7/26/2019 A Disciplina de Cultura Religiosa Na Puc Minas
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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE MINAS GERAISPrograma de Ps-Graduao em Cincias da Religio
Joelma Aparecida dos Santos Xavier
A DISCIPLINA DE CULTURA RELIGIOSA NA PUC MINAS: ASPECTOSFENOMENOLGICOS E TICOS COMO TPOSPRIVILEGIADO DO DILOGO
Belo Horizonte2013
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Joelma Aparecida dos Santos Xavier
A DISCIPLINA DE CULTURA RELIGIOSA NA PUC MINAS: ASPECTOS
FENOMENOLGICOS E TICOS COMO TPOSPRIVILEGIADO DO DILOGO
Dissertao apresentada ao Programa dePs-Graduao em Cincias da Religio daPontifcia Universidade Catlica de MinasGerais, como requisito parcial para
obteno do ttulo de Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Mrcio Antnio dePaiva
Belo Horizonte2013
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FICHA CATALOGRFICAElaborada pela Biblioteca da Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais
Xavier, Joelma Aparecida dos SantosX3d A disciplina de Cultura Religiosa na PUC Minas: aspectos fenomenolgicos
e ticos como tposprivilegiado do dilogo / Joelma Aparecida dos SantosXavier. Belo Horizonte, 2013.96f.
Orientador: Mrcio Antnio de PaivaDissertao (Mestrado)Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais.
Programa de Ps-Graduao em Cincias da Religio.
1. Ensino religioso Minas Gerais. 2. Ensino superior Aspectos religiosos.3. Fenomenologia. 4. tica. I. Paiva, Mrcio Antnio de. II. PontifciaUniversidade Catlica de Minas Gerais. Programa de Ps-Graduao em Cinciasda Religio. III. Ttulo.
CDU: 291
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Joelma Aparecida dos Santos Xavier
A DISCIPLINA DE CULTURA RELIGIOSA NA PUC MINAS: ASPECTOSFENOMENOLGICOS E TICOS COMO TPOSPRIVILEGIADO DO DILOGO
Dissertao apresentada ao Programa dePs-Graduao em Cincias da Religio daPontifcia Universidade Catlica de MinasGerais.
___________________________________________________Prof. Dr. Mrcio Antnio de Paiva (Orientador)PUC Minas
___________________________________________________Prof. Dr. Sergio Rogrio Azevedo JunqueiraPUC PR
___________________________________________________Prof. Dr. Carlos Frederico Barboza de SouzaPUC Minas
Belo Horizonte, 22 de maro de 2013
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar sempre em meu caminho iluminando meus passos, dando
fora para enfrentar os desafios da vida.
minha famlia, pelas oraes e pela torcida para que eu nunca desista dos
meus sonhos.
Ao meu esposo Anderson por me incentivar na continuao dos estudos e por
encurtar a distncia entre Ouro Preto e Belo Horizonte quando me levava de carro
para a PUC. Neste momento de agradecimento, peo a ele desculpas pelos
momentos que fiquei ausente, em passeios com amigos, momentos familiares,
dentre outros momentos importantes.
Ao meu orientador padre Mrcio, pelo carinho da leitura atenta desta
dissertao, pelo contato enriquecedor nos encontros e pelas palavras de conforto
quando precisava.
A todos os professores e funcionrios do Programa de Ps-Graduao em
Cincias da Religio, sobretudo a Dnia, pelo carinho e dedicao aos ps-
graduandos.
Aos professores Flvio Senra, Roberlei Panasiewicz, Antnio Cantarela e NilzaBernardes, que desde a graduao trocaram ideias, tiveram cuidado comigo no
apenas em sala de aula, mas nas conversas nos corredores, na troca de e-mail,
entusiasmando-me para o mestrado.
Aos meus amigos, especialmente os moradores de Belo Horizonte, que me
acolheram nas diversas vezes que precisei dormir em BH.
Agradeo a todos que direta ou indiretamente contriburam para a realizao
desta pesquisa.
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Esta pesquisa teve apoio da Coordenao de Aperfeioamento
de Pessoal de Nvel SuperiorCAPES
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RESUMO
Diante das vrias tendncias relevantes que pretendem esclarecer se possvel
uma relao entre Teologia e Cincias da Religio, intensificadas pelo desejo
pessoal de compreender o papel das disciplinas de Cultura Religiosa I e II na
formao pessoal, profissional e religiosa dos universitrios da PUC Minas, esta
dissertao tem por objetivo pesquisar, na histria da PUC Minas, a relevncia e o
papel dessa disciplina, rediscutindo conceitos fenomenolgicos e ticos que
propiciem o dilogo. Desse modo, as devidas respostas para a importncia ou no
da Cultura Religiosa encontram-se na leitura dos documentos da Igreja Catlica que
normatizam uma Universidade Catlica, na leitura dos documentos deparametrizao da Cultura Religiosa, bem como nas entrevistas a professores que
ministram as disciplinas. Nesse sentido, busca-se analisar como os temas
fenomenolgicos e ticos so trabalhados nos cursos, se so determinantes ou no
para uma plena formao do aluno pautada no dilogo.
Palavras-chave: Cultura Religiosa. Aspectos Fenomenolgicos. Aspectos ticos.Dilogo.
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ABSTRACT
Taking into consideration the new relevant tendencies that intend to clarify if it is
possible a connection between Theology and Religions Science intensified by
personal desire to understand the function of the subjects Cultura Religiosa I and II in
personal, vocational and religious education of PUC Minas students, this thesis aims
at the study of one of these tendencies in particular: research in PUC Minas history,
the Cultura Religiosa importance and its function, rediscussing phenomenologyc and
ethics concepts that lead us to the dialogue. The way to find the answers is in the
Catholics church documents reading that say how a Catholic University have to be.
The anwers can be found in Cultura Religiosa documents too as well as in theteachers interview. In that sense, this work intends to analyze how phenomenologyc
and ethics aspects have been worked in PUC Minas as a dialogue tpos.
Keywords: Cultura Religiosa. Phenomenologyc Aspects. Ethics Aspects. Dialogue.
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LISTA DE SIGLAS
ABESC - Associao Brasileira de Escolas Superiores Catlicas
ATA - Antropologia Teolgica
CCHSA - Centro de Cincias Humanas e Sociais Aplicadas
CNBB - Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil
CR - Cultura Religiosa
FDC - Fundao Dom Cabral
FUMARC - Fundao Mariana Resende Costa
PDI - Plano de Desenvolvimento Institucional
PUC MINAS - Pontifcia Universidade Catlica de Minas GeraisPUC PR - Pontifcia Universidade Catlica do Paran
SMC - Sociedade Mineira de Cultura
U.C - Universidade Catlica
UCMG - Universidade Catlica de Minas Gerais
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SUMRIO
1INTRODUO ......................................................................................................... 9
2 BASE HISTRICA E FUNDAMENTAO ECLESIAL .......................................... 13
2.1 Contexto social, cultural e religioso daPontifcia Universidade Catlica de Minas GeraisPUC Minas ........................ 25
3 CARACTERIZAO DA DISCIPLINA CULTURA RELIGIOSA NA PUC MINAS ... 34
3.1 Perfil dos docentes de Cultura Religiosa na PUC Minas .............................. 38
3.2 Cultura Religiosa: dispositivo institucionala multiplicidade de formas de
expresso em outras instituies catlicas ......................................................... 45
4 O DESVENDAR DA CULTURA RELIGIOSA....................................................... 51
4.1 Emergncia fenomenolgica ......................................................................... 53
4.2 Emergncia tica .......................................................................................... 58
4.3 Relevncia do dilogo ................................................................................... 66
5 HORIZONTES DE ARTICULAO ....................................................................... 75
5.1 O valor existencial da Cultura Religiosa..................................................... 77
5.2 A contribuio acadmica da Cultura Religiosa ............................................ 82
5.3 Cultura em dilogo na contemporaneidade:entre Teologia e Cincias da Religio ................................................................ 87
CONSIDERAES FINAIS ...................................................................................... 91
REFERNCIAS ......................................................................................................... 94
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1 INTRODUO
Do contato com a Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais, ao longo
de quatro anos de vida acadmica, a atrao pela histria dessa Universidade e a
curiosidade em saber o porqu da existncia de uma disciplina comum a todos os
cursos da Universidade me vieram por intermdio das disciplinas de Cultura
Religiosa I e II.
Neste sentido, foi fundamental estudar os fundamentos da disciplina Cultura
Religiosa, bem como mostrar a experincia, a linguagem, as categorias
fundamentaisde interpretao do fenmeno religioso, os desafios do dilogo inter-
religioso em uma sntese da histria da PUC Minas. Nosso foco neste trabalho :A
disciplina de Cultura Religiosa na PUC Minas: aspectos fenomenolgicos e ticos
como um tpos privilegiado do dilogo. um estudo sobre a legalizao da Cultura
Religiosa na PUC Minas e sua relao conflitiva como disciplina no interior da
Universidade, analisadas pelos dois aspectos: fenomenolgico, em que se prope a
descrio da experincia vivida da conscincia considerada no plano da
generalidade essencial, e tico, que reflete a respeito da essncia das normas,
valores e prescries presentes em qualquer realidade social. Aspectos que ocupamlugar importante em qualquer dilogo.
A procura da justificativa da existncia da Cultura Religiosa I e II em suas
respectivas ementas levou-me a situar, ainda que prematuramente, a preocupao
da Universidade com o dilogo f e cincia, com a formao qualificada e com o
testemunho cristo em meio ao mundo acadmico influncia da abertura
ecumnica e do esprito de dilogo alavancada desde o Conclio Vaticano II. Dessa
primeira impresso, nasceu o desejo de pesquisar mais profundamente sobre asdisciplinas, o que foi intensificado com a apresentao e anlise de pressupostos
tericos e ideolgicos dos docentes que lecionam a Cultura Religiosa. As ementas
de Cultura Religiosa I e II foram estudadas e professores foram questionados sobre
quais seriam os objetivos da disciplina Cultura Religiosa na Universidade, se os
contedos dessa disciplina so lecionados de maneira confessional, qual a
importncia da Cultura Religiosa, do ponto de vista dos professores, na formao
acadmica, na vida profissional e pessoal dos alunos.
