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Scripta Nova REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES Universidad de Barcelona. ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98 Vol. XVII, núm. 428, 1 de febrero de 2013 [Nueva serie de Geo Crítica. Cuadernos Críticos de Geografía Humana] Ficha bibliográfica: DALLABRIDA, Valdir Roque; Walter Marcos Knaesel BIRKNER; Edson Luiz COGO. Gestão territorial e desenvolvimento: avanços e desafios dos processos de descentralização político-administrativa no Brasil. Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1 de febrero de 2013, vol. XVII, 428.<http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-428.htm >.[ISSN: 1138-9788]. GESTÃO TERRITORIAL E DESENVOLVIMENTO: AVANÇOS E DESAFIOS DOS PROCESSOS DE DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA NO BRASIL Valdir Roque Dallabrida Universidade do Contestado (UnC) [email protected] Walter Marcos Knaesel Birkner Universidade do Contestado (UnC) [email protected] Edson Luiz Cogo Universidade do Contestado (UnC) [email protected] Recibido: 26 de abril de 2011. Devuelto para correcciones: 22 de febrero de 2012. Aceptado: 20 de marzo de 2012. Gestão territorial e desenvolvimento: avanços e desafios dos processos de descentralização político-administrativa no Brasil (Resumo) Para contribuir adequadamente com a gestão territorial e o desenvolvimento, não basta prover as regiões de estruturas subnacionais de gestão do desenvolvimento. Implica, primeiro, em construir a região, pela institucionalização de um consenso racional sobre qual regionalização é mais adequada. Como se trata de um processo histórico, não é possível fazer via decreto governamental. Segundo, trata-se da necessidade de um diálogo mais aberto entre governo e sociedade regional. Este é o desafio, pois é recorrente ainda uma prática política clientelista e fisiológica, comprometendo o

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  • Scripta Nova REVISTA ELECTRÓNICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS

    SOCIALES Universidad de Barcelona. ISSN: 1138-9788. Depósito Legal: B. 21.741-98

    Vol. XVII, núm. 428, 1 de febrero de 2013 [Nueva serie de Geo Crítica. Cuadernos Críticos de Geografía Humana]

    Ficha bibliográfica:

    DALLABRIDA, Valdir Roque; Walter Marcos Knaesel BIRKNER; Edson

    Luiz COGO. Gestão territorial e desenvolvimento: avanços e desafios dos

    processos de descentralização político-administrativa no Brasil. Scripta Nova.

    Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. [En línea]. Barcelona:

    Universidad de Barcelona, 1 de febrero de 2013, vol. XVII, nº

    428..[ISSN: 1138-9788].

    GESTÃO TERRITORIAL E DESENVOLVIMENTO: AVANÇOS E

    DESAFIOS DOS PROCESSOS DE DESCENTRALIZAÇÃO

    POLÍTICO-ADMINISTRATIVA NO BRASIL

    Valdir Roque Dallabrida Universidade do Contestado (UnC)

    [email protected]

    Walter Marcos Knaesel Birkner Universidade do Contestado (UnC)

    [email protected]

    Edson Luiz Cogo Universidade do Contestado (UnC)

    [email protected]

    Recibido: 26 de abril de 2011. Devuelto para correcciones: 22 de febrero de 2012. Aceptado: 20 de marzo

    de 2012.

    Gestão territorial e desenvolvimento: avanços e desafios dos processos de

    descentralização político-administrativa no Brasil (Resumo)

    Para contribuir adequadamente com a gestão territorial e o desenvolvimento,

    não basta prover as regiões de estruturas subnacionais de gestão do

    desenvolvimento. Implica, primeiro, em construir a região, pela

    institucionalização de um consenso racional sobre qual regionalização é mais

    adequada. Como se trata de um processo histórico, não é possível fazer via

    decreto governamental. Segundo, trata-se da necessidade de um diálogo mais

    aberto entre governo e sociedade regional. Este é o desafio, pois é recorrente

    ainda uma prática política clientelista e fisiológica, comprometendo o

    http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-428.htmmailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]

  • exercício da cidadania democrática. Paralelamente, de parte da sociedade

    regional, existem o corporativismo setorial e os bairrismos regionais, sem uma

    visão integrada de região. Propomo-nos a investigar a inter-relação entre a

    descentralização, as estruturas subnacionais de gestão do desenvolvimento, as

    capacidades estatais e as escalas espaciais da ação pública, analisando sua

    interferência no processo de desenvolvimento, tendo como referência a

    experiência de descentralização do estado de Santa Catarina - BR.

    Palavras chave: gestão territorial, desenvolvimento regional,

    descentralização político-administrativa, governança territorial.

    Territorial Management and Development: advances and challenges of

    the processes of political decentralization in Brazil (Abstract)

    To an adequately contribution about territorial management and development,

    it is not enough to supply the regions with sub national structures of

    development management. Firstly, it is necessary to construct the region,

    trough the institutionalization of a rational agreement about what a

    regionalization is more adequately. Because it is an historical process, it is not

    possible to do it trough governmental decree. Secondly, is necessary a more

    extensive dialog between govern and regional society. That is the challenge,

    being also recurring a physiologist and clientelist practice, undermining

    democratic exercise of citizenship. At the same time, sectors of society also

    has corporatism and regional, regional parochialism, without an integrated

    vision of region. Therefore, the porpoise is to investigate the relation between

    decentralization, under national structures of development management, state

    capacities and spatial scales of public action, analyzing their interferences

    within development process. The reference to do this research is the

    decentralization experience of Santa Catarina state-BR.

    Key words: territorial management, regional development, political

    decentralization, territorial governance.

    Gestión Territorial y Desarrollo: avances y desafíos de los procesos de

    descentralización político-administrativa en Brasil (Resumen)

    Para contribuir de manera apropiada a la gestión territorial y el desarrollo, no

    sólo es suficiente organizar en las regiones estructuras sub-nacionales de

    gestión del desarrollo. Implica, en primer lugar, la construcción de la región,

    por la institucionalización de un consenso racional sobre cual la

    regionalización es más adecuada. Como se trata de un proceso histórico, no es

    posible hacerlo a través de decreto del gobierno. En segundo lugar, esta la

    necesidad de un diálogo más abierto entre el gobierno y la sociedad regional.

  • Este es el desafío, por el hecho de que prevalece una práctica política de

    clientelismo y fisiologismo, que afectan negativamente el ejercicio de la

    ciudadanía democrática. Al mismo tiempo, de parte de la sociedad regional,

    permanece el corporativismo sectorial, el parroquialismo, sin una visión

    integral de la región. Se propuso investigar la interacción entre la

    descentralización, las estructuras sub-nacionales de gestión del desarrollo, la

    capacidad del Estado y las escalas espaciales de la acción pública, el análisis

    de su injerencia en el proceso de desarrollo, teniendo como referencia a la

    experiencia de descentralización del Estado de Santa Catarina-BR.

    Palabras clave: gestión territorial, desarrollo regional, descentralización

    político-administrativa, gobernanza territorial.

    Este texto apresenta o resultado final de um projeto de pesquisa que se propôs

    investigar a inter-relação entre a descentralização, as estruturas subnacionais

    de gestão do desenvolvimento, as capacidades estatais e as escalas espaciais

    da ação pública, analisando sua interferência no processo de desenvolvimento

    regional do estado de Santa Catarina (SC)[1]. A investigação se deteve às

    experiências recentes de descentralização, na sua dimensão político-

    administrativa.

    Metodologicamente, priorizamos o uso de entrevistas com questões abertas,

    atingindo informantes qualificados, envolvidos nos processos de

    descentralização ocorridos entre 1990 e 2010, sejam eles lideranças políticas,

    autoridades, lideranças empresariais, sociais e institucionais. Privilegiamos

    municípios das quatro regiões do Estado: o oeste, a serra, o norte e a região

    litorânea. Com isso, procuramos atingir uma amostra significativa de

    municípios de todo o Estado. Para tal, entrevistamos lideranças de 20 cidades

    de diferentes regiões do Estado. A análise documental também mereceu

    destaque na investigação, principalmente para a análise dos processos

    pretéritos. Além disso, algumas informações foram resgatadas de documentos

    oficiais, publicações disponíveis em artigos, sejam produções com a

    participação pessoal, ou de outros pesquisadores.

    Aqui, sintetizamos as principais conclusões resultantes da referida

    investigação. Inicialmente, situamos o tema de investigação no estado da arte.

