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De árbol caído a banco urbano

POR VALERIA SACCONE

De árbol caído a banco de diseño 100% ecológico. La idea llega de São Paulo, donde la semana pasada ha sido colocado el primer escaño de este tipo en el barrio residencial

de Pinheiros. Está tallado a mano y pesa siete toneladas.

«El proyecto de transformación de residuos urbanos de madera en mobiliario público

es del diseñador Hugo França, que desde hace 25 años se dedica a recuperar residuos

forestales, sobre todo de la Mata Atlántica. Actualmente, Hugo tiene 21 piezas en São

Paulo», explican en la Secretaría del Verde y del Medio Ambiente.

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Fruto de la colaboración entre varias secretarias municipales y este diseñador, el

programa prevé la instalación de hasta 32 piezas en 2015, con medidas variables de

dos a tres metros de largo y un peso medio de 150 kilos. «Pero existe la posibilidad de

ampliar la producción de bancos en función de la captación de recursos. No hay que

olvidar que cada año caen cerca de 2.000 árboles en São Paulo», cuenta la misma

fuente.

Estos árboles se desplomaron por las fuertes lluvias de este año. También hay otras

causas: podas inadecuadas, daños en el tronco y en la copa por el ataque de insectos

como las termitas, y de otros agentes agresivos como hongos y vegetaciones parásitas.

Concretamente, el árbol de Pinheiros fue abatido por un rayo.

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«El trabajo de recuperación y tallado fue llevado a cabo en el Parque Ibirapuera, el

lugar donde cayó. Allí, el diseñador y su equipo trabajaron paso a paso, desde la

concepción del producto hasta el trabajo con la motosierra, un proceso muy delicado y

minucioso, que da la primera forma a la madera. Después, viene el acabado: el árbol es

levemente pulido, lavado, lijado y recibe una mano de barniz», cuentan en la

Secretaría del Verde y del Medio Ambiente.

El proyecto pretende reaprovechar los residuos urbanos de madera a través de la

producción de piezas de uso colectivo y público. También introduce nuevas

posibilidades sustentables y estéticas en el mobiliario público de la ciudad. Hugo

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França utiliza técnicas desarrolladas por él y su equipo a lo largo de los últimos 20

años, en el intento de evitar que los residuos de madera acaben en los basureros de la

ciudad.

«Otro factor que merece ser destacado es la cuestión de la fijación del carbono. El

concepto consiste en la utilización de la madera en la construcción civil, la arquitectura

y el diseño, para que el carbono absorbido durante la vida del árbol no sea devuelto a

la atmósfera, a través de su descomposición», aclaran desde la misma Secretaría.

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La acción municipal también pretende ampliar la oferta de espacios de convivencia en

la ciudad y, al mismo tiempo, difundir conceptos ecológicos e artísticos, haciendo del

programa un instrumento de educación ambiental. «Sensibilizar al ciudadano sobre la

importancia del proceso de reciclaje es también uno de los objetivos del proyecto»,

destaca Wanderley Meira, secretario municipal del Verde y del Medio Ambiente.

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La acción municipal también pretende ampliar la oferta de espacios de convivencia en

la ciudad y, al mismo tiempo, difundir conceptos ecológicos e artísticos, haciendo del

programa un instrumento de educación ambiental. «Sensibilizar al ciudadano sobre la

importancia del proceso de reciclaje es también uno de los objetivos del proyecto»,

destaca Wanderley Meira, secretario municipal del Verde y del Medio Ambiente.

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Termina ocupação por criação de parque em São Paulo

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Seguranças particulares com cães e a PM vigiam terreno do Parque

Augusta

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Reintegração de posse de terreno aconteceu sem violência, no Parque

Augusta

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MP pode tomar medidas judiciais contra a Prefeitura de São Paulo e

construtoras na questão do Parque Augusta

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Mudanças climáticas foram determinantes para Guerra Civil na Síria, diz

estudo

Uma estiagem causada pelo aquecimento global estimulou a guerra civil na Síria, segundo um estudo publicado na segunda-feira (2).

Usando dados meteorológicos, pesquisadores da universidade da Califórnia descobriram que a estiagem ocorrida entre 2007 e 2010 não foi natural, mas relacionada ao aquecimento global causado pelo homem no último século.

Apesar de a região ser historicamente propensa a períodos de estiagem, Colin Kelley, líder da equipe de cientistas que organizou o estudo, afirma que "uma seca tão severa tornou-se duas ou três vezes mais provável" graças à mudança climática gerada pelos gases do efeito estufa.

Os autores do estudo admitem que a guerra civil na Síria foi causada por outros fatores, como corrupção e desigualdade social. Mas os pesquisadores consideram que a estiagem teve um "efeito catalisador" para o conflito, que já matou 200 mil pessoas no país.

Estudos anteriores revelam que a seca, aliada às políticas frágeis de distribuição de água na Síria, fez com que 1,5 milhão de pessoas saíssem do campo em direção às grandes cidades do país, por não terem o que plantar.

