    se

    poderia

    chamar

    de

    audiencia

    tambem

    participa

    do

    "espetaculo".

    Nas

    danqas

    em

    geral,

    existem

    movimen-

    tos

    e

    gestual

    cuja

    finalidade

    e a

    comunicaqSo

    e

    interaqao

    com

    a

    aparente

    audi€ncia.

    Na

    verdade,

    como

    ja

    dito,

    nao

    hd

    um espetdculo

    a ser

    visto,

    mas

    uma realizaqao

    de

    todos,

    uma

    celebraq6o

    da

    comunidade.

    Do

    mesmo

    modo,

    nao existe

    so

    danga,

    mas

    tambem

    o

    que

    chamariamos

    de teatro,

    conro:

    pantomima,

    gestos

    e certas

    formas de andar,

    que

    contagiam

    a

    todos. Tudo

    se

    transforma

    em uma

    grande

    festa.

    Uma

    diferenca

    b6sica entre

    a

    Europa e a Africa

    Negra

    no

    que

    diz

    respeito

    a danga

    e

    que

    nas

    culturas

    europeias

    o corpo

    tende

    a ser

    usado

    como

    um Inico

    e integrado

    instrumento

    de

    expres,

    sao,

    enquanto

    nas

    culturas negras

    os

    movimentos

    de

    danqa,

    vigorosos

    e

    energicos,

    saem

    de varias

    partes

    do corpo independentes

    entre

    si,

    de maneira

    notavelmente

    extrovertida

    e exuberante.

    Nao

    e

    preciso

    ter uma habilidade

    maior

    para

    participar

    e improvisar.

    O

    que

    importa

    e

    estar

    junto,

    sem

    a

    divisao entre

    palco

    e

    plateia.

    Da mesma

    forma

    como encontramos,

    na danqa

    da Africa

    Negra,

    mais

    do

    que

    um centro

    cor-

    poral

    de onde

    partem

    os

    movimentos,

    parecendo

    desorganizados,

    encontramos

    algo identico

    na

    forma

    como

    os

    instrumentos

    musicais

    s5o

    tocados.

    O instrumentista

    nao

    produz

    apenas

    sons. Ele

    move

    tambem

    as maos,

    os

    dedos

    e mesmo

    a

    cabeqa,

    os

    ombros

    e

    as

    pernas.

    Ele

    tambem

    danqa

    ao tocar seu

    instrumento,

    expressando-se

    corporalmente

    sem

    uma

    estetica bdsica

    ou

    previsivel,

    como seria

    do

    gosto

    ocidental

    ou europeu,

    durante

    o

    processo

    de

    produqao

    musical.

    A m0sica

    africana negra

    e, assim,

    uma

    totalidade

    na

    sua

    exuberante

    realizaqao.

    E

    como

    se

    tudo

    acontecesse

    ao mesmo

    tempo

    e tivesse

    uma

    integraqao

    expressiva

    0nica,

    incluindo

    a notdvel

    interaqSo

    de

    to-

    19

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    20/79

    a

    a

    a

    a

    .

    -:

    --r

    conrunidade.

    Tudo

    parece

    -':

    -'tante

    ao mesmo

    tempo:

    movimento,

    ritmo,

    danga, fala

    e ca nto.

    :

    -,'

    inr,

    ha

    ainda a

    comentar

    .

    r

    ''a

    Africa

    Negra

    enr

    geral,

    :'

    --i:

    tl nr

    conceito de

    tempo

    -

    -.

    ::

    cJrferente

    daquele

    da

    Eu-

    ,:--,.

    As

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    re-

    j:':':(r

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    21/79

    a

    a

    a

    a

    lante, passando para

    algumas pessoas

    uma

    certa

    sensagao

    de exotisrno,

    principalmente

    para

    os

    ouvidos

    acostumados

    ao

    cor-tforto

    dado

    pela

    expectativa

    concretizada

    do

    tempo forte.

