USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA...

69
i Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ MONICA HATSUE TOLEDO NASSU USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA REDUÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DA MICROCISTINA-LR Rio de Janeiro 2018

Transcript of USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA...

Page 1: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

i

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

MONICA HATSUE TOLEDO NASSU

USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA REDUÇÃO

DA CONCENTRAÇÃO DA MICROCISTINA-LR

Rio de Janeiro

2018

Page 2: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

ii

MONICA HATSUE TOLEDO NASSU

USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA REDUÇÃO

DA CONCENTRAÇÃO DA MICROCISTINA-LR

Orientação: Dra. Valéria Freitas de Magalhães

2018

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Biológicas (Biofisica),

Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de

Mestre em Ciências Biológicas (Biofísica).

Page 3: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

iii

FICHA CATALOGRÁFICA

NASSU, Monica Hatsue Toledo Uso do Sodis Na Desinfecção de Coliformes e na Redução da concentração da

Microcistina-LR

. / NASSU, Monica Hatsue Toledo. Rio de Janeiro: UFRJ/Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Biofísica), 2018 59 p.: il.; cm Orientadora: Valéria Freitas de Magalhães Dissertação (mestrado) – UFRJ, IBCCF, Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Biofísica), 2018. Referências: f. 1. Microcistina- LR. 2.Coliformes. 3.SODIS. 4. Desinfecção. 5. Exército Brasileiro. I. Magalhães, Valéria Freitas de. II. UFRJ, IBCCF, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (Biofísica). III Título

Page 4: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

iv

“USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA REDUÇÃO

DA CONCENTRAÇÃO DA MICROCISTINA-LR”

Monica Hatsue Toledo Nassu

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO VISANDO A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS

BIOLÓGICAS (BIOFÍSICA).

APROVADA POR:

RIO DE JANEIRO, 28 DE NOVEMBRO DE 2018.

________________________________________________________________

DRA. SILVANA ALLODI

(COORDENADORA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – BIOFÍSICA)

________________________________________________________________

DRA. . VALÉRIA FREITAS DE MAGALHÃES (DOUTOR – UFRJ) - ORIENTADOR

________________________________________________________________

DR JOÃO PAULO MACHADO TORRES (DOUTOR – UFRJ) - REVISOR

________________________________________________________________

DR. OLAF MALM (DOUTOR – UFRJ)

________________________________________________________________

DR.JEAN REMY DAVÉE GUIMARÃES (DOUTOR – UFRJ)

________________________________________________________________

DR.MARCELO MANZI MARINHO (DOUTOR – UERJ)

Page 5: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

v

Agradecimentos

Primeiramente agradeço aos meus antepassados e aos meus pais.

Agradeço à minha orientadora Professora Valéria Freitas de Magalhães por

todo apoio, amizade, sugestões e paciência para atender minhas solicitações.

Agradeço à Professora Sandra Maria Feliciano de Oliveira e Azevedo por

todos os ensinamentos transmitidos nos momentos de conversa.

Agradeço a todos os amigos do laboratório de Ecofisiologia e Toxicologia de

Cianobactérias pelo constante apoio e conversas agradáveis durante todo o projeto.

Agradeço a todos os amigos do Instituto de Biologia do Exército (IBEx) pelo

apoio nesta empreitada.

Agradeço ao Dr. Jose Bento Pereira Lima e a Dra Cynara de Melo

Rodovalho, da FioCruz, pela ajuda em momentos difíceis desta minha jornada.

Agradeço aos Professores integrantes da banca por aceitarem fazer parte

desta, contribuindo com seus ensinamentos e críticas positivas.

Agradeço a Professor João Paulo Machado Torres por aceitar ser o revisor.

Agradeço ao Professor Gilberto Weissmuller e ao Professor Olavo Amaral

pelo auxílio nas análises estatísticas.

Gratidão!

Page 6: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

vi

RESUMO

A qualidade de água utilizada para o consumo humano é uma preocupação mundial, pois

não só microrganismos patogênicos como também toxinas podem ser veiculadas por esse recurso

hídrico. Uma dessas toxinas é a microcistina, produzida por diversos gêneros de cianobactérias. Em

locais onde não se pode contar com o tratamento convencional de água existe a necessidade de uma

metodologia alternativa para o tratamento deste recurso hídrico, como por exemplo, o SODIS (Solar

Water Disinfection). A metodologia SODIS consiste de encher garrafas pets transparente com água

não tratada colocá-las a luz solar por 6 horas e deixá-las esfriar por uma noite. Após este período

esta água estará livre de patógenos e poderá ser consumida. Para melhorar esta técnica, podemos

acrescentar a água a ser tratada, aditivos. O presente estudo teve como objetivo avaliar se o SODIS

aditivado ou não com azul de metileno (AM) e peróxido de hidrogênio (H2O2), conseguiria reduzir a

concentração de microcistina-LR e inativar as cepas bacterianas, Escherichia coli (ATCC 25922) e

klebsiella pneumoniae (ATCC 13883). Os nossos resultados demonstraram que nenhuma das

concentrações testadas do AM, com o uso ou não da pastilha de cloro, exposta ou não a metodologia

SODIS, conseguiu degradar a microcistina-LR e a cor azul do corante permaneceu nas amostras, o

que dificultaria a utilização desta. Foi observado que a cepa de E. coli foi inativada com o uso da

metodologia SODIS,e com qualquer das concentrações de H2O2 testada, sendo o cloro usado ou não,

porém a cepa de K. pneumoniae só foi inativada quando a metodologia SODIS foi acrescida de 6 g/L

de H2O2, com o sem o uso da pastilha de cloro. Em relação à concentração de microcistina-LR, nos

experimentos com o SODIS aditivado com H2O2, foi observado que a concentração desta toxina

decresceu significativamente em relação ao controle, ficando estatisticamente igual entre todas as

concentrações testadas, e próximo ao limite máximo permitido pela Portaria de Consolidação nº 5

/2017 Ministério da Saúde. A concentração de clorofila-a diminuiu significativamente em todas as

amostras em relação ao controle, e com o uso SODIS, ficou abaixo do limite de detecção do método

em todas as amostras aditivadas ou não com H2O2. Os resultados deste estudo não são uma solução

final para a diminuição da concentração da microcistina-LR, na água para o consumo humano em

locais onde o tratamento convencional de água não existe, mas sim um estudo inicial, visando

conseguir reduzir a concentração desta cianotoxina, utilizando metodologias de fácil manuseio e mais

viável economicamente.

Palavras chave: Microcistina-LR, SODIS, Escherichia coli, klebsiella pneumoniae, peróxido de

hidrogênio, azul de metileno.

Page 7: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

vii

ABSTRACT

The quality of water used for human consumption is a worldwide concern, as not only

pathogenic microorganisms but also toxins can be carried by this water resource. One of these toxins

is microcystin, produced by several genera of cyanobacteria. In places where conventional water

treatment is not available, there is a need for an alternative methodology for the treatment of this water

resource, such as SODIS (Solar Water Disinfection). The SODIS methodology consists of filling

transparent pet bottles with untreated water put them in the sunlight for 6 hours and let them cool for

one night. After this period this water will be free of pathogens and may be consumed. To improve this

technique, we can add the water to be treated, additives. The objective of the present study was to

evaluate whether SODIS added or not with methylene blue (MB) and hydrogen peroxide (H2O2), could

reduce the concentration of microcystin-LR and inactivate two bacterial strains, Escherichia coli

(ATCC 25922) and Klebsiella pneumoniae (ATCC 13883). Our results demonstrated that none of the

tested concentrations of MB, with or without the use of the chlorine tablet, exposed the SODIS

methodology, were able to degrade the microcystin-LR and the blue color of the dye remained in the

samples, which would make it difficult to use people. It was observed that the E. coli strain was

inactivated using the SODIS methodology and with any of the H2O2 concentrations tested, whether

chlorine was used or not, but the K. pneumoniae strain was only inactivated when the SODIS

methodology was combined of 6 g/L of H2O2, with no use of the chlorine pellet. In relation to the

concentration of microcystin-LR, in the experiments with SODIS added with H2O2, it was observed that

the concentration of this toxin decreased significantly in relation to the control, being statistically equal

among all tested concentrations, and close to the maximum limit allowed by the consolidation number

5/2017 Ministry of Health of Brazil. The chlorophyll-a concentration decreased significantly in all

samples in relation to the control, and with SODIS use, this decrease was to below the limit of

detection of the method in all samples added or not with H2O2. The results of this study are not a final

solution for reducing the concentration of microcystin-LR in water for human consumption in places

where conventional water treatment does not exist, but rather an initial study aiming to reduce the

concentration of this cyanotoxin, using methodologies of easy handling and lower cost.

Key-words: Microcystin-LR, SODIS, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, hydrogen peroxide,

methylene blue.

Page 8: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

viii

Lista de figuras

Figura 1: Fotografias de diferentes gêneros de cianobactérias...............

14

Figura 2: Floração de cianobactérias nas águas das lagoas de

Jacarepaguá (Rio de Janeiro/RJ)..............................................................

15

Figura 3: Estrutura química da microcistina...............................................

17

Figura 4: Dinâmica da microcistina no meio aquático..............................

19

Figura 5: Método SODIS............................................................................

21

Figura 6: Modelo de uma bolsa para utilização com a metodologia

SODIS.........................................................................................................

24

Figura 7: Modelo de um reator solar para utilização com a metodologia

SODIS......................................................................................................... 25

Figura 8: Garrafões de vidro e balões com cultivo de Microcystis

aeruginosa em meio ASM-1.......................................................................

28

Figura 9: Experimento com azul de metileno.............................................

30

Figura 10: Experimento com peróxido de hidrogênio.................................

32

Figura 11: Concentração de microcistina nos dois tratamentos (escuro e

SODIS) sem aditivo (0) e com as diferentes concentrações de azul de

metileno....................................................................................................

37

Figura 12: Concentração de Microcistina nos dois tratamentos (SODIS e

escuro) sem aditivo (0) e com as diferentes concentrações de H2O2........ 40

Figura 13: Concentração de clorofila-a nos dois tratamentos (Escuro e

SODIS) sem aditivo (0) e com as diferentes concentrações de H2O2.......

41

Page 9: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

ix

Lista de tabelas

Tabela 1: Condições do experimento realizado com azul de metileno . 29

Tabela 2: Condições do experimento realizado com peróxido de

hidrogênio................................................................................................ 31

Tabela 3: Resultado do reagente Colilert® ............................................ 38

Page 10: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

x

Lista de quadros

Quadro 1: Temperatura do ambiente (º C) do dia do experimento com

azul de metileno.............................................................................. 35

Quadro 2: Intensidade luminosa (µmol s/1 m/2) do dia do

experimento com azul de metileno.................................................... 35

Quadro 3: Temperatura do ambiente (º C) do dia do experimento com

peróxido de hidrogênio....................................................................... 35

Quadro 4: Intensidade luminosa (µmol s/1 m/2) do dia do

experimento com peróxido de hidrogênio............................................ 35

Page 11: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

xi

Lista de abreviaturas

ADDA: 3-amino-9-metoxi-10-fenil-2,6,8-trimetil-deca-4,6-ácido dienoico

AM: Azul de Metileno

ANOVA: Análise de variância

DEHA: adipato de di-(2-etil-hexila)

DEHP: (ftalato de di-2-etilhexila)

D-MeAsp: ácido D-erythro-ß-metilaspártico

EB: Exército Brasileiro

ERO: Espécie reativa de oxigênio

ETA: estações de tratamento de água

H2O2: Peróxido de Hidrogênio

HWTS: Household water treatment and safe storage

IV: Infravermelho

LETC: Laboratório de Ecologia e Toxicologia de Cianobactérias

Mdha: N-metildeidroalanina

MS: Ministério da Saúde

OCDE: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

OMS: Organização Mundial de Saúde

PET: Polietileno Tereftalato

Sb2O3: óxido de antimônio

SODIS: Solar Water Disinfection

SPE: Solid-phase extraction (extração em fase sólida)

TiO2: Dióxido de titânio

UNICEF: Fundo das Nações Unidas para a Infância

UV: Ultravioleta

VMP: valor máximo permitido

WASH: Water, Sanitation, Hygiene

WHO: World Health Organization

Page 12: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

xii

Sumário

1. INTRODUÇÃO

1.1. Cianobactérias e Cianotoxinas ................................................................ 13

1.2. Desinfecção Solar (SODIS -Solar Water Disinfection)............................. 20

1.2.1. Efeito nos microrganismos........................................................ 20

1.2.2. Uso da garrafa PET................................................................... 22

1.2.3. Otimização na metodologia SODIS........................................... 24

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral.............................................................................. 27

2.2. Objetivos Específicos................................................................... 27

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Cultivo da Microcystis aeruginosas......................................................... 28

3.2. Cultivo de Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae............................... 28

3.3. Experimento SODIS

3.3.1. Azul de Metileno ....................................................................... 29

3.3.2. Peróxido de Hidrogênio............................................................. 30

3.4. Extração e pré-purificação de microcistina-LR......................................... 32

3.5. Quantificação da concentração da microcistina-LR ............................... 33

3.6. Análise estatística..................................................................................... 34

4. RESULTADOS............................................................................................. 35

5. DISCUSSÃO................................................................................................ 43

6. CONCLUSÃO.............................................................................................. 50

7. RECOMENDAÇÕES................................................................................... 50

8. REFERÊNCIAS .......................................................................................... 51

Anexo 01 - Temperatura do líquido de dentro da garrafa PET...................... 59

Anexo 02 - Bolsa para coleta de água - modelo THIO-BAG........................... 61

Anexo 03 - Protocolo de uso do Colilert® (IDDEX)......................................... 62

Anexo 04 - Bolsas THIO-BAG com amostras de água e reagente Colilert®.. 63

Anexo 05 - Simulação de uma situação de combate....................................... 64

Page 13: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

13

1. INTRODUÇÃO

1.1 Cianobactérias e Cianotoxinas

Um problema mundial é a qualidade de água consumida, pois se esta não é

tratada corretamente, pode trazer sérios riscos à saúde da população, seja pela

presença de substâncias tóxicas, seja pela presença de patógenos como por

exemplo, Giardia lamblia, Entamoeba histolytica, Salmonella typhi, Vibrio cholerae

ou de outros microrganismos que abundam na natureza.

