El material auténtico fomenta el desarrollo de las

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El material auténtico fomenta el desarrollo de las

capacidades de utilizar eficazmente una lengua extranjera

en situaciones comunicativas reales o similares a la

realidad. O, de manera muy general, potencia las

capacidades de comunicación.

An Vande Casteele, 2006:52

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III

RESUMO

O objetivo principal do presente relatório é refletir sobre a importância dos

materiais autênticos no ensino de Espanhol como língua estrangeira (E/LE),

nomeadamente em atividades de interação oral. Com este propósito em vista, foi

realizada uma análise teórica dos conceitos mais importantes, bem como uma reflexão

pessoal do trabalho desenvolvido ao longo do ano, no âmbito do Mestrado de Inglês e

Espanhol, para o Ensino Básico e Secundário.

Por essa razão, são analisadas algumas atividades baseadas em materiais

autênticos, que funcionam também como sugestões para outros profissionais do ensino de

Espanhol. Além disso, apresentam-se exemplos de materiais autênticos, que podem ser

aproveitados no mesmo contexto, e os respetivos critérios de seleção que devemos ter em

conta.

De modo a perceber se professores e alunos consideram esses materiais

importantes para uma aprendizagem mais eficaz da língua espanhola, foram realizados

inquéritos a ambos. Os resultados obtidos demonstram a opinião clara e positiva quanto

ao uso dos materiais autênticos em sala de aula, que ajudam na promoção da interação

oral e no desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos.

Palavras-chave: materiais autênticos, interação oral, competência comunicativa.

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IV

ABSTRACT

The main purpose of this report is to consider the importance of authentic

materials within teaching Spanish as a foreign language (E/FL), namely in oral interactive

activities. With this end in view, a theoretical analysis of the more important concepts

was conducted, as well as a personal reflection on the work developed throughout the

year, in the scope of the Master’s degree on English and Spanish, for Basic and

Secondary Teaching.

Therefore, some activities based on authentic materials, which also serve as

suggestions to other teaching professionals of Spanish, are analysed. In addition, there are

some examples of authentic materials, which may be exploited in the same context, and

the respective selection criteria that we should take into account.

In order to understand if teachers and students consider those materials important

to a more effective learning of the Spanish language, both of them answered some

questionnaires. The results achieved illustrate the clear and positive opinion concerning

the use of authentic materials in the classroom, which help to encourage the oral

interaction along with the development of students’ communicative competence.

Key words: authentic materials, oral interaction, communicative competence.

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V

RESUMEN

El objetivo principal de la presente memoria es reflexionar sobre la importancia

de los materiales auténticos en la enseñanza de Español como lengua extranjera (E/LE),

en particular en actividades de interacción oral. Con este fin, fue realizado un análisis

teórico de los conceptos más importantes, así como una reflexión personal del trabajo

desarrollado a lo largo del año, en el ámbito del Máster de Inglés y Español, para la

Enseñanza Básica y Secundaria.

Por esa razón, son analizadas algunas actividades basadas en materiales

auténticos, que valen también como sugerencias para otros profesionales de la enseñanza

de Español. Asimismo, se enseñan ejemplos de materiales auténticos, que pueden ser

aprovechados en el mismo contexto y los criterios de selección que debemos tener en

cuenta.

Para entender si los profesores y alumnos creen que esos materiales son

importantes para un aprendizaje más efectivo de la lengua española, fueron realizados

cuestionarios a ambos. Los resultados obtenidos ilustran la opinión clara y positiva en

cuanto al uso de los materiales auténticos en el aula, que ayudan a promover la

interacción oral y el desarrollo de la competencia comunicativa de los alumnos.

Palabras clave: materiales auténticos, interacción oral, competencia comunicativa.

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VI

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Doutor Rogelio Ponce de León, pela orientação dada ao longo da

realização deste relatório, pela sua atenção e pela disponibilidade prestada no

esclarecimento de todas as dúvidas.

À professora orientadora Ana Rute Silva e à professora supervisora Miriam

Fernández, por todos os comentários, pelo apoio, pelos conselhos e por toda a ajuda ao

longo deste ano.

Aos meus colegas de estágio, pela presença, ajuda e companheirismo que

permitiram suportar melhor este período de tanto trabalho e dedicação.

À minha amiga Tânia, pelo incentivo, pela força, por acreditar em mim e por me

fazer acreditar! Obrigada por estares sempre ao meu lado.

À minha família, por todo o apoio e compreensão, por estarem sempre presentes.

Obrigada por tudo!

Ao meu namorado, por toda a paciência, ajuda e compreensão. Pela presença

constante, pela força e motivação que tantas vezes faltava. Obrigada!

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VII

ÍNDICE:

RESUMO ..................................................................................................................... III

ABSTRACT ................................................................................................................. IV

RESUMEN ...................................................................................................................... V

AGRADECIMENTOS ................................................................................................... VI

INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1. MATERIAIS AUTÊNTICOS ..................................................................................... 2

1.1. MATERIAIS AUTÊNTICOS VS. MATERIAIS DIDÁTICOS /

ELABORADOS………………………………………………………………….. 6

1.2. MATERIAIS AUTÊNTICOS: ORIGINAIS OU ADAPTADOS………..…. 7

2. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE MATERIAIS AUTÊNTICOS ................................. 9

3. EXEMPLOS DE MATERIAIS AUTÊNTICOS PARA AS AULAS DE ELE ......... 10

4. INTERAÇÃO ORAL NA SALA DE AULA ............................................................ 11

4.1. EXEMPLOS DE ATIVIDADES DE INTERAÇÃO ORAL …...…………. 14

5. IMPORTÂNCIA DO MATERIAL AUTÊNTICO COMO FORMA DE PROMOVER

ATIVIDADES DE INTERAÇÃO ORAL ...................................................................... 18

6. MATERIAIS COM PRESENÇA FREQUENTE NAS AULAS DE ELE ………… 22

CAPÍTULO II – EXPERIÊNCIA DA INICIAÇÃO À PRÁTICA PROFISSIONAL

1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ESCOLA E TURMAS DE ESTÁGIO ..................... 24