    Na

    cultura

    nrusical popular

    ocidental,

    nao

    se

    ve

    essa

    possibilidade;a

    percussao

    e

    acentuada

    dentro

    da logica

    dos

    tempos fortes. Na

    polirritmia

    africana

    negra, nao

    hd

    tempos

    fortes

    em vista

    da

    incorporaqao

    dos ritmos diferentes sobrepostos.

    Esta

    polirritmia

    ocorre ainda

    na

    mistura

    da percussao

    corporal

    com

    a

    batida

    de

    instrut-nentos

    percussivos.

    Porexenrplo:

    as

    pessoas

    batem

    palmas

    em compasso

    ternario

    e a

    percLlssao

    usa o compasso

    binario

    As

    crianqas

    africanas negras

    tem,

    desde cedo, contato

    com

    a

    polirritnria.

    Para

    as

    criangas

    brasi-

    leiras,

    no

    entanto,

    esse

    tipo

    de

    experiencia seria

    nruito

    dificil

    e

    frustrante.

    Daf

    nao apresentarmos

    neste

    livro

    exercicios

    especificos

    com

    polirritmia.

    Esse tipo

    de irrfornragao

    e

    para

    o

    professor

    uma

    ilLrstracao

    a mais.

    CARLORFF EACULTURA

    MUSICAL

    DA AFRICA

    NEGRA

    Carl Orff,

    mfsico

    e educador

    alemao,

    jd

    no

    inicio

    do s6culo XX concluiu

    que

    a mtisica,

    a danga

    l

    e a fala

    eram

    radicalmente

    integradas

    em vista

    da

    sua origem

    comum

    nas

    diversas

    culturas

    humanas.

    Nas

    comunidades antigas,

    como se

    pode

    ver

    ainda

    na

    Africa Negra tradicional,

    o

    fen6menci

    musical

    em sentido amplo

    6 um

    fato

    sociocultural

    .'

    desvinculado

    de

    qualquer

    aspecto

    de espetdculo,

    ou

    seja,

    de ser apresentado

    para

    uma

    plateia.

    Carl

    Orff

    afirma

    que para

    melhor

    entenderem,

    nas

    escolas,

    a

    riqueza

    do fenomeno

    musical,

    as

    ciiangas

    devem

    reproduzir

    pessoalmente

    o

    que

    ocorreu

    na

    '

    "inf6ncia"

    da

    hist6ria das

    civilizag6es,

    jsto

    6, devep'.;::

    experimentar,

    em

    atividades

    de

    grupo,

    a

    percep65o,-;i

    de

    que

    a

    produgdo

    musical

    se

    contdm'e

    se basta ha

    "'

    pr6pria

    interaqio

    social,

    em que

    a

    individualidade

    ea

    improvisagdot6m

    um

    papelimportante.

    I

    t

    .'..'.r:

    '.'

    l'

    -r-:-:'.1:

    :l

    21

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    22/79

    Unidade

    g

    sB

    Faa

    taa

    fee

    l:,

    de

    orig;enl

    Sobre

    a canc6

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    23/79

    4e

    momento:

    Dividir

    as

    criangas

    ern

    grupos

    e

    pedir

    que

    crienr

    coreografias,

    com

    e sem

    "ca-

    deirinlras"

    que

    se encaixer-n

    na

    organizagao ritmica

    da

    cangao.

    Depois

    de

    os

    grupos

    clecidirem

    as

    coreografias

    e ensaiarem,

    apresentam-se para

    os

    Colegas.

    ObservaqSo:

    Essa

    cangao

    tarlbent

    se

    presta

    nruito

    para

    atividades de

    criaqao

    de

    rnovinrentos

    corporais,

    livres

    ou

    inritados,

    conr

    os

    ltracos,

    com

    a cabeqa,

    andando

    ern circulo

    ou ficando

    erl

    linha.

