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(IN: Roteiro Cultural da Região de Alcobaça – A Oeste da Serra dos Candeeiros, 2001, C.M.
Alcobaça, p.165-185)
Os Fornos de Cal de Pataias
António Valério Maduro
1. Introdução
A produção de cal nos Coutos de Alcobaça é assinalada na Carta de Povoação da Vila de
Maiorga (1303). A primeira cláusula deste documento refere o seguinte: “Damos a vos
sobreditos pobradores todo o herdamento que he enserrado nos ditos termos (...) salvo fornos de
cal com suas pedreiras que retemos para nós” (1 ). Esta fonte documental não só nos elucida da
existência de fornos de cal em laboração, como nos permite supor a sua difusão no domínio
cisterciense. O Mosteiro, como grande instituição senhorial, assegurava o monopólio dos meios
de produção. Saber se a prática deste ofício precede a chegada dos monges é uma questão que se
mantém em aberto. Esta actividade terá perdurado nesta antiga Vila dos Coutos até à instalação,
na década de cinquenta, da unidade cimenteira de Pataias ( 2).
Maria Alegria Marques refere a existência de um forno de cal nas imediações do Mosteiro
(século XIV) (3).
No seu estudo sobre o Santuário da Nossa Senhora da Nazaré, Pedro Penteado refere que “a
Real Casa da Nossa Senhora detinha (...) fornos de cal, instalados no Sítio, na Coutada e no
pátio, junto à fonte da localidade (...). Dos fornos da Real Casa, um deles já existia em 1628
(...). A matéria prima a ser ali transformada era retirada de uma pedreira que se encontrava
próxima do Forte de S. Miguel e da Praia do Norte (...). Quanto aos dois fornos que se
encontravam no exterior do povoado, situavam-se no interior da Coutada, próximos de madeira
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e lenha necessária ao seu funcionamento (...). Estavam arrendados a três moradores do Sítio (...).
Pela exploração (...) pagavam à Casa apenas dois moios de cal ...” (4).
O concelho de Alcobaça, na viragem para a segunda metade do século XIX, é aquele que
detém o maior número de fornos no distrito de Leiria, ou seja, 22 para um cômputo global de
63. Em produtividade, o concelho surge em segundo lugar com 1530 moios, para uma produção
total de 11480 moios. O preço do moio em Alcobaça cifra-se em setecentos réis (5).
Um inquérito industrial realizado em 1860 declara 75 fornos em actividade para todo o
distrito de Leiria (6). A “Chorographia Moderna do Reino de Portugal “, regista no Concelho
de Alcobaça 19 fornos de cal sem precisar, no entanto, a sua localização (7). No Código de
Posturas da Câmara Municipal de Alcobaça de 1885, o seu art.º 217, menciona que “ é
destinado o logar da Roda para n`elle se matar e argamassar cal “. O Inquérito Industrial de
1890 imputa ao concelho de Alcobaça 13 fornos (8).
Diogo Ribeiro, nas suas “Memórias de Turquel”, menciona um forno de cal, em estado
acentuado de ruína, no Vale - das - Cuncas , perto da Moira (Turquel). Refere, ainda, que, na
zona oriental da freguesia, se encontram vários fornos de cal a laborar, sem, no entanto,
especificar os locais (9).
Em “Alcobaça D´outro Tempo”, Manuel Vieira da Natividade refere que a falta de
combustível é responsável pelo abandono dos fornos de cal na região serrana. Apenas em
Turquel e na Benedita se exerce, em pequena escala, este mester. “Pataias, pela abundância de
combustível e boa qualidade da pedra assenhoreou-se dessa indústria que hoje constitue uma
das suas riquezas”. Igualmente faz alusão ao início desta actividade no lugar da Fervença (10).
Encontrámos também referências a fornos de cozer cal na freguesia de S. Martinho do Porto,
Alcobaça, Fervença e Cós. Nesta última freguesia , no local de Monte Santa Rita, são
licenciados , no ano de 1905 quatro fornos de cozer cal propriedade de Serrano & Irmão (11).
Como curiosidade, recolhemos num exemplar do periódico “Alcobacense” de 1904 um anúncio
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da firma Serrano & Irmão, com o título “ Fornos de Cal na Fervença”, em que se publicita este
produto ao preço de 3$000 réis o metro cúbico e 1$3000 réis o moio (12).