A procura pela explicao sobre a existncia da Cultura Religiosa com
professores que ministram tal disciplina pretendeu fornecer informaes sobre a
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importncia ou no da Cultura Religiosa, a fim de responder se os planos de ensino,
as ementas e a prtica desses professores contemplam as aspiraes e as
necessidades da atual sociedade brasileira, no que diz respeito a essa disciplina,
conferindo-lhe statusde rea do conhecimento, garantindo a igualdade de acesso
aos conhecimentos religiosos. Alm disso, prope-se a discusso de at que ponto
a Cultura Religiosa contribui para manter a identidade de uma Universidade
Catlica.
As disciplinas de Cultura Religiosa I e II so obrigatrias em todos os cursos
de graduao da PUC Minas. A problematizao sobre o tema proposto partiu das
seguintes questes norteadoras:
Quais so os aspectos fenomenolgicos e ticos da Cultura Religiosa I e IIimportantes para o dilogo?
Com base em que o ensino dessas disciplinas ministrado?
Como os professores de Cultura Religiosa inserem a disciplina no
currculo em uma perspectiva de formao plena do cidado, no contexto
de uma sociedade cultural e religiosamente diversa, na qual todas as
crenas e expresses religiosas devem ser respeitadas?
Ser que os professores ratificam a importncia e a necessidade dedisponibilizar aos universitrios, no conjunto dos conhecimentos
acadmicos, contedos sobre a diversidade cultural religiosa, como uma
das formas de promover e exercitar a liberdade de concepes e a
construo da autonomia e da cidadania atravs do dilogo?
Nesse sentido, a primeira inteno foi fornecer dados sobre a disciplina em
questo, analis-la do ponto de vista de professores que ministram a disciplina,
consciente, no entanto, que a anlise da Cultura Religiosa seria um trabalhocomplexo e extenso para ser realizado em apenas dois anos de mestrado. Optou-se
ainda por delimitar o corpus da pesquisa a partir de professores e no de alunos,
tendo em vista que, caso fossem considerados os alunos, esse corpus seria muito
amplo.
Desse modo, considerando pertinente a escolha de professores para os
limites desta dissertao, a pesquisa limitou-se anlise da questo fundamental
sobre o estudo do fenmeno religioso em um estado laico, a partir de pressupostoscientficos, que visam a formao de cidados crticos e responsveis, capazes de
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discernir a dinmica dos fenmenos religiosos, que perpassam a vida em mbito
pessoal, local e mundial.
O objetivo geral desta pesquisa, portanto, foi analisar o papel da disciplina
Cultura Religiosa da PUC Minas, valorizando o estudo fenomenolgico e tico da
mesma, enfatizando as diversas expresses e crenas definidas como religiosas na
perspectiva do dilogo.
Para a seleo do corpus, a disponibilidade dos professores que atualmente
ministram a Cultura Religiosa em participar da pesquisa foi utilizada como critrio.
No houve o objetivo de definir rigorosamente quem participaria da pesquisa, se
homem ou mulher, telogo ou no, se professor em quais cursos da PUC Minas,
uma vez que apenas uma pequena parcela de professores se disps a participar dapesquisa. Procurou-se em geral deter-se nos dados desses professores que
participaram, cujas contribuies representam significativos dados relevantes.
Quanto anlise dos dados apresentados pelos professores e quanto
pesquisa terica, foram explorados os mecanismos que fazem compreender que as
diferentes crenas, grupos e tradies religiosas, bem como a ausncia delas, so
aspectos da realidade que devem ser socializados e abordados como dados
fenomenolgicos e ticos, capazes de contribuir para o dilogo, na interpretao ena fundamentao das aes humanas.
Assim considerando, esta dissertao subdivide-se em quatro captulos: o
primeiro captulo trata da base histrica de uma universidade e a sua
fundamentao eclesial, bem como o contexto social, cultural e religioso em que foi
criada a PUC Minas. Para a fundamentao eclesial, documentos como a
Constituio Apostlica Sapientia Christiana, a Declarao Gravissimum Educationis
e a Ex Corde Ecclesiae foram utilizados.O segundo trata dos aspectos histricos para entender a existncia da Cultura
Religiosa em uma Universidade Catlica. Em seguida, tem-se a caracterizao da
disciplina Cultura Religiosa, seus aspectos histricos, destacando a relevncia da
disciplina na histria atual da PUC Minas. Realizou-se um grupo focal e entrevistas
com professores e coordenadores para compreender elementos da importncia da
disciplina, bem como conhecer o perfil dos docentes de Cultura Religiosa. Duas
instituies, tambm catlicas, foram utilizadas para mostrar outras formas de
expresso da Cultura Religiosa: a PUC Campinas e a PUC Paran.
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O terceiro captulo trata de consideraes sobre a distino entre as vrias
perspectivas constitudas na Cultura Religiosa, quais trs foram escolhidas para
anlise: perspectiva fenomenolgica, perspectiva tica e perspectiva do dilogo.
Atravs da anlise dos documentos de parametrizao da Cultura Religiosa, espera-
se chegar contribuio da mesma para o respeito e dilogo entre as religies,
dando destaque para os autores que se realam por seu movimento de busca do
dilogo. A anlise se detm tanto no histrico e definio dessas trs perspectivas,
quanto no caminho pelo qual essas perspectivas se tornaram amplamente
produzidas na Cultura Religiosa. Dessa maneira, discorre-se sobre a aplicabilidade
da Cultura Religiosa na vida do aluno.
O quarto captulo concentra-se em alguns dos planos de ensino e ementasdas disciplinas de Cultura Religiosa I e II, escolhidos por amostragem, para
compreender como as disciplinas so trabalhadas. A partir disso, analisa-se a
abordagem comparativa que envolve os paradigmas da Teologia e das Cincias da
Religio. Com a compreenso de como a Cultura Religiosa constituiu sua
importncia existencial atualmente, sua contribuio acadmica, pretende-se
entender como professores trabalham com a Cultura Religiosa nos diversos cursos
da PUC Minas e influenciam ou no no imaginrio religioso dos universitrios. Essaetapa finalizada procurando apresentar a aproximao da Teologia e das Cincias
da Religio, a partir do horizonte do dilogo na contemporaneidade. Para tal, foram
escolhidos os planos de ensino dos cursos de Engenharia Mecnica, do curso de
Letras e do curso de Enfermagem. No final desse captulo, ainda h uma
apresentao, sucinta, do papel da Cultura Religiosa no debate: aspectos
fenomenolgicos e ticos como tposprivilegiado do dilogo.
Desse modo, esses captulos dialogam entre si a partir de uma anlise quebusca traar caractersticas comuns entre as perspectivas selecionadas, tentando
pontuar o que serve de modelo para se trabalhar com a Cultura Religiosa, o que
pode servir de motivao para futuros professores de Cultura Religiosa, no sentido
de oferecer uma reflexo sobre o dilogo inter-religioso e sua relao com a
contemporaneidade.
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2 BASE HISTRICA E FUNDAMENTAO ECLESIAL
Ter o ttulo de Universidade sugere adotar a histria, a variedade de modelos
que uma Universidade pode ter. A Universidade moderna tem como caracterstica
especial a relao com a sociedade industrial e a liberdade acadmica de pesquisa.
Uma Universidade deve ser uma comunidade de alunos e professores que
investigam a verdade, a transmitem, e tudo isso com a devida autonomia
administrativa e liberdade acadmica. Tem a misso de investigao, docncia e
projeo social.
A educao superior tem por finalidade: I estimular a criao cultural e odesenvolvimento do esprito cientfico e do pensamento reflexivo; [...] III.Incentivar o trabalho de pesquisa e investigao cientfica, visando odesenvolvimento da cincia e da tecnologia e da criao e difuso dacultura, e desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meioem que vive. (Ministrio da Educao, 1996).
A Universidade no uma instituio esttica e acabada. Est sujeita a
constante adaptabilidade para alcanar o melhor desempenho. Uma boa
Universidade deve preocupar-se, desde logo, com o estabelecimento das
caractersticas que a identificam como tal, adotando uma opo especfica para
determinado tipo de formao profissional a ser ministrada. Ao conceituar
Universidade, a ideia de universalidade no pode deixar de prescindir.
Universalidade na conceituao do ser humano, do conhecimento e de suas
conquistas.
Pensar a Universidade como lugar de formao tambm pens-la como
espao pblico. Ela no pode estar separada da sociedade se quiser desempenhar
seu papel. Em sua ao educativa, precisa inserir-se no mundo da cultura, a partir
de um tempo-espao da historicidade da humanidade, sempre estabelecida pelos
sujeitos que integram a sociedade. Cabe-lhe a responsabilidade de entender o
processo de formao humana, objetivando que o ser humano torne-se um ser tico,
responsvel, solidrio e participante das decises do seu grupo social. Considerar o
ser humano em suas dimenses poltica, social, econmica e espiritual o desafio
que deve estar presente no horizonte das Universidades, principalmente daquelas
que trazem a denominao de Catlicas ou de inspiraes crists.
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De acordo com o decreto 5.773/06, as instituies de educao superior
podem ser credenciadas como faculdades, centros universitrios e Universidades.
Originalmente so credenciadas como faculdades e, dependendo do funcionamento
regular com padro de qualidade, a faculdade pode vir a se tornar uma
Universidade. Depende tambm da organizao e das prerrogativas acadmicas.
As Universidades caracterizam-se pela indissociabilidade das atividades de
ensino, pesquisa e extenso. Alm disso, domnio do saber humano que se
caracteriza pela:
Iproduo intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemtico dostemas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista cientfico e
cultural, quanto regional e nacional; II um tero do corpo docente, pelomenos, com titulao acadmica de mestrado ou doutorado; III um terodo corpo docente em regime de tempo integral.
A identidade de uma Universidade constituda no cotidiano, procurando
estabelecer uma identidade prpria, mas que com certeza no satisfar a todos, pois
lida com aspectos contnuos do conhecimento, ou seja, a produo, sistematizao
e difuso do mesmo, que por sua vez ocorre de forma dinmica, em contnuo
movimento.
De acordo com Alberto Antoniazzi (1975), um estudante ou professor entra
em uma Universidade Catlica procurando um curso, um ttulo, um emprego, mas
depois toma conscincia de que no est em uma Universidade comum, que est
em uma Universidade Catlica.