    Vale

    aqLri a

    criatividadr das

    criarrcas.

    {js*

    c*;-n::.

    i

    r

    *t

    :'i.r

    ltt {:t"?ti?s.

    Ver

    orierrtagoes sobre

    o

    uso

    dos

    instrumentos

    na

    pdgina

    16.

    ill

    f.l

    r;

    :_

    l'

    i

    i;

    :

    :,

    i

    i.

    -:,. I

    ;

    :

    i

    *

    :-i

    r

    i

    ;,j.

    (

    i

    i{

    i

    i:ij

    .

    Desenvolvinrento

    da

    percepgao

    bdsica

    de

    esquerda

    e

    direita.

    Desenvolvirlento

    de

    habilidades

    motoras

    amplas.

    .

    Desenvolvirlento

    cJ.r

    coordenaqao viso-motora.

    ,

    Desenvolvirllento

    da criatividade

    quanto

    a movimentos

    corporais.

    riieiau r::

    .:..:,;'i,,,,

    ;t'

    T{:iriilt;;

    l}il

    i'4r

    trahalh$s

    trangdise

    ipIinr:res

    -,

    Acalantos

    registrados

    na

    historia

    farniliar

    de cada

    um

    Recorrencia

    cle

    figuras

    assustadoras

    nos

    acalantos

    das

    diversas culturas

    Papel

    clos .rvos na famflia

    Sugerimos

    para

    turmas

    de

    Educaqio ln-

    fantil

    e Ensino Fundamental

    l.

    "CADEIRINHA"

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    24/79

    Unidade

    2,

    E

    Hfa$a

    efg*

    -f

    a

    -t

    .:

    j'::

    r'

    ' ':

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    )l'.-;....':''-'.

    {.

    i

    :::

    ii;.il

    ,:,,i.;I:'

    .

    i,,

    .::.

    Pais

    de

    origfenl

    I

    -,

    rrr

    a

    rOeS

    Sobre

    a eailca{l

    ,-,$,*n,*r,=

    5c6)

    :sta

    cangao

    tem

    como

    tema

    pdssaros

    que

    voaffr em

    diregao

    ao

    Sol. Nas

    comunidades

    antigas

    :l'-:l

    a

    que

    gerou

    esta canqeo,

    acreditava-se

    que

    a Terra

    era

    plana

    (e

    ndo

    esferica),

    a

    tal

    ponto

    l-.:

    cs

    passaros

    sumiriam

    ao

    ir

    contra

    o

    Sol,

    que

    estaria

    no horizonte.

    Na

    cangao

    tambem

    se

    faz

    ^

    =^:io

    ao

    Sol

    como

    um

    deus,

    sendo

    comum

    essa

    percepqao

    nas

    antigas

    culturas.

    Trata-se

    de

    -.

    ^-

    : c:lebraqao

    do Sol

    como divino.

    Letra

    -.:elro

    -

    : o

    elilctio

    ,:,::

    tcllun-t

    koide

     :t:iiaio

    Traducao

    livre

    I

    :

    ':ossoros

    voont

    ent

    direqao ao

    deus

    Sol,

    ate

    o

    Sol os

    comer.

    Descricao

    116

    atlvidacle

    ':

    . oade

    adaptada

    da

    que

    consta

    em

    Wuytack,

    20OB)

    -

    ,sar

    os

    procedirxentos

    de

    preparaqao

    da

    turma

    como recomendado

    na

    pdgina

    15.

    -

    lrrsinar

    a

    cangao

    conforme

    orientaqao

    dada na

    p6gina

    '15.

    '

    Organizar

    as

    crianqas

    em

    duas filas.