2. ATIVIDADES DE INTERAÇÃO ORAL BASEADAS EM MATERIAIS

AUTÊNTICOS NO CONTEXTO DE ESTÁGIO ......................................................... 25

2.1. EXEMPLOS DE ATIVIDADES DE INTERAÇÃO ORAL NO 1.º PERÍODO

DE AULAS ........................................................................................................... 29

2.2. EXEMPLOS DE ATIVIDADES DE INTERAÇÃO ORAL NO 2.º PERÍODO

DE AULAS ........................................................................................................... 34

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VIII

2.3. EXEMPLOS DE ATIVIDADES DE INTERAÇÃO ORAL NO 3.º PERÍODO

DE AULAS ........................................................................................................... 38

3. ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS ATRAVÉS DE QUESTIONÁRIOS ……….. 42

3.1. QUESTIONÁRIOS A ALUNOS ………………………………………..… 42

3.2. QUESTIONÁRIOS A PROFESSORES …………………………………... 54

4. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 63

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 66

ANEXOS ....................................................................................................................... 69

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 88

ÍNDICE DE QUADROS:

Quadro 1 ……………………………………………………………………………….. 4

Quadro 2 ……………………………………………………………………………….. 27

ÍNDICE DE FIGURAS:

Figura 1 ………………………………………………………………………………... 14

ÍNDICE DE GRÁFICOS:

Gráfico 1 ………………………………………………………………………………. 42

Gráfico 2 ………………………………………………………………………………. 43

Gráfico 3 ………………………………………………………………………………. 44

Gráfico 4 ………………………………………………………………………………. 44

Gráfico 5 ………………………………………………………………………………. 45

Gráfico 6 ………………………………………………………………………………. 45

Gráfico 7 ………………………………………………………………………………. 46

Gráfico 8 ………………………………………………………………………………. 47

Gráfico 9 ………………………………………………………………………………. 47

Gráfico 10 ..……………………………………………………………………………. 48

Gráfico 11 ……………………………………………………………………………... 48

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IX

Gráfico 12 ……………………………………………………………………………... 49

Gráfico 13 …………………………………………………………………………..…. 49

Gráfico 14 ….……………………………………………………………………….…. 50

Gráfico 15 …………..…………………………………………………………………. 50

Gráfico 16 ..……………………………………………………………………………. 51

Gráfico 17 ..……………………………………………………………………………. 51

Gráfico 18 ..……………………………………………………………………………. 52

Gráfico 19 …..…………………………………………………………………………. 52

Gráfico 20 ..……………………………………………………………………………. 53

Gráfico 21 ..……………………………………………………………………………. 53

Gráfico 22 ..……………………………………………………………………………. 54

Gráfico 23 ..……………………………………………………………………………. 55

Gráfico 24 ..……………………………………………………………………………. 55

Gráfico 25 ..……………………………………………………………………………. 56

Gráfico 26 ..……………………………………………………………………………. 57

Gráfico 27 ..……………………………………………………………………………. 57

Gráfico 28 ..……………………………………………………………………………. 58

Gráfico 29 ..……………………………………………………………………………. 58

Gráfico 30 ..……………………………………………………………………………. 59

Gráfico 31 ..……………………………………………………………………………. 59

Gráfico 32 ..……………………………………………………………………………. 60

Gráfico 33 ..……………………………………………………………………………. 61

Gráfico 34 ..……………………………………………………………………………. 61

Gráfico 35 ..……………………………………………………………………………. 62

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1

INTRODUÇÃO

O presente relatório tem como objetivo analisar a importância dos materiais

autênticos utilizados no ensino de Espanhol como língua estrangeira, nomeadamente na

promoção de atividades de interação oral. Pois é através da interação oral que o aluno

comunica efetiva e significativamente, tal como advogam os programas de ensino de

línguas estrangeiras e como podemos verificar num documento direcionado para o ensino

de uma língua estrangeira, designadamente, o Inglês, onde se explica que:

Authentic communication is a constant back and forth - from listening to speaking and

from speaking to listening - between people who have something to share. Listening or

speaking cannot be one-way in a communicative setting. For real communication to take

place, there must be interaction between people. (Ministere de l'Education du Quebec,

2001:2)

Sem esquecer que a aprendizagem de uma língua deve implicar a comunicação

real e autêntica, sempre que possível, na sala de aula, procurei recorrer em todas as aulas

de estágio a atividades significativas e relevantes para os alunos, baseadas em momentos

de interação oral, de forma natural ainda que orientada, por vezes, pelos próprios alunos.

Com este propósito em mente, apoiei-me em materiais autênticos, selecionados de acordo

com a turma alvo, tendo em conta dois aspetos essenciais: por um lado as características

gerais e específicas da turma e por outro, os conteúdos programáticos a serem lecionados

nesse período de tempo, nessa mesma turma. Estou totalmente de acordo com Álvarez,

quando afirma que:

Hay dos elementos básicos para un desarrollo satisfactorio en la adquisición de lenguas,

sean éstas maternas o de origen, segundas o extranjeras, vehiculares u oficiales. En

primer lugar, la adaptación de los contenidos y métodos a las características (elementos

personales, bagaje cultural, situación social y económica, intereses y necesidades) del

grupo al que se dirigen. En segundo lugar, el uso de tanto material auténtico como sea

posible, pues de ese modo el aprendizaje de la lengua (la que sea) siempre estará acorde

con el contexto en el que se utiliza. (Álvarez, 2007:1)

Na realização deste trabalho, segui as orientações didáticas homologadas pelos

programas de Espanhol em vigor, bem como por outros documentos direcionados ao

ensino de línguas estrangeiras, tais como o Quadro Europeu Comum de Referencia para

as Línguas e o Plan Curricular del Instituto Cervantes.

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2

Com este trabalho pretende-se também esclarecer o conceito de material e

autenticidade, na perspetiva do ensino de línguas estrangeiras, bem como a importância

dos mesmos no desenvolvimento de atividades de interação oral. Serão, ainda, apontadas

algumas sugestões de materiais e atividades a usar em contexto de sala de aula, neste caso

específico, para o ensino de Espanhol (no 3.º Ciclo do Ensino Básico e Secundário).

Finalmente serão tecidas algumas conclusões não só relativamente ao desenvolvimento

de todo o trabalho levado a cabo ao longo deste ano letivo, particularmente nas aulas de

estágio, mas também quanto às informações obtidas através de dois questionários sobre

os materiais autênticos e a sua importância (para professores e alunos).

CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1. MATERIAIS AUTÊNTICOS

Para entendermos claramente o que são materiais autênticos devemos, antes de

mais, refletir sobre o que é um material, bem como sobre o próprio conceito de

autenticidade. Em relação ao primeiro, e se tivermos em conta a opinião de Fernández

López (2004:724), “Por materiales entendemos los instrumentos complementarios que se

elaboran con el fin de proporcionar al alumno y al profesor un mayor apoyo teórico o

práctico relacionado con un aspecto puntual y específico del aprendizaje de la lengua.”