Há muito que sabemos que existem vários microrganismos que produzem

toxinas, e um exemplo disso são as cianobactérias (WHO, 2011), seres procariontes,

fotoautotróficos, aeróbicos, que requerem água, dióxido de carbono, microelementos

e luz, para sobreviverem e se reproduzirem.

As cianobactérias estão entre as primeiras formas de vida a habitar o

Planeta Terra, com a sua origem estimada em cerca de 3,8 bilhões de anos. São

ainda os pioneiros na fotossíntese oxigênica (KULASOORIYA, 2011). O longo

processo evolutivo faz surgir algumas estratégias adaptativas eficientes, em face do

de estresse ambiental. Estes organismos habitam os mais diversos ecossistemas

como, por exemplo, em águas doces, salgadas, salobras, solos úmidos, fontes

termais, lagos frios, rochas nuas e também em corpos d'água poluídos, drenos e

lixões que são geralmente inóspitos para outros microrganismos (KULASOORIYA,

2011)

Também chamadas de cianofíceas ou algas verde-azuladas, possuem uma

ampla variabilidade morfológica, podendo ser unicelular como os gêneros

Aphanothece e Chroococcidiopsis (Figura 1.a), coloniais, como os gêneros

Gomphospheria e Microcystis (Figura 1.b) ou filamentosas como os gêneros

Dolichospermum (Figura 1.c), Cylindrospermopsis, Nostoc, Oscillatoria e

Planktothrix.

As florações de cianobactérias decorrem principalmente do aumento da

eutrofização dos ambientes aquáticos, por causa da grande quantidade de

nutrientes lançados nestes, especialmente nitrogênio e fósforo, cuja origem remonta

à agricultura e os esgotos não tratados no Brasil. Porém florações em ambiente

oligotróficos já foram descritas (NIMPTSCH et al., 2016)

Page 14: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

14

a. b. c.

Figura 1: Fotografias de diferentes gêneros de cianobactérias. a - Chroococcidiopsis sp. (http://ccala.butbn.cas.cz/en/chroococcidiopsis-cubana-komarek-et-hindak-3) (05/11/2018). b -

Microcystis sp. (https://alchetron.com/Microcystis-aeruginosa) (05/11/2018). c – Dolichospermum sp. (http://galerie.sinicearasy.cz/galerie/cyanobacteria/heterocytozni-heterocytous/dolichospermum?image_id=14656) (05/11/2018).

Este fenômeno é atualmente um problema mundial (O’NEIL et al., 2012), por

causarem efeitos adversos ao ambiente, tais como a depleção do oxigênio

dissolvido, o que impossibilita a sua utilização por outras formas de vida aquática,

além de fisicamente diminuir a quantidade de luz solar para as regiões mais

profundas da coluna de água.

Além disso, muitas das cianobactérias têm por característica a produção de

metabólitos secundários que geram odor e sabor desagradáveis na água e podem

produzir potentes toxinas, chamadas de cianotoxinas, que causam sérios riscos

ambientais e/ou sanitários.

Page 15: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

15

As florações tóxicas são uma ameaça para a saúde humana e ambiental

(Figura 2). Através do consumo de água contaminada ou do consumo de alimentos

proveniente deste corpo d’água contaminado, o homem pode estar exposto as

cianotoxinas. Por causa dessas toxinas, a Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE) considerou em 2005, as cianobactérias como

patógenos emergentes.

Figura 2 - Floração de cianobactérias nas águas das lagoas de Jacarepaguá (Rio de Janeiro/RJ) (Biólogo Mario Moscatelli). https://oglobo.globo.com/rio/poluidas-aguas-das-lagoas-de-jacarepagua-podem-provocar-doencas-em-banhistas-23129134 (05/10/2018)

As cianotoxinas podem ter efeito neurotóxico, hepatotóxico ou dermatotóxico

(TAKSER et al., 2016). Algumas dessas toxinas possuem efeito extremamente

rápido e podem levar à morte por parada respiratória pouco tempo após a ingestão.

Casos de animais como bois, cavalos e cães mortos após ingestão de água com

florações de cianobactérias são comuns na literatura e resultam do envenenamento

por cianotoxinas (CHORUS & BARTRAM, 1999; MEZ et al., 1997).

O primeiro caso confirmado de morte humana no mundo, ocorreu em

fevereiro de 1996 em uma clínica de hemodiálise na cidade de Caruaru, no Estado

Page 16: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

16

de Pernambuco, onde até dezembro de 1996, 60 dos 131 pacientes com

insuficiência renal vieram a óbito por insuficiência hepática aguda. Após análise foi

constatada a presença de microcistina e cilindrospermopsina no sistema de filtração

da água da clínica e havia microcistina no sangue dos pacientes (CARMICHAEL et

al., 2001; AZEVEDO et al., 2002).

Após este incidente começaram as preocupações com a qualidade da água

dos reservatórios em relação à presença de cianobactérias. O Ministério da Saúde,

através da Portaria n°1469 de 29/12/2000, inseriu as cinobactérias e cianotoxinas

nas normas de qualidade da água para consumo humano. Esta portaria foi

posteriormente sendo modificada para Nº 2.914 de 2011 (atualmente portaria de

consolidação nº 5/2017), que estabeleceu a obrigatoriedade do monitoramento de

cianobactérias e cianotoxinas nas estações de tratamento de água (ETA). Também

foi fixado o valor máximo permitido (VMP) para equivalentes de microcistina-LR em

1,0 μg/L e de 3,0 µg/L para as saxitoxinas. Além disso, esta portaria passou a proibir

o uso de algicidas nas ETAs, pois as cianotoxinas são liberadas, na maioria das

vezes, após a lise das células, por serem endotoxinas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1999 editou um ”Guideline”

específico para cianobactérias e cianotoxinas e também estabeleceu o valor máximo

de 1 μg/L de microcistina em água potável (SAGIR, 2009).

Existem diferentes tipos de cianotoxinas, como por exemplo, as nodularinas,

as anatoxinas, as cilindrospermopsinas, e as saxitoxinas, porém nesse trabalho foi

estudado somente a variante LR das microcistinas, por ser a mais frequente e a uma

das mais tóxica (CHORUS & BARTRAM, 1999).

Diferentes gêneros de cianobactérias como Microcystis, Planktothrix e

Anabaena, podem produzir microcistinas. Porém a produção desta toxina pode

variar entre as diferentes espécies e até mesmo entre indivíduos da mesma espécie

(WHO, 1998), e alguns fatores do meio ambiente, como a luz e a temperatura

também podem interferir na produção das cianotoxinas (CARNEIRO et al 2009;

2013).

As microcistinas são classificadas como heptapeptídeos monocíclicos e com

peso molecular variando entre 900 e 1100 Daltons. A denominação das diferentes

variantes é dada pelos seus dois L-aminoácidos variáveis da sua estrutura peptídica,

Page 17: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

17

exemplo a microcistina-LR é assim denominada por causa dos seus L-aminoácidos

leucina (L) e arginina (R).

A estrutura química da microcistina (Figura 3) tem na sua composição cinco

aminoácidos invariáveis, o D-alanina, o D-MeAsp (ácido D-erythro-ß-metilaspártico),

o ácido D-glutâmico, o Mdha (N-metildeidroalanina) e o Adda (ácido 3-amino-9-

metoxi-2,6,8-trimetil-10-fenildeca-4,6-dienóico), além de dois L-aminoácidos

variáveis. A microcistina-LR é a variante mais comum (CHORUS & BARTRAM,

1999), existindo mais de 100 variantes desta (PUDDICK et al., 2014).

Figura 3-. Estrutura química da microcistina: Posição (1) é D-alanina; (2) é L-Leucina; (3) é ácido D-eritro-p-metilaspartico; (4) é L-arginina; (5) é Adda; (6) é ácido D-glutâmico; e (7) é N-metildehidroalanina. (CHORUS e BARTRAM, 1999).

As microcistinas são peptídeos cíclicos não voláteis, hidrofílicas, muito

estáveis em água, o que dificulta a sua remoção através de processos

convencionais de tratamento de água, resistentes a foto-oxidação pela e a luz solar.

Essas características fazem com que uma cianotoxina como esta persista durante

muito tempo em corpos d’água naturais (TSUJI et al., 1994; 1995; 1997). Também

são estáveis à temperatura de até 300 °C (WANNEMACHER R.W., 1989) e sua

remoção por microfiltração não é eficaz. (GIJSBERTSEN-ABRAHAMSE et al., 2006

e DIXON et al., 2011)

Page 18: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

18

Apesar de os principais sintomas por intoxicação pela microcistinas serem

irritações da pele, reações alérgicas, gastrenterite e náuseas seguida de vômitos e

problemas respiratórios (STEWART et al., 2006), estas toxinas têm o fígado como o

primeiro órgão-alvo, por ser ativamente absorvida pelos hepatócitos sendo

classificada como uma hepatotoxina (SCHERER et al., 2017). Além de causar a

destruição das células hepáticas, que leva a uma hemorragia intra-hepática e é

causa de insuficiência deste órgão. O que pode afetar também o coração

(MILUTINOVIC et al.,2006), os rins (LOWE et al., 2012), os testículos e os ovários

(CHEN et al., 2016), dentre outros órgãos. O efeito desta toxina natural depende do

fator tempo e do fator concentração, ou seja, por quanto tempo o organismo ficou

exposto e a que concentração (CAMPOS & VASCONCELOS 2010).

Os mecanismos de ação da toxicidade da microcistina está relacionado a

inibição das proteínas fosfatases 1 e 2A (PP1 e PP2A) e causa uma perturbação do

equilíbrio da fosforilação celular. Este processo dinâmico de fosforilação/

desfosforilação é a via essencial para a regulação e integridade das proteínas. Os

efeitos de hiperfosforilação e de hepatotoxicidade são consequências desta inibição

(CAMPOS & VASCONCELOS, 2010).

As microcistinas são mutagênicas (SIEROSLAWSKA, 2013;WANG et al.,

2015) e induzem dano no DNA, assim podem ser carcinogênicas agindo não só

como promotoras, mas também como agentes iniciadores de tumores (CAMPOS &

VASCONCELOS, 2010).

As microcistinas bioacumulam em organismos aquáticos, como, por

exemplo, em Tilapia rendalli (MAGALHÃES; MORAES SOARES & AZEVEDO, 2001;

CHEN et al., 2016), rãs (PAPADIMITRIOU et al., 2012) e tartarugas (NASRI et al.,

2008) e são transferidas para níveis tróficos superiores. (Figura 4.)

Devido sua bioacumulação e o grande potencial tóxico das microcistinas,

vários autores se dedicam ao estudo de diferentes métodos de degradação destas

cianotoxinas, que podem ser usados em separado ou em associação com outras

metodologias, por exemplo: adição de oxidantes (PYO & YOO, 2010; FAN et al.,

2014), reação fóton-fenton (ZHONG et al., 2009), luz ultra violeta (UV) (HE et

al.,2012) e uso de dióxido de titânio (CORNISH; LAWTON; ROBERTSON, 2000;

FREITAS et al., 2013)

Page 19: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

19

Figura 4–Dinâmica da microcistina no meio aquático. Mostrando que as cianobactérias competem com outras algas do fitoplâncton como também com plantas aquáticas, e quando a microcistina é libertada neste meio prejudica não só os animais aquáticos, mesmo os do zooplâncton,como também podem ser acumular nestes e ser transferida para níveis tróficos superiores através da cadeia alimentar. Podendo chegar ao homem. (CHEN et al.,2016), modificado.

Alimentação

Competição

Bebendo

Page 20: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

20

A metodologia proposta neste trabalho já é conhecida mundialmente, porém

é normalmente usada para a desinfecção da água contaminada por patógenos - O

método SODIS.

1.2 Desinfecção Solar (SODIS -Solar (Water) Disinfection)

Este método de desinfecção de água foi descoberto pela primeira vez pelo

professor Aftim Acra na década de 80 (LUZI et al., 2016). Trata-se de uma

metodologia simples, de baixo custo e ecologicamente correta que tem a luz do sol

como agente desinfectante (LUZI et al., 2016). Basicamente o SODIS resume-se em

colocar a água em garrafas PET transparente, expostas à irradiação solar por seis

horas (Figura 5).

Tanto o programa Programa HWTS (Household Water Treatment and Safe

storage) da Organização Mundial da Saúde como o Programa WASH (Water,

Sanitation, Hygiene), da UNICEF sugerem o SODIS como um dos métodos de

desinfecção da água além da cloração, filtração e fervura da água (LUZI et al.,

2016).

1.2.1 Efeito nos microrganismos

Muitos trabalhos têm demonstrado a eficácia deste tratamento de água em

eliminar ou inativar diversos microrganismos patogênicos de veiculação hídrica,

como Shigella dysenteriae tipo I (KEHOE et al.,2004) e oocisto de Cryptosporidium

parvum (MENDEZ-HERMIDA et al., 2005; GÓMEZ-COUSO; FONTÁN-SAINZ &

ARES-MAZÁS, 2010). McGuigan et al.,(2006), demonstraram que estes oocistos e

os cistos de Giardia murisse tornaram não infecciosos após a exposição de 10 horas

ao método SODIS.

As bactérias entéricas como a Salmonella typhimurium e Shigella fleneri

(BOSSHARD et al.,2009) e Escherichia coli (BOSSHARD et al.,2010a; BOSSHARD

et al.,2010b) também são mortas quando expostas a esta metodologia. Heaselgrave

& Kilvington, (2012) demonstraram que o SODIS simulado em laboratório é eficaz

para a inativação dos vírus entéricos, poliovírus, vírus da hepatite A e

Coxsackievirus, todos de veiculação hídrica.

Page 21: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

21

Figura 5 – Método SODIS 1) Usar garrafas lavadas água limpa e detergente. 2) completar a garrafa com a água que vai ser tratada. 3) expor essas garrafas com água a luz solar por 6 horas (deitar as garrafas para uma maior área de superfície de exposição e se certificar que, durante este período elas não ficaram na sombra em momento algum) 4) deixa-las esfriar por uma noite. 5) após esse peíodo a água estará apta para consumo. Modificada. https://en.wikiversity.org/wiki/Drinking_water/ Solar_disinfection

As bactérias entéricas como a Salmonella typhimurium e Shigella fleneri

(BOSSHARD et al.,2009) e Escherichia coli (BOSSHARD et al.,2010a; BOSSHARD

et al.,2010b) também são mortas quando expostas a esta metodologia. Heaselgrave

& Kilvington, (2012) demonstraram que o SODIS simulado em laboratório é eficaz

para a inativação dos vírus entéricos, poliovírus, vírus da hepatite A e

Coxsackievirus, todos de veiculação hídrica.