    Na seqüência, vem uma explicitação do(s) problema(s) de investigação, para,

    em seguida, sintetizar os resultados da pesquisa, considerando as entrevistas e

    a análise documental. Finalizamos com algumas considerações reflexivas e

    novos indicativos de investigação.

    http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn1

  • Estado da arte e explicitação de debates teóricos sobre o tema em

    questão

    Utilizamos alguns conceitos que consideramos necessária sua definição a fim

    de facilitar a compreensão do leitor: (a) Gestão Territorial - refere-se aos

    processos de tomada de decisão dos atores sociais, econômicos e

    institucionais de um determinado âmbito espacial, sobre a apropriação e uso

    dos territórios, com vistas à definição de estratégias de desenvolvimento;

    (b) Desenvolvimento (local, regional, territorial) - um processo de mudança

    estrutural empreendido por uma sociedade organizada territorialmente,

    sustentado na potencialização dos ativos e recursos (genéricos e específicos,

    materiais e imateriais) existentes no local, com vistas à dinamização

    econômica e à melhoria da qualidade de vida de sua população;

    (c) Descentralização (na sua dimensão político-administrativa) – refere-se às

    iniciativas de transferência de poder decisório, ou atribuições, ou delegação de

    funções, do Estado nacional aos governos subnacionais, ou do governo

    estadual às suas regiões, uma regionalização com autonomia política,

    financeira e institucional; difere-se de desconcentração, podendo esta ser uma

    parte do processo de descentralização, caracterizando-se, no entanto, esta

    última como transferência de atribuições das instâncias centrais de poder para

    órgãos regionais, os quais não dispõem de poder para decisão; (d) Estruturas

    Subnacionais de Gestão do Desenvolvimento – referem-se às diferentes

    estruturas institucionais envolvidas no processo de desenvolvimento, tais

    como fóruns, conselhos, secretarias, agências e consórcios de

    desenvolvimento[2].

    Há décadas, a descentralização na gestão pública é vista como a forma mais

    adequada de exercício da democracia. Uma das ideias subjacentes a esta

    argumentação é a de que, se a soberania reside no povo de um país, cada

    indivíduo constitui parte igual desta soberania e, por consequência, tem igual

    direito de participar no governo do Estado, mesmo admitindo a necessidade

    deste como poder regulador.

    O tema descentralização político-administrativa é abordado por diferentes

    vários autores. Em geral, o foco é centrado na defesa do exercício da

    cidadania, pelo direito à participação em estruturas subnacionais de gestão do

    desenvolvimento. No quadro 1, é feita uma síntese argumental, a partir de

    autores[3].

    Quadro 1.

    Síntese de enfoques sobre descentralização e estruturas subnacionais de

    gestão do desenvolvimento

    http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn2http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn3

  • Autores defendem a constituição de arenas em que os processos de definição das políticas e/ou estratégias de desenvolvimento sejam

    definidas, argumentando que: Síntese argumental Autor(es) Constituam-se em uma esfera pública plural e inclusiva, que seja tanto induzida pelo Estado, no entanto, controlada pela

    sociedade. Fleury,

    2006 Os processos de descentralização, apesar de desejáveis, não representem um risco à fragilização de decisões do tipo

    macro, pela maior possibilidade de controle dos atores locais, geralmente, mais despreparados e mais susceptíveis às

    pressões dos atores com maior poder político e econômico. Peck, 2005

    A gestão social do desenvolvimento privilegie formas de exercício da cidadania que vá além do tradicional modelo liberal

    de democracia representativa, o que implica na defesa de um modelo participativo/deliberativo de democracia. Dagnino,

    2002 No processo conflituoso, não consensual, de construção dos lugares, das regiões e territórios, além de escalas de decisão

    interescalares, existem projetos de sociedade divergentes, onde diferentes agentes em diferentes escalas se dispõem e

    agem.

    Acselrad,

    2002;

    Vainer,

    2003 Atores e poderes na nova ordem mundial ignoram e tiram do jogo os espaços nacionais dos territórios, quando se trata de

    controle e decisão. Esta avalanche devastadora, precisa ser enfrentada pela cidadania e prática democrática da sociedade,

    pois a possibilidade do surgimento efetivo de um contrapoder dependerá de fatores mais complexos que podem

    eventualmente brotar da sociedade civil.

    Dupas,

    2002

    Na criação de inovações institucionais como fóruns e conselhos em que ocorre a participação comunitária, precisa se ter o

    cuidado para que os atores das comunidades e dos movimentos sociais não sejam submetidos às relações de poder

    político ou ao domínio do discurso de especialistas, na construção de coalizões locais para a disputa de recursos públicos.

    Acselrad,

    2002

    Fonte: Elaboração própria, a partir da bibliografia referenciada.

    O reingresso do Estado nas agendas políticas e acadêmicas – já não mais

    como problema senão como solução[4] -, junto às apelações por seu

    fortalecimento, se sustenta no reconhecimento da presença do Estado como

    condição necessária para o desenvolvimento equitativo das sociedades. Esta

    postura recente representa um avanço frente às propostas que sustentavam que

    o mercado geraria por si mesmo condições de crescimento e integração social,

    tanto pelas evidências apresentadas por alguns países, como pelos resultados

    em termos do crescimento das desigualdades sociais e da pobreza na maioria

    dos países. Essas demandas para o aumento da capacidade estatal no manejo

    das questões públicas e na promoção de estratégias de desenvolvimento

    regional, equitativo e endógeno, requerem investigações que analisem as

    transformações do Estado ocorridas nas últimas décadas e identifiquem as

    capacidades existentes junto com os novos requerimentos e condições.

    A questão do papel do Estado no processo de desenvolvimento (local, regional,

    territorial), já tem pautado muitos debates, com diferentes posicionamentos.

    Constatam-se, ainda, visões liberais e neoliberais que defendem a retirada do

    Estado do âmbito econômico, deixando o comando da economia às leis do

    livre mercado, a ponto de alguns autores chegaram a decretar o fim do Estado-

    Nação. No entanto, vários autores propõem a revitalização do papel do Estado

    nos processos de desenvolvimento. Veja-se uma síntese argumental sobre a

    temática, no quadro 2.

    http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn4

  • Quadro 2.

    Síntese de abordagens sobre o papel do Estado no desenvolvimento

    Autores defendem um papel de destaque do Estado no processo de desenvolvimento, propondo: Síntese argumental Autor(es) Que o Estado assuma a função de ator principal na regulação e controle dos processos econômicos e sociais

    ocorridos territorialmente, apoiando a estruturação de redes público-privadas de atuação e negociação, propiciando

    acordos de poder compartilhados. Que, junto com as instituições locais, o Estado assuma o papel de mediador dos

    impactos da globalização econômica, dando forma a interesses e identidades, impedindo certos resultados ou

    favorecendo e potencializando outros.

    Weiss, 2003a/b

    A defesa do caráter estratégico do Estado para explicar as diferentes fortalezas/debilidades e os graus de êxito com

    que os espaços nacionais enfrentam os desafios da globalização. Weis, 1998

    Estabelecer uma comunicação estratégica com os atores territoriais, com o fim de definir a inserção dos territórios

    no processo de globalização,propondo uma estratégia de desenvolvimento do tipo bottom-up nacionalmente

    articulada, situando-se no plano da meta-governança, coordenando, orientando e agindo coerentemente, no nível

    regional e nacional, no fortalecimento e reprodução das redes econômicas e institucionais locais e regionais,

    estimulando a formação de uma nova base de coalizão.

    Fernández, 2003

    Fonte: Elaboração própria, a partir da bibliografia referenciada.

    Por outro lado, diferentes autores têm abordado a questão da

    multiescalaridade dos processos socioeconômicos e culturais, fazendo

    diferentes indicativos, os quais são sintetizados no quadro 3.

    Quadro 3.

    Síntese de abordagens sobre multiescalaridade

    Autores propõem políticas e/ou estratégias de desenvolvimento que: Síntese argumental Autor(es) Explorem conexões e fluxos virtuosos e externos; contemplem uma política governamental de caráter distributivo

    integrando as instituições nacionais nas regiões; contemplem uma política descentralizada em que o Estado selecione

    oportunidades para as regiões, reforce estratégias de baixo para cima e regule a competitividade internacional. Amin, 2008

    Concebam as regiões na sua dimensão relacional, como um nexo de múltiplas e assimétricas interdependências, com

    foco na conectividade interrescalar. Amin, 2008;

    Brenner,

    2001 Considerem a realidade como um cenário espacial conformado por distintas escalaridades cujas dinâmicas se superpõem

    e interpenetram, a partir do que a abordagem e o enfrentamento dos problemas devem ter, então, a natureza transescalar,

    ou seja, implica em agir e trabalhar em todas as escalas, não ficar apenas na escala localizada. Em síntese, é

    imprescindível buscar construir estratégias multiescalares para a análise dos fenômenos sobre os quais se deseja intervir.

    Fernández e

    Dallabrida,

    2010a; Brandão,

    2007 Resultem do enfrentamento de interesses diferenciados, transescalares, o que implica em construir o desenvolvimento

    em múltiplas escalas espaciais e instâncias de poder. Brandão,

    2004 Exijam táticas transescalares, no entanto, concebendo o local como espaço de controle e de dominação e também como

    a arena onde cooperação e competição encontram espaço de articulação, pois os processos de organização territorial

    escalar são campos de ação política e estratégica tanto para os grupos, social, econômica e politicamente

    marginalizados, como para os poderosos, as elites.