    O

    corpo

    deve

    estar

    ereto,

    os

    pes

    virados

    para

    fora,

    os

    l:

    nos

    flexionados,

    os

    braqos

    cruzados

    em

    frente

    ao

    peito

    simulando

    enrolaralgo,

    a

    cabeqa

    ba-

    .rcando

    levemente

    para os lados.

    ls

    momento:

    As

    crianqas,

    cantando,

    vio

    andando

    seguindo

    o

    pulso

    bdsico

    (o

    =

    1

    passo),

    sain-

    :: e voltando

    aos

    pontos

    antes

    marcados

    no

    chao

    pelo

    professor (marcar

    no

    chao

    o inicio

    e

    o

    'ial

    de

    cada

    fila).

    Cada

    fila

    vira-se

    para

    fora

    (uma

    para

    a

    esquerda

    e

    outra

    para

    a

    direita)

    e volta

    ao

     

    3nto

    de

    onde comeqou, refazendo-se

    a

    formaqao

    inicial.

    ooo

    Elala

    elio

    aa

    Elala

    oo

    elilaio

    aao

    Elalilaio

    aao

    Lara

    tchum

    kaide

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    25/79

    Contri

    bu

    igao

    pedagogica

    '

    a

    -a

    a

    a

    T

    2q momento:

    Continuar

    a

    mesma

    movimentaqao,

    agora acrescentando,

    no

    momento

    do

    quarto

    passo

    (l.),

    um

    pulinho,

    tendo os braqos

    cruzados

    junto

    ao

    peito.

    Andam-se

    mais

    tres

    pas-

    sos

    e

    no

    quarto passo

    (tr),

    pula-se

    novamente,

    agora

    elevando

    as

    maos

    com

    os

    cotovelos

    junto

    ao

    .crpo

    e

    as

    palmas

    das maos

    para

    frente.

    E assim

    por

    diante,

    ate

    de

    novo

    estarem

    as

    duas filas

    na

    formacao

    inicial. O

    n[mero

    de repetiqoes

    de cada

    sequencia

    resultard

    da quantidade

    de

    criangas,

    pois

    se forem

    em maior

    n0mero,

    o

    grupo

    demorarS

    mais

    a

    voltar

    ao

    ponto

    de

    partida

    das

    filas.

    ooa

    oaatra.aAoaotr

    Elala

    elio Elala

    elilaio Lara

    tchum

    kaide

    Elalilaio

    3q momento:

    As

    duas filas ficam

    uma de frente

    d

    outra, fazendo

    os movimentos

    de

    levantar

    tt)e

    abaixar

    (l)os

    dois

    bragos:

    t+

    Elala

    elio

    t+t

    Elala

    elilaio

    Lara

    tchum

    +t

    +

    kaide Elalilaio

    Uso dos instrumentos

    Ver

    orientaqoes

    sobre

    o

    uso dos

    instrumentos

    na

    pdgina

    16.

    Reconhecimento

    do conceito de

    forma

    musical.

    Desenvolvimento

    da atenqao e concentraq6o

    para

    executar

    a

    coreografia.

    Desenvolvimento

    da orientaqao

    espacial.

    Desenvolvimento

    da

    coordenaqeo motora.

    Sugest6es de

    temas

    pana

    trabalhos

    transdisciplinares

    -l

    Esfericidade

    da Terra

    -i

    Sistema

    Solar

    -r

    Mitologia Grega

    ([caro,

    que

    teve as

    asas derretidas

    pelo

    Sol)

    I

    Civilizaq5o Egfpcia

    (o

    Sol

    como

    deus)

    r

    Pdssaros:Migraq6o

    Sugerimos

    para

    turmas do Ensino

    Fundamental

    I

    e ll.

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    26/79

    U n

    E

    #

    *

    g,.'€

    #,

    *,1.3$.t'm#-

    #

    fu*ru*,s

    rie

    i- ;'i{l-tr}Fl

    :l Sul

    t

    a

    1

    a

    a

    T

    Sobrc

    :'.

    :,:,..:.:,;'::r

    l.i;;tt.:

    .

    r'

    r.

    -'--.