O manual do SODIS 2016 relata que esta desinfecção solar acontece pelo

efeito sinérgico das radiações infravermelha (IV) e ultravioleta (UV). A radiação IV

aumenta a temperatura da água durante a exposição à luz solar provocando uma

inativação térmica de alguns organismos patogênicos, por exemplo, Vibrio cholera,

Shigella flexneri, Escherichia coli e Salmonela typhimurium (BERNEY et al.,2006) e

de oocistos de protozoários Cryptosporidium parvum (GOMES-COUSO et al.,2010).

Page 22: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

22

A luz solar é composta, não só pela luz visível, como também pela radiação

UVA (315-400 nm), UVB (280-351 nm), UVC (100-280 nm) e infravermelho, sendo a

radiação UVC totalmente absorvida pela camada de ozônio. E os raios UVA, por não

serem absorvidos pela camada de ozônio, têm maior incidência sobre o Planeta

Terra.

A radiação UVA age diretamente sobre os microrganismos, gerando

espécies reativas de oxigênio, que causam danos ao DNA, proteínas e lipídeos

(LEITÃO et al., 2005). Berney; Weilenmann & Egli (2006) demonstraram que este

comprimento de onda inativa rapidamente a síntese de ATP e confirmaram o efeito

letal do SODIS em E. coli.

1.2.2 Uso da garrafa PET

Rurr, (2015) relata que as garrafas PETs absorvem em torno de 14% da

radiação UVA e 75% da radiação UVB, demonstrando que a radiação UVA e a

radiação infravermelho são necessárias para que a metodologia SODIS

tenhaelimine os microrganismos.

Como esta metodologia recomenda a utilização de garrafa de polietileno

tereftalato (PET), surgiram dúvidas se a exposição deste material, a uma intensa

irradiação luminosa e ao aumento da temperatura poderia transferir para a água,

substâncias genotóxicas, proveniente do material do qual esta é feita, como por

exemplo: aldeídos, adipato de di-(2-etil hexila), ftalato de di-(2-etil-hexila) e antimônio

(Sb) e colocando em risco a saúde de quem consumisse esta água.

Schmid et al.,(2008) testaram dois plastificantes, que podem ser

encontrados quando ocorre a degradação de um polímero como a garrafa PET: o

DEHA adipato de di-(2-etil-hexila) e o DEHP (ftalato de di-2-etilhexila) e não

encontraram diferenças significativas da migração destes contaminantes das

embalagens para a água a ser consumida, quando as garrafas foram submetidas ao

SODIS, em comparação com as do grupo controle, mesmo que esta metodologia

seja usada por um longo período.

Um catalizador muito usado na fabricação das garrafas PET é o óxido de

antimônio (Sb2O3) e sua lixiviação para dentro do produto armazenado na PET

Page 23: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

23

poderia causar risco à saúde (ROMÃO; SPINACÉ & PAOLI, 2009). Porém,

Keresztes et al.,(2009) relataram que a lixiviação deste produto só tem aumento

significativo a uma temperatura maior que 50ºC e Bach et al., (2014) descreveram

que a migração de aldeídos e Antimônio (Sb) para água nas garrafas PET aumentou

somente após 10 dias de exposição a luz solar, o que não é preconizado pelo

método SODIS, e mesmo assim não excedeu os limites estabelecidos pelo

regulamento europeu nº 10/2011.

Contudo Evandri; Tucci & Bolle (2000) detectaram citogenicidade em raiz de

Allium cepa, ao utilizarem água tratada pelo método SODIS, para cultivá-las. Porém

os próprios autores sugerem cautela na extrapolação dos resultados obtidos com

seus experimentos para seres humanos ou outros seres vivos.

Ubomba-Jaswa; Fernández-Ibáñez & Mcguigan, (2010) realizaram teste de

AMES com a água das garrafas PET expostas conforme o sistema SODIS, para

avaliar se compostos genotóxicos poderiam migrar da garrafa PET para a água

contida nela. Os autores não observaram genotoxicidade na cepa de Samonella

typhimurium TA 100, em um grupo em que a água foi trocada diariamente e exposta

ao SODIS. Porém, foi verificada a genotoxicidade no outro grupo, em que a água foi

a mesma durante todo o experimento. Estes autores sugerem que os compostos

genotóxicos poderiam ser voláteis, o que acabariam sendo liberados para o ar no

momento da abertura da garrafa e com isso não apresentariam risco para o

consumo desta água.

Bach et al.,(2014), relataram que a garrafa PET pode sofrer envelhecimento

fotoquímico ao ser exposto ao sol, por ser um polímero que absorve luz solar na

faixa entre 300 e 330 nm, comprimento dentro da faixa da radiação ultravioleta A

(UVA). Em seus experimentos eles concluíram que a água tratada pelo método

SODIS não induz quaisquer atividades citogenotóxicos para as células HepG2, nem

mutagênicas nas cepas de Samonella typhimurium TA 98 e TA 100 o que corrobora

os estudos de Ubomba-Jaswa; Fernández-Ibáñez & McGuigan (2010). Também não

detectaram atividade estrogênica em células de linhagem humana HepG2 ou

antiandrogênica em células de linhagem humana MDA-MB453-kb2, nas suas

condições experimentais.

Page 24: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

24

1.2.3 Otimização na metodologia SODIS

Como todos os métodos, o SODIS também tem vantagens e desvantagens.

Como vantagens podemos citar, o baixo custo, fácil aplicabilidade e a alta eficácia

na eliminação de microrganismos patogênicos. Porém, como a técnica depende

exclusivamente da luz solar como fonte de energia, o tempo de tratamento alto, 6

horas de exposição direta à luz solar para que o tratamento seja eficaz, torna o

método não eficiente quando o dia está nublado ou chovendo (HAIDER et al., 2014).

Alguns autores, como por exemplo, Ubomba-Jaswa et al.,(2009), Fisher et

al., (2008) e KEANE, et al (2014) sugerem algumas modificações visando a melhoria

do método SODIS, no que se refere à inativação de microrganismos, tais como:

pintar o fundo das garrafas de preto, para ajudar no aumento da temperatura (Anexo

01), bem como o uso de bolsas de plástico (Figura 6) para um maior aproveitamento

da energia solar devido a camada plana de menor profundidade fazendo com que o

aquecimento desta água armazenada seja mais rápido (SOMMER et al., 1997) e o

uso de reatores ou refletores solares (Figura 7), que consegue desinfectar uma

maior quantidade de água, que as outras metodologias. O problema com as bolsas

são seus altos custos, valor médio de 25 dólares a unidade (https://

www.amazon.com/Puralytics-SolarBag-Water-Purifier-3-Litre/dp/B00OK5BDNE), e

com os refletores a sua disponibilidade no local.

Figura 6 – Modelo de bolsa para utilização com a metodologia SODIS (https://newatlas.com/sol-reservoirs-water-treatment/39063/)

Page 25: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

25

Figura 7 – Modelo de um reator solar para utilização com a metodologia SODIS https://ceramics.org/ceramic-tech-today/photocatalysis-for-clean-water-putting-sunshine-to-work-for-health-and-safety.

Outro tipo de otimização desta metodologia e a colocação, na água a ser

tratada, de aditivos como riboflavina, que já foi testada em vírus entéricos

Coxsackievirus B3, B5 e Poliovirus (ALOTAIBI & HEASELGRAVE, 2011) e em cistos

de Entamoeba, Giardia e Naegleria (HEASELGRAVE & KILVINGTON, 2011).

O aditivo dióxido de titânio (TiO2), cujo emprego na inativação de oocisto de

Cryptosporidium parvum se mostrou promissor (MENDEZ-HERMIDA et al., 2007).

O peróxido de hidrogênio (H2O2) que já foi usado na desinfecção de E.coli

(FISHER et al., 2008) e o azul de metileno na desinfecção de Staphylococcus

epidermidis, Deinococcus radiodurans, Escherichia coli e Salmonella typhimurium

(RURR, J. 2015).

Além da utilização de mais de um aditivo ao mesmo tempo, como por

exemplo, o percarbonato de sódio e ácido cítrico verificados na inativação de

Enterococcus e Colifago MS2 (FISHER; IRIARTE & NELSON, 2012). O uso de

Page 26: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

26

aditivos pode gerar uma maior eficiência na inativação de microrganismos, mesmo

em dias nublados.

O peróxido de hidrogênio (H2O2) é considerado, por alguns autores, um

algicida ecológico, devido sua composição simples com apenas átomos de oxigênio

e hidrogênio (LI, et al., 2016), decompondo-se em alguns dias (ZHOU et al., 2013) e

não deixando compostos secundários nocivos no meio ambiente (FAN et al., 2014).

Este produto foi testado, não só para inativação de patógenos, como

também para a degradação de microcistinas e para controle de florações.

Além da H2O2, o azul de metileno (AM) também é utilizado por ser solúvel

em água e inodoro. Este produto químico acelera a desinfecção por SODIS devido

sua ação fotodinâmica, ou seja, quando este corante absorve um determinado

comprimento de luz age como um catalisador gerando oxigênio singleto como

espécie reativa de oxigênio (EROs) (LEITÃO et al., 2005; RURR, 2015).

Possui uma toxicidade muito baixa e somente após uma ingestão de 2

mg/Kg é que começam a ocorrer sinais de toxidade em crianças (CLIFTON &

LEIKIN, 2003).

As desvantagens da aplicação do AM é que, apesar do baixo custo, em

muitos lugares é difícil a obtenção deste aditivo, além do problema em se remover o

azul de metileno da água antes do uso e de não se saber os seus efeitos a longo

prazo (FISHER et al., 2008).

Em virtude da necessidade do uso de recursos hídricos, não só para beber

como também na preparação da alimentação em locais sem acesso ao tratamento

convencional de água, por pesquisadores, missões humanitárias e pela própria

população local, existe a necessidade de achar um método eficaz, de baixo custo e

de fácil aplicação.

Page 27: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

27

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o método alternativo SODIS (Solar Water Disinfection) para

tratamento de água.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1) Investigar o efeito do método SODIS aditivado com azul de metileno (AM)

e cloro na diminuição da densidade de Microcystis aeruginosa e redução da

concentração de microcistina-LR

2) Verificar o efeito do método SODIS aditivado com H2O2 e cloro na

inativação de Escherichia coli e Klebsiella Pneumoniae, na diminuição da

densidade de Microcystis aeruginosa e redução da concentração de microcistina-

LR;

Page 28: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

28

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Cultivo da Microcystis aeruginosas

No presente estudo usamos uma cepa de cianobactéria do gênero

Microcystis aeruginosa (MIRS-4) produtora da cianotoxina microcistina-LR. Essa

cepa pertence ao banco de culturas do Laboratório de Ecologia e Toxicologia de

Cianobactérias (LETC) do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de

Janeiro.

Para ao cultivo de Microcystis aeruginosa foi utilizado o meio ASM-1

(GORHAM et al., 1964) com o ajuste do pH para 8,0. Esta cepa foi mantida em

balões de 4L com 3 litros de meio até serem transferidas para um garrafão de vidro

de 13 litros para serem posteriormente utilizadas. (Figura 8)

3.2 Cultivo de Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae

Para o cultivo de Escherichia coli (ATCC 25922) e Klebsiella pneumoniae

(ATCC 13883) foi usado o meio CLED (Plastlabor), e as cepas foram repicadas a

cada sete dias para mantê-las viáveis até o dia do experimento.

Figura 8 - Garrafões de vidro e balões com cultivo de Microcistis aeruginosa em meio ASM-1.

Page 29: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

29

3.3 Experimento SODIS

3.1.1 Azul de Metileno

Nas garrafas PET de Coca-Cola de 600 mL, reutilizadas e previamente

lavadas, foi colocado um inóculo inicial de 106cel/mL da cepa de Microcystis

aeruginosa, simulando uma floração densa.

Para determinar o seu inóculo inicial foi feito a contagem em microscópio

óptico (Olympus modelo BX51) utilizando uma câmera de contagem Fuchs-

Rosenthal.

Um volume de 250 mL desta floração simulada foi transferido para as

garrafas PET e acrescida do azul de metileno nas concentrações de 0,1 g/L, 0,2 g/L

e 0,4 g/L de azul de metileno (Merck).

As garrafas PET foram expostas diretamente ao sol, das 9 às 15 horas ou

ficaram no escuro, sem azul de metileno ou com as diferentes concentrações deste.

Após este período de 6 horas, permaneceram 15 horas em ambiente escuro,

perfazendo um total de 21 horas.

Após este período, as amostras foram separadas em dois grupos (Tabela 1).

Um sem adição da pastilha de cloro da marca Clor-in na proporção indicada (1

pastilha/L) e outro com adição desta, aguardando-se os 30 minutos recomendado

pelo fabricante (Acuapura).

Tabela 1 – Condições do experimento realizado com Azul de Metileno:

Tratamento sem pastilha de cloro Tratamento com pastilha de cloro

Floração simulada escuro Floração simulada escuro + Cl

Floração simulada + SODIS Floração simulada + SODIS + Cl

0,01 g A.M. escuro 0,01 g A.M. escuro + Cl

0,01 g A.M. + SODIS 0,01 g A.M. + SODIS + Cl

0,02 g A.M. escuro 0,02 g A.M. escuro + Cl

0,02 g A.M. escuro + SODIS 0,02 g A.M. escuro + SODIS + Cl

0,04 g A.M. escuro 0,04 g A.M. escuro + Cl

0,04 g A.M. + SODIS 0,04 g A.M. + SODIS + Cl

Page 30: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

30

Decorrendo este período, o volume total das amostras foi congelado em

freezer -20ºC até o momento da extração da microcistina-LR.

Todo o experimento foi realizado em triplicata, na Latitude (22º53’37.399”S)

e Longitude (43º14’29.468”W), sobre plástico de cor preta (Figura 9).

A temperatura local foi medida com o termômetro digital da marca Incoterm

e a intensidade luminosa, medida com o fotômetro LI-250A da marca Li Cor ®.

Figura 9- Experimento com azul de metileno

3.3.2 Peróxido de Hidrogênio

Nas garrafas PET transparente de 600 mL, reutilizadas e previamente

lavadas, foi colocado um inóculo inicial de 108cel/mL de Escherichia coli ATCC

25922 e Klebsiella pneumoniae ATCC 13883.