Para a localização dos seus vestígios temos que contar com o contributo da toponímia,
indispensável para a elaboração de uma cartografia desta indústria artesanal. Um carreiro que
passa junto à Cerca da Casa do Monge Lagareiro (século XVIII), na Ataíja de Cima, toma a
designação de rua do forno da cal. Este forno, do qual só restam ténues vestígios, vem
mencionado nos autos de descrição dos bens de raiz do Mosteiro de Alcobaça (13). Tivemos,
igualmente, conhecimento de vestígios de fornos de cal nas proximidades da Castanheira,
próximo da Ribeira de Cós. Na Ribeira do Mogo (Prazeres de Aljubarrota) são visíveis os
vestígios de um forno de cal, que, aliás, é descrito nos Autos de Avaliação dos Bens do
Mosteiro: “Hum grande forno de cozer cal sito no Poço Suão limite de Chaqueda de Cima termo
de Aljubarrota, que de todos os lados parte com charneca e mattos públicos avaliado em mil réis
(14) . Também no vale Neolítico do Carvalhal de Aljubarrota, junto ao Cabeço da Ministra, se
encontram ruínas de um forno de cal.
Maria Zulmira Marques regista dois fornos em funcionamento, um em Santa Catarina e o
outro nas imediações de Almofala (15).
No concelho limítrofe da Marinha Grande terão existido fornos de cozer a pedra de cal nas
localidades de Engenho, Pedra e Guarda Nova. Estes fornos, encravados no Pinhal do Rei,
beneficiavam de combustível gratuito, dado se manter em vigor a permissão de retirar a lenha
seca do Pinhal, outorgada por Pombal em 1751 (16).
Pataias, seguramente, tomou a primazia da produção de cal, no concelho de Alcobaça, ao
longo do século XIX. A abundância de matéria-prima e combustível constituiu um factor
decisivo para a fixação dos mestres forneiros nesta área geográfica. Análises laboratoriais
indicam a boa qualidade desta pedra, cuja pureza se fixa nos 97,8%. Contudo, não possuímos
elementos que permitam datar o início desta actividade. Através das fontes orais que colhemos e
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da análise da produção etnográfica regional, sabemos que esta indústria artesanal já tinha
significado na segunda metade do século XIX e que a rede ferroviária facilitou a sua expansão.
A “clandestinidade” desta actividade, no que respeita ao seu licenciamento, coloca problemas
acrescidos para a realização de uma história de vida. Apenas conseguimos identificar uma
licença industrial atribuída, em 1909, ao forno duplo do senhor Manuel Serrano de
Figueiredo(17).
Os fornos de cal de Pataias constituem, indubitavelmente, um conjunto patrimonial único
na região. O bom estado de conservação da maioria das peças e a sua localização numa
envolvente de pinhal reforça o apelo à visita. A memória da laboração desta indústria artesanal
alcança os filhos mais jovens da terra que ainda presenciaram os fornos em actividade.
Sobrevivem vinte e nove destas antigas unidades industriais.
É necessário criar condições que permitam a preservação deste património construído, tornando-
- o um espaço museológico, em que o visitante possa ver interpretar as peças na sua dimensão
técnica, social e cultural. Este conhecimento em contexto não só se revela mais atractivo, ao
colocar o museu onde ele de facto deve estar, como lançaria um novo passo - a aposta numa
política cultural que contribua para a valorização da região no seu todo, criando uma rede de
núcleos patrimoniais significativos e diversificados (18).
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2. O Forno e os seus Anexos.
Os fornos artesanais de cal não devem ter conhecido grandes transformações do período romano
aos nossos dias. Catão aconselhava a cumprir as seguintes medidas na edificação de um forno: “
Dai ao forno da cal dez pés de largura, por vinte de altura e diminuí a largura até o topo que não
deverá ter mais de três pés” (19). Estas dimensões correspondem, aproximadamente, às exibidas por
este núcleo de fornos, exceptuando o evidente estrangulamento registado na abertura superior. A
altura média destes fornos oscila entre os 4,5 m e os 6m; a largura da base, um pouco superior à dos
fornos romanos, situa-se entre os 3,70 m e os 4,60 m, estreitando o forno ligeiramente na abertura
superior (entre 3,15 e 4,10).
O próprio processo de carregamento do forno assemelha-se ao praticado durante a época
romana, pois como refere Alarcão : “ Os blocos de calcário eram de tal forma acomodados que,
aceso o fogo e consumida a armação (de madeira), os blocos se sustinham uns aos outros sem que
todo o carregamento ruísse” (20). Este procedimento técnico, excluída a necessidade de estruturar a
carga com uma armação de madeira, corresponde ao levantamento do “empedre” praticado pelos
mestres forneiros nesta região.
Os gregos utilizaram a argamassa de cal como revestimento das paredes, preferindo-a à argila
como ligamento das pedras. Foram os romanos que generalizaram a sua aplicação tanto nas
junções, como no reboco, o que permitia colmatar os defeitos do aparelhamento tosco da pedra (21,
22). A inclusão de borras de azeite na argamassa de cal, costume técnico romano utilizado para
conferir uma maior impermeabilização ao aparelho e logo conceder uma resistência e longevidade
superior à construção, manteve-se em uso nesta região ao longo do século XIX. Contribuiu,
certamente, para esta continuidade técnica, o conhecimento dos cistercienses dos tratados de
arquitectura e agricultura romanos.
