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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
JLIO DE MESQUITA FILHO
INSTITUTO DE BIOCINCIAS
CAMPUSDE BOTUCATU
Anlise parasi tolgica e microbiolgica de ti lpias do Nilo
(Oreochromis niloticus)cr iadas em tanques-rede no
reservatrio de gua Vermelha - SP e suas inter -relaes comas variveis limnolgicas e fase de criao
Al ine Cristina Zago
Botucatu, SP2012
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTAJLIO DE MESQUITA FILHOINSTITUTO DE BIOCINCIAS
CAMPUSDE BOTUCATU
Anlise parasitolgica e microbiolgica de tilpias do Nilo(Oreochromis niloticus) criadas em tanques-rede no reservatrio
de gua Vermelha - SP e suas inter-relaes com as variveislimnolgicas e fase de criao
Al ine Cri stina Zago
Orientador: Prof. Dr. Reinaldo Jos da Silva
Coorientadora: Dra. Fabiana Garcia Scaloppi
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-graduao em Cincias Biolgicas (A/CZoologia) do Instituto de Biocincias daUniversidade Estadual Paulista UNESP,Campus de Botucatu/SP, como parte dosrequisitos para obteno do ttulo de Mestreem Cincias Biolgicas, rea deConcentrao: Zoologia.
Botucatu, SP2012
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FICHA CATALOGRFICA ELABORADA PELA SEO DE AQUIS. E TRAT. DA INFORMAODIVISO TCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECRIA RESPONSVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VI CENTE
Zago, Aline Cristina.Anlise parasitolgica e microbiolgica de tilpias do Nilo (Oreochromis
niloticus) criadas em tanques-rede no reservatrio de gua Vermelha - SP esuas inter-relaes com as variveis limnolgicas e fase de criao / AlineCristina Zago. - Botucatu, 2012
Dissertao (mestrado)Universidade Estadual Paulista, Instituto deBiocincias de Botucatu
Orientador: Reinaldo Jos da SilvaCoorientador: Fabiana Garcia ScaloppiCapes: 21302022
1. Tilpia (Peixe) Criao. 2. PeixeCriao. 3. Doenas parasitrias.
Palavras-chave: Bacterioses; Ectoparasitas; Parasitoses; Piscicultura; Sanidade.
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gr decimentos
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ii
gradecimentos
Agradeo primeiramente a Deus, por me dar fora em todos os momentos de minha
vida.
Aos meus pais, Jos e Marli, pela confiana em mim depositada em todos os
momentos, por todo o apoio e incentivo que me deram aos estudos e, principalmente, aos
conselhos para no desistir apesar das dificuldades.
minha irm Francislaine, por me incentivar e acreditar em mim desde o incio.
Aos meus sobrinhos, Gabriela, Igor e Isadora, por aguentarem essa tia desastrada epelo carinho e alegria que me proporcionam.
Ao meu namorado, Daniel, pelo carinho, apoio e incentivo em todas as minhas
atividades.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Reinaldo Jos da Silva, pelos ensinamentos,
oportunidade e confiana em mim depositada desde o incio. Voc uma pessoa por quem
tenho muito respeito, carinho e admirao. Muito obrigada por tudo!
Profa. Dra. Maria Conceio Zocoller Seno, de quem recebi os primeiros
ensinamentos na rea de Parasitologia. Obrigada pela amizade e por ter compartilhado
comigo seus conhecimentos e suas experincias, com toda pacincia, carinho e simplicidade
que possui.
minha companheira Lidiane, que vem compartilhando comigo as dificuldades e
alegrias desde a poca da graduao, obrigada pela amizade, companheirismo e conselhos.
Voc uma pessoa muito especial em minha vida!
Aos pesquisadores da APTA de Votuporanga/SP, Fabiana e Srgio, pela
oportunidade concedida, ensinamentos e pelo auxlio para a realizao deste trabalho.
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iii
A Daiane e Ktia Flvia, pelo valioso auxlio durante os trabalhos de campo e no
laboratrio. Obrigada pela amizade e momentos de alegria e descontrao, adoro vocs!
Aos amigos do Instituto de Pesca de So Jos do Rio Preto/SP, Eduardo (Tuim),
Pedro e Fernando, pela colaborao nos trabalhos de campo e laboratrio.
Aos funcionrios da APTA de Votuporanga/SP, pelo auxlio e acolhida.
Aos meus amigos que esto distantes, Joline, Renan, Cntia Canisso e Amanda,
que participaram de vrias etapas da minha vida e que, apesar da minha ausncia nos
ltimos anos, a cada novo reencontro nossa amizade fortalecida.
A todos os meus amigos da poca de graduao, dos quais sinto muita saudade.
Ao pessoal do LAPAS, Drausio, Lidiane Firmino, Aline (Jiripoca), Aline Acosta,
Jaciara, rica, Alison, Vanessa, Rodney, Gyslaine e Heleno pela amizade e colaborao.
Aos funcionrios do Departamento de Parasitologia, Valdir, Roberto, Alessandra
e Nilza, pela amizade e colaborao.
Ao Sr. Lus Borges, proprietrio da Unidade de Piscicultura em Tanques-rede de
Mira Estrela/SP, pela doao dos peixes para a realizao deste projeto.
Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico), a
CAPES (Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior) e a FAPESP
(Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo), pelo auxlio financeiro para a
realizao desta pesquisa.
A todos aqueles que estiveram ao meu lado, seja apoiando ou incentivando, na
realizao deste trabalho.
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Sumrio
Resumo............................................................................................. .................. 2
Abstract.............................................................................................................. 4
Introduo geral
A piscicultura no Brasil........................................................................................... 6
Principais problemas relacionados sanidade em pisciculturas no Brasil.............. 9
Principais parasitoses em cultivo de tilpias no Brasil........................................... 10
Infeces bacterianas que afetam tilpias em cultivo............................................. 12
Consideraes finais............................................................................................... 14
Referncias bibliogrficas...................................................................................... 14
Objetivos
Gerais...................................................................................................................... 20
Especficos.............................................................................................................. 20
Artigo 1
Ectoparasitas de tilpias do Nilo (Oreochromis niloticus) provenientes de cultivo
em tanques-rede e suas inter-relaes com as variveis limnolgicas e fase de
criao..................................................................................................................... 21
Resumo............................................................................................................. 22
Abstract............................................................................................................ 23
Introduo.........................................................................................................24
Material e mtodos........................................................................................... 25
Resultados........................................................................................................ 29
Discusso.......................................................................................................... 41
Referncias bibliogrficas................................................................................ 44
Agradecimentos................................................................................................ 44
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v
Artigo 2
Bactrias isoladas de tilpias do Nilo (Oreochromis niloticus) provenientes de
cultivo em tanques-rede e suas inter-relaes com as variveis limnolgicas e fase
de criao................................................................................................................ 49
Resumo............................................................................................................. 50
Abstract............................................................................................................ 51
Introduo.........................................................................................................52
Material e mtodos........................................................................................... 53
Resultados........................................................................................................ 57
Discusso.......................................................................................................... 61
Agradecimentos................................................................................................ 65
Referncias bibliogrficas................................................................................ 66
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sumo
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Aline Cristina Zago Dissertao de Mestrado 2
RESUMO
O Brasil rene condies extremamente favorveis para a aquicultura, principalmente
devido ao seu grande potencial hdrico. Nos ltimos anos, a tecnologia de piscicultura em
tanques-rede vem sendo amplamente difundida no Brasil, uma vez que possibilita o
aproveitamento de recursos aquticos j existentes e exige menores investimentos quando
comparado piscicultura tradicional. O aumento significativo das atividades relacionadas a
aquicultura tem aumentado consideravelmente a relevncia dos estudos desenvolvidos com
parasitas, bactrias e outros patgenos de organismos aquticos, principalmente daqueles
hospedeiros com potencial para o cultivo e para a comercializao. Desta forma, o objetivodeste projeto consistiu em analisar, sob o ponto de vista parasitolgico e microbiolgico,
espcimes de tilpias do Nilo (Oreochromis niloticus) criadas em tanques-rede no
reservatrio de gua Vermelha, Estado de So Paulo, Brasil, bem como observar suas
inter-relaes com as variveis limnolgicas e fases de criao. Durante o perodo de
maro de 2010 a maro de 2011, foram estudados 63 peixes, pertencentes a trs fases de
criao (inicial, intermediria e final). Com relao anlise parasitolgica, verificou-se a
presena de quatro espcies e um gnero de protozorio, bem como trs espcies e doisgneros de monogenides. No perodo seco, foi observada maior abundncia de
Trichodina spp. e prevalncia de Epistylis sp.; e no perodo chuvoso, houve maior
prevalncia de Cichlidogyrus halli. Verificou-se que para a maioria dos ectoparasitas
encontrados, os peixes pertencentes s fases intermediria e final encontravam-se com
maiores taxas de parasitismo do que aqueles pertencentes a fase inicial. Quanto anlise
microbiolgica, foi observada a presena de oito espcies e sete gneros de bactrias,
sendo que 42,9% dos peixes estavam infectados por pelo menos uma espcie ou gnerodestes organismos. No foram observadas diferenas na prevalncia das bactrias com
relao s fases de criao ou sazonalidade. Entre as bactrias submetidas ao teste do
antibiograma, foi verificada sensibilidade a apenas dois dos antibiticos testados. Atravs
dos resultados obtidos, pode-se constatar a ocorrncia no reservatrio estudado, das
principais parasitoses e bacterioses que acometem o cultivo de O. niloticus, e que as
caractersticas limnolgicas e fase de criao influenciaram na ocorrncia das parasitoses.