    Vainer,

    2002; Jonas,

    2006

    Considerem que as relações entre atores interorganizacionais e interinstitucionais, bem como as estratégias de gestão,

    são transescalares. Fischer,

    2002 Considerem a escala como definidora dos diferentes níveis de análise, pois não se trata de analisar o mesmo fenômeno

    em escalas diferentes, sim de compreender que são fenômenos diferentes porque são apreendidos em diferentes níveis

    de abstração. Egler (1991)

  • Mais do que a distinção entre o global e o local, deva-se observar a vinculação entre estes circuitos, considerando fluxos

    e conexões inter e transescalares, sendo necessária a análise de fenômenos que ocorrem em escalas intermediárias

    (regiões) ou meso-escalares (mesorregiões), incluindo a nacional.

    Haesbaert

    (1999)

    Fonte: Elaboração própria, a partir da bibliografia referenciada.

    Percebe-se nas argumentações dos autores citados a preocupação de que os

    processos de desenvolvimento localizados (local, regional, territorial)

    considerem a situação de multiescalaridade dos processos socioeconômicos e

    culturais, além da existência de distintas escalaridades cujas dinâmicas se

    superpõem, com muito mais ênfase na atualidade.

    Explicitação de possíveis questões para a investigação

    A temática aqui apresentada remete a uma grande variedade de questões de

    investigação. São listadas algumas delas, que serviram de parâmetro para a

    investigação e podem se tornar referências para novos estudos.

    Considerando os processos de descentralização ocorridos no Brasil de 1990

    até 2010, algumas questões são pertinentes. Quais foram seus objetivos?

    Quais foram os resultados de ditos processos em termos de (a) fortalecimento

    e criação de capacidades estatais nas instâncias regionais e (b) promoção e

    criação de um desenvolvimento territorial mais integrado? Qual a situação de

    tais experiências quanto à sua continuidade? Qual o vínculo (ou as relações)

    que se estabelecem no nível regional entre o Estado e os diversos atores com

    recursos de poder para incidir no desenvolvimento territorial? Que atores se

    fortaleceram e quais foram prejudicados com a implementação das políticas

    orientadas ao fomento do desenvolvimento regional no contexto dos processos

    de descentralização?

    Vejamos algumas interrogações sobre o Estado. Quais suas principais

    modificações nos anos recentes? Como estas incidiram nas políticas públicas?

    Quais foram os resultados dessas transformações? Resultante desses processos,

    o Estado se fortaleceu ou se debilitou, em termos de capacidades estatais?

    Como se estabeleceram as relações e articulações entre os diversos níveis da

    estatalidade (verticais - Nação/Estado[Província]/Município; horizontais -

    entre as estruturas estatais) nas regiões? Com que capacidades contam as

    estruturas estatais para planejar e implementar políticas públicas orientadas à

    promoção do desenvolvimento regional.

    Por fim, sobre as escalas espaciais da ação pública, considerando uma

    realidade contemporânea de multiescalaridade dos processos socioeconômicos

    e culturais e a existência de distintas escalaridades cujas dinâmicas se

    superpõem e interpenetram, outras questões são exigem investigação. Qual

  • escala espacial é utilizada para nortear o planejamento e a gestão territorial

    nas experiências em análise? Como esta questão tem sido considerada nos

    diferentes processos de planejamento e gestão territorial? Nas diferentes

    formas de ação pública e/ou nos processos de planejamento e gestão territorial,

    existem indícios de pensar uma política multiescalar? Quais? Quais são os

    atores, agentes e sujeitos? Quais são seus interesses concretos, seus

    instrumentos táticos e estratégicos? Atuam em que escala espacial? As

    determinações dos fenômenos estudados se dão em que escala espacial? Em

    que escala esses fenômenos se manifestam (local, metropolitana, nacional)?

    Onde estão os centros de decisão e comando determinantes dos fatos

    territoriais sob análise?

    Consideramos impossível responder a essa listagem de questões em uma única

    investigação. Em parte, a pesquisa que resultou em nossa análise tangencia

    tais interrogações, em níveis diferentes de profundidade. No entanto, é

    possível sistematizar as questões acima explicitadas, numa pergunta síntese:

    qual a inter-relação entre a descentralização, as estruturas subnacionais de

    gestão do desenvolvimento, as capacidades estatais e as escalas espaciais da

    ação pública, e qual sua interferência no processo de desenvolvimento

    regional em Santa Catarina? Reconhecemos que as demais questões

    explicitadas demanda estudos que precisarão ter continuidade em outras

    investigações.

    Contextualização histórica e fases do processo de descentralização no

    Estado de Santa Catarina

    Inicialmente ressaltamos que, embora boa parte da literatura sobre o tema

    considere que a descentralização político-administrativa do estado de Santa

    Catarina tenha sido instituída no ano de 2003, inúmeras ações com

    características de descentralização foram implantadas em períodos anteriores.

    Para caracterizar o processo de descentralização político-administrativa do

    estado catarinense, optamos por fazer um recorte temporal, centrando a

    descrição a partir da década de 1990. É possível fazer dois recortes

    metodológicos considerando os diferentes processos que, direta ou

    indiretamente, intencionavam descentralizar: o primeiro recorte, o que foi

    previsto nos Planos de Governo da época; o segundo, considerando apenas os

    dois principais processos, a instituição dos Fóruns de Desenvolvimento

    Regional Integrado (FDRIs) - década de 1990 - e das Secretarias de

    Desenvolvimento Regional (SDRs), com seus respectivos Conselhos de

    Desenvolvimento Regional (CDRs) – a partir de 2003[5].

    Verificando os Planos de Governo, percebem-se diferentes iniciativas. A

    retrospectiva descrita no quadro 4 sintetiza as propostas apresentadas pelos

    http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn5

  • governos, com destaque para as políticas públicas com intenção de

    descentralizar[6].

    Quadro 4.

    Planos de Governo do Estado de SC

    Período Plano Governador Característica de Descentralização

    1987-

    1991

    Rumo à Nova

    Sociedade

    Catarinense

    Pedro Ivo

    Campos

    Delegação aos municípios e a segmentos da sociedade, a gestão dos serviços públicos,

    execução de obras de interesse local, por meio de transferência de recursos e

    responsabilidades. 1991-

    1994 Plano Sim

    Vilson

    Kleinubing Transferência para a iniciativa privada de atividades executadas pelo Estado.

    1995-

    1999 Viva Santa

    Catarina

    Paulo Afonso

    Evangelista

    Vieira

    Mobilização da sociedade no processo decisório e busca de parcerias. Neste período,

    foram criados os Fóruns de Desenvolvimento Regional Integrado nas regiões do

    Estado.

    1999-

    2002 Mais Santa

    Catarina Esperidião Amim

    Fortalecimento da administração municipal, por meio do estabelecimento de

    prioridades regionais e viabilidade de execução; municipalização de programas

    voltados à pessoa humana; instituição em todas as regiões do Estado de Colegiados da

    Administração Pública Estadual. 2003-

    2006 2007-

    2010

    Plano 15 Luiz Henrique da

    Silveira Descentralização da Administração Pública Estadual com a criação das Secretarias de

    Estado de Desenvolvimento Regional.

    Fonte: Adaptado de Binotto, Ribeiro, Dallabrida e Siqueira (2010, p.198).

    Em 1996, iniciou-se a constituição dos Fóruns de Desenvolvimento, por

    iniciativa das Associações de Municípios das diferentes regiões[7]. A partir de

    então, os Fóruns se reproduziram nas microrregiões catarinenses, expandindo

    sua atuação até 2002. A partir de 2003, passaram por um processo de

    esvaziamento de seu papel, com a criação das Secretarias Regionais de

    Desenvolvimento, pelo Governo do Estado[8]. No entanto, as Associações de

    Municípios, que articularam a criação dos fóruns de cada região, ainda

    continuam existindo, com níveis diferentes de dinamismo e protagonismo. Em

    alguns casos, sua ação se confunde, concorre ou até se sobrepõe às atividades

    das Secretarias.

    No ano de 2003, por meio da Lei Complementar nº 243, o Governo do Estado

    de Santa Catarina criou 29 Secretarias de Desenvolvimento Regional,

    dividindo o estado em microrregiões. Tais estruturas estatais previram a

    organização de conselhos, como órgãos de consulta e deliberação das

    prioridades regionais. O Art. 9º desta lei previu que a execução das atividades

    da administração estadual passasse a ser descentralizada e desconcentrada,

    operacionalizada preponderantemente pelas secretarias e por outros órgãos de

    atuação regional. A referida Lei normatizou o funcionamento e atuação das

    secretarias e teve como finalidade propor uma nova organização regional,

    http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn6http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn7http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn8

  • descentralizar as funções administrativas, desconcentrar a máquina pública,

    bem como, proporcionar o desenvolvimento das regiões. As secretarias

    também passaram a ser responsáveis pela regionalização do planejamento e a

    execução orçamentária, pela articulação que resultasse no engajamento,

    integração e participação das comunidades, com vistas ao atendimento das

    demandas nas suas áreas de atuação, pelo acompanhamento das audiências do

    orçamento estadual regionalizado, com ênfase para o planejamento, fomento e

    indução à geração de emprego e renda na região.