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A cal simples ou misturada com substâncias corantes foi utilizada, na forma de leite, na caiação
das habitações, cómodos e muros, isolando as estruturas e embelezando-as. Por altura da Páscoa, o
consumo da cal subia, pois as casas eram caiadas antes da visita do pároco. A amassadura de cal,
para além das funções de reboco e de união das pedras, também foi aplicada na construção dos
pisos das eiras. A cal em pó foi utilizada para corrigir a acidez do solo assim como para o
desinfestar, na cura das vinhas... Também nas práticas funerárias foi utilizada com objectivos
sanitários. No Mosteiro de Alcobaça, quando os Monumentos Nacionais, na década de quarenta,
procederam a significativas intervenções, por baixo do pavimento, rente ao solo, encontraram-se
inúmeras sepulturas em que a cobertura de cal era evidente. Aberta a cova, o corpo era colocado
sobre dois palmos de altura de cal, sendo em seguida tapado com uma quantidade de cal
equivalente.
Estes fornos, tipologicamente, são descontínuos ou intermitentes, estabelecendo-se uma
separação entre o calcário e a lenha, ao contrário dos de laboração permanente, em que, na
formação da carga, as camadas de lenha alternam com as de calcário. (23) Estes fornos, de cozedura
lenta, exigem um abastecimento regular de lenha na caldeira, até a operação de cozedura se
encontrar concluída. De formato barrilóide, são abertos no topo que, em relação à base, evidencia
um leve aperto. A sua implantação no terreno orienta-se, predominantemente, no sentido sul, de
forma a proteger a boca do forno dos ventos dominantes.
Para construir o forno procede-se a uma escavação, dado que a caldeira está afundada em
relação ao terreno. A parede do forno, de estrutura circular, é construída em tijolos ligados por um
barro areento, pois quem utilizasse um barro forte (selão) sujeitava-se à ruína das paredes, dado que
este barro reduzia com o calor da cozedura. O aterro envolve, parcialmente, a construção dando
consistência ao conjunto. Eram as mulheres que, com gamelas, transportavam a terra que serve de
apoio às paredes do forno. Por cima do portal dois ou três troncos de pinheiro, colocados na
horizontal, travam a parede do forno que o aterro não cobre. A altura do portal varia entre 1,80 m e
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2,30 m para uma largura que em média tem 1 m. A parte superior do portal recebe um meio arco ou
dois archetes de pedra talhada, que se assentam no tijolo da parede. Apenas num único exemplar
vemos a triangulação de duas lajes. Rasgadas na parede exterior do forno surgem as copeiras.
Normalmente, os fornos possuem duas copeiras de formato quadrangular, a de maior dimensão
(50x40) alojava a seira do farnel, a cabaça do vinho servindo, igualmente, de arrecadação dos
pertences para não se extraviarem.
Cada forno possui, geralmente, um alpendre que nasce e se apoia na própria parede do forno.
Em alguns casos, quando o alpendre é comum a mais do que um forno, a sua dimensão exige um
paredão de suporte. O alpendre é, normalmente, coberto a telha de canudo. Quando os fornos não
dispunham de alpendre, improvisava-se uma cobertura assentando caniços ou palha sobre varolas
de pinho que atravessam o recinto de serventia do forno. Protegido pelo alpendre, o forneiro dá
serventia ao forno. Um telheiro de dimensão avantajada, possuindo entre 13 m a 17m de
comprimento por 9m a 12m de largura e 4m a 6m de altura, com telhado de duas águas, coberto a
telha de canudo, assenta sobre um corpo de colunas de alvenaria e argamassa. Duas colunas ao
centro e entre três a quatro nas zonas laterais suportam esta estrutura. As colunas possuem um
diâmetro aproximado de 90 cm.
Alguns fornos, dos quais só restam vestígios, aproveitavam como parede o buraco produzido
pela extracção da pedra. Apenas era necessário erguer o portal com a boca de serviço. A
durabilidade destes fornos era curta, pois a pedra madre que constituía, naturalmente, as suas
paredes, com as constantes cozeduras a que era sujeita ia-se consumindo. Estes fornos de
características, acentuadamente primitivas, deixaram de ser utilizados, porventura, com a entrada
do século XX.
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3. O Abastecimento de Combustível aos Fornos.
