A ˙ E R ˘ R ˇ T ˘ F . G C R G ˆ , de José Luís Forneiro ... · Freixeiro Mato o Cancionero...

5
Allá Em Riba un Rey Tinha una Filha. Galego e Castelhano no Romanceiro da Galiza, de José Luís Forneiro Carlos Garrido Formas de citación recomendadas 1 | Por referencia a esta publicación electrónica* Garrido, Carlos (2011 [2007]). “Allá Em Riba un Rey Tinha una Filha. Galego e Castelhano no Romanceiro da Galiza, de José luís Forneiro”. Agália 91-92, 290-293. reedición en poesiagalega.org. Arquivo de po- éticas contemporáneas na cultura. <http://www.poesiagalega.org/arquivo/ficha/f/169>. 2 | Por referencia á publicación orixinal Garrido, Carlos (2007). ““Allá Em Riba un Rey Tinha una Filha. Galego e Castelhano no Romanceiro da Galiza, de José luís Forneiro””. Agália: 91-92, 290-293. © O copyright dos documentos publicados en poesiagalega.org pertence aos seus autores e/ou editores orixinais. * Edición dispoñíbel desde o 25 de xaneiro de 2011 a partir dalgunha das tres vías seguintes: 1) arquivo facilitado polo autor/a ou editor/a, 2) documento existente en repositorios institucio- nais de acceso público, 3) copia dixitalizada polo equipo de poesiagalega.org coas autorizacións pertinentes cando así o demanda a lexislación sobre dereitos de autor. En relación coa primeira alternativa, podería haber diferenzas, xurdidas xa durante o proceso de edición orixinal, entre este texto en pdf e o realmente publicado no seu día. O GAAP e o equipo do proxecto agradecen a colaboración de autores e editores.

Transcript of A ˙ E R ˘ R ˇ T ˘ F . G C R G ˆ , de José Luís Forneiro ... · Freixeiro Mato o Cancionero...

Page 1: A ˙ E R ˘ R ˇ T ˘ F . G C R G ˆ , de José Luís Forneiro ... · Freixeiro Mato o Cancionero popular gallegocompilado por P. Ballesteros), o ... un Rey Tinha una Filha. Galego

Allá Em Riba un Rey Tinha una Filha. Galego e Castelhano

no Romanceiro da Galiza, de José Luís Forneiro

Carlos Garrido

Formas de citación recomendadas

1 | Por referencia a esta publicación electrónica*Garrido, Carlos (2011 [2007]). “Allá Em Riba un Rey Tinha una Filha.

Galego e Castelhano no Romanceiro da Galiza, de José luís Forneiro”.Agália 91-92, 290-293. reedición en poesiagalega.org. Arquivo de po-

éticas contemporáneas na cultura. <http://www.poesiagalega.org/arquivo/ficha/f/169>.

2 | Por referencia á publicación orixinal

Garrido, Carlos (2007). ““Allá Em Riba un Rey Tinha una Filha. Galego

e Castelhano no Romanceiro da Galiza, de José luís Forneiro””. Agália:91-92, 290-293.

© O copyright dos documentos publicados en poesiagalega.org pertence aos seus autores e/ou

editores orixinais.

* Edición dispoñíbel desde o 25 de xaneiro de 2011 a partir dalgunha das tres vías seguintes:

1) arquivo facilitado polo autor/a ou editor/a, 2) documento existente en repositorios institucio-

nais de acceso público, 3) copia dixitalizada polo equipo de poesiagalega.org coas autorizacións

pertinentes cando así o demanda a lexislación sobre dereitos de autor. En relación coa primeira

alternativa, podería haber diferenzas, xurdidas xa durante o proceso de edición orixinal, entre

este texto en pdf e o realmente publicado no seu día. O GAAP e o equipo do proxecto agradecen

a colaboración de autores e editores.