Palavras-chave:piscicultura, sanidade, ectoparasitas, parasitoses, bacterioses.
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bstr ct
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Aline Cristina Zago Dissertao de Mestrado 4
ABSTRACT
Brazil presents extremely favorable conditions to aquaculture, mainly due to its largehydric potential. In recent years, fish cage technology has been widespread in Brazil
because it allows the use of water resources and requires less investment compared to
traditional fish farming. Significant growth in activities related to aquaculture has
considerably increased the relevance of studies with parasites, bacterias and other
pathogens of aquatic organisms, especially of those hosts with potential to fish farming and
marketing. Thus, this study aimed to perform a parasitological and microbiological
analyzes of tilpia do Nilo (Oreochromis niloticus) cultivated in fish cages from gua
Vermelha Reservoir, So Paulo State, Brazil, as well as observe their inter-relations with
limnological and fish production phase. From March 2010 to March 2011, 63 fish
belonging to three fish production phases (initial, intermediate and final) were studied. For
the parasitological analysis, it was found four species and one genus of protozoans, as well
as three species and two genus of monogeneans. It was observed a higher abundance of
Trichodinaspp. and prevalence of Epistylissp. in the dry season and a higher prevalence
of Cichlidogyrus halli in the rainy season.The majority of ectoparasites found presented
higher rates of parasitism in that fish specimens belonging to intermediate and final phases.
In relation to microbiological analysis, it was observed the occurrence of eight species and
seven genus of bacteria, and 42.9% of fish were infected with at least one species or genus
of these organisms. There were no differences in the prevalence of bacteria in relation to
fish phase creation or seasonality. It was observed susceptibility only for two antibiotics
tested among bacteria submitted to antibiogram test. According to data obtained, it was
possible to verify the occurrence in the reservoir studied of the main parasitosis and
bacteriosis that affect the cultivation of O. niloticus, and that the limnological
characteristics and fish creation phase influenced only the occurrence of parasites.
Keywords:fish farming, health, ectoparasites, parasitosis, bacteriosis.
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ntroduo geral
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INTRODUO GERAL
A piscicultur a no Brasil
O Brasil apresenta condies extremamente favorveis para a aquicultura,
principalmente devido ao seu grande potencial hdrico. So mais de 8.000 km de zona
costeira e cinco milhes de hectares de gua doce em reservatrios naturais e artificiais, os
quais podem ser aproveitados para a produo de organismos aquticos (Ono & Kubitza,
1999).
A produo aqucola no Brasil vem crescendo significativamente nos ltimos anos.
Em 2008, o setor apresentou uma elevao na produo de 34,4%, quando comparada com
a de 2007. Esse crescimento, embora menor, teve continuidade em 2009, quando se chegou
a 19,6% em comparao com 2008. Este incremento pode ser um reflexo das polticas
pblicas voltadas para o setor e que contriburam para melhorar o acesso aos programas
desenvolvidos pelo Ministrio da Pesca e Aquicultura (Brasil, 2010).
No mbito regional, a produo aqucola se encontra ascendente em todo o Brasil.
No Estado de So Paulo, a aquicultura apresenta um expressivo crescimento, sendo
responsvel pela segunda maior produo de pescado do pas, totalizando 38.503 t/ano
(Brasil, 2010).
Dentre as estruturas de cultivo que o Brasil emprega para a engorda de organismos
aquticos, destacam-se a utilizao de audes, viveiros escavados e tanques-rede (Brasil,
2010).
Nos ltimos anos, o cultivo de peixes em tanques-rede tem se desenvolvido com
maior intensidade no Brasil (Brasil, 2010). Esta modalidade de cultivo bastante difundida
em todo o mundo, uma vez que possibilita o aproveitamento de ambientes aquticos j
existentes e exige menores investimentos quando comparada piscicultura tradicional,
praticada em viveiros escavados (Ono & Kubitza, 1999).
Alguns reservatrios, inicialmente destinados para o abastecimento humano,
gerao de energia eltrica e irrigao, dentre outras finalidades, vm sendo
progressivamente utilizados para a instalao de projetos de piscicultura em tanques-rede
(Sampaio & Braga, 2005). Tal fato deve-se a iniciativas do governo brasileiro (decreto n
4.895, de 25 de novembro de 2003) para o ordenamento da implantao de sistemas de
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aquicultura em tanques-rede em guas pblicas, nos grandes reservatrios das unidades
hidroeltricas. Foi disponibilizado pela Unio at 1% desses ecossistemas artificiais para
atividades com esta finalidade, cujo processo de licenciamento e outorga devem ocorrer no
contexto dos mltiplos usos das guas pblicas, e dependem de um complexo sistema de
autorizao que envolve vrios rgos pblicos federais e estaduais, tais como a SEAP
(Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca), ANA (Agncia Nacional de guas), e DAEE
(Departamento de guas e Energia Eltrica), entre outros (Zica, 2008).
Essa situao pode ser observada em vrios reservatrios no Brasil, como por
exemplo, o reservatrio de gua Vermelha, pertencente Bacia Hidrogrfica do rio
Grande, na regio Sudeste do pas.
O rio Grande nasce na Serra da Mantiqueira, no municpio de Bocaina de Minas,
Estado de Minas Gerais, a uma altitude de aproximadamente 1.980 m. A Bacia do rio
Grande apresenta uma rea de drenagem de 143.437,8 km2, dos quais 57.092,4 km2
(39,8%) encontram-se dentro de territrio paulista, e 86.345,4 km2 (60,2%) em territrio
mineiro (Instituto de Pesquisas Tecnolgicas, 2008).
O rio Grande desempenha um importante papel no fornecimento de energia eltrica,
uma vez que se encontram presentes ao longo de seu curso 13 usinas hidroeltricas: Alto
rio Grande, Camargos, Itutinga, Funil, Furnas, Marechal Mascarenhas de Moraes (ex-
Peixoto), Estreito, Jaguara, Igarapava, Volta Grande, Porto Colmbia, Marimbondo e gua
Vermelha, alm de parte do reservatrio de Ilha Solteira (Instituto de Pesquisas
Tecnolgicas, 2008).
Recentemente, foi implantado pela primeira vez no reservatrio de gua Vermelha
um empreendimento para a criao de tilpias do Nilo (Oreochromis niloticus Linnaeus,
1758) emsistema de cultivo em tanques-rede.Atualmente so reconhecidas mais de 70 espcies de tilpias provenientes de trs
diferentes gneros: Oreochromis Gnther, 1889, Sarotherodon Rppell, 1852 e Tilapia
Smith, 1840 (Zanolo & Yamamura, 2006). Entretanto, apenas as variedades do gnero
Oreochromis conquistaram destaque na aquicultura mundial, como: a tilpia de
Moambique, Oreochromis aureus Steindachner, 1864; a tilpia de Zambibar,
Oreochromis urolipis hornorum Trewavas, 1966; e a tilpia do Nilo, O. niloticus, sendo
esta ltima, a mais criada em todo mundo devido a sua tima adaptao ao cativeiro(Kubtiza, 2000).
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Oreochromis niloticus pertence a Ordem Perciformes, Famlia Cichlidae, e pode
atingir at 60 cm de comprimento. originria do continente africano, onde encontrada
nos rios litorneos de Israel, rios Nilo e Jebel Marra e nas bacias dos rios Nger, Benue,
Volta, Gmbia, Senegal e Chade (Froese & Pauly, 2011). Com a finalidade de melhorar a
produtividade pesqueira e para auxiliar no desenvolvimento da aquicultura, este cicldeo
foi introduzido em mais de 100 pases das regies tropicais e subtropicais (Coward &
Bromage, 2000; Lveque, 2002).
Entre as espcies exticas que o Brasil utiliza como fonte de economia, a tilpia do
Nilo apresenta grandes vantagens competitivas em relao s nativas (Lizama et al., 2007).