    ;ir6,

    g

    urrla

    tradicional c,-anqao

    detLabalbq

    da

    Africa

    clo

    Surl.

    Terras

    corro

    casamer-lto,

    nas-

    -

    --:^:ls

    trabalho

    tlo

    catnpo,

    a natLlreza,

    os

    funerais

    e

    oLltros

    acontecrrrrentos

    sociais

    sao

    ceptrais

    -:::

    -

    slo 'i(ls,

    carrcoes

    e brincadeiras.

    Na

    canqao

    aqui

    escolhida,

    o

    tema e o

    trabalho

    no

    calnpo:

    --

    -:'

    i

    trigo

    clepois

    da

    collreit.'i.

    Erl

    rnuitas

    aldei.rs, o trigo

    r:

    rloido

    rnediarrte

    batidas

    ent unr

    -:',:

    -ii:

    pilio.

    ott

    sittlplesrttente

    contra

    o solo,

    alternanclo

    os qlolltes

    entre

    os ntentbros

    c1o

    grupo,

    l,

    :'-:

    -i'l:

    se

    tertit.l ttrt:lhor

    rendintento,

    unr

    anintando

    o

    outro.

    F

    unt

    exercicio

    que

    exige

    coordenaqao

    e

    -

    -

    ,

    :,:r-:aic.,

    soci;il,

    i:t

    tlada ntelhor

    do

    que

    cantar

    para

    que

    o

    tentl)o

    passe

    de rlaneira

    nr.ris

    agrad6vel.

    Le',,:

    -,

    -

    ".;

    rlrcr.

    cttlcti

    tparte

    instrurnental)

    J'-rr,

    a;t.lr

    cctpissa

    tparte

    instrrrrnentaI)

    J.;,risso

    i

    a

    r't

    91o

    I

    llarte

    instrLl

    trenta

    l)

    -,;.Ea

    tchr

    lrtri

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    27/79

    -e

    I

    a

    a

    Explicar

    que

    a

    cangao

    a

    ser

    realizada

    e

    uma canqao

    de

    trabalho

    e

    que

    serve

    para

    animar

    a

    ativi-

    dade

    de

    pilar

    cereais em aldeias.

    Seria interessante levar

    um

    pilao

    com

    um soquete

    para

    mostrar

    as

    crianqas o ato de

    pilar

    que

    serd

    simulado

    na atividade.

    Sugerimos,

    como instrumentos

    para

    esta atividade,

    clavas

    e

    peneiras

    de

    palha

    com

    gr6os

    de

    trigo;

    em

    sua

    falta, gr6os de

    arroz. O

    ideal

    seria usar

    peneiras duplas:

    duas

    peneiras emborcadas

    uma

    contra

    a outra

    e amarradas

    com sisal,

    para

    evitar

    que

    os

    graos

    caiam.

    Outra

    possibilidade

    e

    usar

    duas embalagens

    pldsticas

    para

    acondicionar

    bolos

    (a

    base

    e a

    cobertura, sendo

    a

    base

    com

    sulcos)fechadas conr fita

    adesiva,

    contendo

    um

    punhado

    de sagu.

    Ver Tambor

    de

    oceano

    na

    seqSo

    I

    nstru

    mentos

    feitos

    com material

    reutilizavel.

    Dividir as

    criangas

    em

    grupos

    de

    quatro,

    sentadas

    no

    chao.

    Cada

    grupo

    deve ficar

    dentro

    de

    um

    cfrculo marcado no

    chSo

    com

    giz,

    e

    cada crianqa

    deve

    ter

    uma

    clava na mao.

    As

    que

    sobrarem

    da divisao

    serao

    as

    que

    vao

    tocar

    as

    peneiras

    duplas.

    Se

    nio

    sobrar nenhuma

    crianqa, o

    professor

    ou um

    grupo

    inteiro

    de

    quatro

    crianqas usard

    as

    peneiras.