(Fernández, 2004:724). Também Brian Tomlinson (2003) esclarece que um material é

tudo aquilo que pode ser utilizado para facilitar a aprendizagem de uma língua, ou seja,

não necessita de ser algo elaborado com o propósito de facilitar a aprendizagem de uma

língua. Desde o manual adotado a dicionários, gramáticas, jornais, fotografias, emails,

vídeos, exercícios em fotocópias, pacotes de comida, instruções dadas pelo professor,

discussões entre alunos, etc.. Além disso, um material poderá adotar diversas facetas:

They can be instructional, experiential, elicitative or exploratory, in that they can inform

learners about the language, they can provide experience of the language in use, they can

stimulate language use or they can help learners to make discoveries about the language

for themselves. (Tomlinson, 2003:2)

Diferentes materiais podem ser apresentados de diferentes formas, por exemplo,

em papel, em projeção, em cassete, em CD-ROM, em DVD ou pela Internet. De referir

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3

que a Internet e as novas tecnologias permitiram um maior número de possíveis materiais

a utilizar em contexto de sala de aula, o que por sua vez demonstrou ser do agrado dos

alunos, que atualmente estão, cada vez mais, intimamente ligados a este género de

recursos. São, aliás, considerados a geração das novas tecnologias e da Internet. Razão

pela qual os programas de Espanhol aconselham o uso das novas tecnologias como

instrumentos de comunicação e de informação no contexto de sala de aula.

Juntamente com o professor, os materiais são as principais fontes de informação

recebida pelos alunos, o que os torna num assunto pertinente e relevante a ser tratado,

dentro do contexto de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira (Pozzobon e

Pérez, 2010).

Depois de uma análise detalhada das diretrizes propostas pelo Quadro Europeu

Comum de Referência para as Línguas (QECR), podemos verificar que não há referência

a “materiais”, mas sim a “textos”: “o termo ‘texto’ denomina qualquer referência

discursiva, oral ou escrita, que os utilizadores/aprendentes recebem, produzem ou trocam.

Assim, não pode existir acto de comunicação linguística sem um texto” (Conselho da

Europa, 2001:136).

O mesmo documento distingue dois tipos de texto, a saber, os textos orais e os

textos escritos, e apresenta alguns exemplos, como se pode verificar pelo quadro

seguinte:

Textos orais Textos escritos

• anúncios públicos e instruções;

• discursos públicos,

conferências, apresentações,

sermões;

• rituais (cerimónias, serviços

religiosos formais);

• espectáculos (teatro, leituras

públicas, canções);

• comentários desportivos

(futebol, automobilismo,

ciclismo, hóquei em

patins, atletismo, etc.;

• livros, ficção e não ficção, incluindo revistas literárias;

• revistas;

• jornais;

• manuais de instruções (Faça Você Mesmo, livros de

cozinha, etc.);

• manuais escolares;

• bandas desenhadas;

• brochuras e prospectos;

• folhetos;

• material publicitário;

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4

• noticiários na rádio e na

televisão;

• debates e discussões públicos;

• conversas em presença;

• conversas telefónicas;

• entrevistas de emprego.

• sinalizações e avisos públicos;

• letreiros nos supermercados, nas lojas e nos mercados;

• embalagens e etiquetas de produtos;

• bilhetes, etc.;

• formulários e questionários;

• dicionários (monolingues e bilingues), thesauri;

• cartas de negócios e profissionais, faxes;

• cartas pessoais;

• composições e exercícios;

• memorandos, relatórios e ensaios;

• notas e mensagens, etc.;

• bases de dados (notícias, literatura, informações gerais,

etc.).

Quadro 1: Textos orais e textos escritos (Conselho da Europa, 2001:138-139)

Passando ao conceito de autenticidade, e segundo o Diccionario de términos clave

de ELE, do “Centro Virtual Cervantes”, existem distintos géneros de autenticidade no

contexto de sala de aula, de maior ou menor grau, tais como: “la autenticidad de origen

(el documento no ha sido falsificado), la autenticidad de propósito (el documento y su uso

son adecuados al fin perseguido), la autenticidad existencial (el documento, su contenido

y su uso se perciben como relevantes por parte de los aprendientes)”.

No que concerne à autenticidade dos materiais didáticos, são considerados

autênticos aqueles que servem de apoio aos parâmetros referidos no parágrafo anterior.

Essa autenticidade acarreta diversas vantagens ao processo de ensino e aprendizagem,

não só a nível linguístico-textual, mas também a nível sociocultural. Tal como vemos no

Diccionario de términos clave de ELE, do Centro Virtual Cervantes, L. van Lier (1991):

Desde un punto de vista estrictamente lingüístico-textual, la autenticidad (y la ausencia de

manipulaciones en aras de la simplificación didáctica) afectará no solo al plano oracional

y sintáctico sino también al nivel textual (los textos representarán modelos de textos

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realmente existentes en la sociedad cuya lengua se aprende, y desempeñarán las funciones

que les sean propias en sus diversos ámbitos de uso), y en el sociocultural (los textos

representarán modelos de uso lingüístico, asociados a convenciones sociales y culturales

propias de su ámbito de uso y de las características de los usuarios). (L. van Lier (1991),

Centro Virtual Cervantes)

Recorrendo a uma definição de Brian Tomlinson (1998), um material autêntico é

aquele que não é escrito ou falado com o objetivo de ensinar uma língua. Pode ser um

artigo de jornal, uma canção de rock, um romance, uma entrevista de rádio, instruções de

como jogar determinado jogo ou até um conto tradicional. (Tomlinson, 1998:IX)

Higueras García (2004) é da opinião de que o material autêntico facilita a

aquisição simultânea de conteúdos linguísticos e culturais, uma vez que:

El alumno entra en contacto con material auténtico y obras de referencia, puede

interactuar con nativos y realizar actividades de autoaprendizaje, al tiempo que aprende

sobre la cultura meta de forma contextualizada, forma parte de una comunidad de

aprendizaje (Higueras, 2004:1064).

Acrescenta ainda que, a Internet permite um maior contacto do professor e do

aluno com a realidade linguística e cultural dos nativos de língua espanhola, além de que,

os materiais autênticos presentes na Internet estão permanentemente a ser atualizados.