    Caberia ainda às Secretarias: a execução de atividades, ações, programas e

    projetos das Secretarias de Estado Centrais[9]; apoio aos municípios na

    execução de atividades, ações, programas e projetos; apoio à comunidade

    organizada, por intermédio de convênio ou de acordo; gerenciar, avaliar e

    controlar as ações governamentais na região; e articular a integração com os

    demais organismos governamentais. Da mesma forma as Secretarias, por

    intermédio do Secretário de Desenvolvimento Regional, cargo nomeado pelo

    Governador do Estado, passariam a representar o Governo Estadual na

    respectiva região. Passou a ter como órgão consultivo e deliberativo o

    Conselho de Desenvolvimento Regional e o suporte de oito gerências para

    planejar e executar atividades que promovam o desenvolvimento territorial.

    Aos Conselhos coube a função de definir e deliberar as prioridades, bem como,

    servir de instrumento de consulta do governo sobre as ações públicas

    estaduais a serem executadas na região. Os Conselhos Regionais são

    subordinados ao Conselho Estadual de Desenvolvimento, presidido pelo

    Governador e, integrado pelo Vice-Governador, pelos Secretários de Estado

    do Planejamento, da Fazenda, do Desenvolvimento Sustentável, de

    Coordenação e Articulação, bem como, pelo Secretário Executivo de

    Articulação Internacional, além de um representante de cada um dos

    Conselhos.

    O estado catarinense passou por mais duas reformas administrativas. A

    primeira, através da Lei Complementar nº 284, de 28 de fevereiro de 2005.

    Dentre as modificações propostas, previu-se que a nova estrutura do Governo

    Estadual seria organizada em dois níveis, o setorial e o regional. O primeiro,

    responsável pela definição das políticas do setor, pela normatização e controle

    dos programas e ações de Governo nas suas áreas de atuação. O segundo, com

    o papel de coordenar e executar os programas, obras e ações de governo nas

    suas respectivas regiões. A segunda reforma ocorreu por meio da Lei

    Complementar nº 381, de 07 de maio de 2007, que dispôs sobre o modelo de

    gestão e a estrutura organizacional da Administração Pública Estadual. A lei

    manteve a estrutura organizacional da administração pública nos níveis

    setorial e regional. Como acréscimo, foi criada a figura da Agência de

    Desenvolvimento Regional, com um órgão descentralizado da estrutura do

    Estado, proposto para motivar o engajamento, a integração e a participação da

    http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn9

  • sociedade organizada para, de forma planejada, implementar e executar

    políticas públicas e viabilizar instrumentos de desenvolvimento econômico

    sustentável para a geração de novas oportunidades de trabalho e renda. Nestas

    reformas administrativas foram criadas mais Secretarias, chegando,

    atualmente, a 36 regiões de descentralização[10].

    Tanto os Fóruns de Desenvolvimento, como as Secretarias constituíram-se em

    estruturas subnacionais de gestão do desenvolvimento.

    Uma inferência comparativa entre as experiências de SC e do RS

    É possível fazer uma relação entre a experiência de descentralização de Santa

    Catarina com as estruturas subnacionais de gestão do desenvolvimento do Rio

    Grande do Sul (RS). No RS, desde o início da década de 1990, se iniciou a

    implantação de Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes) nas

    diferentes regiões. Atualmente, são 28 regiões com seus conselhos.

    Os Coredes resistiram às mudanças de governo que ocorreram no RS ao longo

    de mais de 20 anos de sua existência. Alguns conselhos foram instalados a

    partir de 1991, apesar de que sua regulamentação legal foi feita apenas em

    1994. Os Coredes têm desempenhado o papel de fóruns de concertação

    social[11], envolvendo na sua constituição e prática, representações dos

    governos municipais e estadual, do meio empresarial, das instituições (ensino,

    igrejas, associações diversas) e dos setores sociais e populares. Poderíamos

    dizer que a dimensão de fóruns de discussão e definição de estratégias de

    desenvolvimento regional, na experiência dos Coredes, tem sido devidamente

    contemplada. No entanto, não têm sido muitos os avanços na dimensão

    operacional do processo de gestão do desenvolvimento. Há experiências de

    agências e consórcios de desenvolvimento, porém, estudos realizados têm

    demonstrado que carecem de uma integração destes com a dinâmica dos

    Coredes[12].

    Exploratoriamente, poderia se levantar algumas interrogações. Uma delas: até

    que ponto a experiência das Secretarias de SC poderiam servir de referência

    na realidade do RS, para tornarem-se uma estrutura operacional do processo

    de desenvolvimento? Claro, que não se trata apenas de reproduzir a

    experiência. Precisariam ser consideradas as críticas que são feitas à

    experiência catarinense, tais como, o excessivo controle do Estado, a

    burocratização e o clientelismo político que se observa no processo de

    gestão[13]. No entanto, em algumas publicações é defendido o papel dos

    Consórcios Intermunicipais de Desenvolvimento como estruturas tático-

    operacionais do processo de gestão do desenvolvimento[14]. Estas e outras

    questões permanecem como tema para aprofundamento em futuras

    investigações.

    http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn10http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn11http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn12http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn13http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn14

  • Análise do processo de descentralização no Estado de Santa Catarina

    A seguir, sintetizamos os resultados da pesquisa, considerando as entrevistas e

    a análise documental. Para fins didáticos, subdividimos o texto, considerando

    algumas especificidades temáticas[15]. Metodologicamente, preferimos não

    hierarquizar e quantificar as falas, ou reproduzi-las em tabelas. Com isso,

    tratam-se muito mais de impressões manifestadas pelos entrevistados, sem

    dar-lhes uma ordem de importância pela quantidade de vezes em que foram

    expressas. No entanto, serão destacadas as falas repetidas mais vezes nas

    entrevistas. Serão agrupadas em subitens, atendendo a ordem das questões

    feitas aos entrevistados, no atendimento aos objetivos da investigação em

    referência.

    Vínculos entre o Estado e os diversos atores com recursos de poder nas

    diferentes fases do processo de descentralização

    Sobre a implantação das Secretarias Regionais, a partir de 2003, em

    substituição aos Fóruns de Desenvolvimento, as respostas dos entrevistados

    apontam que houveperdas profundas no aspecto político e no aspecto da

    aprendizagem social, porque na medida em que se criou uma

    estrutura governamental na região, com a responsabilidade de articular o

    processo de gestão do desenvolvimento, houve uma tendência à acomodação

    social, repassando-se ao governo e aos políticos o papel de definidores das

    estratégias de desenvolvimento. Assim, entendem os entrevistados, que

    permanece reduzida a participação da sociedade na gestão do

    desenvolvimento regional.

    Os Conselhos de Desenvolvimento, segundo alguns posicionamentos,

    cumprem uma função formal. Assim, as Secretarias têm dificuldade de fazer

    um planejamento regional. Como há pouca participação da sociedade, não há

    uma apropriação pelos atores sociais dos projetos e ações definidos nas

    regiões. Em geral, poder-se-ia afirmar, com base nos depoimentos da pesquisa,

    que os atores mais prejudicados no processo de descentralização atual são os

    representantes da sociedade civil e desta os setores mais fragilizados, tais

    como as representações da agricultura familiar, as organizações não-

    governamentais e os setores populares.

    Ainda sobre a questão de quem se fortaleceu, ou perdeu poder com a

    desarticulação dos Fóruns de Desenvolvimento que existiram até 2002, é

    quase unânime a resposta dos entrevistados de que com a criação das

    Secretarias de Estado nas regiões se fortaleceram os atores políticos

    institucionalizados, com a consequente redução das possibilidades da

    sociedade civil interferir na gestão pública. Justificam, dentre outros motivos,

    http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn15

  • pelo fato de que “até mesmo os representantes da sociedade, sua indicação é

    feita por critérios de preferência política, pelos prefeitos dos municípios”

    (conforme previsto na Lei de criação das Secretarias). Alguns entrevistados

    chegam a afirmar que “os conselhos se partidarizaram e a sociedade ficou de

    fora”.

    Um dos entrevistados faz um depoimento importante que tem relação com a

    participação social antes e depois da instituição das Secretarias. “As entidades

    de classe, associações empresariais, universidades, estavam mais presentes

    nos Fóruns, do que nas Secretarias; nestas, participam as representações que

    vêem alguma possibilidade de se beneficiar financeiramente; nos fóruns a

    participação era mais voltada ao debate das questões regionais, que poderiam

    se transformar em projetos com recursos financeiros, ou não; nas Secretarias,

    pouco se discute questões sobre desenvolvimento regional; se discute

    distribuição de recursos disponíveis no orçamento do Estado, e o

    desenvolvimento não se faz só com ações do Estado”.

    Outro entrevistado fez a seguinte manifestação: “os fóruns pensavam o futuro;

    os CDRs não foram formados para isso; estão lá para decidir sobre aplicação

    de recursos do orçamento do Estado; logo não pensam o futuro, não pensam o

    desenvolvimento como projeto de uma região”. Essa ideia é reforçada em

    outra entrevista: “os Conselhos não substituem a dimensão de fórum, pois as

    pessoas que estão lá orientam suas decisões de acordo com a visão do partido

    do governo, dos políticos que têm mais poder de influência; é uma extensão

    das Secretarias e há interferência da dimensão partidária; criaram-se estruturas

    de governo para substituir os fóruns, no entanto, deixaram-se os fóruns de

    lado e o debate sobre o desenvolvimento virou uma questão de governo, não

    mais da sociedade”.