Uma Universidade Catlica deveria contribuir para a volta ou entrada da Igreja
na cincia. Podem existir atitudes dogmticas tanto quanto cincia quanto
religio. Atitudes que querem expressar verdades absolutas e autoridade sobre o
outro para o exerccio do domnio. Seja da cincia ou da religio, preciso evitar a
desvalorizao ou descaracterizao da concepo que vem do outro, do que nos
diferente.
A primeira Universidade Catlica dotada de todas as Faculdades, inclusive a
de Teologia, foi a Universidade de Lovain (1834). Bispos belgas resolveram fundar
uma Universidade desvinculada do estado e escolheram Lovain, que j tinha sido
sede de uma Universidade. Essa Universidade tornou-se centro de pesquisa
cientfica de alto nvel e de elaborao de um pensamento teolgico, filosfico e
social, que tem influente relevncia no campo da tica social e da sociologia
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religiosa. A Universidade Catlica pressupe a secularizao do estado e a
laicizao da Universidade pblica.
De 1854 at 1858, houve uma tentativa de Jonh Henry Newman em fundar a
Universidade Catlica de Dublin, que mostrasse quais as exigncias de uma
verdadeira Universidade, mas a histria tomou outros rumos e a efetiva existncia
dessa Universidade nunca se concretizou. Pareceu mais um seminrio leigo para a
juventude.
Em Paris, em 1875, o arcebispo com o apoio de 28 bispos resolveu criar a
Universidade Catlica, que hoje leva o nome de Instituto Catlico de Paris. Em 1889,
consegue-se a fundao da Universidade de Friburgo, que conta com fundadores
leigos.Ainda em 1889, os Estados Unidos iniciaram a criao da Universidade
Catlica da Amrica, que a princpio parecia um seminrio avanado, com cursos
para eclesisticos apenas, e s aps a Primeira Guerra Mundial tomou a magnitude
de uma Universidade.
H ainda Universidades Catlicas abertas na China desde 1903, em Xangai,
e em Pequim desde 1924, e no Japo desde 1913. Mas as Universidades ditas
catolicssimas foram fundadas na Itlia e na Espanha. Em 1921, com a ajuda doEpiscopado e de leigos, fundou-se a Universidade Catlica de Milo. Em 1923, foi
fundada a Universidade Catlica de Nimega (Holanda), e em 1924 o reitor dessa
Universidade de Nimega, junto com os reitores de Lovain e o de Milo, criaram a
Federao Internacional das Universidades Catlicas.
As Universidades nos pases ocidentais evoluram de pequenos suplementos
da Igreja, para se constiturem na principal instituio para o processamento do
conhecimento do mundo moderno. As primeiras se consagravam ao ensino dasocupaes da rea de teologia, direito cannico, medicina e posteriormente pela
gramtica, retrica, lgica, geometria, aritmtica, msica e astronomia. Disciplinas
das artes liberais geralmente assumiam mais importncia que o ensino profissional,
o que levava ao desenvolvimento cultural e intelectual dentro das Universidades.
Lovain, Paris, Washington e Friburgo tinham a Faculdade de Teologia.
Possuam a presena prolongada de um primeiro fundador (ou reitor) cuja
personalidade marcava a prpria Instituio. Fenmenos como esses podem ser
explicados considerando que as Universidades Catlicas nasceram no meio de
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muitas divergncias. Divergncias estas que podem ser explicadas por trs
aspiraes fundamentais de acordo com Antoniazzi:
1a primeira a de ter, na U.C, uma instituio voltada, principalmente, paraa formao dos professores das escolas secundrias; , evidentemente, aaspirao mais limitada e ligada a uma situao particular, que predominounas primeiras tentativas de U.C; 2 a segunda aspirao a de demonstrarque os catlicos sabem fazer uma Universidade, e, sobretudo, uma cincia,to boa quanto a dos racionalistas ou dos positivistas; essa uma aspiraomais fecunda, pois obriga os catlicos a se entrosarem positivamente com acultura contempornea; porm, algo muito marcado pelo clima domomento, que perde seu interesse com a crise do positivismo e o plenoreingresso dos catlicos na vida cientfica, cultural e poltica; sobretudo, discutvel se a Universidade Catlica (em lugar, por ex., da presena doscatlicos nas Universidades pblicas) o meio eficaz para o objetivopretendido; 3a terceira aspirao a de formar uma elite capaz de atuar no
campo econmico, jurdico, social, poltico em suma, capaz de assumir aliderana da sociedade civil e a direo do estado dentro de umaperspectiva que aquela da doutrina social da Igreja. (1975, p. 53)
Entre tais aspiraes, nota-se ainda o desejo da U.C em contribuir para a
elaborao da cultura crist, que uma tendncia de desenvolver cultura
contempornea uma dimenso de abertura religio e ao sobrenatural, ou de obter
a considerao da no incompatibilidade, seno da harmonia entre cincia e
religio.Na contemporaneidade, a cincia como uma peneira que minimiza
influncias de origem pessoal dentro da prpria cincia ao exigir coerncia constante
com o mundo natural. O conhecimento cientfico est constantemente em
construo. Quanto religio, entende-se que todas as posturas devem ser
respeitadas a fim de evitar intolerncias pela concepo do outro sobre deuses ou
sobre a natureza. Pode-se falar em complementaridade entre cincia e religio.
Aquela trata de assuntos naturais, empricos, enquanto esta trata de problemasexistenciais.
Segundo Bertrand Russel (2010), a cincia uma tentativa de entender o
mundo de experincias atravs das leis inviolveis, e religio um fenmeno
complexo com uma crena sobre os supostos princpios definitivos. O dilogo
importantssimo para a construo do conhecimento do indivduo e da sociedade,
bem como imprescindvel para evitar conflitos entre pessoas.
Uma Universidade Catlica deve entender seu papel e se relacionar com os
assuntos que lhe so postos. A leitura atenta de documentos oficiais da
compreenso eclesial explica o verdadeiro papel das Universidades Catlicas. O
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documento que fala sobre as Universidades e faculdades eclesisticas a
Constituio Apostlica Sapientia Christiana do papa Joo Paulo II. No promio
dessa constituio ordena-se que:
Efectivamente, a misso de evangelizar, que prprio da Igreja, exige noapenas que o Evangelho seja pregado em espaos geogrficos cada vezmais vastos e a multides de homens sempre maiores, mas que sejamtambm impregnados pela virtude do mesmo Evangelho os modos depensar, os critrios de julgar e as normas de agir; numa palavra, necessrio que toda a cultura do homem seja penetrada pelo Evangelho.(Sapientia Christiana,1979, p. 1).
O homem influenciado pelo ambiente cultural em que vive, e, em uma
cultura que caminha juntamente com a f, a evangelizao favorecida. No se
refere a ligar exclusivamente o Evangelho de Cristo a uma cultura especfica e sim
revelar em Cristo os costumes dos homens a todas as classes da humanidade,
convertendo as conscincias pessoais e coletivas de todos.
A sabedoria crist ensina aos fiis que se esforcem nos valores religiosos
para o aperfeioamento integral do homem, o qual compreende os bens do corpo e
do esprito. Tem o objetivo de orientar moralmente o ser humano, religando-o com o
transcendente. Apesar de parecer que na modernidade, no mundo atual,
globalizado, no h espao para a religio, impossvel dissociar o ser humano do
divino, j que a cincia e a racionalidade no conseguem responder plenamente as
aspiraes humanas. De acordo com Bertrand Russel: O medo a base de todo o
problema: medo do misterioso, medo da derrota, medo da morte. O medo
progenitor da crueldade e, portanto, no nada surpreendente o fato de a crueldade
e a religio andarem lado a lado(2010, p.40).
Desse modo, a religio se mostra essencial para as pessoas. A diversidadereligiosa deve ser respeitada, j que todas as formas de manifestao nesse sentido
visam o bem do ser humano e procuram a paz espiritual. A busca do sagrado
atravs da religio deve conduzir paz e felicidade.
A Igreja empenha-se em promover as faculdades e Universidades
eclesisticas que se preocupam com a Revelao Crist e com tudo relacionado
misso de evangelizar. De acordo com o artigo 2 da Sapientia Christiana,
Por Universidades e Faculdades eclesisticas, na presente Constituio,so designadas aquelas que, canonicamente erigidas ou aprovadas pela SApostlica, cultivam e ensinam a doutrina sagrada e as cincias que com
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ela esto correlacionadas, com o direito de conferir graus acadmicos porautoridade da Santa S. (1979, p. 6)
Faculdades eclesisticas tm a inteno de promover as prprias disciplinasapresentando-as ao homem contemporneo de forma adequada s diversas
culturas. Alm disso, educa alunos, a nvel superior, segundo doutrinas Catlicas,
com o intuito de alcanar objetivos particulares. Faculdades Eclesisticas como as
de Arqueologia Crist, Cincias da Educao ou de Pedagogia, Cincias Religiosas,
Letras Crists e Clssicas, Faculdade de Histria Eclesistica entre outras so
arquitetadas canonicamente ou podem vir a ser.
Em um estatuto de uma Universidade ou Faculdade devem estar presentes o
nome, a natureza, o fim, com informaes histricas na introduo, alm das
atribuies sucintas do Gro Chanceler, as autoridades acadmicas, pessoais e
colegiais, bem como a descrio e o tempo do cargo. Devem constar tambm: os
direitos e deveres de alunos, o pessoal auxiliar, as disciplinas que sero ministradas,
os seminrios de estudos, as provas a fazer, os graus acadmicos atribudos a cada
Universidade ou faculdade, a descrio dos subsdios didticos como biblioteca e
laboratrios. Alm disso, os aspectos econmicos como o patrimnio da
Universidade ou faculdade, sua administrao, suas normas e a relao com outras
faculdades e institutos.
Uma Universidade Catlica, mediante o encontro que realiza em meio
riqueza da mensagem salvfica do Evangelho e a multiplicidade dos campos do
conhecimento em que aquela encarna, permite Igreja estabelecer um dilogo de
fecundidade admirvel com todos os homens de qualquer cultura. A Universidade
uma instituio milenar, que desempenhou e desempenha uma funo social. Foi
constituda na Europa, e com a institucionalizao do trabalho de copistas e
tradutores passou a ser lugar privilegiado do saber. Recebeu impactos
renascentistas caracterizados pelas transformaes que ocorreram nos campos das
artes, literatura e economia.