Para se obter este inóculo as colônias isoladas foram retiradas através de

uma alça plástica para inoculação estéril e descartável, inoculadas em 2,5 mL água

estéril e agitadas em um vortex. Para a determinação do inóculo inicial foi utilizada o

padrão 1 da escala de McFarland, o que nos dá aproximadamente 3 x 108 unidades

formadoras de colônias (UFC/mL) e esta turvação foi medida pelo densitômetro, do

fabricante Biomérieux.

Este volume, ao ser transferido para as garrafas PET experimentais, com

volume final de 250 mL, foi obtido uma concentração final de 106 cel/mL, dose

infectante de E. coli (FENG; WEAGANT. & JINNEMAN, 2017) e foi utilizada também

para K. pneumoniae uma vez que a dose infectante para esta bactéria em água é

desconhecida (HAZEN & TORANZOS, 1990)

Page 31: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

31

A cepa de Microcystis aeruginosa foi também inoculada com 106cel/mL e

para determinar o seu inóculo inicial foi feito a contagem em microscópio óptico

(Olympus modelo BX51) utilizando uma câmera de contagem Fuchs-Rosenthal.

As garrafas PET foram expostas diretamente ao sol, das 9 às 15 horas ou

ficaram no escuro, sem H2O2 ou com as diferentes concentrações de H2O2 (1,2 g/L, 6

g/L e 12 g/L ), em seguida todas as amostras permaneceram 15 horas em ambiente

escuro, perfazendo um total de 21 horas como no experimento anterior.

Após este período, as amostras foram separadas em dois grupos (Tabela 2),

como no experimento anterior um sem adição de cloro e outro com adição da

pastilha de cloro na proporção indicada (1 pastilha/L), aguardando-se os 30 min

recomendados pelo fabricante.

Tabela 2 – Condições do experimento realizado com peróxido de hidrogênio:

Tratamento sem pastilha de cloro Tratamento com pastilha de cloro

Floração simulada escuro Floração simulada escuro + Cl

Floração simulada + SODIS Floração simulada + SODIS + Cl

1,2 g/L H2O2 escuro 1,2 g/L H2O2 escuro + Cl

1,2 g/L H2O2 + SODIS 1,2 g/L H2O2 + SODIS + Cl

6 g/L H2O2 escuro 6 g/L H2O2 escuro + Cl

6 g/L H2O2 + SODIS 6 g/L H2O2 + SODIS + Cl

12 g/L H2O2 escuro 12 g/L H2O2 escuro + Cl

12 g/L H2O2 + SODIS 12 g/L H2O2 + SODIS + Cl

Decorrido este período, foi retirada uma alíquota de 1 mL para a

determinação de clorofila (μg/L) pelo fluorômetro Phyto-PAM (Heinz WalzGmbH),

equipado com a unidade de detecção PHYTO-EDF, este equipamento analisa a

fluorescência da amostra

Um volume de 100 mL de cada amostra, também foi retirado, e colocado em

sacos Thio-Bag® (Anexo 02) com o reagente Colilert® (Anexo 03) para análise das

bactérias, e incubados a 35°C±0.5°C por 24 horas (Anexo 04), seguindo a

recomendações do fabricante (IDEXX).

Page 32: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

32

O volume restante foi congelado em freezer a -20oC até o momento da

extração da microcistina-LR.

A temperatura local foi medida com o termômetro digital da marca Incoterm

e a intensidade luminosidade, medida com o fotômetro LI-250A da L marca Li Cor ®.

Todo o experimento foi realizado em triplicata, sobre plástico de cor preta

(Figura 10).

Figura 10 - Experimento com Peróxido de Hidrogênio.

3.4 Extração e pré-purificação de microcistina-LR

Todas as amostras experimentais e controle sofreram congelamento duas

vezes, para o total rompimento celular, e foram filtradas em filtros de 0,45 µm

(Schleicher & Schuell).

As amostras então foram pré-purificadas em cartucho de fase sólida (SPE)

strata-x33 (Phenomenex). Após ativação do cartucho com 10 mL de metanol 100% e

10 mL de água ultra pura (Milli-Q®), o volume total da amostra foi eluida e em

seguida lavado com 10 mL de água ultra pura (Milli-Q®), 10 mL de metanol a 20% e

finalmente as amostras foram eluídas com 40 mL de metanol 100%.

Esta última fração foi recolhida e colocada no evaporador de nitrogênio com

chapa aquecedora para evaporação total. Após completa secura, a amostra foi

ressuspensa em 1 mL de metanol 100% grau HPLC (reconstituição para

microcistina-LR), filtrada em filtro com membrana de nylon diâmetro de 13 mm de

diâmetro de poro 0,22 µm, Marca Analítica e acondicionada em tubos de 2 mL tipo

eppendorf no freezer -20 ºC até o momento da análise.

Page 33: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

33

2 Reagentes fornecidos pelo kit ELISA utilizado

3.5 Quantificação da concentração da microcistina-LR

A quantificação da concentração de microcistina-LR foi feita por ELISA,

utilizando o Kit do fabricante Beacon Analytical Systems Inc. (Estados Unidos),

segundo o protocolo do mesmo, o que foi feito da seguinte forma:.

Os reagentes do kit e as amostras firam estabilizados à temperatura

ambiente. A solução de lavagem2 foi preparada acrescentando 5 mL do concentrado

100X adicionado a 495 mL de água deionizada em um frasco com capacidade para

500 mL.

As tiras de poços foram retiradas da embalagem e colocadas no suporte de

microplacas apropriado e 50 µL de Conjugado Enzimático2 foram colocados em

cada poço, usando uma pipeta com ponteiras descartáveis. Após, foi acrescentado

50 µL dos Calibradores2, Controle Positivo2 e amostras nos seus respectivos poços

de ensaio. e 50 µL de Solução Anticorpo de Microcistina2, foi acrescentada em cada

poço, sendo a ponteira da pipeta trocada para cada elemento diferente que foi

pipetado.

A placa contendo as tiras foi agitada suavemente com movimentos para trás

e para frente por 30 segundos para homogeneizar a solução contida nos poços.

Após este procedimento, a placa foi incubada por 30 minutos à temperatura

ambiente.

Após a incubação, o conteúdo dos poços, foi desprezado, e os poços foram

lavados com a solução de lavagem2 por 5 vezes, após este procedimento, a placa foi

invertida sobre um papel absorvente, com a finalidade de se remover a maior

quantidade possível da solução de lavagem.

Após a lavagem, 100 µL de Substrato2 foram acrescidos em cada poço e a

placa, novamente agitada gentilmente por 30 segundos, incubada novamente por 30

minutos à temperatura ambiente.

Após este período 100 µL de Solução Stop2 foram colocados em cada poço

de teste, e a placa novamente agitada gentilmente por 30 segundos, para

Page 34: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

34

homogeneizar o conteúdo dos poços. Em seguida a análise foi realizada na leitora

de placas da marca Hydex a 450 nm.

3.6 Análise estatística

A análise estatística dos dados foi realizada por teste ANOVA três fatores

(escuro x SODIS; concentrações dos aditivos e presença e ausência da pastilha de

cloro), post-test Tukey, p < 0,01 e n = 3. O programa utilizado foi o graphpad Prism

7.

Page 35: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

35

4. RESULTADOS

Os dados da temperatura local, Latitude (22º53’37.399”S) e Longitude

(43º14’29.468”W), e da intensidade luminosidade nos dias dos experimentos com

azul de metileno estão demonstrados nos quadros 1, 2 e com peróxido de

hidrogênio nos quadros 3 e 4.

Quadro 1 – Temperatura do ambiente (º C) do dia do experimento com azul de

metileno.

9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h

25,7 26,5 30,3 37,0 36,4 36,0 35,3

Quadro 2 – Intensidade luminosa (µmol s/1 m/2) do dia do experimento com azul de

metileno.

9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h

1185,2 1218,9 1310,5 1762,2 1666,1 1429,8 1270,7

Quadro 3 – Temperatura do ambiente (º C) do dia do experimento com peróxido de

hidrogênio.

9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h

24,2 26,9 31,5 37,8 37 35,9 35,1

Quadro 4 – Intensidade luminosa (µmol s/1 m/2) do dia do experimento com

peróxido de hidrogênio.

9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h

914,7 1266,8 1270,7 1755,8 1690,8 1373,7 1241,3

Page 36: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

36

Os experimentos com o azul de metileno na degradação de microcistina-LR

no escuro e com a metodologia SODIS separadamente não tiveram diferença

significativa entre eles, o mesmo ocorrendo com o uso ou não da pastilha de cloro.

(Figura 11).

Os resultados obtidos com reagente Colilert® (Tabela 3) demonstraram que

ambas as cepas não foram inativadas nas amostras que não foram expostas a

metodologia SODIS, nem receberam H2O2, na presença ou na ausência da pastilha

de cloro.

A cepa de E.coli se mostrou mais sensível, pois, exposta ao SODIS

acrescida ou não da pastilha de cloro ou das diferentes concentrações de peróxido

de hidrogênio, esta bactéria foi inativada.

A cepa K. pneumoniae, mostrou um resultado diferente (Tabela 3). Esta

bactéria só foi inativada no escuro somente na concentração de 12 g/L H2O2

acrescida da pastilha de cloro, e quando exposta a luz solar a partir da concentração

de 6 g/L H2O2 com e sem a presença do cloro.

Page 37: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

37

0

0,0

1

0,0

2

0,0

4 0

0,0

1

0,0

2

0,0

4

0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 0

5 0 0

A z u l d e M e t ile n o

C o n c e n tra ç ã o d e A M (g /L )

Co

nc

en

tra

çã

o d

e m

icro

cis

tin

a-

LR

g/L

)

-C l

+ C l

E s c u ro S O D IS

aa

a

a

a

a

a

a

a

aa

a

a

a

a a

C

Figura 11 – Concentração de microcistina-LR nos dois tratamentos (Escuro e SODIS) sem aditivo (0) e com as diferentes concentrações de AM. As letras diferentes indicam diferenças significativas (ANOVA três fatores, Teste de Tukey, P<0,01, Os dados estão expressos em média e desvio padrão).

Page 38: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

38

Tabela 3 – Resultado do teste Colilert® .

K. pneumoniae E.coli

Amostras Amostra

Tratamento 1 2 3 1 2 3

Floração simulada escuro + + + + + +

Floração simulada escuro + Cl + + + + + +

Floração simulada SODIS + + + - - -

Floração simulada SODIS + Cl + + + - - -

1,2 g/L H2O2 escuro + + + - - -

1,2 g/L H2O2 escuro + Cl + + + - - -

1,2 g/L H2O2 SODIS + + + - - -

1,2 g/L H2O2SODIS + Cl + + + - - -

6 g/L H2O2 escuro + + + - - -

6 g/L H2O2 escuro + Cl + + + - - -

6 g/L H2O2 SODIS - - - - - -

6 g/L H2O2 SODIS + Cl - - - - - -

12 g/L H2O2 escuro + + + - - -

12 g/L H2O2 escuro + Cl - - - - - -

12 g/L H2O2 SODIS - - - - - -

12 g/L H2O2 SODIS + Cl - - - - - -

Legenda: (+) Presença da cepa bacteriana (-) Ausência da cepa bacteriana.

Page 39: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

39

A concentração de microcistina-LR decresceu significativamente em relação

ao controle em todos os experimentos aditivados com peróxido de hidrogênio.

Não foi verificada diferença significativa entre a concentração de

microcistina-LR dos controles no escuro, com ou sem adição de cloro e no SODIS

com e sem o cloro (Figura 12).

Ao se comparar somente os tratamentos de 1,2 g/L H2O2 das amostras que

ficaram no escuro, não existe diferença significativa da concentração de

microcistina-LR entre elas, e estas concentrações são iguais estatisticamente a

condição 6 g/L com o uso do cloro e os tratamentos realizados com as

concentrações do peróxido de hidrogênio acrescidos ou não da pastilha de cloro, na

metodologia SODIS (p < 0,01).

Na comparação dos tratamentos no escuro com H2O2 à 6 g/L, eles tiveram

uma diferença significativa entre si, sendo a condição sem cloro igual a condição 12

g/L (sem cloro) e a condição com cloro igual 1,2g/L (com cloro), como dito

anteriormente.

Em relação ao tratamento com 12 g/L de H2O2 não houve diferença

significativa entre as amostras que ficaram no escuro com ou sem o uso da pastilha

de cloro. A condição 12 g/L (sem cloro) ficou estatisticamente igual a concentração

de 6 g/L (sem cloro). Porém em relação aos outros tratamentos tiveram uma

diferença significativa (p<0,01).

Quando a metodologia SODIS foi aplicada, as amostras expostas ao sol e

sem o uso do peróxido de hidrogênio ficaram estatisticamente iguais ao controle no

escuro. Porém diferentes das amostras que receberam este aditivo (p< 0,01).

Todas as amostras acrescidas de H2O2 (com ou sem cloro) e expostas ao

SODIS ficaram estatisticamente iguais entre si e também em relação às amostras

1,2 g/L no escuro (com ou sem cloro), o mesmo ocorrendo para as amostras da

concentração 6g/L no escuro (com cloro).

A concentração de clorofila-a diminuiu significativamente em todas as

amostras em relação ao controle que ficou no escuro sem adição de cloro e H2O2

(Figura 13).

Page 40: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

40

01.2 6

12 0

1.2 6

12

0 .0

0 .2

0 .4

2

4

6

8

1 0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

P e ró x id o d e H id ro g ê n io

C o n c e n tra ç ã o d e H 2 O 2 (g /L )

Co

nc

en

tra

çã

o d

e

mic

ro

cis

tin

a-L

R (

µg

/L)

-C l

+ C l

E s c u ro S O D IS

a a

b

b

b

c

c

dd

a

a

b

b bb b

b

C

Figura 12 – Concentração de microcistina-LR nos dois tratamentos (Escuro e SODIS) sem aditivo (0) e com as diferentes concentrações de H2O2. As letras diferentes indicam diferenças significativas (ANOVA três fatores, Teste de Tukey, P<0,01, Os dados estão expressos em média e desvio padrão).