    Sugerimos

    que

    se

    coloque

    no

    centro de

    cada

    cfrculo

    um

    pedaqo

    de EVA cortado

    em

    forma

    circular,

    onde

    as

    crianqas

    irao

    bater

    as clavas,

    simr.rlando

    que

    ali esteja

    o

    pilao.

    Esta

    estrategia

    tambem ajuda

    pelo

    fato

    de

    diminuir o

    impacto

    sonoro da clava

    no

    chao.

    Exercicio

    preparat6rio:

    Todas as

    crianqas de todos

    os

    circulos, inclusive

    as

    que

    estiverem fora,

    conreqam

    a

    cantar.

    Enquanto

    cantam,

    batem

    as

    maos nas

    pernas,

    variando

    o

    ritmo

    (inicialmente,

    quatro

    batidas

    por

    frase,

    depois, duas

    e, a

    seguil

    uma). Este

    exercicio

    serve

    de

    aquecimento

    para

    o

    desenvolvimento

    posterior

    da atividade.

    Voce

    jd

    deve ter

    percebido

    que

    hd uma

    parte

    instrumen-

    tal

    ao

    final

    de cada frase.

    E

    um

    momento

    interessante

    para

    se

    fazer

    trabalhos com

    a

    turma

    dividida

    enr

    dois

    grupos:

    enquanto

    um

    grupo

    canta

    a frase,

    o outro repete a frase

    como um

    eco.

    Outra

    '.

    ariacao

    e:

    um

    grupo

    canta

    a

    frase

    e

    o

    outro

    responde

    com

    palmas,

    fazendo

    o

    ritmo

    sildbico.

    1e

    momento:

    Uma

    crianga de cada

    grupo

    bate

    sua

    clava

    no

    chao

    (r),

    orientada

    pelo

    professor

    conforme

    indicado

    abaixo). Seguindo

    a

    letra, fica

    assim:

    a a

    o a aaaa

    o

    a a

    a aooa

    a a o o oooa

    Chai

    chaiculai

    (

    )

    Chaichaicapissa

    (

    )Capissa

    langa

    (

    )

    o a o

    a aaoa

    a a a o oaoaoooooaaa

    Langa tchi

    langa

    (

    )

    Cun a deidei

    (

    )

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    28/79

    aa

    a

    a

    2q momento:

    Duas

    crianqas

    de

    cada grupo

    batem

    sua

    clava no

    chao,

    agora

    alternando

    as

    ba-

    r:)

    urladecadavez(o

    eabatidadacrianqa1,e

    a

    eabatidadacrianga2).Repetiromesmo

    -,

    -'

    .r

    outra dupla

    do circulo,

    agora

    atuando

    a

    crianqa

    3

    e a

    crianqa

    4.

    o a oa

    Chai

    chai

    culai

    a

    (

    AoA o . a o

    )

    Chaichai

    capissa

    (

    oAa

    )

    Capissa

    langa

    (

    .A.A

    .4tr

    oaoa

    Langa

    tchi

    langa

    (

    a o*

    chai

    culai

    (

    oAoA

    ratr*

    oao

    )

    Cun

    a

    dei

     

    oAoA

    oAoAoAo

    dei

    (

    3e

    momento:

    Uma vez

    que

    o

    ritmo

    esteja

    assinrilado por

    todos,

    os

    quatro

    componentes

    de

    :

    -::.

    I

    rupo

    conreqam

    a

    trabalhar alternadamente, seguindo

    o

    ritmo

    de pulso

    bdsico

    (cada

    crianqa

    :

    ':r-':esentada

    por

    um

    simbolo:

    o

    a

    g

    *

    ).

    O

    exercicio

    rftmico pode

    ser feito

    por

    cada

    grupo

    ::rl-1 r.ciarrtente

    e

    depois, no

    final,

    conjuntamente

    por

    todos

    os componentes

    dos

    circulos.

    ..