    Complementando, segundo alguns dos entrevistados, as Secretarias foram

    criadas pelo Governo do Estado para se tornarem “uma extensão do governo

    na região, não como órgão de articulação regional”. Para outros, a

    descentralização, representa divisão de poder. No entanto, “com a falta de

    atendimento dos reclames regionais, ocorre o descrédito; as pessoas não se

    sentem valorizadas”. Para um dos entrevistados, “as SDRs representaram um

    processo de desconcentração e não uma descentralização, pois só

    descentralizou estruturas, pessoal, no entanto, as decisões ficaram com o

    governo central, ou secretarias centrais”. Assim sendo, "a descentralização

    não aconteceu na prática e as Secretarias representaram mais custos para o

    Estado, sem grandes resultados”.

    Veja-se que vários dos depoimentos, mesmo que possam ser considerados

    demasiadamente críticos, pela sua repetição, revelam, no mínimo, que as

    regiões se sentiram usurpadas de poder e a sociedade civil reclama mais

    participação nas decisões. Ou seja, a sociedade não se sente devidamente

  • representada na composição dos Conselhos, constituídos, pelos prefeitos,

    presidentes da Câmara de Vereadores e duas pessoas indicadas pelo Prefeito,

    em cada município. É uma questão que merece consideração!

    Principais modificações do Estado e suas capacidades no período analisado

    Relacionadas às modificações do Estado e suas capacidades no período

    analisado e incidência nas políticas de desenvolvimento regional, várias

    questões merecem referência, considerando a descrição do teor das entrevistas.

    Sobre a importância das Secretarias e seus Conselhos Regionais, há uma

    unanimidade no posicionamento dos entrevistados: trata-se de um processo

    irreversível. Para a maioria dos entrevistados, o processo de descentralização

    não é discutível, não tem volta; o que precisa é um redesenho do processo. Os

    principais depoimentos indicam que as Secretarias contribuíram para o Estado

    estar mais perto do povo. No entanto, afirmam alguns, isso “não significa

    mais eficiência; pelo contrário, alguns projetos aprovados nos Conselhos

    Regionais levam mais tempo para serem executados, pois as Secretarias atuam

    como um gargalo, um filtro técnico-operacional; antes se dirigia as demandas

    diretamente às secretarias centrais; hoje as demandas da região precisam

    passar pelo fórum das Secretarias Regionais”. Um dos entrevistados afirma

    veementemente: “a existência das Secretarias é inquestionável, não há volta; a

    forma como foi feito é que deve ser revista; se não ocorrerem mudanças,

    recairá no descrédito, não só as Secretarias, também todo o tipo de estruturas

    de gestão existentes nas regiões”.

    Considerando que em 2010 houve um novo processo eleitoral, nem mesmo os

    partidos de oposição ao governo que criou as Secretarias, rejeitaram a

    experiência. Todos os candidatos defenderam a descentralização. O principal

    motivo parece ser o fato de que o Estado, estando mais perto, gera maior

    expectativa na população sobre a possibilidade de acesso a mais recursos

    públicos às regiões.

    No entanto, são propostas modificações e avanços. Por exemplo, quando se

    referem aos recursos humanos que atuam nas Secretarias, o questionamento é

    sua falta de qualificação. Mantém-se ainda o critério político para a indicação

    dos funcionários, com exceção de uma pequena parte deles que são

    funcionários de carreira. Com isso, a ideia de que acaba sendo “um cabide de

    empregos”, é reforçada. Outra questão que ficou evidente na fala de diversos

    entrevistados é a questão da autonomia financeira das Secretarias. Segundo

    entrevistados, para melhorar a ação das Secretarias precisaria existir

    autonomia financeira regionalmente: assim, se debateria e priorizaria os

    projetos regionais. “Como não tem autonomia financeira, nem existem

    critérios de definição de prioridades, o poder de decisão sobre os recursos é do

  • governo e das secretarias centrais”; predomina a ideia do “aprova tudo”. Além

    disso, “políticos regionais têm influência nas decisões das Secretarias”,

    defendendo interesses de seus “curais eleitorais”.

    Sobre o papel exercido nas Secretarias pelos Comitês Temáticos, em algumas

    entrevistas é ressaltada a sua importância. No entanto, são apontados

    indicativos sobre em que precisam avançar. Um deles é que precisam ter

    “maior participação das pessoas que não são do setor público, além de se

    sentir a falta de pessoas de algumas especialidades profissionais, na sua

    composição”. Além disso, funcionários entrevistados ressaltam que há pressão

    política no direcionamento de suas decisões, apesar de terem a função de

    fornecer subsídios técnicos para fundamentar as decisões dos conselheiros.

    A influência do poder político nas atividades dos comitês e do conselho

    subverte o processo. “Conselheiros acabam votando pela pressão política, pois

    têm medo de assumir posições individuais que contrariem interesses dos que

    tem mais poder político, por medo de poder receber represálias”. Assim,

    afirma um dos entrevistados, “há um verdadeiro conluio, todos votando em

    tudo para não se comprometer e se envolver em conflitos”. Uma das

    justificativas apontadas é que o voto dos conselheiros sendo público favorece

    tais práticas, sugerindo que o voto deveria ser secreto para que a decisão dos

    conselheiros fosse mais livre.

    Sobre o debate recorrente em relação à representatividade dos membros que

    compõem os Conselhos de Desenvolvimento nas regiões, e se a prática é mais,

    ou menos, democrática, é importante considerar o posicionamento de um dos

    entrevistados, que tem uma experiência como ex-secretário e liderança

    política, no entanto, atua no meio acadêmico. Para este entrevistado, “o

    modelo de descentralização foi discutido pelo governo na campanha política

    de 2002, recebendo aprovação da sociedade”. Segundo o entrevistado, o

    objetivo das Secretarias Regionais foi reequilibrar o desenvolvimento nas

    regiões, objetivando a retenção da evasão populacional do interior para o

    litoral, ou seja, as regiões menos desenvolvidas receberiam mais

    investimentos. Afirma ele, que as secretarias centrais da capital resistiram

    inicialmente e continuam resistindo em dividir o poder. Os titulares de tais

    secretarias, muitos deles deputados eleitos, foram os que resistiram mais, pois

    isso não interessava ao seu eleitorado mais litorâneo, geralmente. Segundo ele,

    ainda ocorre isso atualmente.

    No entanto, o entrevistado afirma que, considerando que o padrão de

    descentralização de SC está sustentado no modelo de democracia

    representativa, logo, “a prática tem que ser assim, pois não se pode subverter o

    processo”. Refere-se ao fato da concentração do poder nas mãos dos políticos

    (Prefeito, Presidente da Câmara de Vereadores, representantes das estruturas

    estatais e da sociedade, indicados pelo prefeito). “Se pensarmos em partir para

  • um processo de representação mais deliberativa da sociedade, estamos

    negando a legitimação do processo democrático que ocorre na democracia

    representativa, na qual a sociedade outorga pelo voto popular poder ao

    prefeito e aos vereadores para representá-los”. Logo, segundo o entrevistado,

    é legítimo que nos Conselhos, os representantes políticos tenham maior poder.

    A possibilidade de conciliação entre a democracia representativa e a

    participativa ou deliberativa, segundo o entrevistado, estaria contemplada na

    medida em que nos Conselhos estão dois representantes da sociedade por

    município, ficando uma representação paritária.

    Defende ainda o entrevistado que o cargo nas secretarias centrais não deveria

    ser para político, sim para um técnico. Nas regionais, sim, o cargo de

    secretário deveria ser ocupado por um político. Sua defesa em colocar um

    técnico nas secretarias centrais e os políticos nas secretarias regionais é

    justificada no seguinte argumento: “A política é o poder, não o regramento”.

    Ou seja, “a gestão das coisas públicas implica em disputa de poder. Gerir as

    Secretarias é um ato político”. Na medida em que o poder fica pulverizado nas

    regiões – por exemplo, pelo fato de que tem um número muito grande de

    secretarias regionais -, de tal forma que não seja interessante o seu exercício -,

    a tendência é as decisões refluírem para o centro, para a capital. Assim sendo,

    afirma o ex-secretário, “o cargo de secretário regional fica cada vez mais

    relegado a pessoas que não tem um grande respaldo político, logo, passam a

    ter reduzida força de reivindicar pela região. A estrutura atual, não estimula

    lideranças representativas assumir o cargo de secretário regional, o que é

    negativo para a representatividade regional frente ao poder centralizador do

    governo”.

    Como encaminhamento, o referido entrevistado defende a redução do número

    de secretarias, o que é referendado por muitos outros entrevistados. Afirma

    que considera o aumento das secretarias, ocorrido depois da regionalização

    inicial – que eram 22 -, um processo de banalização; “virou um grande cabide

    de emprego”. Com isso, as Secretarias têm seu poder de decisão reduzido.