Page 41: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

41

01

,2 6 1

2 01

,2 6 1

2

0

5 0 0

1 0 0 0

1 5 0 0

2 0 0 0

C lo ro fila -a

C o n c e n tra ç ã o d e H 2 O 2 (g /L )

Co

nc

en

tra

çã

o d

e C

loro

fila

-a (

µg

/L)

-C l

+ C l

E s c u ro S O D IS

aa a a a a a a

E En d n d n d n d n d n d n d n d

a

b

bb

b

c

c

d d

C

Figura 13 – Concentração de clorofila nos dois tratamentos (Escuro e SODIS) sem aditivo (0) e com as diferentes concentrações de H2O2. As letras diferentes indicam diferenças significativas (ANOVA três fatores, Teste de Tukey, P<0,01, Os dados estão expressos em média e desvio padrão ).

nd- não detectado

Page 42: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

42

Em relação ao controle, as amostras que ficaram no escuro, aditivadas com

H2O2 e também naquela que foi acrescentada apenas o cloro, tiveram uma redução

na quantidade de clorofila (p< 0,01).

As amostras aditivadas apenas com cloro (escuro) ficaram estatisticamente

iguais a todas as outras que foram aditivadas de peróxido de hidrogênio (escuro) e

que foram igualmente acrescidas da pastilha de cloro, porém diferente das demais.

As concentrações de 1,2 g/L e 12 g/L (sem cloro) ficaram estatisticamente

iguais entre si , o mesmo ocorrendo quando foi acrescido o cloro. E as concentração

6 g/L e 12 g/L (sem cloro) ficaram diferentes das demais, porém estatisticamente

iguais entre si (p< 0,01).

Os tratamentos realizados com a metodologia SODIS, aditivados ou não

com peróxido de hidrogênio, não apresentaram diferença significativa entre eles.

Mas foi verificada uma diminuição na concentração de clorofila-a até o limite de

detecção do método.

Page 43: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

43

5. DISCUSSÃO

A qualidade da água a ser consumida é de vital importância para o ser

humano, pois patógenos e algumas toxinas, como as microcistinas, podem ser

difundidas pela água. Vários autores demonstraram em seus trabalhos a toxicidade

da microcistina (CHORUS & BARTRAM, 1999; PUDDICK et al., 2014; STEWART et

aL., 2006), e Zhou (2013) a descreve como uma promotora de tumor de fígado,

portanto a necessidade do tratamento da água.

Para uma tropa acampada ou mesmo em um estacionamento temporário, a

água para consumo é coletada diretamente de uma fonte local, muitas das vezes

sem nenhum tipo de tratamento e sem a possibilidade de tratá-la adequadamente,

assim, tem-se a necessidade de uma otimização do tratamento deste recurso hídrico

que seja simples, barato e de fácil emprego, como o SODIS (Anexo 05).

A metodologia SODIS pode ser otimizada com o uso de aditivos.

Encontramos na literatura algumas modificações visando a melhor eficiência deste

método, por exemplo, com a utilização do azul de metileno e do peróxido de

hidrogênio (H2O2), este ultimo considerado por alguns autores como ecologicamente

correto pois ao se decompor gera apenas átomos de H e O (LI, et al., 2016), e já foi

testado tanto na inativação de microrganismos patogênicos (FISHER et al.,2008),

como degradação de microcistina (CORNISH; LAWTON; ROBERTSON, 2000),

como dito anteriormente.

A literatura descreve o AM como um agente antimicrobiano, eficiente na

inativação de Staphylococcus aureus (ZOLFAGHARI et al., 2009) vírus da hepatite C

e o vírus HIV-1 (MÜLLER-BREITKREUTZ; MOHR, 1998) entre outros

microorganismos como E. coli, S. typhimurium, S. epidermidis e D. radiodurans

(RUSS, 2015), por ser um agente fotossensibilizador, capaz de intensificar a

produção de ERO.

Rurr (2015) conseguiu inativar as bactérias gram positivas (S. epidermidis e

D. radiodurans) em menos de 30 minutos, e as gram negativas (E.coli e S.

typhimurium) em 30 minutos utilizando concentrações de 100 e 200 ng/mL,

demonstrando com isso que o AM associado à metodologia SODIS é eficiente para

Page 44: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

44

eliminação de bactérias presentes na água, com redução do tempo de exposição

solar.

Partindo das concentrações de 100 e 200 ng/mL de azul de metileno, e

aumentando a concentração deste aditivo até as concentrações utilizadas neste

presente estudo, foi observado que, apesar do AM ser decomposto pela radiação

solar, passando do tom azulado característico, para o incolor (LIBERATTI et al.,

2014), não verificamos isso em nossos experimentos, pelo contrário a coloração azul

permaneceu. Isto tornaria esta água difícil de ser consumida pelas pessoas, devido

à rejeição por parte destes, uma vez que as características organolépticas da água

são as mais básicas para que haja o consumo da mesma.

Infelizmente não foi possível fazer a análise de clorofila-a neste experimento,

uma vez que a cor azul permaneceu inalterada e com isso não podemos definir se o

AM foi ou não capaz de romper as células, porém, mesmo que as células estejam

mortas, a quantificação da microcistina-LR de todos os tratamentos das três

concentrações de AM, com o uso ou não da pastilha de cloro, quando exposta a

metodologia SODIS ou não, não demonstraram nenhuma diferença significativa em

relação ao controle, ou seja, o AM não foi capaz de degradar a toxina (Figura 11). E

o SODIS sozinho não foi capaz de degradar esta toxina (CAREY, et al.,2011 ).

Como o azul de metileno não foi capaz de degradar a toxina, foi utilizado o

peróxido de hidrogênio (H2O2) como o aditivo a ser testado.

Com o peróxido de hidrogênio realizamos experimentos com as cepas de

Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae para avaliarmos se haveria inativação

destas empregando a metodologia SODIS, além da degradação da microcistina-LR.

Os resultados obtidos com reagente Colilert® (Tabela 3) demonstraram que

ambas as cepas que permaneceram no escuro não foram inativadas nas amostras

apenas com a pastilha de cloro, uma possibilidade para isto ter ocorrido é o fato de

estarmos utilizando floração simulada, e não água contaminada, é o meio de cultura

utilizado no cultivo de Microcystis aeruginosa ter garantido uma maior sobrevivência

das cepas pois é rico em nutrientes.

Page 45: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

45

Em relação aos experimentos realizados com o peróxido de hidrogênio, a

menor concentração de H2O2 no escuro com ou sem o uso do cloro foi suficiente

para inativar a cepa de E. Coli testada, porem não foi suficiente para inativar a cepa

da K. pneumoniae, esta inativação só foi conseguida na maior concentração de H2O2

utilizada e acrescida da pastilha de cloro.

Em relação inativação de E. coli, verificamos que a metodologia SODIS não

aditivada com H2O2, foi suficiente para completa eliminação deste patógeno,

corroborando o descrito por Berney et al.,(2006) enfatizando a necessidade da luz

UV para esta inativação (Tabela 3).

Resultados semelhantes foram descritos por Berney; Weilenmann & Egli,

(2006) que confirmaram o efeito letal do SODIS, ao expor células de E. coli, tanto

sob a luz solar quanto sob lâmpada com radiação UVA por 6 h. Bosshard; et al.,

(2010), também com experimentos utilizando lâmpadas UVA, demonstraram que a

capacidade de regeneração da célula de E. coli fica danificada mesmo após a

radiação ter cessado e Bosshard; et al., (2010) demonstraram que a lâmpada UVA

utilizada corresponderia a 2 h de luz solar natural, sendo isto o suficiente para

inativar esta bactéria.

Quando utilizamos o H2O2 como aditivo, em qualquer das concentrações

utilizadas, e o Cl como desinfectante, também verificamos uma inativação da E. coli.

FISHER et al., (2008) utilizando garrafas PET e luz solar, demonstraram que esta

cepa foi mais rapidamente inativada quando o SODIS foi aditivado com H2O2.

Apesar da OMS através do Guidelines for drinking-water quality, WHO,

(2011) aceitar mundialmente a E. coli com indicadora de contaminação da água por

poluição fecal e que a maioria dos trabalhos científicos utilizam este microrganismo

em seus experimentos, de sensibilidade bacteriana à irradiação UV artificial ou

natural, talvez esta cepa possa não ser o bioindicador mais adequado para os testes

de eficácia com esta metodologia (BERNEY; WEILENMANN & EGLI, 2006), uma

vez que, neste estudo demonstramos que a cepa K. pneumoniae, se mostrou mais

resistente (Tabela 3), sendo inativada na metodologia SODIS, com 6 g/L de peróxido

de hidrogênio com ou sem a utilização do Cl. Esta diferença de sobrevivência

também ocorre no meio ambiente (BURTON, GUNNISON & LANZAL, 1987).

Page 46: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

46

Em relação à degradação da microcistina-LR os controles no escuro com ou

sem cloro não demonstraram diferença significativa provando que a pastilha de cloro

comercial que foi usada, conforme a instrução do fabricante (1 mg/L, durante 30

minutos) não teve efeito sobre a degradação desta molécula.

Fan et al., (2014) usando cultura de M. aeruginosa, com concentração inicial

de 53 μg/L de MCs, verificaram um decréscimo na concentração desta molécula

para 4 μg/L após a adição de 5 mg/L de cloro por 30 min, uma concentração muito

acima da usada neste trabalho (1 mg/L) e não recomendada pelo fabricante.

Em relação ao uso de H2O2, Fan et al., (2014), demonstraram que com

concentrações de até 51 mg/L, 90% das células cultivadas de M. aeruginosa

(cepa338) perderam a integridade da membrana, ocorrendo uma degradação da

concentração inicial de microcistina total de 52 µg/L para 5 µg/L porém, com um

tempo maior de exposição (dois dias). No presente estudo conseguimos o mesmo

efeito de redução de microcistina-LR, porém, a concentração de H2O2 utilizada foi

muito maior (duas a três ordens de grandeza), a concentração inicial de MCs

também foi maior (partimos de 200 µg/L) e o tempo de exposição menor (6 h). He et

al., (2012), também relataram que a adição deste agente oxidante melhora a

eficiência de degradação de microcistinas e seu uso aconselhável, não só para

controlar cianobactérias, como também remover esta cianotoxina.

No tratamento realizado no escuro, em relação à concentração de 12 g/L

verificamos um nítido aumento da microcistina-LR em relação a duas outras

concentrações (figura 12), esta quantidade a mais pode ter inibido a degradação

desta toxina, pois alguns autores relatam que existe uma dose ótima de peróxido de

hidrogênio para remoção de microcistina-RR purificada, se esta dose fosse

ultrapassada, a H2O2 exibia um efeito inibitório.(LI, et al., 2009 e QIAO,et al., 2005)

Liu et al., (2017) relataram que nos experimentos que eles realizaram a

dosagem para eliminar colônias de Microcystis menores que 25 µm foi de 5 mg/L e

colônias maiores a dosagem foi de 20 mg/L de H2O2. Após o tratamento, as

concentrações extracelulares de MCs aumentaram enquanto a concentração de

MCs intracelulares diminuiram, principalmente em colônias maiores que 25 µm.

Sendo assim, as concentrações utilizadas foram capazes de matar as

cianobactérias, mas não foram suficientes para degradar as toxinas. Desta forma, os

Page 47: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

47

autores sugerem a utilização do peróxido de hidrogênio onde as florações estejam

no início, com a presença de colônias menores.

Huo et al., (2015) ao expor M. aeruginosa (105 células/mL) à concentrações

até 60 mg/L de H2O2 por 3,5 h, sob luz solar simulada, conseguiram romper ou

danificar 99% das células em todos os tratamentos. Porém, as concentrações de

MCs totais, após esta exposição, ainda eram de 77% da concentração inicial,. No

presente estudo observamos a degradação das MCs, para os limites preconizados

pela OMS, mesmo com a densidade celular 10 vezes maior do que a utilizada por

Huo e colaboradores (2015), mas cabe ressaltar que também foi utilizada uma

elevada concentração de H2O2.

Matthijs et al., (2012) demonstraram um colapso de 99% da população de

cianobactérias em poucos dias com a aplicação de 2 mg/L H2O2 em um lago, porém

só conseguiu degradação da microcistina após 2 dias. Eles também relataram

poucos impactos negativos nas espécies de fitoplâncton eucariótico, zooplâncton e

macrofauna, ou seja, as cianobactérias são mais sensíveis e uma menor

concentração de H2O2 poderia eliminá-las.

Para verificar a eficiência da luz solar na degradação de MCs, Tsuji et

al.,(1994) realizaram experimentos com esta cianotoxina dissolvida em água

destilada, porém esta se mostrou estável por um período de 26 dias. E Carey et al

(2011), ao realizar experimentos com garrafas PET sem nenhum tipo de aditivo, não

conseguiram degradar esta toxina. No presente trabalho, a utilização do método

SODIS, neste caso trabalhando com cultivo de M. aeruginosa, também não foi capaz

de degradar MCs sem a presença de um aditivo (Figura 12),

Em 2000, Cornish; Lawton; Robertson, verificaram que a degradação

fotocatalítica de uma solução aquosa de microcistina-LR, sob lâmpada UV e

concentrações de 0,01, 0,1 e 0,6 % (v/v) de H2O2, foi maior após a adição deste

aditivo, sendo também eficaz na remoção de microcistina-RR de fontes de água

potável (QIAO et al.,2005). Nossos experimentos corroboraram estes dados, porém

utilizando concentrações um pouco maiores de H2O2 e sob a metodologia SODIS.

A qualidade da luz UV também influencia na degradação de microcistinas (LI

et al.,2009; 2016). He et al., (2012) usando luz artificial UV-C junto com H2O2

Page 48: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

48

sugerem que uma combinação desta energia aliada a uma concentração acertada

de H2O2 representaria uma solução viável para a remoção de toxinas de algas da

água. Esta evidência foi corroborada por Freitas et al., (2013) que observaram a

eficiência na remoção da MC-LR com a utilização de luz artificial UV-C junto com

H2O2. Estes autores também sugeriram o uso da luz solar no lugar da radiação UV

artificial para reduzir os custos e por ser este um método ecologicamente correto.

Wang et al., (2015) relataram que o efeito de luz artificial UVC/H2O2 usados

concomitantes seria um método de controle de M. aeruginosa além da degradação

de microcistina. Além destes trabalhos, Zong; Sun & Sun, (2013) relatam que a

radiação de uma lâmpada de UV acrescida de H2O2 demonstrou ser eficiente na

degradação de 100 mg/L de microcistina-LR, porém vários subprodutos foram

formados com alguma toxidade biológica.

No presente trabalho, porém, não foi possível verificar se os prováveis

subprodutos existentes seriam tóxicos, mas é sempre importante ter em mente que

qualquer tratamento que se faça numa água para posterior consumo é necessário

verificar se houve a formação de subprodutos potencialmente tóxicos.