Tal fato pode ser explicado, em parte, no somente pela rusticidade que caracteriza a
espcie, como tambm pelo fato de j existirem informaes detalhadas sobre suas
caractersticas biolgicas e zootcnicas, as quais podem ser aproveitadas em condies de
cultivo (Boscardin, 2008). Destacam-se, dentre as suas principais caractersticas: curto
ciclo de produo, rpido crescimento, tolerncia a ambientes superpovoados, consumo de
alimento natural, bem como de raes balanceadas e resduos agropecurios de origem
animal e vegetal, tima qualidade de carne, ausncia de mioespinhas, facilidade de
filetamento e industrializao da carcaa, boa aceitao do fil no mercado consumidor e
resistncia ao manejo e s doenas (Leonhardt, 1997).
As tilpias (O. niloticus e Tilapia rendalli Boulenger, 1897) so as espcies de
peixes mais produzidas no Brasil, podendo ser encontradas em praticamente todo o
territrio nacional, exceto nas regies abrangidas pelas Bacias do Amazonas e Paraguai,
onde seu cultivo no permitido pela legislao ambiental vigente. A produo de tilpias,
em 2009, representou 39% do total de pescado proveniente da aquicultura brasileira
(Brasil, 2010).Os diagnsticos e as prospeces que emergem dos trabalhos sobre aquicultura
evidenciam que esta uma atividade de grande importncia e em pleno crescimento no
Brasil (Sebrae, 2006). Desta forma, observa-se um crescente interesse dos pesquisadores e
criadores, no que se refere aos prejuzos causados por mortalidade e problemas na
produo de peixes (Schalch, 2011). A seguir, sero apresentados os principais problemas
relacionados sanidade em pisciculturas no Brasil.
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Principais problemas relacionados sanidade em pisciculturas no Brasil
O aumento significativo das atividades relacionadas aquicultura, observado no
Brasil e no mundo, tem aumentado consideravelmente a relevncia dos estudos
desenvolvidos com parasitas, bactrias e outros patgenos de organismos aquticos,
principalmente daqueles hospedeiros com potencial para o cultivo e para a comercializao
(Thatcher & Brites-Neto, 1994). Desta forma, nos sistemas de produo intensiva de
peixes, a sanidade um dos aspectos mais relevantes para a criao comercial de qualquer
espcie.
Nos sistemas de produo intensiva, como por exemplo, a criao de peixes em
tanques-rede, so utilizadas altas densidades de estocagem, sendo comuns neste tipo de
explorao problemas de manejo, m qualidade da gua, questes nutricionais, entre outros
(Kubtiza, 2000). Estes fatores de estresse ambiental refletem-se na homeostasia dos peixes,
predispondo-os ao ataque de organismos patognicos (Pavanelli et al., 2008). Esses
agentes, em tais condies de estresse, podem desencadear surtos epizooticos graves e
dizimar criaes inteiras em poucos dias. Tal situao ocorre principalmente devido ao
descaso com as medidas preventivas na introduo de peixes novos e tambm pela
presena de peixes selvagens parasitados (Onaka, 2009).
As bactrias apresentam grande importncia na piscicultura intensiva, uma vez que
podem ocasionar impacto econmico considervel devido s doenas que provocam. As
taxas de mortalidade podem ser bastante elevadas em surtos causados por esses
organismos, uma vez que o tratamento bastante difcil e muitas vezes ineficaz. Por esta
razo, tais doenas so de declarao obrigatria em muitos pases (Pavanelli et al., 2008).
Especial ateno tambm deve ser dada s parasitoses, que consistem em uma das
maiores causas de perdas na piscicultura industrial e esportiva. Apresentam maiorrelevncia na regio Neotropical, devido s caractersticas climticas apresentadas por essa
regio, as quais propiciam sua rpida e constante propagao (Thatcher & Brites-Neto,
1994). Soma-se a isso, o fato de que o ambiente aqutico facilita a reproduo, disperso e
sobrevivncia dos parasitas (Carvalho et al., 2003).
Os danos causados ao hospedeiro por doenas parasitrias dependem de vrios
fatores, como: o grupo do parasita em questo, a sua localizao e o modo particular como
atuam sobre o hospedeiro. Dentro deste contexto, as leses branquiais so particularmenteimportantes, uma vez que esse rgo reage fortemente a presena de parasitas, provocando
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uma acentuada proliferao celular e implicando na diminuio ou perda da respectiva
atividade respiratria que, nos casos mais graves, pode provocar a morte do hospedeiro por
asfixia (Pavanelli et al., 2008).
Ademais, as perdas causadas por parasitas e outros patgenos representam um fator
determinante para o sucesso da piscicultura, pois alm de disseminar agentes patognicos
para o ambiente, representam riscos sade pblica (Braccini et al., 2008). Neste cenrio,
destaca-se a importncia do diagnstico laboratorial para a realizao do tratamento, uma
vez que a utilizao inadequada de um produto pode causar impacto negativo, tanto nos
peixes como no meio ambiente, bem como o surgimento de espcies de parasitas e
bactrias resistentes (Vargas, 2004).
Dada a importncia dos parasitas e bactrias nos sistemas de cultivo, a seguir
apresentada uma breve reviso sobre as principais doenas causadas por esses organismos
em O. niloticus.
Principais parasitoses em cultivo de ti lpias no Brasil
Diversas parasitoses acometem o cultivo de O. niloticus, porm destacam-se aquelas
causadas por protozorios ciliados (Filo Ciliophora) e por monogenides (Kubtiza, 2000;
Shoemaker et al.,2000).
Dentre os protozorios do Filo Ciliophora, destacam-se aqueles pertencentes ao
gnero Trichodina sp. Ehrenberg, 1830, e tambm a espcie Ichthyophthirius multifiliis
Fouquet, 1876. Aparentemente, estes ciliados vivem como ectocomensais no tegumento e
nas brnquias dos peixes sem causar grandes prejuzos, a no ser em infestaes macias.
Em condies favorveis de reproduo, podem ser observadas grandes infestaes, tais
como em ambientes com excesso de matria orgnica e baixas quantidades de oxigniodissolvido nos locais de criao (Eiras, 1994).
Trichodina sp. um protozorio que apresenta formato circular e um disco adesivo
com uma srie de dentculos. So usualmente considerados ectoparasitas de pele e
brnquias do hospedeiro, podendo se proliferar rapidamente na presena de material em
decomposio. Sua patogenia deve-se aos movimentos giratrios que realizam sobre as
brnquias e tegumento do hospedeiro, ato que acaba danificando as clulas epiteliais
(Heckmann, 1996). Altas infestaes por Trichodina sp. ocorrem com maior frequncia em
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sistemas intensivos de criao de tilpias, principalmente durante a reverso sexual, nas
fases de ps-larva e alevino (Zanolo & Yamamura, 2006).
Outro protozorio que pode acometer criaes de tilpias o I. multifiliis, que
apesar de normalmente ser citado como ectoparasita, localiza-se subepidermicamente,
apresentando aparncia de pequenos pontos brancos na pele e nas brnquias dos peixes.
Normalmente, os peixes jovens so os mais susceptveis, sendo que altas infestaes
geralmente esto associadas a quedas bruscas na temperatura da gua. As leses causadas
por este agente em infestaes intensas, aliada a sua enorme capacidade reprodutora,
podem provocar grandes taxas de mortalidade, mesmo em populaes selvagens, sendo
provavelmente o protozorio que mais causa prejuzos s pisciculturas no mundo (Eiras,
1994).
Os monogenides so helmintos pertencentes ao Filo Platyhelminthes, que atuam
como ectoparasitas na superfcie do corpo, brnquias, cavidade nasal e sistema urinrio de
peixes (Takemoto et al., 2004). Possuem forma alongada, ovoidal ou circular, so
hermafroditas, e caracterizam-se pela presena de um aparelho de fixao localizado
geralmente na parte posterior do corpo, chamado de haptor, utilizado para fixao no corpo
do hospedeiro (Pavanelli et al., 2008).
A presena de monogenides nas brnquias dos peixes pode ocasionar hiperplasia
celular, hipersecreo de muco e, em alguns casos, fuso de filamentos das lamelas
branquiais. Em casos de produo excessiva de muco, pode ocorrer impermeabilizao das
brnquias, dificultando a respirao e levando os indivduos morte. Quando esses
ectoparasitas se encontram junto ao tegumento, geralmente causam leses menos
acentuadas, no entanto, podem abrir caminhos para a instalao de infeces secundrias
(Pavanelli et al., 2008).De acordo com Pavanelli et al. (2008), as doenas causadas por monogenides esto
entre as mais importantes para a piscicultura, uma vez que podem provocar altas taxas de
mortalidade.