    Sobre as críticas que a academia faz ao processo de descentralização, o

    mesmo entrevistado reafirmou que, ao criticar o processo, a mesma se

    equivoca no seguinte: “descentralização, numa democracia representativa, não

    significa em instaurar um grande processo de democracia participativa. A

    descentralização representa uma mudança no fórum da decisão política – no

    caso, das instâncias centralizadas para os fóruns das Secretarias nas regiões -,

    no entanto, a decisão política é legitimada democraticamente pelas regras da

    democracia representativa, onde o povo elege seus representantes e lhes

    outorga poder de decisão em seu nome”. Ainda segundo o entrevistado,

    precisamos criar uma “teoria da democracia participativa ou deliberativa”. O

    que existe, afirma, são “estudos intuitivos a partir de experiências idealizadas

    por alguém e realizadas sob as mais diferentes práticas”.

  • Sobre as modificações do Estado e de suas capacidades, de maneira geral, os

    entrevistados reconhecem que, com a criação das Secretarias, o Estado passou

    a fazer-se mais presente nas regiões. No entanto, vários problemas ainda são

    apontados, exigindo avanços no processo de descentralização, o que exigiria

    mais tempo. Sobre a questão da participação da sociedade na gestão pública

    em uma democracia representativa, esta questão é polêmica, mas precisa ser

    enfrentada pela academia, principalmente, no que se refere à necessidade de

    avançar da dimensão da participação, mesmo que com representatividade,

    para práticas de participação com poder deliberativo.

    A questão da escala espacial nos diferentes processos de planejamento e

    gestão do desenvolvimento

    Várias manifestações dos entrevistados reforçam a ideia que os recortes

    territoriais minúsculos das Secretarias reduzem a possibilidade de programas

    regionais, resumindo-se a uma somatória de demandas municipais. Segundo

    estes, antes as Associações de Municípios e os Fóruns de Desenvolvimento,

    em geral, atendiam melhor a questão da escala de ação pública. Além disso, o

    recorte territorial das Secretarias, feito por decreto, não atende à questão de

    identidade regional, o que ocorria mais na divisão regional anterior, com

    recortes territoriais construídos historicamente. A questão da escala justifica-

    se pelo fato de que algumas ações e projetos, necessariamente, precisam ter

    dimensão que vai além do recorte das Secretarias Regionais.

    Um entrevistado defendeu que “as Secretarias deveriam ter obedecido ao

    mesmo recorte das Associações de Municípios, pois, não ocorrendo,

    representa um desrespeito à identidade das regiões; há uma disputa por cargos

    políticos, por isso, quanto mais secretarias houver, aumenta a possibilidade de

    atender às demandas por cargos; no entanto, retroceder no número de

    Secretarias agora, é problemático”. Outros entrevistados reforçam este

    argumento, afirmando que nas Secretarias há uma valorização das demandas

    municipais. O problema é que “os municípios ainda pensam muito em si,

    tendo dificuldade de planejar ações intermunicipais, sendo que os municípios

    maiores concentram as decisões e os recursos”. Além disso, afirmam alguns,

    “as decisões estão focalizadas na obtenção de recursos” que vem de diferentes

    fontes. Prioriza-se o sistema de “projetos de balcão”, ou “balcão de troca de

    favores”, ao invés de programas integrados de desenvolvimento. Com isso a

    questão da escala de ação pública fica prejudicada.

    Para superar ações desarticuladas entre municípios, Associações de

    Municípios, Secretarias de Desenvolvimento Regional e demais órgãos do

    Estado, um dos entrevistados defendeu a institucionalização de “um grupo

    gestor”, com o fim de oportunizar “uma articulação da gestão das ações de

    desenvolvimento regional”. Em geral, “municípios e estados têm fóruns

  • diferentes para discutir seus problemas, prejudicando ações integradas

    regionalmente”. Há bons exemplos, no entanto. Um exemplo de atuação

    regional articulada é a atuação do Fórum da Mesorregião Grande Fronteira do

    Mercosul[16].

    De maneira geral, pode-se observar que uma das questões que menos tem sido

    destacada pelos entrevistados foi a questão da escala da ação pública e sua

    interferência no planejamento e gestão do desenvolvimento regional. Mostra

    ser uma questão que exige aprofundamento futuro.

    Considerações finais

    Além de retomar às principais questões reafirmadas no processo de

    investigação, tem-se como propósito apontar possíveis parâmetros

    organizacionais de estruturas subnacionais de gestão do desenvolvimento que

    poderiam ser contempladas nos processos de descentralização político-

    administrativa[17].

    Em entrevistas realizadas, algumas delas apontam justificativas sobre a

    dificuldade na qualificação das estruturas de gestão: a máquina

    pública precisaria diminuir a burocracia; as estruturas de

    governo trabalham ainda muito setorialmente e os setores não se comunicam

    entre si; as regionalizações são criadas por interesses políticos; falta uma visão

    sistêmica de governança. Sintetizando, pelas entrevistas, é possível concluir

    que ao prover as regiões de estruturas subnacionais de gestão do

    desenvolvimento, o problema não se resolve com a montagem de estruturas

    físicas de governo.

    Os problemas parecem de ser de duas ordens. O primeiro trata-se da

    necessidade de “construir a região”. Para o geógrafo Anssi Paasi (1986), o

    estágio superior da construção histórica de uma nova unidade territorial, que é

    a sua institucionalização, envolve quatro aspectos, os quais não

    necessariamente constituem etapas consecutivas. São eles: (a) a definição da

    forma ou abrangência territorial; (b) a formação de uma imagem conceitual e

    simbólica; (c) o desenvolvimento de instituições regionais e a incorporação da

    existência da região às práticas e formas de organização da sociedade; (d) o

    estabelecimento da região como parte de um sistema de regiões, com papel

    administrativo definido, associada à consciência regional da comunidade. A

    prática, neste sentido, é muito equivocada, como se percebe na realidade

    analisada. Como se trata de um processo histórico, não é possível fazer

    regionalizações via decreto governamental. Os setores dos governos criam

    suas regionalizações, muitas vezes não coincidindo com o recorte territorial,

    outras vezes se sobrepondo.

    http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn16http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn17

  • O segundo desafio: trata-se da necessidade de um diálogo mais aberto entre

    governo e sociedade regional. Pelas falas de alguns entrevistados, percebe-se

    que na percepção deles os políticos têm “medo de perder poder”. Isso resulta

    da prática política de clientelismo, caudilhismo, coronelismo, ou ainda de

    fisiologismo político. E essas práticas viciadas de fazer política partidária

    comprometem o exercício da democracia cidadã, que apesar de ser aceita por

    praticamente todos, a observação da prática dá indícios de que poucos a

    exercitam de verdade, principalmente, os que dispõem de mais poder de

    decisão, no caso das Secretarias, os atores políticos[18]. Paralelamente, de

    parte da sociedade regional, existe o corporativismo setorial, os bairrismos

    regionais, seus interesses individualizados localmente, sem uma visão

    integrada de região, macrorregião, país.

    Parte das falas dos entrevistados direcionam-se à avaliação da atuação das

    Secretarias, apontando possíveis mudanças no processo. Segundo estes, o

    processo de descentralização não é discutível, não tem volta; o que precisa é

    um redesenho do processo. Com base nas entrevistas e na observação direta

    dos pesquisadores, algumas questões precisam ser retomadas. Uma delas é o

    papel das Secretarias. Na percepção de muitos entrevistados, com a

    desarticulação dos Fóruns e instalação das Secretarias nas regiões, o debate

    sobre desenvolvimento virou uma questão de governo e a sociedade não se

    sente envolvida no processo. O formato atual dos Conselhos Regionais não se

    apresenta adequado para discutir o projeto de desenvolvimento de uma região.

    Mesmo que pela prescrição legal não seja este o único objetivo, no

    entendimento de grande parte dos entrevistados, sua função se resume em

    decidir sobre aplicação de recursos do orçamento do Estado. Isso ocorre pelo

    fato de que as Secretarias de Desenvolvimento Regional e seus respectivos

    Conselhos são considerados uma estrutura de governo. Assim sendo, não

    substituem a dimensão de fórum. Parte dos entrevistados considera que as

    pessoas que estão lá, orientam suas decisões de acordo com a visão do partido

    do governo, dos políticos que têm mais poder de influência. Em síntese: a

    desarticulação dos Fóruns, com a criação das Secretarias, na visão de parte

    dos entrevistados, representou a retirada do poder de decisão da sociedade

    regional sobre a definição de estratégias de desenvolvimento.