Como combustível para assegurar a cozedura da pedra roçavam-se os matos nos pinhais. O
proprietário do forno falava a uns homens que, à jorna, se encarregavam desta tarefa. Nas matas,
privadas e públicas, com enxadas cortava-se a camarneira, a putigueira, o tojo, etc., em seguida,
juntava-se o mato e a caruma com o ancinho de oito dentes em madeira, mais tarde de ferro, e com
o forcado carregavam-se as paveias (molhos) de mato no carro de bois. Os garotos, com pequenos
forcados, acalcavam o mato em cima das carradas. Eram necessários entre 80 a 100 carretos para
uma fornada, com carros de bois de eixo de madeira, dado que as rodas, com os aros em ferro, se
enterravam na areia. Alguns mestres forneiros possuíam juntas de gado, mas tinham de recorrer
sempre aos carreiros. Cinco ou seis carreiros com juntas de bois e carros ocupavam-se dos fretes.
Normalmente o carreiro realizava duas viagens diárias ou apenas uma se a distância era
significativa, nomeadamente, quando o trabalho de desmatagem decorria já próximo da orla costeira
que medeia entre a Nazaré e S. Pedro de Moel. Era vulgar os bois na ida atravessarem as lagoas e
barreiros, os animais nadavam e os homens em cima do carro agarravam-se aos fueiros. O carreiro
ganhava três vezes a jorna de um homem que roçava o mato, cumprindo ainda no contrato um
molho de crutos (bandeiras de milho) para a alimentação do gado e um litro de vinho. Por volta dos
anos cinquenta adaptam nos carros de bois eixos de ferro e rodados de camioneta, reduzindo a
necessidade dos transportes em 60 a 70 viagens. Com a progressiva utilização das camionetas
apenas dez fretes são suficientes para a cosedura da pedra. Com a camioneta efectuavam-se dois
fretes por dia.
Para além da queima do mato passou-se a partir da década de 40 a consumir o “motano”(molhos
de ramada de pinho). Os homens que se dedicavam a esta tarefa eram apelidados de “motaneiros”,
migrantes provenientes da zona do Ramalhal e Outeiro da Cabeça. O “motano” para além dos
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fornos de cal era procurado pelas padarias e cerâmicas. Vagões repletos de “motano” circulavam na
via férrea para Coimbra e outros destinos.
Com foições, os “motaneiros”, cortavam as ramas do pinheiro, formando molhos que atavam
com fio de sisal. Armavam, em seguida, estas paveias em medas. Na meda a rama, virada para o
exterior, permitia que a lenha se mantivesse enxuta. O acesso fácil à lenha seca permitiu que os
fornos começassem a laborar no Inverno. Cada fornada consumia entre 150 a 200 talhas de
“motano”, equivalendo uma talha a 60 molhos de mato. Já no ocaso da actividade chegou-se a
utilizar serradura para alimentar o forno.
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4. O Arranque da Pedra nas Caboucas.
Os fornos de cal foram construídos nas imediações das caboucas (pedreiras). A maior parte
dos donos de fornos possuía pedreiras ou então extraía a pedra dos baldios da freguesia, num local
conhecido por Ratoinha. O arranque da pedra nas caboucas do povo era gratuito. Passando-se já nas
últimas décadas da actividade a pagar à Junta de Freguesia um montante que foi de 80$00 a 150$00
por fornada.
Os cabouqueiros com o recurso à pólvora bombardeira (enxofre, carvão de vide ou de
carrasca e nitrato do Chile) e a martelo rebentavam a pedra. Com a broca abriam um orifício que
levava uma mão cheia de pólvora, em seguida atacavam a pólvora, colocavam o rastilho e uma
porção de pó de pedra, acalcando com a acalcadoura, convenientemente, a carga. Depois da
explosão, com o auxílio da alavanca, desirmanavam os blocos e com a marreta a golpe certeiro
quebravam as pedras mais renitentes.
As mulheres acartavam, em gamelas de pau, à cabeça, o barro e a areia que em tufões se
estendia entre os veios de pedra. Os cabouqueiros ajudavam as mulheres a colocar na cabeça,
protegida pela sogra (rodilha), as gamelas carregadas, que eram despejadas fora da área de
exploração.
O “empedre” do forno levava aproximadamente 150 carradas de pedra. As pedras de
maiores dimensões (200 a 300 kg) eram carregadas por cima da cabeçalha com a ajuda de dois
madeiros, um a dois homens rolavam-nas para cima do carro. As pedras de tamanho menor eram
acartadas em carros de mão. A formação da carga no estrado do carro requeria saber, as pedras
maiores, rodeando as outras, faziam de suporte, evitando que o movimento dos bois fizesse perder a
carga.
A partir da década de cinquenta os fretes da pedra começam a sofrer a concorrência das
camionetas começando a rarear o serviço dos carreiros.