Lizama et al. (2007) realizaram um estudo da relao parasito-hospedeiro em trs
pisciculturas da regio de Assis, Estado de So Paulo, Brasil. Um total de 90 espcimes de
O. niloticus foi coletado, sendo que 82,2% estavam parasitados por pelo menos uma
espcie de parasita, como: os monogenides Cichlidogyrus sclerosus Paperna & Thurston,1969, Cichlidogyrus sp. 1 Paperna, 1960 e Cichlidogyrus sp. 2; o crustceo Lamproglena
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sp. von Nordmann, 1832 (encontrado em trs estgios de desenvolvimento: jovem, imaturo
e adulto) e uma espcie de ergasildeo.
Braccini et al. (2008) estimaram a prevalncia de ectoparasitas de tilpia do Nilo (O.
niloticus), da linhagem Chitralada, cultivadas em tanques-rede nos rios do Corvo e
Guairac, Estado do Paran, Brasil. No Rio do Corvo, a prevalncia total de ectoparasitas
foi de 38,2%, com maior prevalncia de monogenides (19,4%); e no Rio Guairac, a
prevalncia total foi de 44,2%, com maior prevalncia de tricodindeos (17,4%).
A presena de ectoparasitas em alevinos de O. niloticus,das linhagens Chitralada e
GIFT, cultivadas em diferentes densidades (30, 40 e 50 peixes/m3) e alimentadas com 25 e
30% de protena bruta, foi analisada por Bracini et al. (2007). As prevalncias observadas
de Trichodina sp., monogenides da famlia Dactylogyridae e infeco mista, variaram de
26,2 a 73,3%, 0 a 11,9%, e 13,4 a 33,3%, respectivamente, na linhagem Chitralada, e de
33,3 a 73,3%, 0 a 16,7%, e 0 a 33,3%, respectivamente, na linhagem GIFT. Trichodina sp.
foi o ectoparasita que apresentou maior prevalncia, tanto na linhagem Chitralada como na
GIFT. Os peixes da linhagem GIFT, cultivados na maior densidade, apresentaram maior de
prevalncia de ectoparasitas quando comparados aos da linhagem Chitralada.
I nfeces bacterianas que afetam ti lpias em cu ltivo
As bactrias constituem-se importantes patgenos na piscicultura intensiva, devido a
sua facilidade de disseminao e por apresentarem um carter oportunista (Kubtiza, 2000;
Pavanelli et al., 2008). Embora existam inmeras bactrias patognicas, algumas delas so
de ocorrncia frequente e apresentam maior impacto econmico na produo comercial de
peixes cultivados, como: Streptococcus spp. Rosenbach 1884,Aeromonas spp. Kluyver &
van Niel, 1936,Pseudomonas spp. Migula, 1894 eFlavobacterium columnareBernardet et
al.,2002 (Kubtiza & Kubtiza, 2004).
Uma grande variedade de bactrias do gnero Streptococcus foi associada a
septicemias em peixes, sendo uma das doenas mais srias nos sistemas de cultivos de
tilpias. Infeces por esta bactria tambm foram registradas em seres humanos que
manipulavam peixes no Canad, sendo isolada de algumas pessoas que apresentavam um
quadro clnico de inflamao nas camadas mais profundas da pele das mos e braos, com
edema e vermelhido (Kubtiza, 2000).
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As bactrias F. columnare,Aeromonas spp. e Pseudomonas spp. normalmente
habitam os sistemas aquticos e convivem em equilbrio com os peixes. Entretanto, quando
ocorre algum distrbio ambiental ou presso de manejo, as doenas causadas por essas
bactrias comeam a aparecer (Kubtiza & Kubtiza, 2004).
As bactrias dos gneros Aeromonas e Pseudomonaspodem causar um quadro de
infeco generalizada (septicemia hemorrgica) em peixes, principalmente em perodos de
temperaturas baixas ou amenas, quando a resposta imunolgica desses animais reduzida
(Kubtiza, 2000).
Flavobacterium columnare causa uma doena conhecida como columnariose ou
doena da boca de algodo ou da cauda comida. Esta bactria se instala em ferimentos
ou leses corporais causadas aos peixes durante o manuseio (pesagem, despesa e
transporte) ou por parasitas (Kubtiza & Kubtiza, 2004). Os peixes infectados por F.
columnare geralmente apresentam leses nas margens das nadadeiras (principalmente a
caudal), com aspecto de apodrecimento das mesmas, e reas necrticas amareladas nas
brnquias (colnias de bactrias), que podem destruir parte do epitlio branquial,
dificultando a respirao e causando a morte dos peixes por asfixia (Kubtiza & Kubtiza,
2004; Figueiredo & Leal, 2008).
Siti-Zahrah et al. (2008) observaram surtos de mortalidade peridica em cultivo de
tilpia (O. niloticus) em tanques-rede nos reservatrios de Tasik Kenyir, Terengganu e
Pergau Tasik, na Malsia. Estes incidentes foram associados com o incio da estao seca
no pas (maro a junho), sendo que o isolamento bacteriano de amostras dos olhos, crebro
e rim revelaram a presena de Streptococcus agalactiae Lehmann & Neumann, 1896em
70% dos espcimes analisados, e Leuconostoc spp. van Tieghem, 1878 e S. constellatus
Whiley et al., 1999 em 30% dos espcimes. A maioria dos peixes examinadosapresentaram como sintomas: natao errtica e anomalias oculares (opacidade da crnea e
exoftalmia - unilateral ou bilateral).
Figueiredo et al. (2005) caracterizaram a primeira cepa brasileira de F. columnare
isoladas de tilpias do Nilo (O. niloticus) e bagre do canal (Ictalurus
punctatus Rafinesque, 1818), atravs de um surto da doena ocorrida em sistemas de
recirculao de gua. Os autores tambm demonstraram a patogenicidade da doena nesses
peixes.
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Rodrigues (2007) isolou vrias espcies pertencentes ao gnero Aeromonas (A.
hydrophila Stanier, 1943, A. sobria Popoff & Vron, 1981, A. veronii Hickman-Brenner et
al.,1988,A. caviae Popoff, 1984,A. trota Carnahan et al.,1992 eA. media Allen et al.,
1983) em tilpias do Nilo (O. niloticus), originrias de pisciculturas dos municpios de
Cachoeiras de Macacu e de Pira, Estado do Rio de Janeiro, Brasil.
Consideraes f inais
O sucesso dos empreendimentos aqucolas depende de vrios fatores, sendo que um
dos mais importantes refere-se a condio sanitria dos animais que esto sendo cultivados
(Pavanelli et al., 2008). Dessa forma, o monitoramento do estado de sade dos peixes
essencial para garantir a produo de animais saudveis e evitar perdas na atividade
(Onaka, 2009). Ademais, o conhecimento da distribuio sazonal dos organismos
causadores de enfermidades, assim como, da complexa relao entre fatores ambientais,
hospedeiros e patgenos so importantes para que se possa intervir no sistema, com
tcnicas profilticas adequadas, atravs de programas preventivos de controle destas
enfermidades (Schalch & Moraes, 2005).
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jetivos
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OBJETIVOS
Gerais:
Avaliar, do ponto de vista parasitolgico e microbiolgico, exemplares de tilpias do
Nilo (O. niloticus) provenientes de cultivo em tanques-rede na bacia do rio Grande,
reservatrio de gua Vermelha - SP, bem como observar suas inter-relaes com as
variveis limnolgicas e fase de criao.
Especficos:
1. Determinar a prevalncia, abundncia, intensidade de infeco, frequncia de
dominncia e dominncia relativa mdia dos ectoparasitas encontrados em tilpias do Nilo
provenientes do reservatrio de gua Vermelha - SP.
2. Determinar a prevalncia das bactrias encontradas em tilpias do Nilo
provenientes do reservatrio de gua Vermelha - SP.
3. Correlacionar as taxas de parasitismo de cada espcie de parasita com as
variveis limnolgicas e entre as diferentes fases de criao.
4. Correlacionar as taxas de parasitismo de cada espcie de bactria com as
variveis limnolgicas e entre as diferentes fases de criao.