Tanto universidades como igrejas dividem algumas caractersticas
importantes. Essas duas instituies podem ser consideradas formas mais
superiores do conhecimento. O conhecimento que no somente prtico e til, mas
que consiste no acesso s verdades consideradas mais profundas e fundamentais.
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Nos sculos XI e XII, a Universidade Catlica foi praticamente nica, para ser
depois assimilada pelo poder pblico. Teve influncia decisiva na configurao da
Igreja at o Conclio Vaticano II. A partir desse conclio, a Igreja e o Estado
garantiram amplo debate das ideias, sendo que mesmo sem ter Universidades
prprias, a Igreja tinha espao para a pesquisa teolgica. O Vaticano mantm sua
prpria Academia de Cincias, e universidades catlicas existem em todo o mundo.
As religies protestantes, de uma maneira geral, aceitaram a supremacia do
conhecimento leigo.
Desde o renascimento, h um humanismo no centrado na figura de Cristo,
portanto racionalista, condicionando o ser humano como senhor absoluto da
natureza. A f, anulada, foi considerada empecilho para o desenvolvimento darazo, e o pragmatismo da modernidade considerava que o homem, dominado pela
natureza, teria condies de conhecer a verdade em sentido absoluto, tendo assim
condies para alcanar a felicidade.
No Brasil, as Universidades Catlicas surgem a partir de maro de 1941, no
Rio de Janeiro como Faculdade Catlica, sendo reconhecida como Universidade
Catlica em 1946 e passando ao ttulo de Pontifcia em 1947.
Ainda em 1946, em agosto, a Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo fundada e reconhecida. Aps isso, a Universidade Catlica do Rio Grande do Sul em
1948, que se torna Pontifcia em 1950. Em seguida, a Universidade Catlica de
Pernambuco (1952) e a de Campinas (1955). A Pontifcia Universidade Catlica de
Minas Gerais foi fundada em 1955. Entre 1959 e 1961 surgiram as Universidades
Catlicas de Gois, Paran, Pelotas e Salvador.
A Associao Brasileira de Escolas Superiores Catlicas (ABESC) tem 50
anos de tradio e defesa do ensino catlico superior no Brasil. Ela contabiliza 17universidades, 15 Centros Universitrios e cerca de 120 faculdades presentes em
123 municpios. O interesse no de fundar Universidades Catlicas e sim
proporcionar oportunidade de estudo a quem deseja participar de um mercado
tecnolgico e cada vez mais competitivo, assim como promover a educao crist
evanglico-libertadora, entendida como aquela que visa a formao integral da
pessoa humana.
A Constituio Apostlica Ex Corde Ecclesiae do papa Joo Paulo II um
documento que serve para pensar como possvel uma identidade da Universidade
Catlica no plano intelectual e cientfico. Ela pretende que a Universidade se
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consagre sem reserva causa da verdade sobre a natureza, do homem e de Deus e
se empenhe em todos os caminhos do saber. Prope que, na explorao das
riquezas da revelao Divina e da natureza, em um esforo da inteligncia e da F,
se processe o significado da tecnologia e crescimento industrial, a fim de garantir o
bem autntico das pessoas e da sociedade.
O papa deixa claro nesse documento que deseja que estudantes se tornem
homens e mulheres admirveis no saber, prontos a realizar tarefas responsveis na
sociedade. A inspirao crist, que leva o dilogo entre f e razo e a preocupao
tica, sob uma perspectiva transcendente, deve abranger no s as pessoas, mas a
comunidade universitria como um todo. Acentua a Constituio Apostlica Ex
Corde Ecclesiae que:
essencial convencermo-nos da prioridade da tica sobre a tcnica, doprimado da pessoa sobre as coisas, da superioridade do esprito sobre amatria. A causa do homem s ser servida se o conhecimento estiverunido conscincia. Os homens da cincia s ajudaro realmente ahumanidade se conservarem o sentido da transcendncia do homem sobreo mundo e de Deus sobre o homem. (1990, p. 6).
Os princpios ticos so universalizveis, uma vez que tendem a valer para
todos. Entretanto percebe-se distncia dos princpios ticos fundamentais queorientam, esclarecem, fundamentam e questionam os cdigos morais e os
ordenamentos jurdicos. Se algum cristo, deve seguir valores e princpios que
essa religio prescreve. Todavia, ao partilhar a mesma coletividade, seguir a prpria
religio no pode impedir de avaliar racionalmente determinadas condutas como
negativas, se elas so obstculos para a igualdade dos direitos e obrigaes
fundamentais e reforam a excluso.
A Ex Corde Ecclesiae fundamenta diretrizes e normas para as UniversidadesCatlicas. Nessa Constituio, a Universidade Catlica tida como comunidade
acadmica que, inspirada na mensagem de Jesus Cristo e fiel Igreja, trabalha com
o ensino, a pesquisa e a extenso, dedicando-se evangelizao e formao
integral de seus membros (alunos, professores, funcionrios), assim como para o
aumento da cultura, tica da solidariedade e promoo da dignidade transcendente
da pessoa humana.
Ao falar de interdisciplinaridade, to discutida em todas as Universidades domundo, explcita na Constituio Apostlica Ex Corde Ecclesiae que, nas
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disciplinas de Teologia e Filosofia, deve ser feita reflexo sobre o homem, sobre a
realidade e sobre Deus. Faz-se plenamente a abertura da viso do estudante para o
mundo e para o sentido da vida, no uso de todos os recursos da cincia, da arte e
da cultura. Certifica-se a liberdade para outras religies entre mestres e alunos,
exigindo-se o respeito pela identidade e propsitos da Universidade Catlica. A
Constituio inclui estmulo convivncia universitria solidria, ao dilogo interno e
ao dilogo voltado para outras Universidades, ao esprito de cooperao e
preocupao com a promoo da justia social. Princpios que revelam uma
Universidade peculiar em que no predominem o tecnicismo ou o cientificismo, a
discriminao, a imposio social de uma pessoa sobre a outra.
O carter da Universidade Catlica confessional, de esprito comunitrio e
filantrpico. Ultrapassa a ideia de condicionamento ao mercado de trabalho e
assume compromissos com princpios relativos promoo de respeito entre os
povos e outras manifestaes de cidadania. De acordo ainda com a Ex Corde
Ecclesiae,
Toda a Universidade Catlica, enquanto Universidade uma comunidade
acadmica que, dum modo rigoroso e crtico, contribui para a defesa edesenvolvimento da dignidade humana e para a herana cultural mediante ainvestigao, o ensino e os diversos servios prestados s comunidadeslocais, nacionais e internacionais. Ela goza daquela autonomia institucionalque necessria para cumprir as suas funes com eficcia, e garante aosseus membros a liberdade acadmica na salvaguarda dos direitos doindivduo e da comunidade no mbito das exigncias da verdade e do bemcomum (1990, p.4).
A Igreja confia uma misso de esperana s Universidades Catlicas quando
reveste um significado cultural e religioso de importncia fundamental, porque diz
respeito ao futuro da humanidade. Em uma Universidade Catlica, h de seperseguir uma integrao do conhecimento, o dilogo f e razo, a preocupao
tica e a perspectiva teolgica.
Cabe salientar que a perspectiva teolgica de uma Universidade permite um
carter ecumnico e sua recolocao no mbito da esfera pblica e da
Universidade, fecundada por mtodos das cincias modernas e aberta ao dilogo
com as diversas pesquisas sobre religiosidade e religies elaboradas a partir delas.
importante neste momento falar um pouco sobre os Conclios Catlicos quetm nomes de acordo com o local onde ocorreram, e a numerao deve-se
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quantidade de vezes em que foram realizados nesta localidade. So reunies
eclesisticas em um esforo comum da Igreja para reaver sua doutrina. Entre tantos
outros Conclios, cabe mencionar o Conclio Vaticano II (19621965), que aconteceu
porque situaes contemporneas abalaram a Igreja, o que fez com que o Papa
Joo XXIII convocasse esse Conclio. Teve como objetivo promover o incremento da
f catlica e uma saudvel renovao dos costumes do povo cristo, a fim de
adaptar a disciplina eclesistica s condies do tempo e do mundo moderno. Na
verdade, esse Conclio quis dar nova orientao pastoral para a Igreja, alm de
novas formas de apresentar dogmas catlicos ao mundo moderno, mas fiel
tradio.
O Conclio prope-se fomentar a vida crist entre fiis, adaptar melhor asnecessidades do nosso tempo s instituies susceptveis de mudana,promover tudo o que pode ajudar unio de todos os crentes em Cristo efortalecer o que pode contribuir para chamar a todos ao seio da Igreja.(1963, p.1.)
O Conclio considerou importante o ensino na vida do homem e sua influncia
cada vez maior no avano social. Considerou que a educao, nas circunstncias
atuais, torna-se cada vez mais urgente. O desejo do papa Joo XXIII, desde o incio
do Conclio, era que o mesmo fosse pastoral, ecumnico e no de condenaes,
evitando reproduzir fatos j alegados em outros momentos. A Palavra de Deus
ocupou lugar de destaque, mostrando que o Cristo da f no outro que o Jesus,
filho de Maria, que vive entre os pobres. Esse Conclio afirmou a base laical da
Igreja e a considerou na perspectiva colegial e no na perspectiva do poder
pontifcio ou episcopal, alm disso, opta pela qualidade cientfica das Universidades
Catlicas, e no pela quantidade. Foi uma reao ao fenmeno de multiplicao das
Universidades e Faculdades Catlicas evidente no incio dos anos 60, que refletiauma massificao do ensino superior em que a exploso do nmero de estudantes
universitrios afetou todas as Universidades do mundo.
O assunto da educao crist foi publicado no decreto Gravissimum
Educationis. Esse texto comea por manifestao de apreo e do interesse da Igreja
para com as Universidades, reconhecendo a autonomia das disciplinas e liberdade
de pesquisa cientfica. NaGravissimum Educationis, fica claro que, com o aumento
de alunos, aumentam-se as escolas, fundam-se outros centros de educao,aparece a necessidade de outros mtodos de educao e instruo. O Conclio
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enunciou alguns princpios fundamentais sobre a Educao Crist. O primeiro
desses princpios diz respeito ao direito universal educao:
1. Todos os homens, de qualquer estirpe, condio e idade, visto gozaremda dignidade de pessoa, tm direito inalienvel a uma educaocorrespondente ao prprio fim, acomodada prpria ndole, sexo, cultura etradies ptrias, e, ao mesmo tempo, aberta ao consrcio fraterno com osoutros povos para favorecer a verdadeira unidade e paz na terra. Averdadeira educao, porm, pretende a formao da pessoa humana emordem ao seu fim ltimo e, ao mesmo tempo, ao bem das sociedades deque o homem membro e em cujas responsabilidades, uma vez adulto,tomar parte. (Declarao Gravissimum Educationis, 1965, p. 1).