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O Sr. Manuel Serrano, cujos fornos de cal estavam situados junto da actual CIBRA, mandou
construir, no início do século, uma linha de carril que ligava os seus fornos às caboucas (esta linha
ficou conhecida como “Decauville”). As vagonetes, depois de carregadas, eram empurradas pelos
homens, tarefa possível dado o desnível do terreno, das pedreiras para os fornos.
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5. O Trabalho dos Forneiros.
5.1. O “Empedre” ou “Enforna”
O trabalho do forneiro não o ocupa todo o ano, dado que os fornos só laboravam na estação seca
e em média não ultrapassavam as três ou as quatro fornadas. Partindo da média mais alta, a
serventia do forno requeria dois forneiros ao longo de três meses, período de trabalho que podia ser
intervalado. Os forneiros podiam, no entanto, trabalhar em mais do que um forno. Esta actividade
envolvia, normalmente, os elementos do género masculino da família nuclear. O trabalho do
forneiro é, portanto, sazonal, assegurando um complemento pecuniário à actividade agrícola.
A “ enforna” durava uma semana. Ao mesmo tempo que os bois carreavam as pedras das
“caboucas”, os forneiros iniciavam o “empedre” . Quando as camionetas substituíram a tracção
animal o carreto e o “empedre” passaram a ser feitos em apenas dois dias, embora o número de
braços fosse maior. O “empedre” começava com o assentamento das “ armadeiras”, pedras que
partiam do peal, que rodeava o interior do forno ( com cerca de 25 cm de largura e de altura) até
formar uma espécie de abóbada que segurava todo o conjunto. Esta abóbada atingia uma altura que
orçava os 3,5 a 4 metros. No seu topo, a distância à parede aproximava-se dos dois metros. As
“armadeiras” iniciais eram mais pequenas aumentando, progressivamente, de tamanho até atingir os
50 cm a 1 m de comprimento, à medida que o “empedre” ia fechando. Estas pedras sobrepostas iam
pois avançando e travando-se umas às outras. Apenas dois forneiros se dedicavam a esta tarefa.
Primeiro arremessavam a pedra para o interior do forno e em seguida começavam a erguer o
“empedre” até à altura do tronco . Para continuar a levantar a abóbada elevavam o piso com mato,
que servia de andaime, era o “desquente”. Este mato era o primeiro a ser utilizado na caldeira que se
situa no vão da abóbada. Com o auxílio de uma padiola carreavam as “armadeiras” mais pesadas.
Quando o “empedre” alcançava a altura do portal as pedras começavam a ser descarregadas por
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cima. A própria carga dos carros de bois tinha que ser reduzida, pois os animais tinham que vencer
o aterro do forno. As pedras lançadas de rojo caíam por vezes em cima do mato, era então
necessário parti-las com uma marreta e colocá-las em cima do “empedre”. Por detrás das
“armadeiras” colocavam pedras mais miúdas baptizadas de “carregadouras”.
No centro do portal criava-se a boca do forno por onde se alimentava a caldeira de
combustível. Esta boca iniciava-se na “corredoira “ (pedra que exibe 80 cm a 1 m de comprimento
por 40 a 60 cm de largo) na qual assentavam, verticalmente, as pedras de boca (com cerca de 30 a
40 cm de altura) e os fechos em que se fixava o “empedre”, apresentando esta entrada um formato
pentagonal. O espaço livre do portal era revestido a pedra e argamassa de cal de maneira a que o
calor não se perdesse.
O carregamento de pedra do forno excedia em cerca de 1,5 m a altura deste. Junto `a parede
colocava-se pedra mais pequena pois a intensidade do lume era menor . O final do “empedre”
denomina-se de “capelo”. Cascalho de pedra ajudava a impermeabilizar o “empedre” sustentando o
fogo. Quando a pedra mais encostada à parede do forno não cozia, convenientemente, amassava-se
cal que se colocava no centro do “capelo” e forçava o lume a bordejar a parede. Em caso de um
“empedre” ruir funcionava a solidariedade vicinal, fazendo-se um peditório entre os forneiros. Esta
situação verificava-se, ocasionalmente, quando o forno já tinha dois a três dias de cozedura.
5.2. A Cozedura da Pedra.
O tempo que demorava a cozer a pedra era variável, dependendo do empenho e habilidade
dos mestres forneiros e do mato estar seco ou húmido. Havia fornadas que se coziam em cinco dias
e outras que necessitavam de dez. Bandeira de Melo, referindo cálculos de Vicat, aponta um tempo
de cozedura que varia entre 100 a 150 horas, para um forno que comporte entre 75 a 80 metros
cúbicos de pedra (24). É evidente que a duração da cozedura depende do combustível utilizado.