Em relação a clorofila-a, Zhou et al., (2013) em ensaios de bancada,

trataram culturas de Microcystis (106 células/mL) com 0,5 mM de H2O2 e após 96 h

de exposição demonstraram uma diminuição na concentração de desta, indicando a

morte celular. Liu et al.,(2017) usando concentrações de 5 e 20 mg/L de peróxido de

hidrogênio e partindo de uma concentração de 60 µg/L de clorofila-a conseguiram

uma redução significativa desta após 72 h, ressaltaram também que a quantidade de

H2O2 e o tamanho da colônia de Microcystis tiveram influencia no resultado.

Também verificamos em nossos experimentos uma diminuição significativa da

clorofila-a em relação ao controle após a adição de H2O2 em qualquer das três

concentrações testadas (Figura 13). Vale ressaltar que em nossos experimentos,

partimos de uma concentração bem maior de clorofila-a (1745,61 ug/L) e com isso,

maiores concentrações de H2O2 foram utilizadas para fazer esta degradação,

quando em experimentos sem a utilização de luz solar.

Qian et al.,(2010) em experimentos com cultura de M. aeruginosa tratada

com H2O2 (100µM) sob lâmpada UVA, com 72h de exposição demonstraram uma

Page 49: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

49

sobrecarga do sistema antioxidante, pelo aumento do nível de EROs, resultando na

morte desta cianobacteria, além da diminuição de maneira dose-dependente da

clorofila-a. sugerindo assim o uso deste químico para controlar florações de M.

aeruginosa.

No controle SODIS, sem a adição de qualquer aditivo, não foi detectada

clorofila-a (Figura 13), o que pode ter ocorrido foi a foto-oxidação da clorofila-a, mas

as células ainda estarem vivas, pois não foi observada a redução da microcistina-LR

(Figura 12). No entanto, em qualquer das concentrações de H2O2 utilizadas no

presente estudo, além de não ser detectada a clorofila-a, as MCs também ficaram

dentro do limite preconizado pela OMS, após as 6 horas de exposição ao sol.

Confirmando a morte celular da cepa de M. aeruginosa utilizada e a degradação das

MCs. Portanto, a junção do método SODIS com H2O2 mesmo na menor

concentração testada foi suficiente para que as células morressem e que esta

degradação ocorresse.

Nosso estudo segue uma linha diferente dos outros trabalhos, pois estamos

falando de remoção de Microcystis aeruginosa e microcistina-LR em água para

consumo humano e não da remoção desta no meio ambiente, onde a existência de

metais como o ferro e manganês em concentrações maiores que no meio de cultura

utilizado, faz com que o processo de degradação e rompimento celular seja diferente

daquela que ocorre na metodologia usada neste estudo (MATHIJS et al, 2012).

É importante colocar que a concentração de H2O2 usada no presente estudo

foi muito acima do proposto por outros, uma vez que utilizamos uma concentração

celular muito elevada, encontrada em florações muito densas. Além disso, sabe-se

que linhagens produtoras de MCs são mais tolerantes ao H2O2 do que os genótipos

não produtores (DZIALLAS & GROSSART, 2011), assim, os altos valores de

peróxido de hidrogênio foram utilizados para chegar a níveis aceitáveis de

concentração de microcistina dentro do aceitável pela OMS para consumo humano.

As microcistinas liberadas, após o uso de H2O2, são degradadas pelo meio

ambiente, um processo que pode levar dias até mesmo semanas, o que pode

causar um risco na utilização desta água (BARRINGTON, REICHWALDT &

GHADOUANI, 2013).

Page 50: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

50

6. CONCLUSÃO

- O AM não degradou a microcistina-LR e sua coloração azul repele o

consumo desta água pelas pessoas

- SODIS aditivado com 6 g/L de H2O2 com o uso da pastilha de cloro, foi o

melhor tratamento para eliminação dos bioindicadores e na degradação da

microcistina-LR.

- Nosso trabalho não é uma solução final para o problema de microcistina-

LR dissolvida em água para consumo humano, e sim um início do desenvolvimento

de uma metodologia pra garantir uma melhoria na degradação desta toxina na água

para consumo humano.

7. RECOMENDAÇÕES

- Verificar os subprodutos formados neste tratamento alternativo.

- Pesquisar se outras cepas bacterianas seriam inativadas pela mesma

metodologia.

- Investigar se cianobactérias e cianotoxinas, diferentes das avaliadas neste

estudo, teriam a mesma resposta com a mesma metodologia.

- Avaliar este tratamento alternativo usando produtos extraídos de plantas

como aditivo.

Page 51: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

51

7. REFERENCIAS

ALOTAIBI, M., A. e HEASELGRAVE, W.. Solar Disinfection of Water for Inactivation of Enteric Viruses and Its Enhancement by Riboflavin Food and Environmental Virology v. 3, n. 2, p. 70–73, 2011. AZEVEDO, S., M., F., O; CARMICHAEL, W., W.; JOCHIMSEN, E., M.; RINEHART, K., L.; LAU, S.; SHAW, G., R. e EAGLESHAM, G., K. Human Intoxication by Microcystins during Renal Dialysis Treatment in Caruaru—Brazil. Toxicology, p. 181–182, 2002 BACH, C.; XAVIER D.; SEVERIN, I.; MUNOZ, J.; ETIENNE, S. e CHAGNON, M. Effect of Sunlight Exposure on the Release of Intentionally and/or Non-Intentionally Added Substances from Polyethylene Terephthalate (PET) Bottles into Water: Chemical Analysis and in Vitro Toxicity. Food Chemistry, v. 162, p. 63–71, 2014. BARRINGTON, D., J.; REICHWALDT, E., S. e GHADOUANI, A. The Use of Hydrogen Peroxide to Remove Cyanobacteria and Microcystins from Waste Stabilization Ponds and Hypereutrophic Systems. Ecological Engineering, v. 50, p. 86–94, 2013. BERNEY, M.; WEILENMANN, H.-U.; SIMONETTI, A.; e EGLI, T. Efficacy of Solar Disinfection of Escherichia Coli, Shigella Flexneri, Salmonella Typhimurium and Vibrio Cholerae. Journal of Applied Microbiology, v. 101, n. 4, p.828–36, 2006. BERNEY, M.; WEILENMANN, HANS-ULRICH e EGLI, THOMAS. Flow-Cytometric Study of Vital Cellular Functions in Escherichia Coli during Solar Disinfection (SODIS). Microbiology, v. 152, n. 6, 1719–29, 2006. BOSSHARD, F.; BERNEY, M.; SCHEIFEL, MICHAEL, E.; WEILENMANN, H., U. e EGLI, T. Solar Disinfection (SODIS) and Subsequent Dark Storage of Salmonella Typhimurium and Shigella Flexneri Monitored by Flow Cytometry. Microbiology, v.155, n. 4, p. 1310–17,2009. BOSSHARD, F.; BUCHELI, M.; MEUR, Y. e EGLI, T. The Respiratory Chain Is the Cell’s Achilles’ Heel during UVA Inactivation in Escherichia Coli. Microbiology, v. 156, n. 7, p. 2006–15, 2010 BOSSHARD, F.; RIEDEL, K.; SCHNEIDER, T.; GEISER, C.; BUCHELI, M.; e EGLI, T. Protein Oxidation and Aggregation in UVA-Irradiated Escherichia Coli Cells as Signs of Accelerated Cellular Senescence. Environmental Microbiology, v. 12, n. 11, p. 2931–45, 2010. BRASIL. Portaria Normativa N º 1.416/MD, de 16 de outubro de 2008. Aprova a Ração Operacional de Combate ( R2 )e de Emergência ( R3 ).Boletim do Exército Nº 47/2008, Brasília, DF, 21 nov 2008. 2 ª parte, p. 7-22 BURTON, G., GUNNISON, D. & LANZAL, G. Survival of Pathogenic Bacteria in Various Freshwater Sediments. Applied and Environmental Microbiology, v. 53, n.

Page 52: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

52

4, p. 633-638, 1987. CAMPOS, A. e VASCONCELOS, V. Molecular Mechanisms of Microcystin Toxicity in Animal Cells. International Journal of Molecular Sciences v. 11, n. 1, p. 268–87, 2010. CAREY, J., M.; PEREZ, T., M.; ARSIAGA, E., G.; LOETSCHER, L., H. e BOYD, J., E. The photocatalytic enhancement of acrylic and PET solar water disinfection (SODIS) bottles. Water Sci Technol, v.63 n. 6 p. 1130-6, 2011 CARMICHAEL, W., W.; AZEVEDO, S., M., F., O. ; AN, J., S.; MOLICA, R., J., R.; JOCHIMSEN, E., M.; LAU, S.; RINEHART, K., L.; SHAW, G., R . e EAGLESHAM, G., K. Human Fatalities from Cyanobacteria: Chemical and Biological Evidence for Cyanotoxins. Environmental Health Perspectives v. 109, n. 7, p. 663–68, 2001. CARNEIRO, R.,L.; SANTOS, M.,E.,V; PACHECO, A.,B.,F e AZEVEDO, S.,M.,F.,O. Effects of light intensity and light quality on growth and circadian rhythm of saxitoxins production in Cylindrospermopsis raciborskii (Cyanobacteria). Journal of Plankton Research, v. 31, no 5, p.481–488, 2009. CARNEIRO, R.L.; PACHECO, A.B.F e AZEVEDO, S.M.F.O. Growth and Saxitoxin Production by Cylindrospermopsis raciborskii (Cyanobacteria) Correlate with Water Hardness. Mar. Drugs, 11, p.2949-2963, 2013. CHEN, L.;, CHEN, J.; ZHANG, X.; e XIE, P. A Review of Reproductive Toxicity of Microcystins. Journal of Hazardous Materials, v. 301, p. 381–99, 2016. CHORUS, I.; BARTRAM, J. e NASCIMENTO-JR, J. Toxic Cyanobacteria in Water. Cyanobacterial Harmful Algal Blooms: State of the Science and Research Needs. New York, NY: Springer New York, [1999]. 416 p. CLIFTON, J. e LEIKIN, J., B. Methylene Blue. Am J Ther, v. 10, n. 4, p. 289–91, 2003. CORNISH, B., J., P., A.; LAWTON, L., A. e ROBERTSON, P., K., J. Hydrogen Peroxide Enhanced Photocatalytic Oxidation of Microcystin-LR Using Titanium Dioxide. Applied Catalysis B: Environmental, v. 25, p. 59–67, 2000. DZIALLAS, C. e GROSSART, H. Increasing Oxygen Radicals and Water

Temperature Select for Toxic Microcystis Sp. PLoS ONE, v. 6, no 9, p. e25569, 2011.

EVANDRI, M.; TUCCI, P. e BOLLE, P. Toxicological Evaluation of Commercial Mineral Water Bottled in Polyethylene Terephthalate: A Cytogenetic Approach with Allium Cepa. Food Additives and Contaminants, v. 17, n. 12, p.1037–45, 2000. FAN, J. J.; HO, L.; HOBSON, P.; DALY, R. e BROOKES, J. Application of Various Oxidants for Cyanobacteria Control and Cyanotoxin Removal in Wastewater Treatment. Journal of Environmental Engineering 140, n. 7, p. 1–8, 2014. FENG,F.; WEAGANT, S.,D. e JONNEMEN, K. Bacteriological Analytical Manual

Page 53: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

53

Chapter 4 A Diarrheagenic Escherichia coli. FDA, 2017. FISHER, M., B.; IRIARTE, M. e NELSON, K., L. Solar Water Disinfection (SODIS) of Escherichia Coli, Enterococcus Spp., and MS2 Coliphage: Effects of Additives and Alternative Container Materials. Water Research 46, n. 6, p. 1745–54, 2012. FISHER, M., B.; KEENAN, C., R.; NELSON, K., L. e VOELKER, B., M. Speeding up Solar Disinfection (SODIS): Effects of Hydrogen Peroxide, Temperature, PH, and Copper plus Ascorbate on the Photoinactivation of E. Coli. Journal of Water and Health, v. 6, n. 1, p. 35–51, 2008. FREITAS, ADRIANE M. DE; SIRTORI, CARLA; LENZ, CESAR, A. e ZAMORA, PATRICIO, G., PERALTA. Microcystin-LR Degradation by Solar Photo-Fenton, UV-A/Photo-Fenton and UV-C/H2O2: A Comparative Study. Photochemical & Photobiological Sciences, v. 12, n. 4, p. 696–702, 2013. MAGALHÃES, V., F.; SOARES, R., M., e AZEVEDO, S., M., F., O. Microcystin Contamination in Fish from the Jacarepaguá Lagoon (Rio de Janeiro, Brazil): Ecological Implication and Human Health Risk. Toxicon v. 39, n. 7, p. 1077–85, 2001. GÓMEZ-COUSO, H.; FONTÁN-SAINZ, M. e ARES-MAZÁS, E. Thermal Contribution to the Inactivation of Cryptosporidium in Plastic Bottles during Solar Water Disinfection Procedures. Am. J. Trop. Med. Hyg v. 82, n. 1, 35–39, 2010. GORHAM, P., R.; MCLACHLAN, J.; HAMMER, U., T. e KIM, W., K. Isolation and Culture of Toxic Strains of Anabaena Flos-Aquae (Lyngb.) de Bréb. SIL Proceedings, 1922-2010, v. 15, n. 2, p. 796–804, 1964. HAIDER, H.; ALI, W.; HAYDAR, S.; TESFAMARIAM, S. e SADIQ, R. Modeling Exposure Period for Solar Disinfection (SODIS) under Varying Turbidity and Cloud Cover Conditions. Clean Technologies and Environmental Policy, v. 16, n. 5, p. 861–74, 2014. HAZEN, T.,C. e TORANZOS, G.,A. tropical source water. MCFETERS, G.,A.

Drinking Water Microbiology Progress and Recent Developments, 1ed, Nova York,

Springer-Verlag, 1990, Cap. 2, p. 32-53.