Formao que seja capaz de inserir os estudantes nos agrupamentos da
comunidade humana, de faz-los aptos ao dilogo com os outros e forados por
cooperar no bem comum. A Educao Crist procura introduzir, no conhecimento do
mistrio da salvao, os dons da f que ajudem a conformao crist do mundo,
mediante a qual os valores naturais assumidos na importncia total do homem
redimido por Cristo colaborem no bem de toda a sociedade.
O dever de educar, ainda segundo essa declarao, pertence Igreja, j que
a mesma tem o dever de anunciar a todos os homens o caminho da salvao, ao
mesmo tempo em que deve promover a perfeio integral da pessoa humana. Essadeclarao a respeito da Educao Crist explica sobre as escolas que:
Entre todos os meios de educao, tem especial importncia a escola, que,em virtude da sua misso, enquanto cultiva atentamente as faculdadesintelectuais, desenvolve a capacidade de julgar rectamente, introduz nopatrimnio cultural adquirido pelas geraes passadas, promove o sentidodos valores, prepara a vida profissional, e criando entre alunos de ndole econdio diferentes um convvio amigvel, favorece a disposio compreenso mtua; alm disso, constitui como que um centro em cuja
operosidade e progresso devem tomar parte, juntamente, as famlias, osprofessores, os vrios agrupamentos que promovem a vida cultural, cvica ereligiosa, a sociedade civil e toda a comunidade humana (1965, p. 3).
Uma escola Catlica pode servir como dilogo entre a Igreja e comunidade
humana. A Igreja tem o direito de fundar e dirigir escolas de qualquer espcie e
grau, concorrendo para a liberdade de conscincia e defesa dos direitos prprios de
uma cultura. O Conclio Vaticano II proclamou o direito da Igreja de constituir,
conduzir escolas de qualquer natureza e nvel, lembrando que o exerccio desse
direito compete para a liberdade de conscincia e progresso da prpria cultura.
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A presso da modernidade fez com que a Igreja percebesse a necessidade
de modificar o seu discurso para se adequar s novas realidades sociais e culturais.
Surgiu uma nova autocompreenso da Igreja. A partir do Conclio Vaticano II, temas
como o da liberdade religiosa, a relao da Igreja Catlica com os fiis e a relao
da mesma com outras Igrejas crists foram pensados e discutidos. Mudou-se a
compreenso da Igreja sobre sua presena no mundo moderno. A partir desse
Conclio, compreende-se Deus revelado misteriosamente tambm em outras
tradies religiosas.
Alm disso, ao terminar o Conclio, em 8 de dezembro de 1965, todas as
instituies catlicas foram chamadas a se reformar ou se renovar, e a concepo
orgnica da U.C passou a ser a de escolha da integrao de f e saber nas diversasreas de atuao da Universidade: pesquisa, ensino, extenso, promoo do
desenvolvimento.
Explicitar investigaes ticas presentes em todos os campos de ensino e
investigao sob o ponto de vista cristo uma das prioridades das Universidades
Catlicas, alm de examinar valores e normas dominantes na sociedade e na cultura
modernas, assim como comunicar-lhes os princpios e valores ticos e religiosos
significados vida humana.A Universidade Catlica tem uma proposta pedaggica que buscar integrar
avano acadmico e profissional dos alunos com maturidade na dimenso humana,
na dimenso religiosa, na dimenso moral e na dimenso social. De modo que,
considerada a convico religiosa de cada um, os alunos tornem-se competentes
em sua rea especfica, a servio da sociedade, mas tambm lderes qualificados,
que vivam e testemunhem a f na Igreja e no mundo. Os cursos de uma
Universidade Catlica devem ser constitudos de disciplinas teolgicas ou de outrasdisciplinas afins. De acordo com o Ex Corde Ecclesiae,
A teologia desempenha um papel particularmente importante nainvestigao duma sntese do saber, bem como no dilogo entre f e razo.Alm disso, ela d um contributo a todas as outras disciplinas na suainvestigao de significado, ajudando-as no s a examinar o modo comoas suas descobertas influiro sobre as pessoas e sobre a sociedade, mastambm fornecendo uma perspectiva e uma orientao que no estocontidas nas suas metodologias. Por seu lado, a interao com as outrasdisciplinas e as suas descobertas enriquece a teologia, oferecendo-lhe uma
melhor compreenso do mundo de hoje e tornando a investigao teolgicamais adaptada s exigncias de hoje. Dada a importncia especfica dateologia entre as disciplinas acadmicas, cada Universidade dever ter umaFaculdade ou, ao menos, uma ctedra de teologia (1990, p. 6).
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A Teologia transforma o olhar. Sua base no a experincia religiosa, nem a
religio como instituio, mas a f no Deus que se revela. Olha o fato supondo apossibilidade e realidade da experincia de Deus. Sem ela, no h Teologia. Ela
possvel e acompanha toda a existncia humana como inteno ltima. Como o
objetivo de uma Universidade Catlica garantir em forma institucional uma
presena crist no mundo universitrio, caractersticas essenciais devem estar
presentes como: inspirao crist, reflexo incessante luz da f Catlica sobre o
conhecimento humano, fidelidade mensagem crist e empenho institucional ao
servio do povo de Deus e da famlia humana.A Teologia tem valor na busca de uma sntese superior do saber e no dilogo
entre f e razo, a qual fornece a outras disciplinas de uma Universidade Catlica
uma perspectiva e uma orientao transcendentes em que uma formao mais
slida garante lugar no mundo da cincia e da cultura.
Segundo o decreto geral das diretrizes e normas para as Universidades
Catlicas, de nmero 64, uma formao moral apropriada com o estudo da tica
crist, particularmente a profissional, deve estar presente em todos os institutos e
departamentos da Universidade Catlica. As disciplinas devem ter a
responsabilidade de promover a justia social, o progresso do povo e fazer com que
a Universidade empenhe-se em tornar a educao superior acessvel s minorias
sociais, bem como disposta a colocar o saber cristo e humano disposio de um
pblico que perpassa o mbito acadmico.
2.1 Contexto social, cultural e religioso da Pontifcia Universidade Catlica de
Minas GeraisPUC Minas
No Vaticano, em 1922, um ato emanado da Santa S reuniu o Papa Bento XV
e o Consistrio para nomear o Bispo de Natal, Dom Antnio dos Santos Cabral
(1884-1967), para a Diocese de Belo Horizonte.
Por fora de um ato emanado da Santa S, facultando-lhe o ensejo de
desenvolver em outro Estado as qualidades criadoras das mais teisiniciativas, com que o dotou a natureza. S. S. o Papa Benedito XV,conhecedor das revelaes do seu amor ao trabalho e eminente esprito
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organizador, reunido o Consistrio em Roma a 21 de novembro de 1921, otransferiu para a nova diocese de Belo Horizonte [...].
A diocese de Belo Horizonte foi elevada s honras de provncia Eclesistica,
ascendendo Dom Cabral condio de Arcebispo Metropolitano. Ele residiu emvrios lugares na cidade e graas a seus esforos e herana do pai comprou parte
do terreno no bairro Corao Eucarstico onde, aos poucos, foi se instalando a
estrutura da atual PUC Minas.
A Igreja, aps a segunda Guerra Mundial (1945), assumiu uma dimenso
humana e universal de afirmao de uma cultura de paz e de solidariedade. A Igreja
latino-americana descobriu a misso defensora dos oprimidos no novo mundo. um
tempo de expanso da Ao Catlica, sob a liderana do Papa Pio XII.Uma onda de entusiasmo com grande mobilizao dos educadores latino-
americanos permitiu a fundao das Universidades Catlicas de Medeln, So
Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Campinas, Mxico, Santo Domingo, Quito, entre
outras. Belo Horizonte era uma cidade vocacionada para a vida universitria, afinal
Afonso Pena, o primeiro ministro a chegar Presidncia, j havia dotado Minas
Gerais de uma base educacional que geraria muitos projetos inovadores de impacto
na cultura brasileira.Em 1948 surgiu a Sociedade Mineira de Cultura, mantenedora da futura
Universidade Catlica, com a assinatura dos estatutos no Salo Nobre do
Conservatrio Mineiro de Msica. As primeiras escolas a serem coligadas pela
Sociedade foram a Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras Santa Maria (1943), a
Escola de Enfermagem Hugo Werneck (1945), a Escola de Servio Social de Minas
Gerais (1946), a Faculdade Mineira de Direito (1949) e o Instituto de Psicologia
Aplicada (1959).
No caso das instituies confessionais, o artigo 20 da Lei de Diretrizes e
Bases da Educao diz que as Universidades, alm de se ocuparem da legislao
nacional, devem se ocupar com as orientaes do Magistrio Eclesial, exigindo do
reitor bom senso para saber integrar diferentes situaes, a fim de estabelecer a
identidade da instituio de que responsvel. Trabalho que exige contnuas
iniciativas, j que a Universidade um espao em movimento, com inmeros
departamentos e reas do conhecimento em constante atividade.
O humanismo o vetor fundamental da PUC Minas, que motiva projetos
acadmicos dos cursos e demais atividades de acordo com os valores que norteiam
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as atividades de ensino, pesquisa e extenso da Universidade. A inteno que os
saberes produzidos na instituio contribuam para a compreenso dos problemas da
sociedade em suas dimenses ticas. Esses princpios valorizam a igualdade, a
liberdade, autonomia, a pluralidade, a solidariedade e a justia.
Com as contribuies do passado, possvel fazer uma adequada reflexo
sobre esses valores que permaneceram e que fundamentam as atividades da
Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais. Essa instituio, anteriormente
chamada de Universidade Catlica de Minas Gerais (UCMG), completou em 2012,
54 anos de histria.
O Dirio Oficial da Unio, no dia 12 de dezembro de 1958, trouxe o decreto
presidencial de nmero 45.046, assinado por Juscelino Kubitschek e pelo ministroda Educao e Cultura, Clvis Salgado, em que estava reconhecida a Universidade
Catlica de Minas Gerais.