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A capacidade máxima de utilização de um forno permitia fazer uma fornada de três em três
semanas. Um semana para enformar , outra para cozer e a restante para desenfornar. O pai do nosso
informante, o Sr. Joaquim Ribeiro, cozia em média três a quatro fornadas por ano. Este valor pode,
em princípio tomar-se como referência para os demais mestres forneiros. Este número só é
acrescentado com a entrada em serviço do transporte mecânico e do recurso ao “motano” que
facilitava a laboração do forno no Inverno. A partir daí a média das fornadas aumenta, estimando-se
uma média anual de 13 fornadas . Em cada fornada o senhor Joaquim Ribeiro tirava entre 50 a 55
toneladas de cal cozida, consoante o “empedre” fosse mais chegado ou não. Nos fornos maiores
atingia-se as 60 toneladas de cal. Arala Pinto calcula uma média de 7 fornadas anuais para os 25
fornos que se encontram em laboração na década de quarenta. Cada fornada consumia entre 60 a
100 carradas de “motano”, consoante a cozedura se efectuasse no Verão ou no Inverno. Para
realizar, aproximadamente, 175 fornadas seriam necessários 11 200 carradas de lenha. Estima,
ainda, o autor, que a produção de cal destes fornos rudimentares atinja as 800 toneladas/ano (25).
O forno começava a laborar, normalmente, a uma segunda-feira . Dois forneiros e um
velador serviam o forno até a pedra de cal estar cozida. Um dos forneiros assegurava, inicialmente,
um turno de dezoito horas, pegando às oito horas da manhã e despegando às duas horas da
madrugada . O outro forneiro começava igualmente o trabalho às oito horas da manhã e findava às
vinte horas. Um velador cumpria seis horas de trabalho dando serventia ao outro forneiro. Os turnos
dos forneiros, como se compreende, alternavam.
O tempo do descanso era passado num canto do barracão do mato ou por baixo do telheiro
em cima das carumas aconchegado por uma manta. Apenas um forno possuía uma casa para
repouso dos forneiros.
A combustão rápida do mato exigia um trabalho constante à boca do forno . Com um carro
de madeira o mato é largado junto à alpendrada do forno, logo o outro forneiro com o “fôxo”
(espécie de forcado) lançava o mato na caldeira.
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Até ao segundo dia de cozedura a pedra ganha volume, incha. O forno só resiste a esta
pressão graças ao aterro que o envolve, parcialmente, e aos troncos de pinheiro que na parte
dianteira, por cima do portal, dão travamento à parede.
Como a cinza se acumulava na caldeira a ponto de enterrar o peal e inviabilizar a
alimentação do forno, o forneiro com o “varredoiro” (pinheiro) ao ombro derria as cinzas. Esta
operação fatigante demorava cerca de meia-hora. O forneiro assentava a parte mais delgada do
pinheiro no ombro, protegido por um saco, remexendo com a parte mais grossa todo o brasido até
se poder novamente carregar o forno . Com outro pinheiro mais pequeno, o “acabador”, tirava-se a
cinza dos cantos . Este trabalho, embora necessário, fazia com que o forno começasse a descair, daí,
mais tarde, se recorrer a compressores, o que permitia manter a fornalha constantemente alimentada
e o forno não perder temperatura.
Quando o “capelo” do forno começa a baixar, os mestres com o ancinho vão-no
regularmente consertando. Com o avanço da cozedura a pedra diminui de peso e de volume. No
final, o “capelo” do “empedre” baixa cerca de um metro em relação ao topo do forno. “ Nos fornos
de calcinação intermitente conhece-se que a cozedura está concluída, quando a chama sae quase
sem fumo e o abatimento da pedra é de cerca de um quinto” (26). O mestre forneiro com o
conhecimento que a experiência lhe outorgou vê se a pedra está bem cozida ou tem o coração cru.
5.3. A “desenforna” e comercialização da cal.
A “ desenforna” era o trabalho mais violento dada a temperatura elevada que o forno
mantinha. Os homens com ancinhos e à mão extraiam a pedra do forno. A cal era vendida à boca do
forno. O Sr. Joaquim Ribeiro conta-nos que os mais antigos utilizavam como medida a fanga , mas
no seu tempo já era tudo à balança . No Código de Posturas e Regulamentos Municipais de 1843 da
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Câmara Municipal de Porto de Mós, concelho serrano, vizinho de Alcobaça, o art.º 47 explicita as
medidas em uso para a venda da cal: “ Todo o proprietário ou dono do forno de cal, he obrigado a
usar de fanga de quatro alqueires, e meia fanga de dous alqueires, Alqueire, e meio alqueire (...)