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Artigo
Ectoparasitas de tilpias do Nilo (Oreochromis
niloticus) provenientes de cultivo em tanques-rede e
suas inter-relaes com as variveis limnolgicas e fase
de criao
Artigo preparado segundo as normas da revista Journal of fish diseases
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RESUMO
A tilpia do Nilo (Oreochromis niloticus) vem ocupando lugar de destaque no cenrio da
piscicultura mundial, constituindo-se numa das espcies mais indicadas para o cultivo
intensivo em regies tropicais. Esse sistema de cultivo de peixes possui como caracterstica
densidades populacionais elevadas, favorecendo a ocorrncia de surtos epizoticos, visto a
possibilidade da presena de diferentes organismos patognicos. Desta forma, o presente
trabalho teve como objetivo realizar anlise parasitolgica de tilpias do Nilo (O. niloticus)
criadas em tanques-rede no reservatrio de gua Vermelha, Estado de So Paulo, Brasil,
bem como observar suas inter-relaes com as variveis limnolgicas e fase de criao.Durante o perodo de maro de 2010 a maro de 2011, foram coletados 63 peixes,
pertencentes a trs fases de criao. Verificou-se a presena de quatro espcies e um
gnero de protozorio, bem como trs espcies e dois gneros de monogenides. No
perodo seco, foi observada maior abundncia de Trichodina spp. e prevalncia deEpistylis
sp.; e no perodo chuvoso, houve maior prevalncia de Cichlidogyrus halli. Verificou-se
que para a maioria dos ectoparasitas encontrados, os peixes pertencentes s fases
intermediria e final encontravam-se com maiores taxas de parasitismo do que aquelespertencentes fase inicial.
Palavras-chave: piscicultura, sanidade, monogenide, Trichodina spp., Ichthyophthirius
multifiliis,Piscinoodinium pillulare.
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ABSTRACT
The tilpia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) stands out in production systems and is oneof the most commonly used species in intensive culture in tropical regions. This system of
fish culture is characterized as high population densities, favoring the occurrence of
epizootic outbreaks, by the presence of different pathogens. Thus, this study aimed to
perform a parasitological analysis of tilapia do Nilo (O. niloticus) cultivated in fish cages
from gua Vermelha Reservoir, So Paulo State, Brazil, as well as observe their inter-
relations with limnological and fish production phase. From March 2010 to March 2011
were collected 63 specimens belonging to three fish production phases. It was observed the
presence of four species and one genus of protozoans, as well as three species and two
genus of monogeneans. Significant difference was verified in the abundance of Trichodina
spp. and prevalence of Epistylis sp. in the dry season, and prevalence of Cichlidogyrus
halli in the rainy season. For the majority of ectoparasites found in this study, fish
belonging to intermediate and final phases presented higher rates of parasitism than those
belonging to the initial phase.
Keywords: fish farming, health, monogeneans, Trichodina spp., Ichthyophthirius
multifiliis,Piscinoodinium pillulare.
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INTRODUO
A piscicultura constitui-se de um tipo de explorao animal que vem se tornandocada vez mais importante como fonte de protenas para o consumo humano. No contexto
internacional, o Brasil se coloca como um dos pases com grande potencial para a
piscicultura, pois possui um vasto territrio e suas condies climticas favorecem o
implemento de cultivo de peixes de gua doce (Pavanelli, Eiras & Takemoto 2008).
A tecnologia de piscicultura em tanques-rede vem sendo amplamente difundida no
Brasil, uma vez que possibilita o aproveitamento de recursos aquticos j existentes e exige
menores investimentos quando comparado piscicultura tradicional, praticada em tanques
escavados ou revestidos (Ono & Kubtiza 1999).
O sistema de cultivo de peixes em tanques-rede caracterizado pela utilizao de
altas densidades de estocagem, sendo comuns neste tipo de explorao problemas de
manejo, m qualidade da gua, questes nutricionais, entre outros (Thatcher & Brites-Neto
1994; Kubtiza, 2000). Estes fatores de estresse ambiental podem afetar a homeostasia dos
peixes, predispondo-os ao ataque de organismos patognicos (Pavanelli et al.2008). Esses
agentes, em tais condies de estresse, podem desencadear surtos epizooticos graves e
dizimar criaes inteiras em poucos dias (Onaka 2009). Desta forma, a relevncia dos
estudos relacionados com parasitas e outros patgenos de organismos aquticos tm
aumentado consideravelmente, principalmente daqueles hospedeiros com potencial para o
cultivo e comercializao (Thatcher & Brites-Neto 1994).
Entre as espcies de peixes utilizadas como fonte de economia no Brasil, destaca-se
a tilpia do Nilo (Oreochromis niloticus Linnaeus 1758), cultivada amplamente nas
pisciculturas em todo o territrio nacional (Lizama, Takemoto, Ranzani-Paiva, Ayroza &
Pavanelli 2007). No ano de 2009, a produo de tilpias (O. niloticus e Tilapia rendalli
Boulenger 1897) representou 39% do total de pescado proveniente da aquicultura brasileira
(Brasil 2010).
Diversas doenas e parasitoses acometem o cultivo de O. niloticus, porm destacam-
se aquelas causadas por protozorios ciliados, como Trichodina spp. Ehrenberg 1830 e
Ichthyophthirius multifiliis Fouquet 1876, bem como por monogenides (Kubtiza 2000;
Shoemaker, Phillip & Joyce 2000).
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Os monogenides so considerados responsveis pela parasitose mais importante da
piscicultura no Brasil, uma vez que podem provocar altas taxas de mortalidade. A presena
destes parasitas nas brnquias dos peixes pode ocasionar hiperplasia celular, hipersecreo
de muco e, em alguns casos, fuso de filamentos das lamelas branquiais. Em casos de
produo excessiva de muco, pode ocorrer impermeabilizao das brnquias, dificultando
a respirao e levando os indivduos a morte (Pavanelli et al.2008).
Nos casos de grandes infestaes, os protozorios ciliados podem provocar danos
sade dos peixes e, consequentemente, perdas econmicas nos sistemas de criao.
Trichodina spp. e I. multifiliis ocorrem nas brnquias e superfcie do corpo dos peixes,
podendo ocasionar hipersecreo de muco e leses no tegumento e brnquias (Pavanelli et
al. 2008).
Na literatura, existem vrios trabalhos relatando a ocorrncia destes parasitas em O.
niloticus, bem como suas relaes com as caractersticas limnolgicas ou sazonalidade
(Tavares-Dias, Martins & Moraes 2001a; Tavares-Dias Martins & Moraes 2001b;
Ranzani-Paiva, Felizardo & Luque 2005; Lemos, Rodrigues & Lopes 2006; Lizama et al.
2007; Braccini, Vargas, Ribeiro, Filho & Digmayer 2008; Bucur, Costache, Popa & Oprea
2011; Jernimo, Speck, Cechinel, Gonalves & Martins 2011). Entretanto, existe uma
carncia de estudos que relacionem a ocorrncia e as taxas de parasitismo com as
diferentes fases de criao de O. niloticus.
Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar, do ponto de vista
parasitolgico, exemplares de tilpias do Nilo (O. niloticus) criadas em tanques-rede no
reservatrio de gua Vermelha, Estado de So Paulo, Brasil, bem como observar suas
inter-relaes com as variveis limnolgicas e fase de criao.
MATERIAL E MTODOS
Procedimentos no campo
As coletas foram realizadas bimestralmente, durante o perodo de maro de 2010 a
maro de 2011, na Bacia do rio Grande, reservatrio de gua Vermelha, na Associao de
Piscicultores do municpio de Mira Estrela (Figura 1), Estado de So Paulo, Brasil
(195547.52 S, 500836.56 O).
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Um total de 63 peixes pertencentes a trs fases de criao (21 da fase inicial, 21 da
intermediria e 21 da final) foram capturados (Figura 2). A diviso em fases era
determinada pelo produtor, de acordo com o tamanho e peso dos peixes.
Figura 1.Unidade de piscicultura em tanques-rede na Bacia do rio Grande, reservatrio
de gua Vermelha, pertencente Associao de Piscicultores do municpio de Mira
Estrela, Estado de So Paulo, Brasil.
Figura 2.Tilpias do Nilo (Oreochromis niloticus) provenientes de cultivo em tanques-
rede no rio Grande, reservatrio de gua Vermelha, Estado de So Paulo, Brasil. A) Faseinicial, B) Fase intermediria, e C) Fase final.
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Imediatamente aps a coleta, os peixes foram individualizados em sacos plsticos e
mantidos em gelo dentro de caixa trmica para o transporte at o laboratrio.
Caractersticas de manejo da piscicu ltura estudada
Na Tabela 1, so apresentadas as caractersticas de manejo utilizadas em cada fase de
criao na piscicultura avaliada. O ciclo de produo, desde a fase inicial at a final,
apresentava durao de aproximadamente quatro meses. De acordo com o proprietrio,
constantemente era realizado o monitoramento da qualidade da gua. A piscicultura no
fazia uso de antibiticos (para profilaxia ou tratamento de doenas), sendo que o nicomtodo teraputico utilizado era feito atravs do uso de sal. Antes da classificao por
fases de criao, os peixes eram submetidos a um banho de sal; e tambm, constantemente
uma trouxa de sal era colocada na parte superior de cada tanque-rede.