Relativamente ao recurso à Internet, todos sabemos que se trata de uma

ferramenta extremamente útil para a recolha e seleção de materiais autênticos, para a

aprendizagem de qualquer língua estrangeira. García Mata (2004) afirma que o

surgimento de novos canais de informação e comunicação, num mundo crescente e

globalizado, coloca ao alcance dos professores de língua estrangeira uma diversidade de

materiais enorme para utilizar em contexto de sala de aula. Contudo, é importante realizar

uma seleção rigorosa e cuidada dos materiais que servirão de apoio ao processo de ensino

e aprendizagem, neste caso da língua espanhola. Devemos ter em conta diversos critérios

para a seleção desses materiais, de modo a selecionar apenas os que tenham maior

potencial comunicativo, dentro de um contexto realista e cujo conteúdo seja relevante

para o aluno e para as suas necessidades comunicativas.

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1.1. MATERIAIS AUTÊNTICOS VS. MATERIAIS DIDÁTICOS / ELABORADOS

Enquanto alguns teóricos preferem e aconselham materiais autênticos para o

ensino de línguas estrageiras, outros consideram que esse género de materiais não são os

mais adequados. Em primeiro lugar, porque podem não estar de acordo com o nível dos

alunos, mas também porque não têm em conta o programa da disciplina a lecionar, além

de que por vezes alguns dos materiais autênticos apresentam erros linguísticos.

Contudo, este facto verifica-se igualmente com os materiais didáticos, como por

exemplo os manuais produzidos especificamente para o ensino e para todos os alunos em

geral, sem poder tomar em linha de conta as características específicas de cada turma.

Sendo assim, podemos dizer que nem os materiais autênticos, nem os materiais didáticos

ou elaborados com o propósito de ensino, são perfeitos. É responsabilidade do professor

optar pelos que considera ser mais vantajosos para os seus alunos.

Segundo Daniel Cassany (1994), o manual adotado é normalmente o material

mais utilizado em sala de aula, porém não significa que seja o mais adequado. Na sua

opinião: El libro marca el ritmo del aula, el orden del programa, el tipo de actividades,

etc. y, además, no cambia en nada de un curso a otro, aunque los grupos sean

diametralmente diferentes. (Cassany, 1994:73)

Ferrer (2008) distingue os dois tipos de materiais apontando para as finalidades de

cada um deles. Enquanto os materiais autênticos são produzidos por falantes nativos da

língua e direcionados também para falantes da língua (sem qualquer preparação

pedagógica), os materiais didáticos ou elaborados são adaptados, ou mesmo fabricados de

raiz, com um objetivo pedagógico específico, promover o processo de ensino de acordo

com as diretrizes estipuladas pelos programas de ensino. No entanto, alega que pequenas

adaptações aos materiais autênticos não comprometem obrigatoriamente a perda do seu

caráter de autenticidade. Pois podemos alterar o suporte técnico do material, para poder

ser apresentado em fotocópias ou projetado em sala de aula (através de um DVD ou de

um ficheiro num computador), sem transformar o material e o seu conteúdo da versão

original.

Cabe então ao professor usufruir dos materiais autênticos em sala de aula de modo

apropriado para os alunos, sem que percam a sua identidade e autenticidade. Só desta

forma podemos aproveitar os modelos reais de comunicação associados a esse material,

que podem ser vistos como um meio de representação genuína de uma determinada

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7

cultura e comunidade linguística, cuja língua os alunos pretendem aprender. Como afirma

Ferrer:

La curiosidad se aviva ante estas muestras veraces de esa otra forma de ver el mundo, y

es esa veracidad, esa fiabilidad de que están ante algo que pueden encontrar exactamente

idéntico en el mundo hispano y no solamente en clase, lo que finalmente el docente tiene

que esforzarse en salvaguardar. (Ferrer, 2008:2366)

Da mesma forma, Bulnes (2010) realça que o recurso a materiais autênticos

proporciona os elementos culturais necessários à aprendizagem de uma língua. Qualquer

tipo de texto autêntico, seja oral ou escrito, transmite direta ou indiretamente aspetos

culturais inerentes à língua espanhola. Língua e cultura são, na verdade, dois termos

indissociáveis e complementares um ao outro.

1.2. MATERIAIS AUTÊNTICOS: ORIGINAIS OU ADAPTADOS

No recurso a materiais autênticos para as aulas de línguas estrangeiras devemos

ter em linha de conta duas possíveis abordagens em sala de aula. Por um lado, a

utilização dos materiais de forma original, tal e qual como o encontrámos na nossa

pesquisa, ou por outro lado, aproveitar esse mesmo material efetuando determinadas

alterações ou adaptações, de forma a aproximá-los mais facilmente à realidade da turma e

às caraterísticas dos alunos e da gestão de aula que pretendemos fazer.

Por outras palavras, podemos utilizar materiais produzidos por nativos e para

nativos da língua, sem efetuar qualquer tipo de alteração. Neste caso estaremos a recorrer

a materiais autênticos originais, para os quais não existe uma preocupação pedagógica.

Na opinião de Sandra Fernández (2010) é esta a abordagem dos materiais que devemos

praticar em sala de aula, uma vez que é a mais motivadora para os alunos:

Esta autenticidad, que acerca al aprendiente a una realidad próxima al uso real del

lenguaje de un país hispano, la seguridad de que están ante algo que pueden encontrarse

en el país de la lengua objeto y la nueva forma de ver el mundo que se transpira de los

documentos, les aporta curiosidad y con ello, el querer saber más acerca de esta realidad,

por lo que lo sienten más motivador. (Fernández, 2010:39)

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8

Da mesma forma, Lee (1995) citado por Schubert (2010) reforça a importância da

utilização de textos autênticos originais, considerando o seu papel comunicativo real, ao

alegar que:

Um texto é considerado autêntico se ele não foi escrito com propósitos pedagógicos (i.e.

não para ilustrar pontos específicos de uma língua), mas com um propósito comunicativo

da vida real, onde o escritor tem uma determinada mensagem para passar para o leitor.