Page 2: A ˙ E R ˘ R ˇ T ˘ F . G C R G ˆ , de José Luís Forneiro ... · Freixeiro Mato o Cancionero popular gallegocompilado por P. Ballesteros), o ... un Rey Tinha una Filha. Galego

ALLÁ EM RIBA UN REY TINHA UNA FILHA. GALEGO E CASTELHANO NO ROMANCEIRO DA

GALIZA, DE JOSÉ LUÍS FORNEIRO

por Carlos Garrido (Univ. de Vigo / Comissom Lingüística da AGAL)

1. José Luís FORNEIRO. 2004. Allá Em Riba un Rey Tinha una Filha. Galego e Castelhano no Romanceiroda Galiza. Difusora de Letras, Artes e Ideas. Ourense.

dade e vigor, a realçar o estreito vínculoexistente entre o galego codificável e assuas variantes meridionais, socialmenteestabilizadas. Se, a esse respeito, para umlargo público hoje interessado na línguada Galiza já estavam disponíveis nabibliografia claros indícios de talutilidade no caso dos provérbios (veja-se,por exemplo, o capítulo sobre o futuro doconjuntivo na introduçom ao RefraneiroGalego Básico compilado por Xesús FerroRuibal) e no caso das cantigas populares(veja-se, por exemplo, a Literatura popularde Galicia de Saco e Arce [comentada porMaurício Castro em Agália, 56], ou ogrande rendimento que, na abonaçom deestruturas morfossintácticas genuínasmostra na Gramática de Xosé RamónFreixeiro Mato o Cancionero populargallego compilado por P. Ballesteros), olivro que agora resenhamos oportuna-mente vem a confirmar Ce, como vere-mos, de modo quase paradoxalC aquelaestratégia restauradora também com baseno romanceiro tradicional da Galiza.

Estamos a referir-nos a Allá Em Ribaun Rey Tinha una Filha. Galego e Castelhanono Romanceiro da Galiza, livro(1) de muitooportuna apariçom e muito rigorosafeitura em que José Luís Forneiro analisa,com afám divulgativo, a constituiçom dalíngua em que o romanceiro da Galiza éveiculado, língua de natureza híbridagalego-castelhana, como patenteia ocurioso título escolhido para o volume.

O interessante trabalho que aquiglossamos, três anos voltados desde a suapublicaçom, constitui um bom exemploda grande utilidade que, para oconhecimento da riqueza histórica dogalego e, por conseguinte, para a suacodificaçom actual, encerra a compila-çom e análise de enunciaçons fossilizadaspertencentes à tradiçom oral da Galiza,sejam elas provérbios, contos e cançonspopulares ou, como neste caso, romances,i. é, composiçons poéticas de carácternarrativo. Numha modalidade lingüís-tica como a galega, em que as contin-gências da história fôrom empobrecendoe obliterando o seu património, taistestemunhos de um passado mais oumenos recuado, mas ainda actualizado nafala espontánea do povo, permitemreconstituir para o presente, como queagrupando os destroços de um naufrágio,um corpo idiomático de maior genuini-

290

2POENOT92 17/12/07 00:03 Página 290

Page 3: A ˙ E R ˘ R ˇ T ˘ F . G C R G ˆ , de José Luís Forneiro ... · Freixeiro Mato o Cancionero popular gallegocompilado por P. Ballesteros), o ... un Rey Tinha una Filha. Galego

291

José Luís Forneiro, professor titular doDepartamento de Filologia Galega daUniversidade de Santiago de Compostelae investigador que foi da Fundaçom e doSeminário Menéndez Pidal, publicaracom anterioridade El romancero tradicionalde Galicia: una poesía entre dos lenguas(2000), polo que cabe atribuir-lhe acondiçom de grande especialista nestainteressante manifestaçom da culturapopular galega. O livro do Prof. Forneiroque aqui resenhamos divide-se, após aintroduçom, em duas partes. Naprimeira, intitulada «O bilingüismo daGaliza e a mistura lingüística do romanceirogalego», procede-se a desenhar umhacaracterizaçom sociolin-güística daGaliza, enquanto matriz em que sominicialmente acolhidas e posteriormentereelaboradas umhas composiçons épico-líricas de origem maiormente castelhanaque, ao longo do tempo, serámparcialmente galeguizadas, para daremassim origem ao tam peculiar acervoromancístico da Galiza. Nesta análisesociolingüística, interessa muito ao autorvincar a precoce e prolongada «desde o fimda Idade Média até à actualidade» exposi-çom das camadas camponesas galegas àlíngua castelhana, familiarizaçom com ocastelhano que, em conjunto com ahistórica subalternizaçom socioculturalda língua galega e o carácter memorialís-tico do romanceiro, explicariam o factode na Galiza, em contraste com o queaconteceu em Portugal, as composiçonsromancísticas castelhanas nom teremexperimentado mais do que umha leveadaptaçom lingüística, de modo aoriginar-se a língua híbrida galego-castelhana, com nítida preponderánciacastelhana, peculiar do romanceiro daGaliza. A nosso juízo, nesta parte dolivro, o Prof. Forneiro acerta plenamenteao assinalar, recorrendo ao contributo de