    :

    (ecLlqao

    fica

    assim:

    o

    a

    tr

    *

    r^tr*

    Langa

    tchi langa

    (

    atr*

    o

    ^r

    tr

    *

    )Capissa

    langa

    (

    o

    tr*

    or,tr*oatr*

    o

    )

    Chai

      tr*

    chai

    capissa

    o

    (

    t

    )

    o

    )

    Cun

    Atr*

    a

    dei

    dei

    (

    4q

    momento:

    As criangas que

    sobraram

    da

    divisao

    em

    grupos

    de

    quatro

    (ou

    um circulo

    es-

    --

    -

    Jo

    pelo

    professor,

    se nao

    sobrarem

    criangas)

    comeqam

    agora

    a

    percussao

    com as

    peneiras

    :

    -:

    3s,

    fazendo

    movimentos

    circulares

    que

    provoquem

    o

    som dos

    graos

    de

    maneira

    continua.

    As

    :

    :.'3s

    continuam,

    agora

    simulando

    o

    gesto

    de

    socar

    graos

    em

    um

    pilao.

    5q

    momento:

    Aproveitando

    o

    posicionamento

    de

    quatro

    crianqas

    em

    cada circulo,

    o

    professor

    :

    oCe

    complicar

    o

    jogo

    e tornd-lo

    mais

    ludico,

    propondo

    a

    troca

    de

    clavas

    entre duplas

    de

    crianqas

    :,ru

    minha

    clava

    e

    pego

    a

    sua etc.), sem

    a

    perda

    do

    pulso

    da

    canqio.

    6e

    momento:

    Esse

    e

    o

    momento

    da

    criaqao. Proponha

    as

    criangas

    que

    desenvolvam

    coreogra-

    Fas

    variadas

    com

    o

    uso das clavas,

    incluindo

    tambem

    as

    possibilidades

    de

    percussao

    de uma

    clava

    com

    outra.

    E

    impressionante

    a

    qualidade

    da

    produqao

    das

    crianqas,

    mesmo

    das

    mais novas. Ao

    final

    das

    criaqoes,

    peqa

    que

    cada

    grupo

    se apresente

    aos

    demais.

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    29/79

    -t

    -t

    a

    t

    a

    -t

    a

    T

    a

    7q

    momento:

    Estando

    o

    ritmo sildbico

    bem memorizado,

    e

    urna boa

    oportunidade

    para

    se

    f

    azer

    o

    'Jogo

    de detetive

    sonoro".

    Para

    nao

    expor as

    crianqas

    que

    ainda nao

    estao

    seguras

    quanto

    ao

    ritmo

    sildbico

    das

    frases,

    de

    preferencia

    a

    quem

    queira

    participar.

    Uma crianga realiza o

    ritmo

    sildbico

    de

    uma das

    cinco

    frases

    (batendo

    palmas

    ou

    qualquer

    instrumento

    percussivo)

    e

    uma

    outra, que

    e

    o

    detetive, deve adivinhar qual

    e a

    frase

    referida, cantando-a.

    Observagio:

    Muitas

    combinaqoes

    podem

    ser feitas, pelo

    fato

    de

    a canq6o

    ter uma

    parte

    instrumental

    em

    seguida

    a cada

    verso,

    o

    que

    sugere

    a

    oportunidade

    para

    repetiqoes

    ritmicas

    ou

    vocais. O

    professor

    poder,i

    descobrir variaqoes

    e desdobramentos

    quanto

    aos

    movimentos

    e

    elementos

    percussivos.

    As

    "conversas"

    e interagoes

    dentro

    de

    cada clrculo

    e entre

    todos

    podem

    ser enriquecidas

    e resul-

    tar em

    experimentagoes criativas

    e

    exerclcios

    de concentragao

    e

    coordenaqao

    motora.

    tiso

    d*s;

    instrumerxtcs

    Ver

    orientagoes sobre

    o uso

    dos

    instrunrentos

    na

    pagina

    16.