‘por onde deve medir-se a cal em pó, dando quinze fangas por cada moio, sendo porém em pedra ou
cascalho vender-se-he por convenção com o comprador até mil reis.” A obrigação de utilizar a
fanga e a meia fanga já surge em posturas do século XV (27). Na Postura sobre aferições de pesos
e medidas de 1940, os aferidores mandatados pelo Município, exigem que os fabricantes de cal
possuam uma balança com carga mínima de 100 quilogramas e pesos de 5 quilogramas a 50
gramas.
A qualidade da cal gorda ou cal a mato destes fornos fazia com que os almocreves de
Turquel e da Mendiga ( Serra dos Candeeiros) aqui se deslocassem em carros de bois munidos com
taipais e em galeras . Se os compradores não aparecessem, a pedra de cal consumia-se no forno,
pois não havia espaço para armazenamento. A partir da década de cinquenta constroem-se armazéns
para guardar a cal . As tulhas de tijolo levavam em média entre três a três toneladas e meia,
alcançando um máximo de cinco toneladas.
Ao nível local e regional, a cal era procurada em pedra para o fabrico de argamassas,
estuque e em pó para os campos . Nos mercados da região a cal em pedra ou em pó era um produto
sempre presente.
O desenvolvimento desta actividade é devedor do transporte ferroviário. Para assegurar o
transporte dos produtos do Pinhal do Rei, deu-se início em 1857 ao traçado do Comboio Americano
que, com uma extensão de 36 Km, ligava Pedreanes a S. Martinho do Porto. Este comboio
assegurou a deslocação de vagonetes de pedra e cal para a edificação do imóvel da resinagem(28).
“Quando em 1888 os primeiros comboios passaram a Pataias através da linha do Oeste, deu-se um
novo passo nesta indústria, já que se iniciou o transporte de cal através do comboio. Este
acontecimento deveu-se a António Sebastião Coutinho ( António «Manco») que foi durante
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bastante tempo o responsável pelas paragens dos comboios. O carregamento era feito sem qualquer
cais no local chamado de Lagoa das Saramatas, havendo necessidade de um aviso prévio para que
o comboio parasse. Em 1907 ou 1908, e devido às péssimas condições de trabalho existentes, foi
pedido pelos fabricantes de cal, tendo à sua frente o Sr. Manuel Serrano de Figueiredo, um cais para
efectuar o transbordo da cal ... Foi devido a esse pedido que foi construído o Apeadeiro de
Pataias...” (29). Por volta dos anos sessenta, muita da cal produzida era encaminhada para a
siderurgia nacional para a fabricação do aço.
Eram as mulheres da localidade A-do-Barbas (Maceira) que vinham a Pataias com burros
aparelhados com seirões e, depois, a vendiam nos mercados locais e nas feiras. Também as naturais
de Pataias se dedicaram a este comércio. Numa das suas obras etnográficas, Manuel Vieira da
Natividade apresenta como ilustração um desenho de uma vendedeira de cal de Pataias (30).
18
6. O Declínio da Actividade
Só a partir de 1933 é que possuímos um cômputo do número de fornos em laboração. Por
esta altura existiam trinta e cinco fornos em actividade. Já em 1942 o seu número reduz-se para
vinte e cinco fornos. O Guia profissional do concelho de Alcobaça de 1950 regista 17 fabricantes de
cal . Em 1982 apenas cinco fornos produzem cal e volvidos dez anos só um ainda trabalha. Aliás, o
Jornal de Pataias de Agosto de 1992, informa- nos que um fogo destruiu totalmente o barracão de
armazenamento de caruma do forno do Sr. Joaquim Vieira Grilo, que, na altura, era explorado pelo
seu filho António Grilo. Este forno terminou a sua actividade no dia 30 de Junho de 1995. As razões
invocadas pelos mestres forneiros para o encerramento dos fornos prendem-se com problemas de
falta de mão de obra, ao horário de trabalho deste ofício e à remuneração exigida pelos forneiros e
demais pessoal, verdadeiramente incompatível com a rentabilidade desta indústria artesanal. De
facto, o desenvolvimento industrial desta região, nomeadamente, no sector da cerâmica, vidro e
cimenteira, permitiu um pleno emprego industrial, verificando-se uma acentuada transferência da
população activa, sobretudo das novas gerações, da agricultura para a indústria. Por outro lado, as
empresas que adquiriam cal passaram a instalar fornos eléctricos automatizados para a sua
produção.
A manutenção em funcionamento destas unidades proto-industriais, quando a viragem do
milénio já se anunciava na linha do horizonte, explica bem a longevidade destas estruturas
produtivas associadas a uma ruralidade tardia que marcou a periferização de Portugal face à Europa
desenvolvida.
19
7.Notas
(1) Natividade, Manuel. 1960, p. 68.
