Salazar, Ministro das Finanças

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Salazar, Ministro das

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António de Oliveira Salazar O Mago das Finanças

Desde 12 de Julho de 1926, manda em Lisboa o General Óscar 

Carmona. O Ministro das Finanças do novo Governo é o General Sinel deCordes, mas nas Finanças, precisamente, as coisas vão de mal a pior !

Pouca gente compreende, mas Salazar compreende muito bem

Carmona, que se fez eleger Presidente da República em Março de 1928,

manda Vicente de Freitas formar Governo. O Ministro das Finanças, que

Duarte Pacheco foi convencer a Coimbra e que pôs as suas condições, é

 António de Oliveira Salazar. Mais que ministro, é um super-ministro. E no

seu discurso de tomada de posse, no dia 27 de Abril, na véspera do seu

trigésimo nono aniversário, dirá:

«Sei muito bem o que quero e para onde vou »

Deve saber muito bem o que quer e para onde vai o financista que, ao

  polemizar com o ministro Sinel de Cordes, apresenta, no jornal 

«Novidades», uma verdadeira candidatura ao Ministério.

Deve saber muito bem o que quer e para onde vai o super -ministro que,

agradecendo o apoio dos militares, discursa no Quartel-General de Lisboa

e, sob o título «Os problemas nacionais e a ordem da sua solução»,

apresenta, afinal, um programa de Governo.

Deve saber muito bem o que quer e para onde vai o todo-poderoso

ministro das Finanças que, em Outubro de 1929, fala a representantes das

Câmaras Municipais acerca de «Política de sacrifício, Política Nacional»,

num discurso que teoriza um Estado Novo autoritário e nacionalista.

Sabe muito bem o que quer e para onde vai o mi nistro que saiu sempre

mais reforçado das crises por que passou e que, na «Sala do Risco» do

antigo Arsenal da Marinha, discursa no quarto aniversário do 28 de Maio e

que, dando como solucionado o problema financeiro, determina que a

Ditadura deve resolver o problema político.

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Sabe muito bem o que quer e para onde vai o ministro das Finanças

que, em finais de 1928, diz ao seu amigo e colega de Governo, Mário

Figueiredo: «O próximo Ministério já será o nosso!»

  A golpe palaciano ou a tiro, a Ditadura Militar foi clarificando

ambiguidades e afastando oposições. Fortalece-se a Ditadura Militar e

 fortalece-se Salazar.

Quando, em Julho de 1929, Mário de Figueiredo, ministro da Justiça,

decide autorizar as procissões religiosas e o toque de sinos de igrejas, ele

tem consigo o seu amigo Salazar e contra si todo o Governo. Mas quando

Figueiredo e Salazar se demitem, o presidente Carmona informa o Chefe

de Governo que a saída do ministro das Finanças é inaceitável. E é, afinal,

o Governo que cai.

Quando, em Dezembro do mesmo ano, o novo Governo se solidariza

com Francisco Cunha Leal, o Governador do Banco de Angola que defende

o empréstimo para a colónia contra Salazar, o ministro das Finanças que o

recusa, é, de novo, o Governo que cai e Salazar que fica. Fica e acumula,

no Governo seguinte, a pasta das Colónias com a das Finanças.

Quando, em 1931, o ministro da Justiça, Lopes da Fonseca, amigo de

Salazar e por ele recomendado, critica e revoga legislação que o próprio

 presidente Carmona defendera, o Chefe de Governo, Domingos de Oliveira,

demite-o, mas não sem antes escrever a Salazar, nos seguintes termos:

«Não desejo tomar nem posso, pela muita consideração e estima que

Vossa Excelência me merece, uma resolução definitiva a tal respeito, sem

que Vossa Excelência me diga se, com tal, se não melindra nem se

magoa.»

Eis quanto vale e pesa um Chefe de Governo que remete tal carta e eis

quanto vale e pesa um ministro destinatário.