Dom Antnio dos Santos Cabral e um grupo de professores discutiram a
necessidade para Belo Horizonte de um espao para debate de ordem poltica,
cultural e religiosa, oferecendo juventude que saa dos colgios, quase todos
religiosos, uma opo de Universidade comprometida com a sade fsica e mental
das pessoas.O primeiro reitor foi o padre Jos Loureno da Costa Aguiar em 1959. Em
seguida, em 1960, Dom Serafim Fernandes de Arajo assumiu o cargo de reitor,
permanecendo por 21 anos. Sua atuao na Universidade foi marcada pelo
atropelamento do regime autoritrio contra a Igreja Catlica e a Universidade. No
perodo em que foi reitor, o idealizador Dom Cabral morreu (1967), foi elaborada a
carta de princpios com a finalidade de definir os objetivos da Universidade no sculo
XX (1968), A UCMG assumiu a direo do colgio Santa Maria (1968), a sede daUniversidade transferiu-se para o antigo seminrio do bairro Corao Eucarstico,
criou-se a Faculdade de Comunicao Social (1970), aprovou-se e implantou-se o
novo Estatuto da UCMG (1978), e a estrutura administrativa passou para 20
departamentos, reunidos em quatro centros em Belo Horizonte, alm disso, a
Sociedade Mineira de Cultura criou a Fundao Dom Cabral (FDC) e a Fundao
Mariana Resende Costa (FUMARC).
A FDC uma instituio sem fins lucrativos, considerada de utilidade pblica,
que surgiu por meio de desdobramento do centro de extenso da PUC Minas. Ela
tem conexo entre teoria e prtica, na formao acadmica de executivos, gestores,
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empresrios, empresas e organizaes em diversos segmentos. A FUMARC foi
instituda a fim de contribuir para o trabalho de pesquisa a cargo da PUC Minas e
para a realizao do servio de assistncia prestado a seus estudantes e servidores.
Oferta produtos e servios de qualidade, publicando livros e trabalhos de natureza
cientfica, alm de realizar projetos de pesquisa de interesse de administrao
pblica e privada, bem como realizar concursos e vestibulares, artes grficas em
geral.
Essa trajetria de trabalho e f, que marcaram os acontecimentos que traam
o perfil de um dos maiores centros de produo de conhecimento do Brasil, que a
PUC Minas, ainda estava comeando. Em 1981, o prof. Gamaliel Herval assumiu a
reitoria da UCMG. Sua gesto, no plano administrativo, foi marcada pela expanso econstruo de inmeros prdios. Gamaliel Herval teve sua caminhada marcada pela
influncia do pai, fazendeiro, amigo de Tancredo Neves, pela me, uma senhora
tranquila e amiga, pelo professor Ldio Bandeira, que foi um dos examinadores da
banca de avaliao dos candidatos ao exame vestibular da Faculdade de Direito da
Universidade Federal de Minas Gerais. Ele obteve nota zero na avaliao oral feita
por Ldio Bandeira, o que fez com que Gamaliel cursasse direito na Faculdade de
Direito da Universidade Catlica de Minas Gerias. Ele foi presidente do DiretrioAcadmico da Faculdade Mineira de Direito, foi presidente do Diretrio Central dos
Estudantes e reitor da UCMG de 1981 at 1984.
A UCMG recebeu em 2 de julho de 1983 o ttulo de Pontifcia Universidade
Catlica de Minas Gerais, outorgado pelo papa Joo Paulo II. O termo Pontifcia, de
acordo com a Igreja Catlica, utilizado para quem determina o melhor em ensino
superior acrescentado a valores religiosos. um termo outorgado pelo Pontificado,
ou seja, o papa. De acordo com o art. 1 do Estatuto da Pontifcia UniversidadeCatlica de Minas Gerais (p. 4):
A Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais (PUC Minas), com sedeem Belo Horizonte, reconhecida pelo Decreto Federal n. 45.046, de 12 dedezembro de 1958, uma entidade particular, confessional, criada e mantidapela Sociedade Mineira de Cultura, associao de fins no econmicos,criada em 24 de junho de 1948, e declarada entidade de utilidade pblicaestadual pela Lei n. 2.278, de 22 de dezembro de 1960, e de utilidade pblicafederal pelo Decreto n. 61.690, de 13 de novembro de 1967.
A PUC Minas entende que a educao universitria inclui a formao
profissional, mas abarca tambm as dimenses cientficas, ticas e de insero
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responsvel na sociedade. Prope garantir presena crist no mundo universitrio
com fidelidade aos princpios da doutrina crist e da Igreja Catlica. Seu empenho
institucional est ao servio da famlia humana, na busca do desenvolvimento
cultural e social, na formao de uma comunidade acadmica pautada nos valores e
ensinamentos do Evangelho. A PUC Minas uma instituio pluridisciplinar de
formao, que garante aos seus membros liberdade de estudo, pesquisa, ensino,
extenso, que satisfaz as condies de otimizao e racionalizao da gesto de
recursos e adaptao dos meios administrativos aos fins institucionais. A
Universidade regida:
I - pelo Direito Cannico; II - pelos documentos pontifcios relativos educao superior; III - pela legislao aplicvel; IV - pelo Estatuto daEntidade Mantenedora, na esfera de suas atribuies; V - por este Estatuto;VI - pelo Regimento Geral; VII - pelas Resolues do Conselho Universitrioe do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso; VIII - pelo Estatuto daCarreira Docente; IX - pelos Regimentos e Regulamentos dos rgos que aintegram; X - por atos do Reitor. (Estatuto da PUC Minas, 2010, p. 8).
Ela possui autonomia institucional, bem como liberdade acadmica, e por
meio de rgos prprios pode extinguir, criar, alterar ou fundir rgos e servios que
considerar necessrios s suas atividades de ensino, pesquisa e extenso. A
Universidade constitui-se de campi, ncleos universitrios, unidades acadmicas
especiais, sendo que o campus Corao Eucarstico a unidade sede.
A expanso da Universidade inicia-se em 1991 com o Ncleo Universitrio de
Contagem. Em 1994 criado o Instituto de Educao Continuada, em 1995
implantada a unidade da PUC Minas em Betim, em 1997 implantado o campusde
Poos de Caldas. Em 1998 d-se a implantao do programa de ps-graduao
stricto sensuda Faculdade Mineira de Direito e em seguida o campus nas cidades
de Arcos (1999), a unidade PUC Minas So Gabriel em 2000, a unidade PUC Minas
Barreiro em 2002 e em 2003 inaugurado o campus do Serro. Tem-se ainda a
unidade da PUC Minas de Guanhes e Praa da Liberdade em Belo Horizonte.1
1 2. - Os campi, os ncleos universitrios, as unidades acadmicas e as unidades acadmicasespeciais sero criados, aglutinados, desmembrados ou extintos pelo Conselho Universitrio.
Art. 10A Universidade se estrutura em departamentos constitudos por campos de conhecimento e
agrupados, ou no, em institutos ou em faculdades. (Artigo com redao alterada pela Resoluo n.12/2010, do Conselho Universitrio)
Art. 11 A Universidade poder vir a constituir novos campi, unidades acadmicas e unidadesacadmicas especiais, e ainda desenvolver outras atividades, inclusive cursos experimentais,
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Nesse mesmo ano de 2003, o professor Eustquio Afonso Arajo nomeado
vice-reitor, assumindo interinamente a reitoria da PUC Minas no lugar do Padre
Geraldo Magela Teixeira em 2004. Eustquio Afonso Arajo foi um reitor da
transio. Transio porque trouxe para a Universidade um clima de democracia
constituda com respeito e confiana entre todos. Foi uma busca de nova
institucionalidade da PUC Minas, que tem como princpios orientadores a
descentralizao e delegao de competncias, sendo que o estatuto passa a ser a
principal referncia adequada realidade da educao. A PUC, ainda nesse
perodo, com a presena de Dom Joaquim Giovani Mol Guimares na vice-reitoria,
saiu de um perodo de inquietaes para uma fase de realizaes, evidenciando que
a Igreja se faz presente em toda a Universidade. Uma Universidade Pontifciadestinada a ser ponto entre f e conhecimento com qualidade de ensino, valores
ticos e liberdade para construir uma vida mais digna para todos. Ainda em maro
de 2004, outro momento importante a nomeao de Dom Walmor Oliveira de
Azevedo como Gro-Chanceler da Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais.
O professor Eustquio Afonso Arajo permaneceu na reitoria de forma definitiva de
2004 at 2006.
Em 2007, o professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimares nomeadoreitor. Ele tem, em 2010, o mandato prorrogado por mais trs anos. Foi no Palcio
Cristo Rei que o arcebispo de Belo Horizonte e Gro-chanceler da PUC Minas, Dom
Walmor Oliveira de Azevedo, assinou, no incio de agosto de 2010, o ato de
nomeao para novo mandato de trs anos do reitor e da vice-reitora Patrcia
Bernardes da PUC Minas. Ao reitor cabe a responsabilidade de acompanhar
globalmente a PUC Minas, o colgio Santa Maria e o Instituto Dom Joo Resende
Costa. Tambm coordenar, orientar e acompanhar a ao evangelizadora e pastoralem parte da cidade de Belo Horizonte e de Contagem. Trabalha acompanhando
reunies, informando-se, fazendo indicaes e responsabilizando-se pelas questes
que envolvem oramentos, metas, acompanhamento e execuo que dizem respeito
Universidade. Graas a todo seu esforo e de seus colaboradores, a PUC Minas
atualmente tem o ttulo de melhor Universidade privada do Brasil. Prmio dado
instituio pela premiao: Melhores Universidades Do Guia do Estudante Abril e
observadas as prescries legais e os seus prprios ordenamentos. (Artigo com redao alteradapela Resoluo n. 12/2010, do Conselho Universitrio)
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Banco ABN Real. Esse reconhecimento tambm se deu oficialmente pela Comisso
de Educao Catlica do Vaticano.
Para garantir a identidade e demandar a definio de focos de trabalho exige-
se estabelecer um Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), que explicita uma
programao das atividades da instituio de ensino, ou seja, uma forma de bem
articular todo esse processo.