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O imenso fluxo migracional agravou a crise socioeconômica do país, que levou à revolução contra o presidente Bashar al-Assad, em 2011.

Essa não é a primeira vez que um estudo afirma que as mudanças climáticas estão relacionadas com conflitos armados.

No ano passado, a ONU alertou que as alterações no clima do planeta podem levar ao aumento de disputas por terras e recursos naturais. O Pentágono, também em 2014, afirmou as mudanças climáticas são um "multiplicador de ameaças", que podem aumentar a instabilidade política no mundo.

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A agricultura é vilã ou vítima na crise hídrica?

Professores criticam 'vilanização' da agricultura, mas dizem que ainda há desperdício

Enquanto cidades como São Paulo apertam o cinto para não ficar sem água em meio a uma crise sem precedentes e fazem esforços para reduzir o consumo hídrico, o uso na agricultura entra em debate. O setor gasta mais água do que deveria ou seu consumo é justificado pela produção de alimentos?

Cerca de 72% da água captada no país vai para a produção agrícola, o que está em linha com a média de 70% no mundo, segundo a ANA (Agência Nacional de Águas). Mas esse consumo envolve diversas variáveis e, segundo especialistas consultados pela BBC Brasil, ainda há desperdício significativo no setor e muito o que fazer para economizar água.

Os analistas concordam em uma coisa: o Brasil tem água o bastante para todos, mas precisa aprender a geri-la de forma mais eficiente e combater os desperdícios.

"Em locais onde falta água, podemos, no futuro, precisar optar por culturas agrícolas que consumam menos água. Isso faz parte de um planejamento maior. Mas o Brasil não pode passar por uma crise como a que temos agora, porque nós temos água", opina o pesquisador Lineu Rodrigues, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, ligada ao ministério da Agricultura).

Para Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da ONG SOS Mata Atlântica, a eficiência passa por criar uma relação mais "sustentável" entre o setor e os recursos

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hídricos. "Há setores que têm reduzido sua pegada hídrica. É preciso separar a agricultura que incorporou a sustentabilidade – muitas vezes porque depende disso para obter certificados internacionais que a permita exportar – da perversa, de muitas monoculturas (que exaurem os recursos do solo) e dos setores que usam muito veneno", opina.

A seguir, perguntas e respostas sobre algumas das principais questões envolvendo água e plantio. As opiniões díspares evidenciam as diferentes realidades do setor:

Como é o consumo de água na agricultura?

Especialistas do setor agrícola alegam que, na área rural, o consumo de água em geral não compete com o uso pelas pessoas.

Mas, para a SOS Mata Atlântica, muitas vezes o plantio concorre com o consumo humano, seja na captação ou em casos de poluição das fontes de água.

Agricultura de irrigação tende a crescer, e desafio é que isso não eleve o consumo de água

Segundo a ANA (Agência Nacional de Águas), a cobrança pela captação da água na agricultura varia conforme o tamanho do uso (pequenos produtores rurais costumam ser isentos) e o local de onde é retirado: em algumas bacias hidrográficas, há isenção de custos para os agricultores, o que estimula desperdícios; em outras, paga-se pela autorização de captação (a chamada outorga) ou por litro captado.

Em São Paulo, segundo o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), seis bacias hidrográficas - de um total de 22 - cobram pela utilização dos recursos hídricos: Paraíba do Sul; Piracicaba/Capivari/Jundiaí; Sorocaba/Médio Tietê; Baixada Santista; Baixo Tietê e Alto Tietê.

Lineu Rodrigues, da Embrapa, diz que o uso da água na agricultura tem uma diferença significativa com relação ao uso humano e ao industrial: a qualidade dos resíduos. "A

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água que volta para o rio depois do consumo humano tem qualidade horrível, é esgoto. Na agricultura bem-feita, ela volta limpa. Nossa análise de poços no Cerrado mostra isso. É injusto não levar isso em conta", diz.

Mas Ribeiro, da SOS Mata Atlântica, afirma que nem sempre é esse o caso: "Por causa dos defensivos agrícolas usados no Brasil, muitos deles proibidos no exterior, o produto final muitas vezes é uma água contaminada".

Há desperdícios? A agricultura está sendo forçada a economizar? Não há, na ANA ou no governo brasileiro, estatísticas oficiais sobre a extensão do desperdício da água na agricultura. A SOS Mata Atlântica diz que as perdas podem chegar a 70%; Rodrigues, da Embrapa, vê perdas menores, de 15% a 20%, na região onde trabalha.

Tampouco há, segundo a ANA, metas oficiais para economizar água no setor agrícola, mas produtores que não cumpram medidas de eficiência ou gastem água além do previsto podem, em tese, perder a outorga para captar recursos hídricos. A própria agência, no entanto, aponta que, na prática, isso não ocorre com frequência.

Os cinco especialistas consultados pela BBC Brasil concordam que o setor pode otimizar o uso hídrico, aprimorando a retenção de águas nas fazendas ou evitando desperdícios na irrigação.