Tabela 1. Caractersticas de manejo adotadas em cada fase de criao para o cultivo de
tilpias do Nilo (Oreochromis niloticus) em tanques-rede no rio Grande, reservatrio de
gua Vermelha, municpio de Mira Estrela, Estado de So Paulo, Brasil.
Fase de criaoCaractersticas Inicial Intermediria Final
Dimenso dos tanques-rede(m3)
6 6 6
Densidade por tanque-rede 5000 2000 800
Peso (g) 2 a 150 151 a 400 401 a 800
Alimentao 8 vezes ao dia 5 vezes ao dia 3 vezes ao dia
Tipo de rao Rao comercialextrusada com
38% de protenabruta
Rao comercialextrusada com
32% de protenabruta
Rao comercialextrusada com
32% de protenabruta
Anlise da qual idade da gua
No dia de cada coleta, foram avaliadas a temperatura, a transparncia e a
concentrao de oxignio dissolvido na gua com o auxlio de aparelho multissensor de
marca YSY - Mod.50. Posteriormente, uma amostra de 500 mL de gua era resfriada para
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a anlise no laboratrio dos seguintes parmetros: amnia, nitrito e pH, processados com o
auxlio de reagentes da marca Alfakit.
Processamento e anlise parasitolgica
Os animais foram submetidos biometria, para anotao do peso e comprimentos
padro e total, sendo posteriormente necropsiados de acordo com tcnicas propostas por
Eiras, Takemoto & Pavanelli (2006). A anlise parasitolgica seguiu a metodologia de
Eiras et al.(2006).
Para a anlise qualitativa e quantitativa dos protozorios, foi feita raspagem do mucoda superfcie corprea com auxlio de lmina histolgica, sendo este material fixado em
lcool 70%. Posteriormente, este material foi analisado em microscpio ptico (aumento
de 10x), mediante compresso do contedo entre lmina e lamnula, e retirada do excesso
de lquido utilizando-se papel de filtro (modificado de Pavanelli, Eiras & Takemoto 2002).
As brnquias foram coletadas e imediatamente transferidas para um frasco contendo
gua a 55 C, sendo o contedo agitado para desprendimento dos monogenides. Os
frascos permaneceram em repouso por 1 hora e, aps esse perodo, foi adicionado lcool93% ao contedo. Os monogenides encontrados foram fixados em lcool 70%. Para
estudo das estruturas esclerotizadas (ganchos, ncoras e barras do haptor e complexo
copulatrio), amostras desses monogenides foram clarificadas em meio de Hoyer ou Grey
& Wess (Kritsky, Thatcher & Boeger 1986).
Para a identificao e diagnstico dos parasitas, as seguintes referncias foram
utilizadas: Doullou (1993) e Pariselle & Euzet (2009) para os monogenides; e Van As &
Basson (1989), Martins & Ghiraldelli (2008) e Pavanelli et al. (2008) para os protozorios.
Todos os espcimes de peixe foram fotodocumentados, e fotomicrografias dos
parasitas foram obtidas atravs de sistema computadorizado por anlise de imagens Qwin
Lite 3.1, Leica Microsystems, Wetzlar, Germany.
Material-tipo e espcimes representativos das espcies de helmintos foram
depositados na Coleo Helmintolgica do Departamento de Parasitologia, Instituto de
Biocincias (CHIBB), Universidade Estadual Paulista - UNESP, campus de Botucatu, So
Paulo, Brasil.
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Anlise estatsti ca
Os dados de prevalncia, abundncia mdia e intensidade mdia de infeco dos
parasitas foram calculados de acordo com Bush, Lafferty, Lotz & Shostak (1997), e os de
frequncia de dominncia e dominncia relativa mdia de acordo com Rohde, Hayward &
Heap (1995). A comparao da prevalncia dos parasitas em relao s fases de criao e
sazonalidade foi feita utilizando-se o teste de proporo (teste Z). A variao na
intensidade de infeco e abundncia dos parasitas com relao sazonalidade foi feita
utilizando-se o teste t de Student ou teste U de Mann-Whitney, de acordo com a
distribuio dos dados. Com relao s fases de criao, para se verificar a variao na
intensidade de infeco e abundncia dos parasitas, foi utilizado o teste One Way ANOVA
(sendo a diferena entre os grupos determinada pelo teste de Tukey) ou Kruskal-Wallis (H)
(sendo a diferena entre os grupos determinada pelo teste de Tukey ou mtodo de Dunn),
de acordo com a distribuio dos dados. Para o clculo do fator de condio (K), foi feita a
curva da relao entre peso total (Wt) e o comprimento padro (Ls) dos espcimes de O.
niloticus, conforme Le Cren (1951), utilizando-se de um grfico de disperso das variveis
(peso e comprimento). A relao Wt/Ls foi ajustada por uma equao exponencial do tipo
Wt = a.Lsb, onde a constante a (coeficiente linear) indica o bem estar do peixe, e o
parmetro b (coeficiente angular) expressa o tipo de crescimento da espcie (Santos 1978;
Benedito-Ceclio & Agostinho, 1992; Orsi, Carvalho & Foresti 2002). Com os dados do
coeficiente angular, foi calculado o fator de condio individual (K = Wt/Ltb) para cada
espcime de peixe. O teste de correlao de Spearman (rs) foi utilizado para observar
possveis correlaes entre o fator de condio (K) e a abundncia parasitria de acordo
com a sazonalidade e fases de criao. Os testes estatsticos foram feitos atravs do
programa SigmaStat 3.1 (Systat Software Inc., California, USA), adotando-se o nvel designificncia de 5%.
RESULTADOS
Todos os peixes estavam infestados por pelo menos uma espcie de ectoparasita,
sendo observada a presena dos seguintes taxa: Trichodina compacta Van As & Basson
1989, Trichodina magnaVan As & Basson 1989,I. multifiliis eEpistylissp.Iwoffi Faur-
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Fremiet 1943 presentes tanto na superfcie corporal, quanto nas brnquias;Piscinoodinium
pillulare (Schperclaus 1954) Lom 1981, Cichlidogyrus halli Price & Kirk 1967,
Cichlidogyrus thurstonae Ergens 1981, Cichlidogyrus sp. 1 Paperna 1960 e Scutogyrus
longicornis Paperna & Thurston 1969 presentes somente nas brnquias; e Gyrodactylus sp.
Nordmann 1832, presente somente na superfcie corporal (Figuras 3-8).
Os dados biomtricos dos peixes e as taxas de parasitismo total em cada fase de
criao podem ser observados na Tabela 2. Foi verificado que os peixes das fases
intermediria e final apresentaram maiores abundncias do que aqueles pertencentes fase
inicial (H= 10,7, p = 0,005).
A variao na prevalncia, intensidade mdia de infeco e abundncia mdia dos
parasitas de O. niloticus de acordo com a fase de criao esto apresentados na Tabela 3, e
de acordo com a sazonalidade na Tabela 4. Trichodina spp. apresentaram os maiores
valores de prevalncia, intensidade mdia de infeco e abundncia mdia em todas as
fases de criao, bem como nos perodos seco e chuvoso. Trichodina spp. tambm
apresentaram os maiores valores de frequncia de dominncia e dominncia relativa mdia
entre os parasitas encontrados (Tabela 5).
Os peixes das fases intermediria e final apresentaram as maiores abundncias de
Trichodina spp. (U = 11,5; p = 0,003) e Cichlidogyrus sp. 1 (U = 31,7; p < 0,001), e
intensidade de infeco e abundncia de S. longicornis (U = 18,8; p < 0,001) quando
comparados com aqueles pertencentes fase inicial.
Os peixes da fase final apresentaram maiores prevalncias de I. multifiliis(Z = 2,8; p
= 0,006) eEpistylis sp. (Z = 2,2; p = 0,026) do que aqueles pertencentes fase inicial. Os
animais da fase intermediria apresentaram maiores prevalncias (Z = 2,6; p = 0,01) de S.
longicornis, prevalncia (Z = 2,751; p = 0,006) e abundncia (U = 7,1; p = 0,03) de C.
halli, e prevalncia (Z = 2,5; p = 0,011), intensidade de infeco (U = 6,2; p = 0,046) e
abundncia (U= 14,8; p < 0,001) de C. thurstonae quando comparados com aqueles da
fase inicial. A fase final foi a que apresentou maior taxa de prevalncia do monogenide
Cichlidogyrus sp. 1 (p > 0,05).
Os peixes das fases intermediria e final apresentaram maiores valores de abundncia
total quando comparados com aqueles pertencentes fase inicial (H= 10,6; p = 0,005).