(Schubert, 2010:20)

Contudo, alerta os professores para o facto de alguns materiais ou textos

autênticos poderem apresentar aspetos linguísticos que ainda não aprenderam, o que

poderá levar ao efeito contrário do pretendido, isto é, à desmotivação do aluno,

enfrentando dificuldades de compreensão oral ou escrita. Assim, aconselha os professores

a tomar algumas medidas, com vista a evitar este possível efeito negativo nos alunos,

após a seleção dos materiais autênticos para as suas aulas. Nomeadamente preparar

atividades pré-textuais antecipando possíveis dificuldades; optar por atividades que

impliquem o uso de destrezas comunicativas semelhantes às que usa um nativo da língua

meta; e promover o ensino através da abordagem comunicativa, usufruindo dos aspetos

lúdicos e afetivos de cada atividade.

Se tivermos em consideração estas regras de atuação, não precisamos recorrer à

simplificação dos materiais autênticos. Na verdade, a dificuldade que um aluno pode

sentir deve-se, na maioria das vezes, à atividade ou exercício que o aluno tem para

realizar e não ao material ou texto apresentado pelo professor. Portanto, cabe ao professor

propor exercícios e atividades segundo o nível dos alunos, em vez de alterar os materiais

ou textos selecionados.

Ainda assim, determinados autores, como por exemplo Guariento e Morley,

citados por García Mata (2004) admitem a possibilidade de simplificação dos materiais,

com alunos de níveis inferiores, desde que as respetivas atividades mantenham as

características de autenticidade. Por outro lado, Tomlinson (1998) refere que a maioria

dos professores adapta os seus materiais sempre que usa o livro de textos, de modo a

maximizar o valor do livro para os seus alunos em particular (Tomlinson: 1998:XIX),

rentabilizando os materiais utilizados em sala de aula.

Podemos concluir que, ao recorrer a materiais autênticos, sejam originais ou sejam

adaptados, a principal preocupação é beneficiar da autenticidade dos materiais para

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promover a motivação e participação dos alunos, em contextos reais de comunicação, de

acordo com o nível de língua de cada turma.

2. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE MATERIAIS AUTÊNTICOS

Tal como vimos anteriormente, vários autores defendem o uso da Internet como

meio de adquirir diferentes materiais autênticos, em diferentes formatos, para o uso em

sala de aula no ensino de uma língua estrangeira. Todos convergem, igualmente, na

necessidade de termos em conta diversos fatores em atenção, no momento dessa recolha e

seleção.

Tomlinson (2003), citado por Pozzobon & Pérez (2010), por exemplo, sublinha

que os materiais autênticos devem ser significativos, pertinentes e interessantes para os

alunos. Por essa razão, apresenta alguns critérios em forma de possíveis perguntas que

nos podemos colocar, para garantir que os materiais possuem essas características:

• ¿Este texto atrapa mi atención cognitiva y afectivamente?

• ¿Existe la posibilidad de que el texto atraiga la atención de la mayoría de mis

estudiantes cognitiva y afectivamente?

• ¿Es posible que la mayoría de los estudiantes relacionen el texto con sus vidas y su

conocimiento del mundo?

• ¿La mayoría de los educandos puede lograr una representación mental multidimensional

del texto?

• ¿El nivel lingüístico del texto representa un reto alcanzable para los estudiantes?

• ¿El nivel cognitivo del texto representa un reto alcanzable para los estudiantes?

• ¿El nivel emocional del texto es apropiado para la edad y la madurez de los estudiantes?

• ¿Es posible que el texto contribuya con el desarrollo personal de los estudiantes?

• ¿El texto contribuye a exponer a los estudiantes a una gama amplia de géneros (como

cuentos, poemas, novelas, canciones, artículos de periódico, folletos o avisos

publicitarios)?.

• ¿El texto contribuye a exponer a los estudiantes a una gama amplia de tipos de texto?

(narración, descripción, persuasión, información, justificación, entre otros)

(Pozzobon & Pérez, 2010:83)

Outros autores de destaque, entre eles Cassany et al (1994); Schubert (2010);

Schafgans (1997); Fernández (2010); Pozzobon & Pérez (2010); Álvarez (2007) e

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Casteele (2006), acreditam que para a seleção de materiais autênticos, devemos ter em

conta as características dos próprios alunos (idade, nível de competência linguística,

curso que frequentam, interesses, necessidades linguísticas e afetivas), o contexto social e

económico em que se inserem, os objetivos do programa em vigor, o tipo de atividades

ou tarefas que se pretende realizar com esse material e a sua pertinência para a

comunicação efetiva fora da sala de aula.

3. EXEMPLOS DE MATERIAIS AUTÊNTICOS PARA AS AULAS DE ELE

Sabemos que há alguns anos atrás não era tão fácil, como hoje em dia é, aceder a

determinados materiais baseados na utilização da língua como instrumento de

comunicação, em diversos contextos reais do quotidiano. Além do recurso a textos

literários ou não literários, os professores valiam-se de gravações de rádio ou de

televisão, sendo difícil por vezes acudir a outro género de materiais. Com a globalização

dos meios de comunicação e a expansão da Internet e das novas tecnologias, este

problema foi diminuindo ao longo dos tempos, pelo que hoje em dia é muito mais

simples diversificar os materiais autênticos usados em sala de aula, graças a estas novas

fontes de informação.

Tal como refere Fernández (2010), hoje temos a possibilidade de conseguir

materiais variados, desde artigos de jornais, entrevistas orais e escritas, folhetos e cartazes

publicitários, anúncios e programas televisivos, canções, filmes, entre muitos mais. Estou

totalmente de acordo com a autora, ao afirmar que:

Los docentes tenemos la posibilidad de introducir en nuestras clases material de apoyo,

que permita al estudiante adentrarse un poco más en el mundo hispanohablante y que se

ciñan más a sus necesidades. Debemos, también, dinamizar la clase y llevar a ésta

materiales auténticos que puedan resultar atractivos a los estudiantes y que, con una

lengua natural y de hoy en día, consigan una mayor motivación al lograr una

identificación mayor con los hablantes nativos. (Fernández, 2012:39)

García Mata (2014) acredita que os materiais autênticos mais apropriados para o

processo de ensino e aprendizagem de uma língua são os materiais em formato

eletrónico, especialmente os materiais audiovisuais, por permitirem o tratamento da

informação de modo criativo. Além disso, normalmente são fáceis de guardar, combinam

Page 21: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

11

estímulos visuais e auditivos (o que facilita a compreensão por parte dos alunos),

oferecem informação real e contextualizada, sem quaisquer barreiras geográficas que

impeçam o acesso a essa informação.