HE, X., PELAEZ, M.; WESTRICK, J., A.; SHEA, H.; KEVIN E., O., A.; TRIANTIS, T.; KALOUDIS, T.; STEFAN, M.; LA CRUZ, A. A. e DIONYSIOS D., D. Efficient Removal of Microcystin-LR by UV-C/H 2 O 2 in Synthetic and Natural Water Samples. Water Research, p. 46, p. 1501–10, 2012. HEASELGRAVE, W. e KILVINGTON, S. The Efficacy of Simulate d Solar Disinfection (SODIS) against Coxsackievirus, Poliovirus and Hepatitis A Virus. Journal of Water and Health, 10, n. 4, p. 531–38, 2012. HEASELGRAVE, W. e KILVINGTON, S. The Efficacy of Simulated Solar Disinfection (SODIS) against Ascaris, Giardia, Acanthamoeba, Naegleria, Entamoeba and Cryptosporidium. Acta Tropica, 119, n. 2–3, p. 138–43, 2011.

Page 54: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

54

HUO, X.; CHANG, D.; TSENG,J.; BURCH, M., D.; e LIN, T. Exposure of Microcystis Aeruginosa to Hydrogen Peroxide under Light: Kinetic Modeling of Cell Rupture and Simultaneous Microcystin Degradation. Environmental Science & Technology, v. 49, n. 9, p. 5502–10, 2015. HYAMS, K. C. HANSON; WIGNALL, K.; ESCAMILLA, F., S., e OLDFIELD, J., E., C. The impact of infectious diseases on the health of U. S. troops deployed to the Persian Gulf during operations desert shield and desert storm. Clinical Infectious Diseases, v. 20, n. 6, p. 1497-1504, 1995. KEHOE, S. C., BARER, M., R.; DEVLIN, L., O. e MCGUIGAN, K., G.Batch Process Solar Disinfection Is an Efficient Means of Disinfecting Drinking Water Contaminated with Shigella Dysenteriae Type I. Letters in Applied Microbiology, v. 38, n. 5, p. 410–14, 2004. KERESZTES, S.; TATÁR, E.; MIHUCZ, V., G.; VIRÁG, I.; MAJDIK, C. e ZÁRAY, G. Leaching of Antimony from Polyethylene Terephthalate (PET) Bottles into Mineral Water. Science of The Total Environment, 407, n. 16 (August 2009): 4731–35. KULASOORIYA, S A. Cyanobacteria: Pioneers of Planet Earth. Ceylon Journal of Science (Bio. Sci.), v. 40, n. 2, p. 71–88, 2011.

LEITÃO, A.C., LAGE, C., CABRAL-NETO, J., et al. Respostas celulares às lesões induzidas por agentes físicos e químicos. Radiobiologia e Fotobiologia, Apostila Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho - UFRJ, 2005. LI, L.;, GAO, N.; DENG, Y.; YAO, J.; ZHANG, K.; LI, H.; YIN, D.; OU, H. e GUO, J. Experimental and Model Comparisons of H 2 O 2 Assisted UV Photodegradation of Microcystin-LR in Simulated Drinking Water. J Zhejiang Univ Sci A v.10, n. 11, p.1660–69, 2009. LI, W.-Y., LIU, Y.; SUN, X.-L.; WANG, F.; QIAN, L.; XU, C. e ZHANG, J.-P. Photocatalytic Degradation of MC-LR in Water by the UV/TiO2/H2O2 Process. Water Science and Technology: Water Supply, v. 16, n. 1, p. 34–43, 2016. LIBERATTI, V. R.; AFONSO, R.; LUCILHA, A., C., N., O; SILVA, P., R., C. e DALL’ANTONIA, L., H. Methylene Blue Photocatalysis in the Presence of Bismuth Oxide under UV and Solar Light Irradiation, Semina: Ciências Exatas Tecnológicas,

v. 35, no 1, p. 55, 2014.

LIU, M.; SHI, X.; CHEN, C.; YU, L. e SUN, C.. Responses of Microcystis Colonies of Different Sizes to Hydrogen Peroxide Stress. Toxins, v. 9, n. 10, p. 306, 2017. LOWE, J.; SOUZA-MENEZES, J.; FREIRE D., S.;, MATTOS, L. J.; CASTIGLIONE, R., C.; BARBOSA, C., M., L.; SANTIAGO, L., et al. Single Sublethal Dose of Microcystin-LR Is Responsible for Different Alterations in Biochemical, Histological and Physiological Renal Parameters, Toxicon, v. 59, n. 6, p. 601-9, 2012. LUZI, S.; TOBLER, M.; SUTER, F.; MEIERHOFER, R.. SODIS manual. Dübendorf

Page 55: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

55

[s.n.], 2016. MCGUIGAN, K. G.; MENDEZ-HERMIDA, F.; CASTRO-HERMIDA, J. A.; ARE-MAZAS, E.; KEHOE, S. C.; BOYLE, M.; SICHEL, C. et al. Batch Solar Disinfection Inactivates Oocysts of Cryptosporidium Parvum and Cysts of Giardia Muris in Drinking Water. Journal of Applied Microbiology, v. 101, n. 2, p. 453–63, 2006 MENDEZ-HERMIDA, F.; CASTRO-HERMIDA, J. A.; ARE-MAZAS, E.; KEHOE, S. C.e MCGUIGAN, K., G. Effect of Batch-Process Solar Disinfection on Surivival of Crptosporiium Parvum Oocysts in Drinking Water. Applied and Environmental Microbiology, v. 71, n. 3, p. 1653–54, 2005. MENDEZ-HERMIDA, F.; ARE-MAZAS, E.; MCGUIGAN, K., G.; BOYLE, M.; SICHEL, C. e FERNÁNDEZ-IBANEZ, P. Disinfection of drinking water contaminated with Cryptosporidium parvum oocysts under natural sunlight and using the photocatalyst TiO2. Journal of Photochemistry and Photobiology B: Biology, v.88, n.2, p.105-111, 2007. MEZ, K.; BEATTIE, K.; CODD, G.; HANSELMANN, K.; HAUSER, B.; NAEGELI, H. e PREISIG, H. Identification of a Microcystin in Benthic Cyanobacteria Linked to Cattle Deaths on Alpine Pastures in Switzerland. European Journal of Phycology, v. 32, n. 2, p. 111–17, 1997. MILUTINOVIC, A; ZORC-PLESKOVIC, R; PETROVIC, D; ZORC, M e SUPUT, D. Microcystin-LR Induces Alterations in Heart Muscle. Folia Biologica, v. 52, n. 4, p. 116-8, 2006. MINISTÉRIO DA DEFESA, EXÉRCITO BRASILEIRO, COMANDO DE OPERAÇÕES TERRESTRES, EB70-MC-10.223, Manual de Campanha, Operações, 5a ed., 2017. MINISTÉRIO DA DEFESA, EXÉRCITO BRASILEIRO, ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO,. C 21-10, Higiene Militar e Saneamento em Campanha. 2a. ed., 1975. MINISTÉRIO DA DEFESA, EXÉRCITO BRASILEIRO, ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO, C 21-74, Manual de Campanha, Instrução Individual para o Combate, 2a. ed., 1986. MÜLLER-BREITKREUTZ, K., e MOHR, H. Hepatitis C and Human Immunodeficiency Virus RNA Degradation by Methylene Blue/Light Treatment of Human Plasma. Journal of Medical Virology, v. 56, n. 3, p. 239–45, 1998. NASRI, H.; HERRY, S. E. e BOUAÏCHA, N. First Reported Case of Turtle Deaths during a Toxic Microcystis Spp. Bloom in Lake Oubeira, Algeria. Ecotoxicology and Environmental Safety, v. 71, n. 2, p. 535–44, 2008. NIMPTSCH, J.; WOELFL, S.; OSORIO, S.; VALENZUELA, J.; MOREIRA, C.; RAMOS, V.; CASTELO-BRANCO, R.; LEÃO, P.,N. e VASCONCELOS, V. First record of toxins associated with cyanobacterial blooms in oligotrophic North Patagonian lakes of Chile—a genomic approach. International Review of Hydrobiology, v. 101, n. 1, p. 57–68, 2016.

Page 56: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

56

O’NEIL, J., M., DAVIS, T., W.; BURFORD, M., A. e GOBLER, C., J.The Rise of Harmful Cyanobacteria Blooms: The Potential Roles of Eutrophication and Climate Change. Harmful Algae, v. 14, p. 313–34, 2012. PUDDICK, J.; PRINSEP, M.; WOOD, S.; KAUFONONGA, S.; CARY, S. e HAMILTON, D. High Levels of Structural Diversity Observed in Microcystins from Microcystis CAWBG11 and Characterization of Six New Microcystin Congeners. Marine Drugs, v. 12, n. 11, p. 5372–95, 2014. PYO, D. e YOO, J. Degradation of Cyanobacterial Toxin, Microcystin LR, Using Chemical Oxidants. Journal of Immunoassay and Immunochemistry, v. 29, n. 3, p. 211–19, 2010. QIAN, H.; YU, S.; SUN, Z.; XIE, X.; LIU, W. e FU, Z. Effects of Copper Sulfate, Hydrogen Peroxide and N-Phenyl-2-Naphthylamine on Oxidative Stress and the Expression of Genes Involved Photosynthesis and Microcystin Disposition in Microcystis Aeruginosa. Aquatic Toxicology, v. 99, p. 405–12, 2010. QIAO, R., P,.; LI, N.; QI, X., H.; WANG, Q., S. e ZHUANG, Y., Y. Degradation of Microcystin-RR by UV Radiation in the Presence of Hydrogen Peroxide. Toxicon, v. 45, n. 6, p. 745–52, 2005. ROMÃO, W., SPINACÉ, M., A., S. e PAOLI, M. Poli (Tereftalato de Etileno), PET: Uma Revisão Sobre Os Processos de Síntese, Mecanismos de Degradação e Sua Reciclagem. Polímeros, v. 19, n. 2, p. 121–32, 2009. RURR, J., S., C. Descontaminação microbiológica de água: melhoramento da técnica de desinfecção solar (sodis) pela utilização do azul de metileno. (Mestrado em Pesquisa Biomédica) - Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015 SCHERER, P., I.; RAEDER, U.; GEIST, J. e ZWIRGLMAIER, K. Influence of Temperature, Mixing, and Addition of Microcystin-LR on Microcystin Gene Expression in Microcystis Aeruginosa. MicrobiologyOpen, v.6, n. 1, p. e00393 2017. SCHMID, P.; KOHLER, M.; MEIERHOFER, R.; LUZI, S. e WEGELIN, M. Does the Reuse of PET Bottles during Solar Water Disinfection Pose a Health Risk Due to the Migration of Plasticisers and Other Chemicals into the Water? Water Research, v. 42, n. 20, p. 5054–60, 2008. SIEROSLAWSKA, A. “Assessment of the Mutagenic Potential of Cyanobacterial Extracts and Pure Cyanotoxins.” Toxicon, v. 74, p. 76–82, 2013. SOMMER, B.; MARIÑO, A.; SOLARTE, Y.; SALAS, M., L.; DIEROLF, C., C; VALIENTE, C.; MORA, D.; REICHSTEINER, R.; SETTER, P; WIROJANAGUD., W.; AJARMEH, H.; AL-HASSAN., A. e WEGELIN., M. SODIS - AN EMERGING WATER Treatment Process. J. Water SRT – Aqua, v.46, n.3 p. 127-137,1997. STEWART, I.; WEBB, P. M.; SCHLUTER, P., J. e SHAW, G., R. Recreational and

Page 57: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

57

Occupational Field Exposure to Freshwater Cyanobacteria – a Review of Anecdotal and Case Reports, Epidemiological Studies and the Challenges for Epidemiologic Assessment. Environmental Health, v. 5, n. 1, 2006. TAKSER, L.; BENACHOUR, N.; HUSK, B.; CABANA, H. e GRIS, D. Cyanotoxins at Low Doses Induce Apoptosis and Inflammatory Effects in Murine Brain Cells: Potential Implications for Neurodegenerative Diseases. Toxicology Reports, v. 3, p. 180–89, 2016. TSUJI, K.; WATANUKI, T.; KONDO, F.; WATANABE, M., F.; SUZUKI, S.; NAKAZAWA, H.; SUZUKI, M.; UCHIDA, H. e HARADA, K. Stability of Microcystins from Cyanobacteria: Effect of Light on Decomposition and Isomerization. Environmental Science & Technology, v. 28, n. 1, p. 173–77, 1994. TSUJI, K.; WATANUKI, T.; KONDO, F.; WATANABE, M., F.; SUZUKI, S.; NAKAZAWA, H.; SUZUKI, M.; UCHIDA, H. e HARADA, K. Stability of Microcystins from Cyanobacteria—iv. Effect of Chlorination on Decomposition. Toxicon, v. 35, n. 7, p. 1033–41, 1997. TSUJI, K.; WATANUKI, T.; KONDO, F.; WATANABE, M., F.; SUZUKI, S.; NAKAZAWA, H.; SUZUKI, M.; UCHIDA, H. e HARADA, K. Stability of Microcystins from Cyanobacteria—II. Effect of UV Light on Decomposition and Isomerization. Toxicon, v. 33, n. 12, p. 1619–31, 1995. UBOMBA-JASWA, E.; CHRISTIAN N.; POLO-LÓPEZ, M., I.; FERNANDEZ-IBÁÑEZ, P. e MCGUIGAN, K., G. Solar Disinfection of Drinking Water (SODIS): An Investigation of the Effect of UV-A Dose on Inactivation Efficiency. Photochemical & Photobiological Sciences, v. 8, n. 5, p.587, 2009. UBOMBA-JASWA, E.; FERNÁNDEZ-IBÁÑEZ, P. e MCGUIGAN, K. G. A Preliminary Ames Fluctuation Assay Assessment of the Genotoxicity of Drinking Water That Has Been Solar Disinfected in Polyethylene Terephthalate (PET) Bottles. Journal of Water and Health, v. 8, n. 4, p. 712, 2010. WANG, B.; WANG, X.; HU, Y.; CHANG, M.; BI, Y. e HU, Z. The Combined Effects of UV-C Radiation and H2O2 on Microcystis Aeruginosa, a Bloom-Forming Cyanobacterium. Chemosphere, v. 141, p. 34–43, 2015. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Cyanobacterial toxins: Microcystin-LR in Drinking-water Background document for development of WHO Guidelines for Drinking-water Quality, 1998.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Guidelines for drinking-water quality, 4th edition, 2011. ZHONG, Y.; JIN, X.; QIAO, R.; QI, X. e ZHUANG, Y. Destruction of Microcystin-RR by Fenton Oxidation. Journal of Hazardous Materials, v. 167, p. 1114–18, 2009. ZHOU, S.; SHAO, Y.; GAO, N.; DENG, Y.; QIAO, J.; OU, H. e DENG, J. Effects of Different Algaecides on the Photosynthetic Capacity, Cell Integrity and Microcystin-LR Release of Microcystis Aeruginosa. Science of the Total Environment, The, v.