    Sobre o questionamento de manter ou não a estrutura atual das Secretarias,

    interpretando as falas, é possível concluir que o principal motivo que justifica

    a defesa das mesmas é o fato de que o Estado estando mais perto, gera para a

    população uma maior expectativa de conseguir acessar mais recursos públicos

    para a região[19]. Veja-se: esta argumentação pode levar a um entendimento

    problemático. A população aceita e apóia a existência das Secretarias não por

    considerar uma instância na qual possam participar, exercitar a democracia

    cidadã, sim pelo fato de vislumbrar a possibilidade de conseguir mais recursos

    do orçamento do Estado para sua região. Assim, a visão de desenvolvimento

    regional resume-se à possibilidade de se conseguir alguns poucos

    http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn18http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn19

  • investimentos que o orçamento estadual possa oportunizar. Eis um desafio a

    superar!

    Em relação à propostas de modificações e avanços nas Secretarias, são

    apontadas, nas entrevistas, as seguintes: necessidade de qualificação dos

    recursos humanos que atuam nas Secretarias, além de indicação por critérios

    não políticos; necessidade de autonomia financeira das Secretarias;

    revalorização do papel exercido nas Secretarias pelos Comitês

    Temáticos,[20] como grupos de trabalho integrados paritariamente por

    membros do setor público e privado que se encarreguem de avaliar as

    demandas ou projetos, subsidiando tecnicamente os gestores (esta questão é

    relevante, pois relatos demonstraram que em algumas regiões não funcionam

    regularmente); reduzir o número de Secretarias, preferencialmente, atendendo

    aos recortes originais das Associações de Municípios; aumentar a

    representatividade da sociedade civil nos Conselhos de Desenvolvimento das

    regiões.

    Em relação à argumentação da necessidade de redução do número de

    secretarias, várias são as justificativas apresentadas nas entrevistas. Uma delas

    é que o recorte territorial precisa ser significativo para estimular lideranças

    políticas de expressão assumir o cargo, o que, como consequência, aumentaria

    o poder de reivindicação regional. Outra, é que os recortes territoriais

    minúsculos das Secretarias restringem a possibilidade de programas regionais,

    com o que as ações propostas resumem-se a uma somatória de demandas dos

    municípios, sem uma visão de região.

    Quanto à defesa da necessidade de aumentar a representatividade da sociedade

    civil nos Conselhos de Desenvolvimento, dentre as justificativas, aparece a

    ideia de que na aprovação dos projetos, ainda prepondera muito a força

    política, seja do Secretário Regional, das lideranças políticas regionais

    (senador, deputados, prefeitos e vereadores). Em geral, muitos entrevistados

    não reconhecem a propalada paridade de representação entre o Estado e a

    sociedade civil.

    Algumas análises referem-se ao fato de que é necessário ter-se claro que o

    padrão de descentralização do Estado catarinense está sustentado no modelo

    de democracia representativa. Logo, a questão da representatividade da

    sociedade civil versus o poder dos que ocupam cargos de governo e seus

    apoiadores (políticos da base partidária), merece uma maior reflexão,

    passando pela rediscussão do que seja democracia representativa e democracia

    participativa ou deliberativa. Mais: como afirmou um dos entrevistados,

    participar é diferente de deliberar. Isso implica que a reivindicação não deve

    se restringir ao direito de participar no processo de gestão e desenvolvimento

    territorial. Exige que se avance, reivindicando o direito de decidir, deliberar.

    Ou seja, o debate sobre democracia e suas variantes – representativa,

    http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn20

  • participativa, deliberativa – precisa ser retomado, tanto academicamente,

    quanto na sociedade.

    Quando aparecem falas que relacionam o papel das Secretarias e das

    Associações de Municípios nas regiões, a principal defesa é que deveria haver

    coincidência entre o recorte territorial de ambas as estruturas, facilitando a

    gestão integrada do desenvolvimento. Não havendo coincidência no recorte

    territorial, torna-se mais complexo definir projetos regionais, além do fato de

    que a região perde com a fragmentação, pois reduz sua força de pressão

    política, logo de decisão. Isso tem relação com a questão da escala da ação

    pública.

    Eis mais um desafio: apontar possíveis parâmetros organizacionais de

    estruturas subnacionais de gestão do desenvolvimento que poderiam ser

    contempladas nos processos de descentralização político-administrativa. As

    falas das entrevistas pouco contribuíram para o atendimento deste último

    objetivo da investigação. No entanto, com base em estudos bibliográficos,

    debates acompanhados pessoalmente, seja junto às lideranças, ou mesmo no

    campo acadêmico, são feitos na sequência alguns comentários indicativos,

    mesmo reconhecendo que o tema mereça maior aprofundamento. Para facilitar

    o entendimento, são feitas observações comparativas das Secretarias de

    Desenvolvimento Regional de SC com os Conselhos Regionais de

    Desenvolvimento do RS. Antes de tudo, uma observação. Considera-se que o

    processo de gestão do desenvolvimento tem duas dimensões: uma, a de fórum

    de concertação público-privada; outra, a de institucionalidade voltada para o

    planejamento tático e operacional das ações de desenvolvimento local e

    regional.

    Considerando o que está previsto regimentalmente, o padrão de estrutura

    organizacional dos Coredes do RS, parece atender minimamente a primeira

    das dimensões do processo de gestão do desenvolvimento, a de fórum de

    concertação público-privada. Seu Conselho de Representantes prevê a

    participação de representações do setor público (membros dos poderes

    Executivo e Legislativo, técnicos ou gestores dos órgãos públicos presentes na

    região), representações do setor econômico (lideranças empresariais e de

    trabalhadores), representações da sociedade civil organizada (associações de

    bairros e de interesse em geral), além de representantes institucionais

    regionais (setores educacionais, culturais e religiosos). Entende-se que esta

    dimensão não é contemplada pelos Conselhos de Desenvolvimento Regional

    no Estado de SC. Não é apenas uma percepção pessoal, as falas dos

    entrevistados reafirmaram em várias argumentações esta questão. Tal defesa é

    sustentada no entendimento de que o fórum de concertação público-privada,

    independente de sua forma de constituição, precisa instituir-se como uma

    instância de articulação política, discussão e formação de consensos

  • relacionados ao desenvolvimento regional, contemplando a participação dos

    diversos atores que atuam regionalmente. Eis o desafio!

    A segunda dimensão do processo de gestão e desenvolvimento territorial, a

    de institucionalidade voltada para o planejamento tático e operacional, no caso

    dos Coredes, é uma questão que ainda está em aberto. Os Coredes decidem

    sobre um percentual de recursos do orçamento estadual a ser aplicado em

    projetos regionais e municipais. A execução é feita diretamente pelos órgãos

    estaduais, ou via repasse de recursos aos municípios. O que ocorre é que, até o

    momento, o percentual do orçamento disponibilizado para decisão nas regiões,

    é muito pequeno. No caso das Secretarias, no Estado de SC, o planejamento e

    operacionalização das ações ou projetos, propostas nos Conselhos e

    contempladas com recursos das Secretarias Centrais, são executadas, ou

    diretamente pelo Estado, ou pelos municípios, via repasse de recursos

    oriundos do orçamento estadual. A diferença em relação ao RS é que existem

    estruturas do Estado localizadas nas regiões. No RS, governos passados

    planejaram a implantação de Centros Regionais de Desenvolvimento, ou de

    Casas de Governo. Ambas as iniciativas, não chegaram a ter um

    funcionamento efetivo. De qualquer forma, nem no RS, nem em SC, a

    dimensão de institucionalidades voltadas ao planejamento tático e

    operacional no processo de gestão e desenvolvimento está devidamente

    resolvida. Existem algumas iniciativas de Agências Regionais de

    Desenvolvimento, alguns casos de Consórcios Públicos, no entanto, com

    problemas, tanto de concepção, como operacionais.

    Em estudos já realizados, projeções indicativas são feitas. Uma delas é a

    possibilidade dos Consórcios Públicos, sob a forma de Consórcios

    Intermunicipais de Desenvolvimento, assumirem o papel

    de institucionalidades voltadas ao planejamento tático e operacional das ações

    de desenvolvimento local e regional[21]. Trata-se de consórcios organizados

    de acordo com a legislação vigente no Brasil[22]. Justifica-se a estruturação

    dos Consórcios Intermunicipais de Desenvolvimento, por se entender que os

    mesmos, consideradas as possibilidades de estruturação prevista na legislação

    vigente, sejam capazes de contribuir para o planejamento tático, a

    operacionalização e a execução das ações de desenvolvimento local e regional,

    definidas em espaços de concertação público-privada, por meio de estruturas

    de governança territorial, como, por exemplo, os Coredes do RS[23].

    Os consórcios públicos poderão assumir a responsabilidade de gerenciar os

    recursos que serão alocados aos projetos e ações demandados nas instâncias

    de concertação público-privada. Adicionalmente, estas estruturas de gestão,

    poderão assumir a responsabilidade de elaborar os projetos executivos, licitar,

    contratar com terceiros, efetuar os pagamentos, fiscalizar a execução, ter

    contabilidade própria, movimentar os recursos em contas bancárias próprias,

    enfim, atuar como uma autarquia, conforme previsto na lei que os institui. O

    http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn21http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn22http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn23

  • instituto do consórcio público foi criado por pressão dos municípios

    exatamente para viabilizar a associação de entes públicos para a execução de

    projetos e atividades. É a forma de viabilizar técnica e financeiramente

    projetos e ações que os pequenos e médios municípios, de forma isolada, não

    têm condições de executar[24].