Por sua vez, Tomlinson (1998) considera que as novas tecnologias são vantajosas

no sentido em que permitem explorar novas formas de interação, por meio de

videoconferências, emails, YouTube, Facebook, Twitter, blogues e até telemóveis. Sendo

assim, podemos afirmar que o acesso à Internet tornou-se num grande aliado do professor

de línguas, na medida em que possibilita novas formas de interação e comunicação para

os seus alunos.

Além disso, os próprios programas de Espanhol aconselham o uso dos media e

das novas tecnologias como instrumentos de comunicação e informação. Aliás, na secção

respeitante aos recursos possíveis para utilizar em sala de aula, podemos ver que

aconselham os seguintes:

Programas de televisão e de rádio, em espanhol;

Imprensa (jornais, revistas de divulgação, revistas de lazer…);

Publicidade;

Formulários, instruções;

Diferentes suportes de interação (postais, cartas – de amizade, de amor, comerciais,

profissionais -, convites, faxes, conversas telefónicas, vídeo-conferências, correio

electrónico, fóruns na Internet, chats, wap);

Material audiovisual (canções – cassete, CD-ROM, DVD, vídeo - , filmes, vídeo-livros,

documentários, vídeos turísticos, de informação, de promoção, etc.);

Processadores de texto em espanhol;

Internet;

(Fernández, 2001:32)

4. INTERAÇÃO ORAL NA SALA DE AULA

Como sabemos, a aprendizagem de uma língua estrangeira implica o

desenvolvimento de diversas competências por parte do aluno, que conjuntamente

consistem na própria competência comunicativa, ou seja, a “capacidade de interagir

linguisticamente de forma adequada nas diferentes situações de comunicação, tanto de

forma oral como escrita” (Fernández, 2001:18).

Page 22: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

12

De facto, o objetivo primordial de aprendizagem de uma língua é utilizá-la de

forma real, em contexto, para comunicar com os outros, recorrendo ao uso da língua

como meio de interação social. Assim sendo, quanto maior for a comunicação efetiva

dentro da sala de aula, mais preparados estarão os alunos para comunicar e interagir com

os outros fora da escola, num ambiente real e autêntico em que necessitam usar a língua

em questão. Na verdade, “El intercambio real de mensajes y contenidos es el motor que

impulsa el aprendizaje de una lengua” (Urmeneta, 2004:88).

Devemos considerar ainda que, a interação oral efetiva implica a comunicação

natural entre pelo menos dois intervenientes, que vão estabelecendo comunicação

enquanto partilham informação e se vão adaptando ao discurso do outro. No meu ponto

de vista, a forma mais eficaz de levar o aluno a aperfeiçoar a sua competência

comunicativa é proporcionar-lhe, sempre que possível, um leque variado de atividades

baseadas na comunicação real e contextualizada, através da interação oral, seja entre

aluno e professor, seja entre os próprios alunos. Também Raquel Gómez Pinilla afirma

que “Las actividades de aprendizaje preparan al estudiante para poder realizar las

actividades de comunicación que, a su vez, deben responder a situaciones comunicativas

reales, de modo que el empleo de una, dos o más destrezas responda a necesidades

auténticas.” (Gómez, 2004:445)

Como explica Fillola et al (1996), a língua é um instrumento para alcançar

objetivos de índole social, portanto:

La interacción está siempre guiada por una finalidad (o propósito) de

comunicación, como es la intención de obtener o transmitir un bloque de

información que resulta desconocida o que en algunos casos se prevé parcialmente

-; la cual se supone de interés para ambos o para uno de los interlocutores. En

todas las actividades de aula, la comunicación pretende un propósito verosímil,

que genere una comprensión/producción significativa. (Fillola et al, 1996:61)

Se tivermos em conta o QECR, verificamos que as atividades de interação oral

implicam a alternância do uso da língua entre o falante e o ouvinte, que conjuntamente

vão construindo uma conversação, mediante a negociação de significados, seguindo o

princípio da cooperação (Conselho da Europa, 2001:74). Por outras palavras, podemos

dizer que, para que haja interação oral entre dois ou mais interlocutores, todos devem

exercer o papel de falantes e ouvintes, ou seja, todos os intervenientes recorrem a

Page 23: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

13

estratégias de compreensão e de expressão oral, adaptando o seu discurso às intervenções

dos outros elementos presentes nessa conversação.

Importa referir igualmente que, ao comunicar, o aluno recorre ainda a outro tipo

de estratégias, exclusivas à interação oral, principalmente quando ocorre pessoalmente,

cara a cara. Pois nesses casos a interação ocorre conjuntamente com características

paralinguísticas, mais ou menos explícitas, que ajudam na compreensão e expressão oral.

Para além disso, e inconscientemente, cada interveniente desenvolve simultaneamente

estratégias cognitivas e de colaboração (também conhecidas como estratégias discursivas

e de cooperação), que apoiam os interlocutores no momento de ceder a palavra,

argumentar, propor e avaliar soluções, recapitular e resumir as ideias principais, entre

outros. (Conselho da Europa, 2001:75)

As atividades de interação oral pressupõem determinadas características,

apontadas igualmente pelo QECR:

• os processos de produção e de recepção sobrepõem-se; enquanto o enunciado do

interlocutor, ainda incompleto, é processado, o utilizador inicia o planeamento da sua

resposta – com base nas hipóteses relativamente à natureza, ao significado e à

interpretação deste enunciado;

• o discurso é cumulativo; à medida que a interacção prossegue, os participantes

convergem na leitura da situação, desenvolvem expectativas e focam os pontos

pertinentes. Estes processos reflectem-se na forma dos enunciados que são produzidos;

(Conselho da Europa, 2001:135).

De facto, são vários os teóricos que defendem a necessidade da participação ativa

através da interação oral, como condição sine qua non para o desenvolvimento da

competência linguística do aluno. Ao realizarem atividades de interação os alunos

assumem o papel de utilizador / aprendente, participando em diálogos com um

interlocutor. O texto do diálogo consiste essencialmente em enunciados produzidos e

recebidos respetivamente e em alternância por cada uma das partes. (Conselho da Europa,

2001:143)

O esquema que se segue representa a descrição anterior respetivamente às

atividades de interação oral. É apresentado pelo Quadro Europeu Comum de Referência

para as línguas (2001):

Page 24: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

14

Figura 1. Esquema representativo de interação (Conselho da Europa, 2001:143)

É realmente importante que os alunos tenham a possibilidade de interagir com os

outros questionando, colocando hipóteses, justificando as suas opiniões e negociando ao

longo dos momentos de conversação. Só desta forma os alunos conseguirão desenvolver

a sua competência comunicativa adequadamente. Como se descreve no QECR, “para que

haja desenvolvimento linguístico, (…) para além da exposição à informação (input)

compreensível, é necessária e suficiente uma participação activa na interacção

comunicativa” (Conselho da Europa, 2001:196).