O PDI consiste em capacitar a prpria comunidade acadmica, a fim de lev-
la a ter real compreenso do contexto regional e institucional, vislumbrando a curto,
mdio e longo prazo o desenvolvimento da Universidade. Dessa forma haver
preparo para responder s diferentes situaes de avaliao interna e externa,
possibilitando discutir as diferentes tendncias no mundo da educao. Segundo oPlano de Desenvolvimento Institucional (PDI) (2007-2011),
a Sociedade Mineira de Cultura (SMC) uma associao de fins noeconmicos, tendo como uma de suas finalidades, definidaestatutariamente, a de manter a Pontifcia Universidade Catlica de MinasGerais e, subsidiariamente, outras instituies de ensino e pesquisa. Estainda assegurado no referido estatuto que os bens que constituem opatrimnio da Sociedade, assim como suas rendas, s podero seraplicados no pas e na realizao de seus fins (2007-2011, p. 36).
Ainda de acordo com o PDI (2007-2011), outra particularidade que a PUC
Minas est apta a receber recursos federais. Cabe ressaltar tambm que o carter
confessional e comunitrio da PUC Minas, alm de revelar princpios filosficos,
epistemolgicos e operacionais, est marcado pelo comprometimento
sociocomunitrio. Por isso, tem seu referencial estabelecido pela comunidade
interna e externa, e o compromisso social como parte da sua identidade institucional
e da sua finalidade educacional. A identidade da Universidade de acordo com o PDI
:
A Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais uma comunidadeacadmica inspirada na mensagem de Jesus Cristo e fiel Igreja, que sededica ao ensino, pesquisa e extenso nos variados ramos doconhecimento, de modo sistemtico e crtico. A PUC Minas cuida daevangelizao e formao integral de seus membros alunos, professorese funcionriose se empenha no servio qualificado ao povo, contribuindopara o aumento da cultura, a afirmao da tica e da solidariedade, apromoo da dignidade transcendente da pessoa humana, o servio daIgreja ao Reino de Deus. (2007-2011, p. 18)
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O humanismo o vetor fundamental da PUC Minas que motiva projetos
acadmicos dos cursos e demais atividades de acordo com os valores que norteiam
as atividades de ensino, pesquisa e extenso da Universidade. A inteno que os
saberes produzidos na instituio contribuam para a compreenso dos problemas da
sociedade em suas dimenses ticas. Esses princpios valorizam a igualdade, a
liberdade, autonomia, a pluralidade, a solidariedade e a justia
No Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da PUC Minas delineiam-se
as vocaes especficas da Universidade como Instituio de Ensino Superior,
confessional, de carter comunitrio.
A identidade da PUC Minas, de acordo com o PDI, desempenha papel
fundante em toda a rea de atuao da Universidade como perspectivas efinalidades plurais. A Universidade pretende ser um agente de busca de
conhecimento que se alicera no exerccio da autonomia da cincia e liberdade do
pensamento acadmico, na participao ativa na transformao tica da sociedade,
no acompanhamento crtico das mudanas na sociedade e nos indivduos.
A misso da PUC Minas de acordo com o PDI :
A Universidade tem como misso promover o desenvolvimento humano e
social de alunos, professores, funcionrios e comunidade, contribuindo paraa formao tica e solidria de profissionais competentes, humana ecientificamente, mediante produo e disseminao do conhecimento, daarte e da cultura, a integrao entre Universidade e a sociedade, ainterdisciplinaridade e a articulao do ensino, pesquisa e extenso (2007,p.18).
Misso que nasce da busca pela qualidade de formao humana, profissional
e cientfica articulada entre ensino, pesquisa e extenso, em todos os seus nveis.
Uma busca pelo saber em si e um saber do mundo. Percebe-se assim que a
Universidade busca os seguintes valores e princpios:
A PUC Minas, tendo o humanismo como vetor bsico, fundamenta osprojetos acadmicos dos cursos e as demais atividades nos princpios evalores que lhe conferem marca singular e norteiam suas atividades deensino, pesquisa e extenso. Os saberes internamente produzidos devemestar a servio da dignidade dos homens e a Universidade tem o dever decontribuir para a compreenso dos problemas da sociedade, com especialateno s suas dimenses ticas. (PDI, 2007, p. 18).
A PUC Minas tem qualidade de sua atividade-fim: o ensino. Tem
compromisso com a realidade social brasileira em suas relaes com o contexto
internacional e formao humanista para o exerccio profissional como dimenso da
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cidadania. Grande destaque tem sido dado pela instituio aos desafios da
implementao do esprito acadmico de ensino, pesquisa e extenso.
O raciocnio metdico a base do crescimento em torno dos conjuntos que
compem os domnios do conhecimento. A funo da Universidade est ligada
reflexo e no pode dar lugar apenas para a razo instrumental que coloca a tcnica
como elemento de ensino, sem embasamento filosfico e cientfico. Isso pode levar
a uma aprendizagem acrtica e apassivadora. A PUC Minas, alm ter como principal
objetivo o de aprimorar a qualidade de ensino, no deixa de cumprir sua misso
educadora e transformadora, levando o conhecimento a outras pessoas. A
instituio reconhece que fundamental propor polticas e estratgias de
relacionamento e de acompanhamento de seus estudantes, j que essa umamaneira eficaz de avaliar a instituio formadora, a qualidade dos cursos, alm de
ser uma maneira de estabelecer vnculos com o aluno mediante os programas de
pesquisa, ensino, extenso, os seminrios temticos, a participao em projetos
pedaggicos, entre outros.
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3 CARACTERIZAO DA DISCIPLINA CULTURA RELIGIOSA NA PUC MINAS
Tratar da obrigatoriedade das disciplinas de Cultura Religiosa I e II na
Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais nos leva a refletir sobre a base emque o ensino dessa disciplina ministrado. Embora a Cultura Religiosa, que j
esteve alocada no departamento de Filosofia e Teologia, esteja alocada atualmente
no departamento de Cincias da Religio, relevante entender como os professores
da disciplina a inserem no currculo em uma perspectiva de formao plena do
cidado, no contexto de uma sociedade cultural e religiosamente plural, na qual
todas as crenas e expresses religiosas devem ser respeitadas.
A CR na maioria dos cursos da PUC Minas tem como carga horria bsica:CR I 64 h/a e CR II 32 h/a. Entretanto, os cursos de Tecnologia tm apenas 64 h/a.
O que certo que todos os cursos da PUC Minas tm a disciplina de Cultura
Religiosa. H ainda outros cursos que dispem a CRI e CR II de maneira diferente, o
que leva as disciplinas a serem chamadas de Fenmeno Religioso (CR1) e Homem
e Sociedade (CR2).
A Universidade Catlica no quer formar o ser humano apenas para o
mercado de trabalho. O dilogo da cincia contempornea e religio o principal
desafio que se apresenta. A disciplina de Cultura Religiosa no quer evidenciar o
aspecto confessional da teologia, mas sim seu carter humanizador, pblico,
interconfessional e dialgico.
Segundo o decreto Geral das Diretrizes e Normas para as Universidades
Catlicas da CNBB de nmero 64, a reflexo teolgica e a reflexo filosfica
configuram-se como patrimnios constitutivos dessa Universidade e devem
contribuir para a formao integral do ser humano. A Cultura Religiosa, estando
presente em todos os cursos, oferece Pr-reitoria de graduao condies para
articulao e execuo de projetos comuns e em qualquer situao, o que garante
lugar epistemolgico dessas disciplinas. A Cultura Religiosa I tem basicamente
como ementa:
O fenmeno religioso: experincia e Linguagem. O fenmeno religioso coma experincia especfica: limites e possibilidades da experincia de Deus; ascategorias fundamentais de interpretao e de linguagem do fenmenoreligioso. A Bblia em sua formao histrica, cultural, literria. Os critriosde interpretao, os temas e as perspectivas de estudo da bblia e aabertura experincia. O Cristianismo, sua origem e fundamentos e a
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pessoa de Jesus. Os desafios do dilogo ecumnico e inter-religioso nocontexto de um mundo globalizado. (Plano de Ensino da Pedagogia, 2011).
J se entende que, embora a Universidade seja uma instituio Catlica, h
uma diversidade cultural religiosa presente, e a Cultura Religiosa no deve ser
entendida como ensino de uma religio ou das religies, mas sim uma disciplina
embasada nas Cincias da Religio, visando proporcionar o conhecimento dos
elementos bsicos que compem o fenmeno religioso, a partir das experincias
religiosas percebidas no contexto dos universitrios. Deve buscar disponibilizar
esclarecimentos sobre o direito diferena, valorizando a diversidade cultural
religiosa presente na sociedade, no constante propsito tico de promoo dos
direitos humanos. A Cultura Religiosa II tem essencialmente como ementa:
Fundamentos para a prxis crist, a partir do Ensino Social da Igreja. Acategoria pessoa, fundamento antropolgico do Ensino Social da Igreja, emdilogo com as categorias antropolgicas contemporneas. Anlise detemas atuais luz do Ensino Social: a famlia e a dimenso afetivo-social, omundo do trabalho e a situao da propriedade, o sentido da economia; aorigem social e poltica, a conscincia de cidadania, o compromisso com ocuidado e a defesa da vida e as perspectivas de construo de uma novaordem mundial centrada no Amor e na Paz. (Plano de Ensino da Pedagogia,2011).
Acredita-se que a discusso de temas como tica e moral sejam importantes
para quem est se formando, porque sensibiliza para a importncia das questes
sociais e a responsabilidade dos profissionais com relao sua rea. A discusso
que a Cultura Religiosa pode promover sobre relacionamento interpessoal de
extrema importncia para a formao integral de uma pessoa. Defende-se a reflexo
sobre a pessoa humana e o fenmeno religioso em suas diversas expresses, bem
como o desenvolvimento de um compromisso tico em relao ao exerccio das
prprias atividades e engajamentos profissionais. Procura-se ver o fenmeno
religioso tal como ele se mostra em termos de significados relacionais, na dinmica
da vida da pessoa e em seu mundo existencial.
As disciplinas de Cultura Religiosa devem rever e adequar as ementas e
contedos das mesmas para o contexto pedaggico de cada curso, bem como dar
visibilidade para a funo da disciplina, que precisa assumir a perspectiva do dilogo
e respeito com todas as cincias e reas do saber presentes na Universidade.
Devem tambm mostrar os valores humanos e comunitrios que contribuem para a
formao de profissionais com responsabilidades sociais e ticas.