(2) Barbosa, Pedro. 1992, pp.147-48; 163. O trabalho de campo e a pesquisa documental que
realizámos não confirma este dado.
(3) Marques, Maria Alegria. 1998, p.188.
(4) Penteado, Pedro. 1991, p. 308.
(5) Macedo, D. António. 1855, pp. 94-96.
(6) Gouveia, Henrique; Carvalho, Margarida. 1987, p.37. Neste artigo os autores definem uma
tipologia indispensável para enquadrar os fornos de cal.
(7) Baptista, João. 1877, p.10.
(8) Inquérito Industrial de 1890... pp. 709;712.
(9) Ribeiro, José. 1908, p. 165.
(10) Natividade, Manuel. 1906, p. 64.
(11) “Boletim do Trabalho Industrial”, 2, 1907, pp. 26-31;236.
(12) “Semana Alcobacense”, 728, de 10.07.1904.
(13) Autos de descripção dos bens de rais que se achão descritos nos Autos de 1 de F 479
athe F 508, Alcobaça, 28 de Abril de 1834. Arquivo Histórico do Ministério das Finanças.
Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça. Caixa 2193, fl. 1 v.º.
(14) Autos de Avaliação dos Bens situados nesta Villa e sua antiga comarca, e que
pertencião ao Extinto Mosteiro de Santa Maria da Ordem de S. Bernardo. Alcobaça, 19 de
Julho de 1834. A. H. M. F.. Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, caixa 2193, maço 2.
(15) Marques, Maria Zulmira. 1994, p.172.
(16) Azambuja, João. 1998, pp. 88; 105; 213.
(17) “Boletim do Trabalho Industrial”, 48, Lisboa, 1911.
20
(18) Figueiredo, Maria Olímpia. 1996, pp. 40-51.
(19) Amzalak, Moses. 1953a, p. 63.
(20) Alarcão, Jorge. 1978, pp. 23-24.
(21) Idem, p. 21.
(22) Margalha, Goreti. 1997, p. 5.
(23) Idem, p. 15. Não encontramos em Pataias fornos de cozedura contínua ou
permanente como sustenta esta autora.
(24) Melo, Carlos. 1917, p. 19.
(25) Pinto, António. 1939, p. 362.
(26) Melo, ob. cit., pp. 18-19.
(27) Livro das Posturas Antigas..., pp. 83-84.
(28) Azambuja, ob. cit., pp. 119-120.
(29) “Jornal de Pataias”, nº160, de 06.06.1994.
(30) Natividade, Manuel Vieira. 1916, p. 143.
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8. Bibliografia
Fontes Manuscritas
Autos de descripção dos bens de rais que se achão descritos nos Autos de 1 de F 479 athe F 5o8,
Alcobaça, 28 de Abril de 1834. Arquivo Histórico do Ministério das Finanças. Mosteiro de Santa
Maria de Alcobaça. Caixa 2193, fl.1 vº. ( Fundo que se encontra no Arquivo Nacional da Torre do
Tombo).
Autos de Avaliação dos Bens situados nesta Villa e sua antiga comarca, e que pertencião ao Extinto
Mosteiro de Santa Maria da ordem de S. Bernardo.Alcobaça, 19 de Julho de 1834. Arquivo
Histórico do Ministério da Finanças. Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, caixa 2193, maço 2.
( Fundo que se encontra no Arquivo Nacional da Torre do Tombo)
Jornais
“Notícias de Alcobaça” (1889 – 1932).
“Semana Alcobacense” (1890 – 1923).
“Ecos de Alcobaça” (1928 – 1945).
“Jornal de Alcobaça” (1891 – 1896;1971 – 1975).
“Voz de Alcobaça” ( 1930 – 1934; 1974 – 1999).
“Comarca de Alcobaça” ( 1935 – 1951).
“Alcoa” (1945 – 1999)
“Jornal de Pataias” ( 1981-1999).
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27
ÍNDICE
1.INTRODUÇÃO........................................................................................................................................1
2. O FORNO E OS SEUS ANEXOS. ........................................................................................................5
3. O ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEL AOS FORNOS. .........................................................8
4. O ARRANQUE DA PEDRA NAS CABOUCAS............................................................................... 10
5. O TRABALHO DOS FORNEIROS.................................................................................................... 12
5.1. O “EMPEDRE” OU “ENFORNA”...........................................................................................................12
5.2. A COZEDURA DA PEDRA...................................................................................................................13
5.3. A “DESENFORNA” E COMERCIALIZAÇÃO DA CAL..............................................................................15
6. O DECLÍNIO DA ACTIVIDADE .......................................................................................................18
7. NOTAS...................................................................................................................................................19
8 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................... 21
9. ÍNDICE ...................................................................................................................................................27
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