Com relao sazonalidade, foi observado que Trichodina spp. (U = 1010,5; p =0,043) foi mais abundante no perodo seco, assim comoEpistylis sp. (Z = 2,739; p = 0,006)
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foi o mais prevalente. No perodo chuvoso, foi verificada maior prevalncia de C. halli (Z
= 2,239; p = 0,025).
No foi observada correlao entre o fator de condio (K) e a abundncia parasitria
quanto sazonalidade ou fases de criao (p > 0,05).
Na Tabela 6, podem ser verificados os parmetros fsico-qumicos da gua
mensurados no rio Grande, reservatrio de gua Vermelha, Estado de So Paulo, Brasil. O
pH, amnia, amnia txica e nitrito apresentaram valores semelhantes durante todo o
perodo de estudo. A transparncia da gua e os nveis de oxignio dissolvido
apresentaram-se com valores mais baixos durante o ms de novembro de 2010. Com
relao temperatura da gua, foram encontrados os menores valores nos meses referentes
ao perodo seco (maio, julho e setembro de 2010).
Tabela 2. Prevalncia (P), intensidade mdia de infeco (IMI) e abundncia mdia de
parasitismo e os dados biomtricos observados nas diferentes fases de criao de tilpias
do Nilo (Oreochromis niloticus) provenientes de cultivo em tanques-rede no rio Grande,
reservatrio de gua Vermelha, Estado de So Paulo, Brasil, durante o perodo de marode 2010 a maro de 2011.
Fase Peso (g) CP*(cm) P (%) IMI** AM**
Inicial56,4 13,7(1,4 - 214,3)
10,06 0,9(4,2 - 17,2)
100 25 5,9(2 - 108)
25 5,9(2 - 108)
Intermediria228,4 27,4(59,8 - 444,6)
18 0,8(13 - 23,5)
100 181 94,3(10-2030)
181 94,3(10-2030)
Final590,6 59,6
(205,4-1481,1)24,2 0,8(17 - 32)
100581,2 387,6
(4 - 8199)581,2 387,6
(4 - 8199)*CP: comprimento padro. **Valores apresentados como erro padro da mdia (amplitude).
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Tabela 4.Prevalncia (P), intensidade mdia de infeco (IMI) e abundncia mdia (AM)
de acordo com a sazonalidade dos parasitas encontrados em tilpias do Nilo (Oreochromis
niloticus), provenientes de cultivo em tanques-rede no rio Grande, reservatrio de gua
Vermelha, Estado de So Paulo, Brasil, durante o perodo de maro de 2010 a maro de
2011.
ParasitasPerodo seco (n=27) Perodo chuvoso (n=36)
P (%) IMI* AM* P (%) IMI* AM*Trichodinaspp. 96,3 472,8 302,5
(4-7768)455,3 291,6
(4-7768)83,3 96,4 33,8
(2-926)80,3 28,8
(0-926)
Ichthyophthiriusmultifiliis
28,6 37,7 32,1(2-198)
8,4 7,3(0-198)
11,1 3,8 1,2(2-7)
0,4 0,2(0-7)
Epistylis sp.** 71,4 - - 33,3 - -
Piscinoodiniumpillulare
11,1 1 0,1 0,1(0-1)
0 0 0
Cichlidogyrus halli 70,4 5,1 1,2(0,7 - 18,75)
3,6 0,9(0 - 18,75)
94,4 6,4 1,6(0,6 - 45,5)
6,1 1,5(0 - 45,5)
Cichlidogyrusthurstonae
90,5 3,7 0,8(0,3 - 12,17)
2,6 0,7(0 - 12,17)
86,1 4,1 1(0,32 - 24,5)
3,5 0,9(0 - 24,46)
Cichlidogyrussp. 1 18,5 0,4 0,2(0,03 - 1)
0,1 0,04(0 - 1)
22,2 0,2 0,1(0,01 - 0,91)
0,04 0,03(0 - 0,91)
Scutogyrus
longicornis
59,3 1,7 0,4
(0,02 - 6)
1 0,3
(0 - 6)
75 1,2 1,6
(0,05 - 8,2)
0,9 0,3
(0 - 8,2)Gyrodactylussp. 48,2 36,3 29,4
(2 - 388)17,5 14,3
(0 - 388)30,6 5,4 1,6
(1-18)1,6 0,6
(0-18)
Total 100 506,1 322,4(0-8166)
506,1 322,4(0-8166)
100 94, 2 30,1(2-943)
94,2 30,1(2-943)
*Valores apresentados como erro padro da mdia (amplitude). **Por se tratar de um protozorio colonial, os clculos deintensidade mdia de infeco e abundncia mdia no foram realizados.
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Tabela 5. Frequncia de dominncia e dominncia relativa mdia dos parasitas
encontrados em tilpias do Nilo (Oreochromis niloticus), provenientes de cultivo em
tanques-rede no rio Grande, reservatrio de gua Vermelha, Estado de So Paulo, Brasil,
durante o perodo de maro de 2010 a maro de 2011.
Parasitas Frequncia de dominncia Dominncia relativa mdiaTrichodinaspp. 45 0,6 0,3Ichthyophthirius multifiliis 0 0,01 0,02Cichlidogyrus halli 14 0,2 0,3Cichlidogyrus thurstonae 4 0,11 0,2Cichlidogyrussp. 1 0 0,001 0,1
Scutogyrus longicornis 0 0,03 0,1Gyrodactylussp. 0 0,04 0,1
Tabela 6.Parmetros fsico-qumicos da gua mensurados no rio Grande, reservatrio de
gua Vermelha, prximo Unidade de piscicultura em tanques-rede de Mira Estrela,
Estado de So Paulo, Brasil, durante o perodo de maro de 2010 a maro de 2011.
ParmetrosMeses de coleta
Mar/10 Mai/10 Jul/10 Set/10 Nov/10 Jan/11 Mar/11O2D
1 6,6 6,7 6,3 7,6 3,9 6,2 5,2Tr 2 > 2 > 1,5 1,45 0,98 >1,5 > 1,5pH 7 7 7 6,75 6,5 7,5 7T 29,3 24,5 22,9 23,6 28,6 30,8 28,6
Am 0,1 0 0 0,1 0,1 0,1 0,1At5 9 x 10-4 0 0 6 x 10-4 2,3 x 10-4 2,3 x 10-4 9 x 10-4Nt 0,1 0,03 0 0 0,03 0,1 0,03
1
Oxignio dissolvido (mg.L-1
);2
Transparncia (m);3
Temperatura (C);4
Amnia (mg.L-1
);5
Amniatxica (mg.L-1); 6Nitrito (mg.L-1).
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Figura 3. Protozorios encontrados em tilpias do Nilo (Oreochromis niloticus),
provenientes de cultivo em tanques-rede no rio Grande, reservatrio de gua Vermelha,
Estado de So Paulo, Brasil. A) Trichodina compacta; B) Trichodina compacta corado
com nitrato de prata; C) Trichodina magna; D) Trichodina magnacorado com nitrato de
prata, E)Ichthyophthirius multifiliis; F)Epistylis sp.
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Figura 4. Cichlidogyrus halli encontrado em tilpia do Nilo (Oreochromis niloticus),
proveniente de cultivo em tanques-rede no rio Grande, reservatrio de gua Vermelha,
Estado de So Paulo, Brasil. A) vista total, B) regio anterior, C) haptor.
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Figura 5. Cichlidogyrus thurstonae encontrado em tilpia do Nilo (Oreochromis
niloticus), proveniente de cultivo em tanques-rede no rio Grande, reservatrio de gua
Vermelha, Estado de So Paulo, Brasil. A) vista total, B) regio anterior, C) haptor.
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Figura 6. Cichlidogyrus sp. 1 encontrado em tilpia do Nilo (Oreochromis niloticus),
proveniente de cultivo em tanques-rede no rio Grande, reservatrio de gua Vermelha,
Estado de So Paulo, Brasil. A) vista total, B) regio anterior, C) haptor.
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Figura 7.Scutogyrus longicornis encontrado em tilpia do Nilo (Oreochromis niloticus),
proveniente de cultivo em tanques-rede no rio Grande, reservatrio de gua Vermelha,
Estado de So Paulo, Brasil. A) vista total, B) regio anterior, C) haptor.
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Figura 8. Gyrodactylus sp. encontrado em tilpia do Nilo (Oreochromis niloticus),
proveniente de cultivo em tanques-rede no rio Grande, reservatrio de gua Vermelha,
Estado de So Paulo, Brasil. A) vista total, B) regio anterior, C) haptor.