Para Nelson Ananias Junior, assessor da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), falta regulamentação ao processo de retenção de água em propriedades agrícolas, o que facilitaria o armazenamento de águas em épocas de seca.

"Podemos plantar na seca (no Brasil), porque temos sol e solo", diz. "O limite é a água. Se ela for mais bem distribuída, produzimos mais."

Ananias diz que os produtores são incentivados a economizar água para economizar dinheiro, já que, quanto mais água os agricultores gastam, maiores são seus custos de energia - o custo para bombear água das fontes às plantações fica na conta dos produtores. Ainda assim, para a SOS Mata Atlântica, isso não pesa tanto no bolso do produtor: "A água e a energia são muito baratas".

A CNA e a ANA anunciaram, em abril passado, um Acordo de Cooperação Técnica para mapear e aprimorar a gestão de recursos hídricos no país, capacitar produtores rurais e criar estratégias para agir em áreas de potenciais conflitos envolvendo o uso da agricultura irrigada, mas o acordo ainda não teve desdobramentos práticos.

A agricultura está sendo afetada pela falta d’água?

Safras como as de feijão, em Goiás, e o milho, em Minas e São Paulo, perderam produtividade por conta da crise hídrica.

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Especialistas dizem que há água suficiente para todos, mas uma boa gestão é indispensável

Ananias, da CNA, explica que os produtores são diretamente impactados pela falta d’água porque a legislação brasileira determina que, em caso de seca, o uso prioritário é o humano, e não o agrícola.

Para Ribeiro, os mais prejudicados tendem a ser os produtores de pequeno porte. "Em Ibiúna (SP), por exemplo, pequenos agricultores de batata e hortaliça tinham toda sua documentação ambiental em dia, mas tiveram sua outorga suspensa (por causa da crise de abastecimento no estado)", diz a coordenadora da Rede das Águas da SOS Atlântica.

A irrigação é problema ou solução?

A irrigação ainda está presente em uma área relativamente pequena do total do plantio brasileiro, mas tende a crescer por ser bem mais eficiente e permitir que o produtor não dependa da chuva, explica Ivanildo Hespanhol, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica da Poli-USP.

Expandi-la, no entanto, significaria puxar mais água de fontes que, em alguns casos, podem competir com o uso humano.

Tarlei Arriel Botrel, professor da área de hidráulica da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), fala que a irrigação não pode ser vilanizada. "A irrigação é a transformação da água em alimento, e precisamos comer."

Ele e outros analistas concordam, porém, que há desperdício nessa área, como perdas por evaporação, pelo vento ou mesmo pelo excesso de água jogada nas plantas.

"Quando há displicência na irrigação, alguns lugares do plantio recebem mais água que os outros. Mas há métodos de irrigação de precisão, que diferenciam as plantas por

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seu tamanho e pela cultura. Com a escassez, está havendo uma mudança de mentalidade: é preciso saber quando e o quanto irrigar."

Que práticas podem evitar desperdícios?

Botrel afirma que tende a crescer a técnica de irrigação chamada de gotejamento (em que mangueiras direcionam gotas d’água às raízes das plantas), que, apesar de mais cara, economiza água.

Rodrigues, da Embrapa, afirma que simulações de irrigação (levando em conta regime de chuvas e necessidade das plantas) evitam que a água seja usada aleatoriamente.

Uso de esgoto semitratado pode ser alternativa em áreas próximas a centros urbanos

"Se o produtor não é orientado, ele irriga como der, mas, se fazemos simulações de longo prazo, conseguimos saber o quanto colocar de água em vez de jogar água à toa", diz o pesquisador.

Uma tecnologia importante, ainda que pouco usada, é a de sensores e drones, que ajudam a identificar o melhor momento para irrigar. E há, também, projetos para utilizar a água de esgoto semitratado para usos agrícolas.

Hespanhol, da USP, defende que estações simples de tratamento de esgoto, perto de grandes centros urbanos, forneçam água para pequenos produtores. Mas essa técnica tem um risco: se a água não for bem tratada, pode contaminar a plantação com parasitas.

"Em geral, temos feito pouco uso controlado de esgoto tratado (para fins agrícolas) e de forma não planejada", afirma Hespanhol. "Esse uso controlado consiste em tratamento da água, em técnicas de aplicação – de forma que o esgoto não atinja as partes comestíveis das plantas – e na proteção dos agricultores, que devem ter acesso à educação, vacinação e água potável para o consumo próprio."

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A pesquisa é outra frente na busca por eficiência: já existem, por exemplo, tipos de trigo que crescem com menos água. "O objetivo final é reduzir o uso da água sem perder produtividade", diz Rodrigues.

Em algumas regiões, os próprios agricultores apresentaram soluções para manter suas outorgas e evitar que seu uso concorra com o consumo humano. "Em Botucatu (SP), produtores começaram a irrigar suas plantações no final da tarde, para reduzir a evaporação, e pararam de usar defensivos agrícolas em uma faixa a 100m de distância do rio local, para evitar contaminação", diz Ribeiro, da SOS Mata Atlântica.