    Entende-se, no entanto, que a viabilidade dos consórcios públicos depende,

    em grande parte, de um exercício de desprendimento por parte dos gestores

    públicos para transferir o poder de gerir os recursos. Por outro lado, outras

    formas organizacionais de gestão do desenvolvimento existentes nas regiões,

    como os arranjos produtivos locais, incubadoras regionais, agências de

    desenvolvimento, entre outros, não devem ser renegadas neste contexto. Ao

    contrário, devem ser estimuladas a participar de todas as discussões dentro das

    instâncias de concertação público-privada e a inserir suas demandas nas

    alternativas de desenvolvimento propostas regionalmente. Entende-se, ainda,

    que a cooperação interfederativa através de consórcios públicos potencializa a

    capacidade de ação e investimento, em especial dos pequenos e médios

    municípios, constituindo-se em instrumento de gestão tática e operacional

    para viabilizar políticas públicas de desenvolvimento regional articuladas

    regionalmente, compatibilizando as ações dos entes públicos e privados de

    determinado espaço geográfico, repercutindo em maior eficiência no uso dos

    recursos públicos[25].

    O contexto e estruturas aqui referidas constituem as bases da proposta de um

    novo paradigma a ser construído para a gestão e desenvolvimento territorial.

    Este novo paradigma pressupõe três fundamentos: a valorização e

    potencialização das forças econômicas e sociais locais e regionais, a

    participação da sociedade civil, do Estado e do mercado e a cooperação

    interfederativa, resultando em maior eficiência no uso dos recursos

    públicos[26].

    A Figura 1 sintetiza o que poderia ser considerada uma estrutura de gestão do

    desenvolvimento regional. É uma primeira reflexão que no futuro pretende-se

    seja repensada. Assim, antes de ser uma proposta definitiva, universal, espera

    cumprir um papel de instigação para a reflexão de mais investigadores,

    colegas da academia, gestores e lideranças.

    http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn24http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn25http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_edn26

  • Figura 1. Estrutura de Gestão do Desenvolvimento Regional. Fonte: Adaptada de Zimmermann e Dallabrida (2012).

    Por fim, referindo-se ao propósito de investigar a inter-relação entre a

    descentralização, as estruturas subnacionais de gestão do desenvolvimento, as

    capacidades estatais e as escalas espaciais da ação pública, analisando sua

    interferência no processo de desenvolvimento regional, espera-se que esta

    investigação tenha dado uma contribuição inicial, conforme aqui descrito.

    Mais: as referências críticas feitas aqui à experiência do Estado de Santa

    Catarina, na sua maioria, podem ser estendidas às experiências de outros

    estados brasileiros. Por outro lado, pela leitura de relatos referentes às

    experiências de descentralização de outros países, é possível afirmar que

    algumas questões poderiam ser generalizadas. Futuros trabalhos deverão

    avançar no debate, quem sabe, analisando comparativamente experiências

    brasileiras e mundiais.

    Notas

    [1] Refere-se ao Projeto Gestão Territorial e Desenvolvimento: Descentralização, Estruturas

    Subnacionais de Gestão do Desenvolvimento, Capacidades Estatais e Escalas de Ação Pública. Sua

    execução ocorreu durante os anos de 2010 e 2011, no Programa de Mestrado em Desenvolvimento

    Regional da UnC, contando com apoio financeiro da FAPESC. Resultados preliminares da referida

    investigação, também, foram publicados em Dallabrida (2011).

    [2] Conceitos aprofundados em Dallabrida, 2007, 2009, 2010b; Ribeiro, 2009; Dallabrida e Fernández,

    2008; Agostini, Bandeira e Dallabrida, 2009.

    http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref1http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref2

  • [3] Retoma-se abordagem feita em Dallabrida, Büttenbender, Rover e Birkner, 2009.

    [4] Conf. Evans, 1996.

    [5] Algumas obras que aprofundam o tema: Rover, 2007; Birkner, 2006.

    [6] Nesta parte do texto utilizam-se algumas referências ao tema, feitas em: Binotto, Ribeiro, Dallabrida e

    Siqueira, 2010 e Dallabrida, Büttenbender, Rover e Birkner, 2009. Além disso, para síntese da estrutura e

    organização funcional das SDRs, foram consultadas informações disponíveis em folhetos e sites oficiais

    do Governo do Estado de SC.

    [7] As Associações de Municípios de Santa Catarina surgiram no final da década de sessenta, motivadas

    por uma política federal. A primeira associação surgiu em Rio do Sul em 1968, seguida de outras, num

    processo de mimese, nos anos seguintes. Sobre o tema, ver: Birkner, 2006.

    [8] Alguns autores chegam a argumentar que a criação das SDRs teve uma clara intenção de

    esvaziamento do papel assumido pelos FDRIs. Ver: Filippim e Abrucio, 2010.

    [9] Quando se menciona as secretarias centrais, faz-se referência às Secretarias de Estado da estrutura

    central de Governo, com sede em Florianópolis, a capital do Estado de SC, também chamadas de

    Secretarias Setoriais.

    [10] As informações oficiais, a estrutura organizacional e a localização das 36 Secretarias de

    Desenvolvimento Regional-SC, ver no

    endereço: http://www.sc.gov.br/conteudo/governo/paginas/index_secretariasregionais.htm.

    [11] Concertação social, entendida como o processo em que representantes das diferentes redes de poder

    socioterritorial, através de procedimentos voluntários de conciliação e mediação, assumem a prática da

    gestão territorial de forma descentralizada. É fundamental que seja através de processos de concertação

    social que a sociedade de uma determinada região organizada em suas redes de poder socioterritorial,

    democraticamente, se proponha construir consensos mínimos que representem as decisões acordadas

    naquele momento histórico, no que se refere à superação dos seus desafios (estratégias de

    desenvolvimento). Isso implica na participação cidadã dos diferentes atores sociais, econômicos e

    institucionais, como protagonistas do processo (Dallabrida, 2003; 2007).

    [12] Ver Dallabrida e Zimmermann, 2009.

    [13] Algumas obras que fazem análises críticas à experiência: Binotto, Ribeiro, Dallabrida e Siqueira,

    2010; Dallabrida, Büttenbender, Rover e Birkner, 2009; Filippin e Abrucio, 2010; Birkner, 2008; Theis,

    2009. Recentemente foi publicada uma obra que, em vários capítulos, analisa as experiências de

    descentralização do RS e SC, além da Argentina e Chile: Dallabrida, 2011.

    [14] Abordagem feita em: Dallabrida e Zimmermann, 2009 e Dallabrida, 2010b.

    [15] As frases transcritas entre aspas (“...”), nesta parte do texto, correspondem à síntese das falas dos

    entrevistados.

    [16] Trata-se de uma regionalização implantada durantes as últimas décadas pelo Ministério da Integração

    Nacional, definindo políticas de desenvolvimento específicas para regiões do país que estão em processo

    de estagnação econômica.

    [17] Além do Brasil, um dos países da América Latina que tem uma experiência histórica de

    descentralização é o Chile. No entanto, da mesma forma que nas experiências brasileiras, análises

    apontam várias limitações. Boisier (2010), é uma obra referência sobre o tema.

    [18] Ator político, aqui, refere-se aos que ocupam cargos no Poder Executivo e Legislativo, além das

    lideranças partidárias.

    http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref3http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref4http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref5http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref6http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref7http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref8http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref9http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref10http://www.sc.gov.br/conteudo/governo/paginas/index_secretariasregionais.htmhttp://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref11http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref12http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref13http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref14http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref15http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref16http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref17http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-428.htm#_ednref18

  • [19] Alguns estudos, ainda não publicados, demonstram que há uma certa tendência de, percentualmente,

    haver uma maior distribuição de recursos para as regiões mais interioranas.

    [20] As propostas de modificações, até esse ponto, são coincidentes com aspectos apontados por Birkner

    e Tomio, 2011 e Birkner, Tomio e Bazzanella, 2010.

    [21] Este tema já foi tratado, preliminarmente, em Dallabrida e Zimmermann, 2009. No entanto, em

    Zimmermann e Dallabrida, 2012, o tema é aprofundado, descrevendo questões conceituais, legais e

    organizativas sobre os Consórcios Intermunicipais de Desenvolvimento. As projeções indicativas feitas

    neste texto acompanham a linha de raciocínio defendido nas obras referidas.

    [22] Ver: Brasil, 2005 e Brasil, 2007.

    [23] Mesmo assim, considera-se necessário que sejam superados alguns de seus vícios na prática dos

    Coredes. Indicativos dos avanços necessários são apontados em obras recentes: Dallabrida e Büttenbender,

    2008; Dallabrida, 2009; Dallabrida, Büttenbender, Rover e Birkner, 2009.

    [24] Conf. Zimmermann e Dallabrida, 2012.

    [25] Conf. Zimmermann e Dallabrida, 2012.

    [26] Conf. Zimmermann e Dallabrida, 2012.

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