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DISCUSSO
No presente estudo, foi observada a presena de quatro espcies e um gnero de
protozorio, bem como trs espcies e dois gneros de monogenides em tilpias do Nilo
(O. niloticus) criadas em tanques-rede no rio Grande, reservatrio de gua Vermelha,
Estado de So Paulo, Brasil. Os ectoparasitas encontrados neste estudo so comumente
observados em O. niloticus, tendo sido relatados em diversos trabalhos e sob o regime de
diferentes sistemas de cultivo (Vargas et al.2000; Tavares-Dias et al.2001a; Tavares-Dias
et al. 2001b; Martins, Moraes, Andrade, Schalch & Moraes 2001; Ranzani-Paiva et al.
2005; Ghiraldelli, Martins, Jernimo, Yamashita & Adamante 2006; Lemos et al. 2006;Braccini et al.2008; Bucur et al.2011; Jernimo et al.2011).
Os tricodindeos so parasitas de grande significncia na produo comercial de
tilpias e esto presentes em quase todos os ambientes de cultivo (Kubtiza, 2000). No
presente estudo, Trichodina spp. apresentaram os maiores valores de frequncia de
dominncia e dominncia relativa mdia, bem como as maiores taxas de parasitismo em
todas as fases de criao e perodos do ano. Ghiraldelli et al. (2006), estudando os
ectoparasitas de O. niloticus cultivadas em trs regies do Estado de Santa Catarina, Brasil,
encontraram resultados semelhantes, nos quais os tricodindeos constituram o grupo de
parasitas mais numerosos e dominantes. Da mesma forma, Ranzani-Paiva et al. (2005)
observaram as maiores taxas de infestao por protozorios do gnero Trichodina spp. em
O. niloticusprovenientes da represa de Guarapiranga, Estado de So Paulo, Brasil.
De acordo com Kubtiza (2000) e Pavanelli et al. (2008), a susceptibilidade das
tilpias as parasitoses e doenas depende de diversos fatores, como: as condies dequalidade da gua e a carga orgnica nas unidades de produo, o estado de nutrio dos
peixes, e particularmente, as condies de qualidade da gua. A anlise dos parmetros
fsico-qumicos da gua revelou que a maioria dos valores encontrados estava de acordo
com as condies adequadas para o cultivo de O. niloticus, exceto a temperatura, que nos
meses referentes a estao seca apresentou valores abaixo do recomendado para a espcie,
que varia entre 27 a 32 C (Kubtiza, 2000). De acordo com Kubtiza (2000), temperaturas
abaixo de 27 C reduzem o apetite e o crescimento, alm de suprimirem o sistema
imunolgico, predispondo os peixes ao ataque de organismos patognicos. No perodo
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seco, foram observados maiores abundncias de Trichodina spp. e prevalncia deEpistylis
sp.
Durante o perodo chuvoso, apenas a prevalncia de C. halli foi maior quando
comparada com o perodo seco. Entretanto, a intensidade mdia de infeco e a abundncia
mdia de C. halli e dos demais monogenides observados neste estudo, apresentaram
valores baixos nos dois perodos estudados. Resultado semelhante foi observado por
Ranzani-Paiva et al. (2005) estudando O. niloticus provenientes da represa de
Guarapiranga, Estado de So Paulo, Brasil. Neste estudo, Ranzani-Paiva et al. (2005)
verificaram que Cichlidogyrussp. ocorreu em uma baixa intensidade mdia, e as maioresprevalncias foram constatadas nos meses correspondentes ao perodo chuvoso (outubro,
novembro e dezembro). Da mesma forma, Zica (2008) estudando O. niloticus cultivadas
em tanques-rede no reservatrio de Chavantes, Estado de So Paulo, Brasil, constatou que
a prevalncia por monogenides foi elevada, principalmente no perodo chuvoso, porm a
intensidade de infeco e abundncia foram baixas em todos os perodos do ano.
De acordo com Eiras (1993), a maioria das espcies de monogenides tem um
padro anual de infeco bem definido, com o aumento do nmero de parasitas em
temperaturas mais elevadas (vero) e uma diminuio em temperaturas mais baixas
(inverno). Os resultados obtidos no presente estudo com relao sazonalidade
corroboram com os achados de Jernimo et al. (2011). Neste trabalho, Jernimo et al.
(2011) observaram em O. niloticus cultivada em trs regies do Estado de Santa Catarina,
Brasil, maiores infestaes por protozorios nos meses com temperaturas mais baixas
(outono e inverno), e um aumento nas taxas de parasitismo por monogenides nos meses
que apresentaram temperaturas mais elevadas (primavera e vero).
Com relao s fases de criao, foi verificado que para a maioria dos ectoparasitas
encontrados, os peixes pertencentes s fases intermediria e final apresentaram maiores
taxas de parasitismo do que aqueles da fase inicial. Conforme relatado por Zuben (1997), o
tamanho do corpo do hospedeiro o fator mais correlacionado com o nmero de espcies
de parasitas. Hospedeiros maiores podem oferecer mais espao para os parasitas, e assim
abrigar mais espcies. Desta forma, uma maior variedade de nichos disponibilizada para
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ocupao, permitindo assim a ocorrncia simultnea de mais espcies de parasitas (Poulin
1995).
Estudos comparando as taxas de parasitismo nas diferentes fases de criao de O.
niloticus so escassos, sendo mais frequentes aqueles relacionados ocorrncia de
parasitismo em apenas uma fase, principalmente a de alevino.
O nico relato presente na literatura comparando fases de criao foi executado por
Vargas et al. (2000), que estudaram O. niloticus criadas em tanques escavados em um
"pesque-pague" de Umuarama, Estado do Paran, Brasil. Vargas et al. (2000) compararam
as taxas de parasitismo em peixes nas fases de alevino (2,6 1,8 cm e 0,4 g) e reprodutores
(machos: 29,1 1,3 cm e 449,3 49,7 g; fmeas: 25,1 5,8 com e 347,8 189 g). Foi
observado que a prevalncia total de ectoparasitas em peixes na fase de alevino foi de 87%,
com maior ocorrncia de Trichodina sp. (36%), seguida de monogenides (15%). Nos
reprodutores, foi identificada uma prevalncia de 31%, sendo observada uma maior
ocorrncia de monogenides (14%), seguida de Trichodinasp. (12%).
Leonardo, Pereira & Krajevieski (2006) conduziram um estudo na regio deMaring, Estado do Paran, Brasil, no qual observaram a ocorrncia mensal e sazonalidade
dos ectoparasitas em alevinos de O. niloticus aps a reverso sexual. Os exames
parasitolgicos demonstraram a ocorrncia de 100% de ectoparasitismo em todos os lotes
de peixes avaliados mensalmente. Do total de peixes coletados, 73,6% estavam parasitados
por Trichodina sp., 19,1% por Dactylogyrus sp., 11,8% por I. multifiliis, e 0,1% por
Chilodonella sp., sendo que as maiores ocorrncias aconteceram em meses mais frios.
No presente estudo, no foi observada correlao estatstica significativa entre o fator
de condio e a abundncia parasitria dos peixes, tanto com relao s fases de criao
quanto com a sazonalidade. Tal resultado sugere que, apesar de os peixes terem sido mais
parasitados nas fases intermediria e final, e tambm no perodo seco, essas taxas de
parasitismo no foram suficientes para afetar o estado fisiolgico, a sanidade, e o bem-
estar dos peixes.
Atravs dos resultados obtidos, pode-se constatar a ocorrncia no reservatrio de
gua Vermelha, Estado de So Paulo, Brasil, das principais parasitoses que acometem o
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cultivo de O. niloticus, e que as caractersticas limnolgicas e fase de criao influenciam
na ocorrncia desses organismos. Alm disso, todos os parasitas encontrados esto sendo
registrados pela primeira vez no reservatrio estudado.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq (Processo n 577649/2008-6), a CAPES e FAPESP
(Processo n 2010/01424-0) pelo auxlio financeiro durante a realizao da pesquisa. Ao
Sr. Lus Borges, proprietrio da Unidade de piscicultura em tanques-rede de Mira Estrela,
Estado de So Paulo, Brasil, pela doao dos peixes. Aos amigos do Instituto de Pesca de
So Jos do Rio Preto, Estado de So Paulo, Brasil, bilogo Pedro Guilherme Panin
Candeira, MSc Fernando Stopato da Fonseca e Dr. Eduardo Makoto Onaka pelo auxlio
durante as coletas.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
Benedito-Ceclio, E. & Agostinho, A. A. (1997) Estrutura de populaes de peixes do
reservatrio de Segredo. In: Agostinho, A. A. & Gomes L. C. (Edit.). Reservatrio de
Segredo: bases ecolgicas para o manejo,pp.113-119. Eduem, Maring.
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Artigo
Bactrias isoladas de tilpias do Nilo (Oreochromis
niloticus) provenientes de cultivo em tanques-rede e suas
inter-relaes com as variveis limnolgicas e fase de
criao