diversos sociolingüistas, a prolongada eimportante influência lingüística docastelhano no mundo tradicional galego(pág. 16: «Ainda que seja difícil esboçar osdiversos graus de bilingüismo que seproduzírom na sociedade galega durante osdiversos períodos históricos [...], julgamos quenom se tenhem tido em conta algumhasrealidades que induzem a pensar que apresença do castelhano na sociedade galegavem de muito mais longe.»), a qual nomapenas ajuda a entender a substancialconservaçom da expressom castelhana noromanceiro da Galiza, como também –eaqui o autor está muito consciente deerodir umha «base até agora inquestionáveldo discurso cultural da Galizacontemporánea»– a própria descaracteriza-çom, profundamente castelhanizante, dalíngua da Galiza. Numha altura em queos representantes da corrente codificado-ra isolacionista com tanta facilidadeaventam peregrinas hipóteses de «evolu-çom lingüística autónoma na Galiza»,destinadas a legitimar, em detrimento dacoesom galego-portuguesa, inverosímeisalinhamentos unilaterais do actual galegopopular com o castelhano (como a da«espontánea» generalizaçom pós-medieval dos cultismos em -ción [numhaGaliza analfabeta!]), a chamada deatençom do autor para o carácter entra-nhadamente bilíngüe (e preponderan-temente castelhano) da expressomromancística assimilada e transmitidadesde a Idade Média polo povo da Galizadecerto contribui para derrubar o «mito»,tam caro aos codificadores da RAG-ILG, deumha pureza e isolamento lingüísticos docampesinato galego que se estenderia atéao século XIX.

A propósito desta primeira parte dolivro, de argumentaçom muito rica eeficaz na integraçom de diversas fontesde informaçom, o redactor desta

Carlos Garrido

2POENOT92 17/12/07 00:03 Página 291

Page 4: A ˙ E R ˘ R ˇ T ˘ F . G C R G ˆ , de José Luís Forneiro ... · Freixeiro Mato o Cancionero popular gallegocompilado por P. Ballesteros), o ... un Rey Tinha una Filha. Galego

292

recensom quereria manifestar apenas umponto de discrepáncia com o autor: aapaixonada vindicaçom que no estudo sefai do interesse cultural e lingüístico doromanceiro da Galiza «totalmentejustificada» e a constataçom da históricafamiliarizaçom do camponês galego coma língua castelhana «a qual é de factoatestada polo romanceiro» levam por vezeso autor a insinuar juízos de valor sobre acondiçom alegadamente bilíngüe dacomunidade galega que, com indepen-dência do sinal ou orientaçom daqueles,no contexto do presente trabalho, poloseu carácter científico e divulgativo,talvez fosse conveniente omitir (p. ex.,pág. 38: «Em contraste, pode observar-se emdeterminados ambientes cultos dascomunidades bilíngües umha atitude deintolerante paternalismo quanto ao direitoexercido polos falantes do mundo rural derecorrer à língua ‘exterior’ quando oconsideram conveniente, e um desejo de queos camponeses vivam encerrados numabsoluto monolingüismo.»).

A segunda parte do livro, de carácterexpositivo e intitulada «Interesse filológicoda língua do romanceiro galego», representaumha notável achega, por um lado, aosestudos sobre a interferência lingüística,pois, a partir da análise da língua doromanceiro galego, aqui é realizado umpormenorizado levantamento de cate-gorias de interferência entre galego ecastelhano «o mais completo até à data»,ilustrando-se cada umha delas comnumerosos exemplos retirados do acervode romances galegos: interferências foné-ticas, morfofonéticas, morfossintácticas eléxico-semánticas; por outro lado, e nalinha do consignado no início da presenterecensom, o autor oferece nesta segundaparte do livro um rico «e às vezessurpreendente» repertório de castiçasconstruçons e vozes galegas que, hoje