Page 58: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

58

463–464, p. 111–19, 2013. ZOLFAGHARI, P.,, S.; PACKER, S.; SINGER, M.; NAIR, S., P.; BENNETT, J.; STREET, C. e WILSON, M. In Vivo Killing of Staphylococcus Aureus Using a Light-Activated Antimicrobial Agent. BMC Microbiology, v. 9, n. 1, p. 27, 2009.

ZONG, W.; SUN, F.; PEI, H.; HU, W. e PEI, R. Microcystin-Associated Disinfection by-Products: The Real and Non-Negligible Risk to Drinking Water Subject to Chlorination. Chemical Engineering Journal, v. 279, p. 498–506, 2015. ZONG, W.; SUN, F. e SUN, X. Oxidation By-Products Formation of Microcystin-LR Exposed to UV/H 2 O 2 : Toward the Generative Mechanism and Biological Toxicity. Water Research, v. 47, p. 3211–19, 2013.

Page 59: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

59

Anexo 01 – Temperatura do líquido de dentro da garrafa PET.

Como a metodologia usada relata que um aumento da temperatura da água

de dentro da garrafa pet melhora a desinfecção, foram testados dois métodos para

elevar esta temperatura do líquido de dentro da garrafa.

Primeiramente pintamos o fundo e uma das laterais da garrafa PET com

tinta preta, e foram realizados alguns testes para saber se a tinta ficaria lá por tempo

suficiente para uso e reuso destes recipientes. O que não ocorreu, pois, ao ser posto

em prática esta técnica vi-se que a tinta por qualquer arranhão saia, o simples

colocar e tirar de dentro da mochila do combatente foi suficiente para que a tinta

saísse o que poderia acarretar em não alcançar o efeito desejado de aumento da

temperatura interna da garrafa. E pelo fato de que numa batalha poderia não existir

tinta preta para pintar a garrafa. Como esta tentativa não se mostrou prática para o

reuso das garrafas PET optou-se por outra metodologia, que foi a colocação de um

saco preto foi embaixo das garrafas.

Este método se mostrou mais eficiente, pois não tivemos os problemas com

a saída da tinta, nem com a posição em que as garrafas eram colocadas, e a

possibilidade de se conseguir algum objeto de cor preta num confronto era mais

plausível.

Para se verificar se esta metodologia aumentaria a temperatura do líquido

dentro da garrafa, foram colocadas três garrafas pet em cima de um saco plástico de

cor preta e três garrafas pet no chão de cimento. A temperatura da água de dentro

das garrafas foram medidas de hora em hora das 9h da manhã até as três horas da

tarde. Perfazendo as seis horas preconizadas no manual do SODIS (Figura AN01.1).

Page 60: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

60

Figura AN01.1 – Gráfico da temperatura do ambiente e das temperaturas da água dentro das garrafas

PET que estavam sobre o saco preto e as que não estavam.

9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h

Ambiente 25,7 26,5 33,1 38,1 38 37,8 37

Água acondicionada em garrafaPET sobre saco preto

23,7 24,7 38 45 53,1 54 54,8

Água acondicionada em garrafaPET sobre o solo

23,7 24,2 37,1 43,8 49,1 50 50

0

10

20

30

40

50

60

70

Temperaturas

Ambiente

Água acondicionada em garrafa PET sobre saco preto

Água acondicionada em garrafa PET sobre o solo

Page 61: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

61

Anexo 02 – Bolsa para coleta de água - modelo THIO-BAG.

AN02.1 - Bolsa modelo THIO-BAG com o comprimido de tiossulfato de sódio. É uma embalagem plástica fabricado com polietileno transparente, estéril. Possui em seu interior um comprimido de 10 mg de Tiossulfato de Sódio (Na2S2O3) que age sobre o cloro, se este estiver presente na amostra, neutralizando. Evitando, com isso, que este composto químico desfavoreça o crescimento de bactérias presentes na água, o que poderia gerar resultados falsos negativos.

Page 62: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

62

Anexo 03 – Protocolo de uso do Colilert® (IDDEX)

O teste é utilizado para detecção de coliformes totais e Escherichia coli em

águas, apresentando resultados em 24 horas e possui uma sensibilidade de

detecção de coliformes e E. coli até 1 organismo/100 mL. O teste utiliza dois

nutrientes indicadores, o o-nitrofenil-β- D-galactopiranosida (ONPG) que permite

quantificar coliformes totais, pois estas bactérias possuem a enzima β-galactosidase

que lhes dá a capacidade de metabolizar o ONPG, produzindo onitrofenol que e

altera a cor do meio de incolor para amarelo. E o 4-metil-umbeliferil-β-D-glucoronida

(MUG) que permitem quantificar E. coli, pois esta usa a enzima Beta-Glucoronidase

para metabolizar este indicador, e produzir fluorescência quando exposta a luz

ultravioleta.

Segundo o fabricante, a incidência de falso-positivos e falso-negativos é

baixa uma vez que a maioria dos não coliformes não possui as enzimas β-

galactosidase e Beta-Glucoronidase, e consequentemente não conseguem se

multiplicar neste meio de cultura e que a fórmula do Colilert® age seletivamente

sobre os outros, inibido o seu crescimento.

A leitura Positiva se dá quando há mudança de cor de incolor para amarelo,

confirmando a presença de coliformes totais, e se além de amarelo apresentar

fluorescência azul, sob a luz ultravioleta, indica a presença de Escherichia coli na

amostra.

Para fazer a análise da água é preciso somente colocar 100 mL da amostra

na bolsa THIO-BAG, despejar o conteúdo do reagente fornecido no kit e incubar a

35ºC por 24 hs.

Page 63: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

63

Anexo 04 – Bolsas THIO-BAG com amostras de água e reagente Colilert®.

Figura AN04.1 Sacos THIO-BAG com amostras de água e reagente Colilert®, após a incubação a 35º C por 24h. Ambos submetidos a luz ultravioleta (UV). Positivo para E. coli a esquerda (cor azul emitida quando colocada sobre luz UV) e positivo apenas para coliformes totais a direita (coloração amarela).

Page 64: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

64

1 Parte do teatro de guerra necessária à condução de operações militares de grande vulto, para o

cumprimento de determinada missão e para o conseqüente apoio logístico.

Anexo 05 – Simulação de uma situação de combate.

A guerra do golfo ocorrida entre agosto de 1990 e fevereiro de 1991,

patrocinada pela ONU, contou com o apoio de grandes potencias econômicas

mundiais, e mesmo assim tiveram problemas de logística para entrega de comida e

suprimentos de água.

A logística militar que deveria entregar a água acondicionadas em garrafas

PETs falhou e a solução encontrada pelas forças de ocupação, foi localizar fontes de

água., que são escassas nesta localização geográfica e as mantê-las fortemente

vigiadas, ou seja, perder homens na frente de batalha para algo, não considerado

como atividade militar, porém sem esta patrulha, perderiam seu suprimento deste

recurso hídrico. (HYAMS et al., 1995).

Como no exemplo acima, o Exército Brasileiro pode vir a atuar em situações

graves e excepcionais, como no caso de uma declaração de guerra, e este Teatro

de Operações1 poderia ocorrer em solo brasileiro.

Numa situação hipotética, em uma zona de combate modelar, teríamos o

Serviço de Intendência realizando a logística militar, como o transporte de pessoal e

de suprimentos (uniformes, equipamentos individuais, alimentação, etc.) seja por via

terrestre ou aérea e a Arma de Engenharia montando e mantendo postos de

suprimento de água (Figura AN05.1).

Estes postos são acoplados a um equipamento de purificação de água e

possuem dois tanques de pré-tratamento e um tanque de água tratada, porém

precisa ser desdobrado próximo a uma fonte de água natural para ser abastecido.

Após a água estar tratada o Serviço de Intendência fazer a distribuição desta para

as tropas em combate.

Esse cuidado com a água evita a incidência de doenças de veiculação

hídricas, que pode deixar muitos dos soldados enfermos, e combatentes doentes

perdem a sua capacidade operacional, por isso esta forte vigilância sobre a origem

da água quando uma tropa esta fora do seu quartel, principalmente num teatro de

guerra. (C 21-10- 1975).

Page 65: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

65

2 Lado ou prolongamento do espaço lateral de um dispositivo tático

3 Ação militar violenta, caracterizada pelo choque entre combatentes opostos, na qual são

empregadas armas de fogo de variados tipos, arma branca e, até mesmo, a luta corpo-a-corpo, que ocorre na fase de assalto a uma posição, visando destruir, capturar, repelir ou expulsar o inimigo.

Figura AN05.1 – Posto de suprimento de água do Exército Brasileiro. http://www.eb.mil.br/web/resiscom sex/cms /-/asset_publisher/ 5GOiNizkxh97/content/3-divisao-de-exercito-operacao-ibicui-tratamento-de-agua-na-area-de-operacoes

Uma guerra pode durar poucas semanas, ou se estender por vários anos, o

que torna o campo de batalha algo dinâmico e diversos desdobramentos podem

ocorrer, como por exemplo, uma manobra de flanco2 e se está não for bem sucedida

e ocasionar um combate aproximado3, todos ou muitos combatentes podem ser

mortos.

Se existirem sobreviventes deste ataque inimigo, estes vão ter a

necessidade de se reagruparem para sobrevier, o que muitas vezes ocorrem em

locais inóspitos e muito provavelmente não vão poder mais com o apoio operacional

logístico militar oferecido até então.

Page 66: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

66

4 Agrupamento de valor pelotão ou equivalente

5 Parada de uma tropa, em determinada região

Esta fração de tropa4 pode ter que montar um acampamento temporário

(mais de três dias) ou fazer um estacionamento5 temporário (de um a três dias) que

muitas vezes acontece em locais ermos, sem segurança física, sem recursos de

comida ou de água, e para sobreviver vão necessitar fazer uso dos meios de fortuna

existentes no local, para se protegerem e se abrigarem, além de utilizar os recursos

hídricos existentes por perto e sem um tratamento ideal para o suprimento seguro

desta água.

Nestes casos o manual C 21-74, no seu capítulo 5, Artigo I, item 5.3 letra d,

ao se referir à disciplina no consumo da água e sua obtenção e tratamento, cita que:

“água contaminada é uma das maiores ameaças para a saúde do homem em

campanha”.

Quando não se pode fazer uso da água tratada pela Arma de Engenharia,

este mesmo manual orienta que este recurso hídrico deve ser descontaminado com

as pastilhas individuais de purificação de água (Figura AN05.2), que vêm junto com

a ração operacional (Figura AN05.3) que o combatente carrega na sua mochila ou a

fervura desta por 15 minutos.

Figura AN05.2 – Pastilha de cloro para desinfecção da água usada pelo Exército Brasileiro. Item obrigatório na Ração Operacional de Combate (R2) e na Ração Operacional de Emergência (R3). Aprovadas pela Portaria Normativa n º 1.416/MD, de 16 de outubro de 2008.

Num cenário piorado deste teatro de operações, se a situação anteriormente

descrita ocorrer na área de caatinga, em uma época de estiagem prolongada onde a

Page 67: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

67

escassez deste recurso hídrico é fator crucial, e as operações logísticas militares

têm que se atentar para este importante problema. (EB70-MC-10.223 2017)

Figura AN05.3 – Ração Operacional de Combate (R2) do Exército Brasileiro, aprovada pela Portaria Normativa n º 1.416/MD, de 16 de outubro de 2008.

Se esta fração de tropa sobrevivente vier a sofrer uma perseguição, na

caatinga, apenas vai poder contar com sua mochila, seu armamento e pela situação

de movimento as alternativas de tratamento de a água precisão ser portátil (pastilha

de cloro e/ou um frasco de peróxido de hidrogênio) e um cantil acondicionado em

sua mochila ou outro vasilhame improvisado, como por exemplo, uma garrafa PET

que sobrou da ultima vez que recebeu alimentação pelo apoio logístico militar.

Neste cenário de guerra, a necessidade de conseguir algum lugar para

abastecimento de água se torna a condição de manter os soldados vivos.

Provavelmente só se conseguirá algum recurso hídrico de poças, cacimbas ou de

olhos d’água, ou seja, uma água sem tratamento (Figura AN05.4). Porém além de

patógenos existentes nesta água, florações tóxicas de cianobacterias podem estar

presentes nestes locais de captação, sendo as microcistinas as cianotoxinsa mais

presente nos corpos d’água brasileiros, muito provavelmente a água vai estar

contaminada por esta toxina.

Page 68: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

68

Como a pastilha de cloro, apesar deste ter sua eficácia comprovada em

relação à inativação de patógenos, não teve efeito sobre esta toxina, como ficou

demonstrado neste trabalho, e a metodologia SODIS aditivada de 6 g/L H2O2,

acrescida posteriormente da pastilha de cloro se mostrou o melhor método para a

inativação de patógenos e da diminuição da concentração de microcistina-LR e

como o SODIS precisa de luz solar para se eficaz, isto não seria empecilho neste

cenário de guerra na caatinga.

Figura AN05.4 – Foto de uma poça de água num leito seco de um rio. http://sitionovornemfoco.blogspot. com.br

Esta metodologia poderia dar ao combatente uma água livre de patógenos e

com uma concentração de microcistina-LR inferior ao que preconiza a portaria de

consolidação nº 5 / 2017 MS, desta forma preservaria sua saúde e sua capacidade

de combate até que ele conseguisse chegar a alguma base de operações ou se

resgatado.

Page 69: USO DO SODIS NA DESINFECÇÃO DE COLIFORMES E NA …letc.biof.ufrj.br/sites/default/files/publicacoes/Dissertação Mônica... · ii monica hatsue toledo nassu uso do sodis na desinfecÇÃo

69

O manual do Exercito Brasileiro C-21-74 (Instrução individual para o

combate) data de 1986, sem nenhuma modificação até os dias atuais, sobre o

tratamento de água pelo combatente, se limitando apenas ao tratamento dos

patógenos,com o uso da pastilha de cloro comercial ou a fervura da água , ambas as

técnicas utilizadas não degradam a microcistina-LR e que podem também causar

problemas de saúde no combatente. Porém para se propor uma revisão deste

manual, tem que se ter uma metodologia alternativa, senão para substituir a antiga,

ser acrescentada como outra solução possível.