    Corrtribuicdo

    pedagoglca

    ,

    Entendimento

    e

    vivencia

    do

    silencio

    na

    frase musical.

    ;

    Entendinrento

    da manutenqao

    do

    andamento

    na musica.

    .,

    Desenvolvimento

    da

    coordena96o

    e

    da lateralidade.

    ,

    Reconhecimento

    do

    valor

    da musica no

    rendimento

    da

    atividade

    produtiva.

    ,

    Reconhecimento da

    importancia

    do

    trabalho

    em equipe.

    Sug;estGes

    de

    temas

    para

    trabalhcs transdiscip frnares

    -,

    Os cereais

    e a

    moagem

    de

    graos para

    a alimentaq;o

    .,

    O

    trabalho de

    equipe

    nas

    fdbricas

    -,

    Alimentos

    -.,

    lndustria

    alimenticia

    -

    do cereal ao

    produto

    final

    -i

    Piramide

    alimentar

    Sugerimos

    para

    turmas

    do Ensino Fundamental

    l.

    29

  • 8/17/2019 Música Africana na Sala de Aula

    30/79

    Unidade

    4

    -

    Shosftoloza"

    Pais

    de

    origem

    Africa

    do

    Sul

    Sobre

    a cancio

    a

    a

    t

    -t

    a

    -a

    a

    -D

    :

    .

    ...]

    it,r',ru.

    e

    e 1o)

    Shoshobza

    e uma

    carrqao

    folclorica

    da Africa

    do Sul. Era

    tradicionalmente

    cantada

    em situacao

    de

    :'acalho

    braqal

    masculino

    no

    estilo

    pergunta-resposta.

    Um

    solista

    ou um

    pequeno

    grupo

    inicia

    a

    musica

    :rnr

    um

    chamado:5hosholoza.A

    seguir

    um

    grupo

    maior

    responde

    em

    coro:Shosholozct,

    seguindo

    juntos

    -'

    fr-35s

    seguinte.

    O

    mesmo

    se

    da com

    as

    palavras:

    Uenu

    yabaleko.

    No

    Youtube,

    voce

    podera

    assistir

    a

    :=lrssit-tras

    interpretagoes

    de Shosholoza,que

    e

    cantada

    nas

    mais

    variadas

    situaqoes.

    Letra

    S,

    :

    os

    lt

    o

    I

    oza

    slloshol

    oza

    ,

    itlezuntoba

    stimelo

    sifume

    South

    Africa

    jenu

    yabaleka

    ".u ezttntcrbct

    stimela sifume

    South

    Africa

    TraducSo

    livre

    .tbron-t

    espleo,

    abrom

    espaEo.

    Corro

    ropido

    por

    essos montanhas,

    trem vindo

    da Africa

    do Sut.

    .

    cce

    esto fuqindo por

    essas montanhas.

    l,'ra ropido

    por

    essos

    montcrnhas,

    trem

    vindo

    da Africa

    do

    Sut.

    Descricio

    da

    atividade

    '

    'ita(

    os

    procedimentos

    de

    preparaqao

    da

    turma

    como recomendado

    na

    pdgina

    15.

    ,

    Ensinar

    a cangao

    conforme

    orientaqao

    dada

    na

    pdgina

    15.

    lcmo

    estamos lidando

    com

    uma

    canqao

    de

    trabalho,

    e

    interessante

    incluir

    alguma

    movimentaqao

    :c':poraljunto

    ao

    canto:trazer

    o

    brago

    com

    o

    punho

    cerrado

    horizontalmente

    em

    diregao

    ao

    centro

    do

    :eito,

    alternando

    esquerda

    e

    direita.

    Pelo

    fato

    de

    haver

    referencia

    a

    um

    trem,

    podemos

    incluir

    o som da

    chamine

    do

    trem

    em algum mo-

    'rento

    da musica:pode

    ser na

    introduqao

    ou

    na