Aliás, este pressuposto aparece já desde os tempos áureos de Nunan, em que

afirma “learners can benefit from direct classroom practice in communicative interaction”

(Nunan, 1989:30). Da mesma forma, Gass admite essa necessidade: “Conversational

interaction in a second language forms the basis for the development of language rather

than being only a forum for practice of specific language features.” (Gass, 2003:234)

4.1. Exemplos de atividades de interação oral

Alguns documentos orientadores para o ensino e aprendizagem de uma língua

estrangeira, bem como alguns autores referenciados ao longo deste relatório, sugerem

exemplos de atividades de interação oral, para colocar em prática em contexto de sala de

aula. Todos têm em vista a aproximação à realidade exterior, de forma contextualizada e

significativa para o aluno.

Iniciando pelo QECR, as sugestões consistem em:

• transacções;

• conversa informal;

• discussão informal;

• discussão formal;

• debate;

Page 25: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

15

• entrevista;

• negociação;

• planeamento conjunto;

• a cooperação prática com vista a um fim específico. (Conselho da Europa, 2001:112)

Schubert (2010) apresenta igualmente sugestões, tais como, pedir aos alunos para

decidir que peças de vestuário e acessórios vão levar para a escola no dia seguinte, com

base numa audição e / ou visionamento da previsão do tempo, por exemplo de um

telejornal. Tanto neste caso, como noutras atividades baseadas em materiais autênticos, as

interações dos alunos assumem um caráter igualmente autêntico, não só devido aos

materiais apresentados, mas também devido às próprias participações orais dos alunos

nesse contexto real. Acrescenta ainda que, podemos acudir a debates sobre temas da

atualidade (de preferência do interesse dos próprios alunos); relatos sobre a sua vida

pessoal ou profissional; pedidos de opinião sobre determinados assuntos; criação de uma

página de Internet com informações pessoais e fotos; relacionando sempre as atividades

realizadas às experiências e aspirações dos alunos, enquanto se exprimem utilizando a

língua alvo.

Porém, Cagigal (2004) alerta para o tipo de debates, diálogos ou jogos que sejam

muito dirigidos e não permitam ao aluno expressar a sua criatividade, bem como seguir

um rumo a seu gosto durante a interação com os outros. Em primeiro lugar, porque esse

género de atividades revela-se pouco motivador para os alunos, não demonstra ter um

significado real e torna-se aborrecido. Posteriormente, porque é mais motivador para o

aluno ter a hipótese de estabelecer momentos de comunicação em que falta determinada

informação ou não sabe como vai reagir o outro interlocutor. Aconselha, ainda, os

professores a dar mais relevo ao conteúdo informativo em detrimento da preocupação

excessiva com a correção formal do discurso e sugere os trabalhos de grupo para

atividades de interação oral. Do mesmo modo, outros autores tais como Cassany (1994) e

Baralo (2000) defendem o trabalho de grupo para a promoção de situações comunicativas

autênticas no contexto de ensino. Baralo (2000) menciona que:

El trabajo en grupo permite reproducir dentro de la clase situaciones de comunicación

oral muy cercanas a las auténticas, en las que se debe negociar el significado. Algunos

críticos de estas dinámicas de trabajo han visto cierto peligro en la influencia de los

errores de los compañeros, pero las investigaciones de la interacción en el aula han

quitado importancia a este riesgo. (Baralo, 2000:168)

Page 26: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

16

Além de todos estes fatores, importa acrescentar que o trabalho de grupo beneficia

ainda o desenvolvimento da autonomia do aluno, bem como a sua responsabilização pelo

processo de aprendizagem da língua. Também os programas de Espanhol reconhecem a

importância da realização de trabalhos de grupo ou pares, alegando que proporcionam

mais tempo de fala aos alunos e de forma mais autêntica (Fernández, 2001:20 e 21). Bem

como Johnson (1995), ao referir que:

When students work collaboratively in groups they are more likely to engage in

exploratory talk and, thus, use language to learn as opposed to merely demonstrate what

has been learned. Therefore, exploratory talk fosters more informal language use and

student-centered styles and strategies of learning that are generally inhibited during

teacher direct-instruction. (Johnson, 1995:113).

Referindo-se às atividades comunicativas (baseadas nos pressupostos da interação

oral), Scrivener (1994) explica que devem obrigar os alunos a falar e a ouvir entre si.

Normalmente as pessoas comunicam quando alguém tem alguma informação (factos,

opiniões, ideias, etc.) que outros não têm, ou seja, a comunicação baseia-se no que

chamamos de “information gap”. Portanto, o propósito de uma atividade comunicativa na

sala de aula é fazer com que os alunos usem a língua que estão a aprender para interagir

de forma real e significativa, geralmente trocando informação (Scrivener, 1994:62).

Assim sendo, as atividades destacadas por este autor são: entrevistas, comparar imagens,

descobrir diferenças entre imagens, jogos, planear as férias de acordo com um orçamento,

quebra-cabeças, etc. Além dos exemplos transcritos anteriormente, Scrivener (1994)

deixa ainda algumas sugestões de como maximizar a interação na sala de aula:

- colocar os alunos a trabalhar em pares ou em pequenos grupos, falando entre si;

- promover momentos de interação significativa para os alunos;

- desafiar os alunos com resolução de problemas, tarefas para completar, através da

experimentação, da prática, assumindo riscos;

- promover um ambiente amigável de aprendizagem, onde haja confiança e empatia;

- fazer perguntas em vez de dar explicações;

- dar tempo ao aluno para ouvir, pensar, processar a resposta e falar;

- ouvir realmente o que eles têm para dizer e aproveitar essa informação em atividades que

se seguem;

- dar tempo para pensar, sem interromper, permitir o silêncio;

- aumentar as oportunidades de tempo de fala dos alunos;

Page 27: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

17

- incentivar a interação entre os alunos, em vez da interação entre aluno e professor;

- podem ser os alunos a fazer perguntas e a dar explicações aos seus colegas de turma;

- incitar a cooperação em detrimento da competição entre os alunos;

- permitir que os alunos se tornem mais responsáveis pelo seu progresso na aprendizagem.