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Tendo em vista dados da pesquisa do Instituto LUMEN, realizada em agosto
de 2000, sobre a Cultura Religiosa I e II, evidencia-se uma avaliao positiva da
Cultura Religiosa. Entretanto, houve um comum acordo de uma maioria de alunos
que considerava a carga horria da disciplina excessiva. Nessa pesquisa, os alunos
avaliaram que 90 horas/aula de carga horria das disciplinas de Cultura Religiosa I e
II so demasiadas frente ao pouco tempo dispensado para as disciplinas de
formao profissional de cada curso. Alm disso, s disciplinas tcnicas atribuda
mais importncia do que s disciplinas humansticas. Isso se deve ao fato de muitos
alunos no enxergarem funo prtica nas disciplinas humansticas para sua
profisso, as quais deveriam ser entendidas como parte indispensvel de uma
formao integral tanto em termos de possibilidade do exerccio da reflexo quantode melhora do relacionamento interpessoal.
Ainda que a PUC Minas seja uma Universidade confessional, percebe-se,
pelos dados dessa pesquisa do Instituto LUMEN, que a escolha pela instituio no
estava ligada ao fator religioso e sim qualidade de ensino da mesma. Havia uma
preocupao dos alunos com a formao para o mercado de trabalho. Ainda de
acordo com essa pesquisa qualitativa: A pressa em se profissionalizar faz com que
os alunos no dem a importncia devida s disciplinas de contedo reflexivo,consideradas por eles indispensveis enquanto base, alicerce do conhecimento
(LUMEN, 2000, p. 13). H pressa de profissionalizao, o que de acordo com os
alunos s se baseia em um ensino prtico.
A escolha de qual perodo as disciplinas devem estar e o horrio das mesmas
fica a critrio de cada coordenao de curso. Ainda de acordo com a pesquisa do
Instituto LUMEN, em que se perguntou ao coordenador da disciplina qual seria o
melhor perodo e horrio para disp-la, o mesmo respondeu que: Tanto no primeirosemestre quanto no ltimo no bom. No primeiro, os alunos no esto preparados
e, no ltimo, esto mais preocupados em se formar. O ideal no 2, 3 ou 4
perodos, onde a avaliao mais positiva(LUMEN, 2000, p. 42).
Com dados dessa mesma pesquisa, percebeu-se que a carga horria total
distribuda em CR I e CR II de 96 horas/aula. Geralmente, CR I com 64 horas/aula
e CR II com 32 horas/aula. Essa carga horria provocou, de acordo com a pesquisa
do Instituto LUMEN, divergncias de ideias entre alguns professores. Uns chegaram
a dizer que consideravam 64 horas/aula suficiente, enquanto outros professores
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consideravam 32 horas/aula inadequado. Quer dizer que, para a maioria
entrevistada, o ideal que CR I e CR II tivessem a mesma carga horria.
Dentro dos objetivos propostos da CR I e da CR II, para trabalhar com essa
disciplina, os professores utilizavam materiais como: textos xerocados, propondo
leitura, reflexo, debates e seminrios. No havia um livro ou material didtico
prprio, entretanto, ainda segundo dados dessa pesquisa, o material trazido pelo
professor atendia s necessidades das disciplinas.
A disciplina Cultura Religiosa reflete as diretrizes e normas da Universidade.
A Cultura I tem a inteno de promover a compreenso da dimenso religiosa e da
existncia humana, sensibilizando os alunos para sua importncia, por ser a
dimenso fundamental que abre a pessoa ao sentido global e transcendente da vida,apresentando a experincia crist como sentido profundo e desafiante para a
sociedade contempornea.
A Cultura II quer apresentar os elementos fundamentais da viso
antropolgica crist, fundamentar a tica crist diante dos desafios atuais e suas
exigncias nas diversas relaes entre homem, sociedade e natureza, bem como
levar compreenso e avaliao crtica e tica da sociedade contempornea,
buscando sua superao em uma nova tica da solidariedade.A Cultura Religiosa deve ser uma prxis de descoberta daquilo que existe em
cada um, adotando uma postura crtica a esse respeito. O intuito em formar
profissionais reflexivos muito importante, formar profissionais com conscincia
crtica, conhecedores da realidade onde esto inseridos e abertos a uma nova viso
de sociedade. formar profissionais que sejam capazes de pautar suas aes pela
tica, considerando os seres humanos como iguais portadores de direitos e sujeitos
de um processo de construo de novas relaes.A atual pesquisa no traa dados de alunos, mas procura, atravs de
conversas com professores de CR, coordenador da CR e chefe do departamento de
Cincias da Religio, traar a realidade da CR dentro da PUC Minas. Pode ser til
para os docentes envolvidos no sentido de reverem sua prtica educacional, alm
de oferecer assistncia no planejamento e organizao das ementas da disciplina de
CR. Alm disso, poder se constituir como oportunidade de apontar caminhos que
estejam em concordncia com a realidade dos universitrios. Do ponto de vista
social, tomando como referncia a concepo de que a CR engloba aspectos
fenomenolgicos e ticos que se destinam a auxiliar o dilogo religioso entre as
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pessoas, esta pesquisa pode ser til na medida em que contribuir para que a CR
realize esse objetivo, sobretudo levando-se em conta que o cidado deve ter
oportunidades de conhecer e respeitar a diversidade religiosa que se verifica no
mundo.
3.1 Perfil dos docentes de Cultura Religiosa na PUC Minas
preciso entender que os docentes de Cultura Religiosa trazem consigo a
marca de uma trajetria existencial que os identifica.
Apresentar essas caractersticas reconhecer que elas configuram a ao do
docente. A vida repleta de diversas escolhas, e para esses professores uma
dessas escolhas a opo em serem docentes na rea de formao de cidados
crticos e responsveis quanto ao discernimento da dinmica dos fenmenos
religiosos, que perpassam a vida em mbito pessoal, local e mundial.
Dos dados levantados para a pesquisa, constam 54 professores de Cultura
Religiosa. So 41 professores e 13 professoras. Deste total de professores, apenas
10 so religiosos (frei, padres ou irms). O grfico abaixo traz esta relao e
acrescenta outros dados que podem ser considerados importantes nesta pesquisa.
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Atravs da realizao de um grupo focal com trs professores e da realizao
de entrevistas com outros docentes, registra-se que: um dos professores que
participaram do grupo focal leciona a Cultura Religiosa nos cursos de Direito,
Cincias Contbeis, Administrao, Engenharia de Controle e Automao,
Publicidade e Propaganda. Outro docente que tambm participou do grupo focal
ministra a Cultura Religiosa nos cursos de Engenharia de Controle e Automao,
Direito, Administrao e Enfermagem. O terceiro docente envolvido professor de
Cultura Religiosa nos cursos de Psicologia, Biologia, Comunicao Assistida, Letras
e Pedagogia. Quanto aos professores entrevistados, lecionam a Cultura Religiosa
para os cursos de Filosofia, Direito, Cincias Contbeis, Relaes Internacionais,
Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Tecnologia em Gesto Financeira,Administrao, Sistemas de Informao, Enfermagem, Cincias Sociais, Arquitetura,
Fisioterapia, Odontologia e Engenharia Civil. So professores que ressignificam sua
atuao profissional no sentido de realizar uma docncia de acordo com o projeto
pedaggico de cada curso em questo.
Quanto ao gnero, o grupo pesquisado compe-se por uma mulher apenas e
oito homens. Dos cinquenta e quatro professores que trabalham com a Cultura
Religiosa na PUC Minas, percebe-se uma composio significativa do sexomasculino.
Com relao formao acadmica dos pesquisados, h basicamente
telogos, filsofos, psiclogos, historiadores, pedagogos, alguns com
especializao, mestrado ou doutorado em Cincias da Religio ou Teologia.
No exigido um pr-requisito confessional catlico para se trabalhar com a
Cultura Religiosa na PUC Minas. O tempo de experincia dos professores
pesquisados como docentes dessa disciplina varivel e representa umacaminhada construda ao longo de anos. Maurice Tardif (2002), em seu livro
Saberes docentes e formao profissional, explica que com o passar dos anos o
professor com sua cultura, seu estilo, suas ideias, suas funes, seus interesses e
outras caractersticas vai incorporando aspectos de sua atividade pessoal
construdos no transcorrer da prtica em sala de aula.
Em relao aos campi em que os docentes envolvidos na pesquisa
trabalham, a maioria atua no campusdo Corao Eucarstico, mas h entrevistados
que trabalham no campusdo Barreiro e no campusde Betim.
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Quando questionados sobre quais seriam os objetivos da disciplina Cultura
Religiosa, a maioria disse que os objetivos so os que esto definidos pelos cursos
nas ementas de CR I e CR II. Estes seriam os objetivos formais. No entanto, outros
objetivos seriam o de abrir os horizontes de compreenso da cultura, sociedade e
cincia a partir da dinmica da religio em seu interior e oferecer elementos para o
enriquecimento da prpria formao humana pessoal. Alm disso, de acordo com os
relatos colhidos, a disciplina de CR busca viabilizar aos alunos o estudo e,
consequentemente, a compreenso da dimenso religiosa em sua formao pessoal
e institucional. A relevncia da CR se vincula ao fato de indicar ao ser humano
possibilidades de abertura ao sentido mais global da vida.
Cabe salientar ento a importncia da discusso do papel do fenmenoreligioso na vida das pessoas, na sociedade, bem como mostrar que a religio um
componente cultural e que a CR deseja formar alunos em uma perspectiva tico-
solidria.
Quanto tradio religiosa dos participantes, no se preocupou em saber
quantos so catlicos, evanglicos, espritas e demais crenas religiosas, mas se
preocupou se a CR ministrada com contedos confessionais ou no.
Verificou-se, ento, que a maioria dos pesquisados respondeu que noministra a disciplina com contedos confessionais. A perspectiva de ensino da
maioria dos professores pesquisados segue as orientaes presentes no plano de
curso e explicitadas nas ementas, nos objetivos e nas respectivas unidades de
ensino. Tais orientaes priorizam o estudo da religio como fenmeno social e
antropolgico com sua especificidade de linguagem. Apresenta-se o carter
universal do fenmeno religioso, presente na busca humana pelo sentido da vida. A
institucionalizao das experincias religiosas concebida como construohumana no intuito de formalizar os processos de experincias transcendentes.
Entretanto, a concluso que se pode chegar quanto a esse assunto que os
contedos confessionais so o ponto de partida para um dilogo mais