esmorecentes ou já por completo desa-parecidas na fala, testemunham aexistência de um galego espontáneo maisrico e genuíno do que o actual e, por isso,mais solidário com o luso-brasileiro, aomesmo tempo que inequivocamenteconfirmam a legitimidade e conveniênciade umha estratégia de codificaçomcabalmente regeneradora. Assim, a partirdo estudo da língua do romanceiro daGaliza, e de modo só aparentementeparadoxal «já que, embora se trate de umacervo textual caracterizado por umhamaciça interferência entre galego ecastelhano, o galego que nele estápresente (enquanto língua interferidora!),como explica o Prof. Forneiro, é genuínona sua antigüidade e ruralidade», pode-mosverificar a radical galeguidade e vigênciapopular, entre outras «jóias expressivas»,do futuro do conjuntivo e do infinitivoflexionado (profusamente representadosno romanceiro!), dos sufixos -aria e -çom,dos pronomes mesoclí-ticos e de vozescomo aborrecido >enfastiado=, abranger,atraiçoar, embora (adv. intensificador doverbo ir-se), ensinar, escada (sentido geral),França, janela (como jinela), Natal, povo,quinta-feira, ruivo, sino, sumir>desaparecer=, tanger, tirar >extrair=,trovom (como trevom), valoroso...

Já no aspecto formal, o livro destacapola sua boa redacçom e atraenteformato, se bem que, a esse respeito,caiba também fazer-lhe duas pequenascríticas, a segunda das quais referida aumha circunstáncia que provavelmentenom seja imputável ao autor: por umlado, na composiçom da monografia, demodo antieconómico, aparecem mistura-dos dous sistemas de referênciabibliográfica, o baseado nas notas derodapé e o baseado na inclusom de umcapítulo final de fontes bibliográficas,sem que no corpo do texto figurem as

AGÁLIA, 91-92

2POENOT92 17/12/07 00:03 Página 292

Page 5: A ˙ E R ˘ R ˇ T ˘ F . G C R G ˆ , de José Luís Forneiro ... · Freixeiro Mato o Cancionero popular gallegocompilado por P. Ballesteros), o ... un Rey Tinha una Filha. Galego

293

correspondentes remissons; por outrolado, o corpo de letra escolhido para oestudo introdutório (e, sobretudo, para oíndice!) é pequeno demais parapossibilitar umha leitura cómoda dotexto. Finalmente, duas palavras(esperançosas) sobre a editora que deu alume o interessante ensaio aquiresenhado. Desconhecemos as condiçonsfinanceiras em que esta publicaçom foirealizada, mas, para já, damos osparabéns e manifestamos o nossoreconhecimento aos responsáveis daDifusora de Letras, Artes e Ideas porque,sendo esta umha entidade com vocaçomcomercial, aqueles nom se recusam aabrir o seu catálogo à produçom decriadores e investigadores que escrevem

em galego-português, quando ainda hoje,numha atitude sectária e censora, indignade um país civilizado, tantas outraseditoriais galegas continuam a recursar-se, por princípio, a publicar qualquer textoque nom estiver composto em galego-castelhano.

Em conclusom, Allá Em Riba un ReyTinha una Filha. Galego e Castelhano noRomanceiro da Galiza, obra do Prof. JoséLuís Forneiro, pola originalidade do temaabordado, polo rigor do seu tratamento epola sua clareza expositiva, representaum notável contributo para a lingüísticagalega e, ao mesmo tempo, constituiumha leitura muito recomendável paratoda a pessoa interessada na cultura e nalíngua da Galiza.

Carlos Garrido

EM TRÁNSITO: O BRASIL COMO PANO DE FUNDO

NA NOVA PROPOSTA NARRATIVA DE RAQUEL MIRAGAIA

por Joel R. Gômez (Grupo Galabra-USC)

Mas a realidade tem muita facilidade para tornar-se sempre vencedora. Marcos e Inês sentiram comoessa realidade se apoderava aos poucos das suasvidas, do tempo, do espaço… e cada vez eram maio-res o balcom do bar e as ruas da cidade. Dia apósdia iam reduzindo as viagens, as malas, as fotos nasparedes. Até que já nom havia mais que realidade.

(Raquel Miragaia. Em tránsito, p. 50)

Na primavera de 2007 publicou-se Emtránsito(1), um conjunto de nove narrativasde Raquel Miragaia, que tenhem como

1. Miragaia, Raquel, (Abril de 2007), Em tránsito, Ourense, Difusora das Letras, 96 páginas.

nexo comum o deslocamento das pes-soas. Textos breves em que o meio detransporte veicula histórias que combi-nam a quotidianidade com o excepcional,e evidenciam diferentes aspectos dacomunicaçom, desde o transporte

2POENOT92 17/12/07 00:03 Página 293