(Scrivener, 1994:15)

O mesmo autor aconselha, ainda, a gerir bem o tempo de fala do professor e do

aluno, visto que os alunos aprendem mais do que se apercebem, através do que ouvem do

professor (instruções, discussões, comentários, piadas, etc.) e dos seus colegas. Contudo,

devemos ter em atenção o tempo de fala do professor, pois se for maior que o tempo de

fala do aluno, restará pouco tempo para que os próprios alunos possam intervir e

pronunciar-se. (Scrivener, 1994:14)

Como forma de controlar a gestão de tempo e diversificar as formas sociais de

trabalho, Scrivener alega que existem cinco tipos de agrupamento de alunos para a

realização de atividades na sala de aula: toda a turma trabalhando com o professor; toda a

turma interagindo entre os vários elementos; em pequenos grupos (de três a oito pessoas);

em pares; ou em trabalho individual, dando especial destaque aos trabalhos entre dois ou

mais alunos, que considera serem mais vantajosos para a interação oral. (Scrivener,

1994:13)

Finalmente, os programas de Espanhol do Ministério da Educação apontam as

seguintes sugestões de atividades, baseadas no propósito da interação entre os alunos:

Interagir em situações habituais, especialmente no âmbito da escola, ainda que com

possíveis repetições e interferências.

Estabelecer contactos sociais: cumprimentos, despedidas, apresentações e

agradecimentos.

Utilizar formas de cortesia habituais para chamar a atenção e cumprimentar.

Expressar gostos e preferências.

Pedir e oferecer objectos e serviços de uso quotidiano (nas compras, nos transportes, nos

correios, na residência...).

Pedir e dar informação sobre a localização de um lugar, assim como do caminho a seguir,

com a ajuda de gestos e mapas.

Disponibilizar e pedir dados pessoais: nacionalidade, residência, actividades de trabalho e

de tempos livres, preferências, amizades...).

(Fernández, 2001:39)

Page 28: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

18

Numa outra parte deste relatório, designadamente no ponto 2 do segundo capítulo,

serão apontadas outras sugestões de atividades de interação oral levadas a cabo no âmbito

da Iniciação à Prática Profissional.

5. IMPORTÂNCIA DO MATERIAL AUTÊNTICO COMO FORMA DE PROMOVER

ATIVIDADES DE INTERAÇÃO ORAL

Após a revisão da literatura respeitante aos materiais autênticos e às atividades de

interação oral, nomeadamente no primeiro capítulo deste relatório, podemo-nos aperceber

de que os materiais autênticos apresentam realmente várias vantagens, que favorecem

esse género de atividades no ensino de línguas estrangeiras e neste caso em particular, da

língua espanhola.

É clara a insistência no uso de materiais autênticos por parte de diversos

especialistas na área do ensino de línguas, devido às suas características, bem como à sua

potencialidade de momentos de comunicação em contexto real e efetivo. Só deste modo o

aluno terá as condições essenciais para desenvolver a sua competência comunicativa e

poder usar a língua de forma correta e adequada, fora da sala de aula.

Lightbown e Spada (1999) acreditam nesta necessidade e defendem o uso de

materiais autênticos, por essa mesma razão, alegando que “Students also need to deal

with ‘real’ or ‘authentic’ material if they are eventually going to be prepared for language

use outside the classroom. They do this first with the teacher’s guidance and then

independently” (Lightbown & Spada, 1999:168).

Da mesma forma, Nunan (1989) tinha anteriormente referido a importância que

adquiria este género de materiais para o uso adequado da língua, fora do ambiente

escolar, quando mencionava que:

The argument for using authentic materials is derived from the notion (…) that the most

effective way to develop a particular skill is to rehearse that skill in class. Proponents of

authentic materials point out that classroom texts and dialogues do not adequately prepare

learners for coping with the language they hear and read in the real world outside the

classroom. They argue that if we want learners to comprehend aural and written texts in

the real world, then the learners need opportunities for engaging in these real –world texts

in class. (Nunan, 1989:54)

Page 29: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

19

Por sua vez, Cassany (1994) explica o porquê desta relevância dos materiais

autênticos para a aquisição de uma língua, através da comunicação real e contextualizada,

apresentando as suas principais características e vantagens: em primeiro lugar, contêm o

uso real da língua do ambiente exterior; o seu aspeto físico real; o facto de apresentarem a

realidade social (temas, atualidade, dados, etc.) e, finalmente fomentam a participação

social, visto que o aluno trabalha na escola o que depois poderá encontrar fora da sala de

aula. (Cassany, 1994:237)

Outro defensor dos materiais autênticos, como forma de promover a interação oral

contextualizada, é Gebhard (1996), citado em Schubert (2010), pois considera que os

alunos normalmente revelam mais concentração no conteúdo e no significado do que no

funcionamento da língua, quando se centram em atividades baseadas em materiais

autênticos, como por exemplo, um menu de um restaurante ou um noticiário de um canal

de televisão. Nestes casos, os alunos estão expostos a “contextos socioculturais e

extralinguísticos além do livro-texto e do professor”, de modo que “o material autêntico

possibilita a conexão entre o que o aluno faz em sala de aula e o que ele precisa fazer fora

da sala de aula, ou seja, no mundo real” (Schubert, 2010:24-28).

Na verdade, o simples uso de materiais autênticos em sala de aula, só por si ajuda a

aproximar o aluno aos contextos reais de utilização da língua em causa, uma vez que o

aluno reconhece a autenticidade do material selecionado, por oposição ao manual adotado

ou a outros materiais didáticos, elaborados tendo em vista uma aquisição mais

mecanizada e forçada dos conteúdos programáticos da língua que pretende aprender.

Casteele (2006) partilha da mesma opinião, ao referir que:

El uso de materiales auténticos se revela muy interesante en el proceso de aprendizaje

para practicar y mejorar el dominio de las cuatro destrezas y al mismo tiempo permite

acercar las actividades en clase a la realidad fuera del aula. (Casteele, 2006:1)

Baralo (2000) deixa outra sugestão para aumentar a autenticidade da comunicação

e interação oral em sala de aula. Essa sugestão consiste no desenvolvimento de atividades

de interação oral baseadas na realização de mais atividades de grupo, nas quais os alunos

estabelecem momentos de comunicação entre si, de forma mais real e autónoma. Deste

modo o aluno assume, simultaneamente, um papel mais responsável pela sua própria

aprendizagem e evolução. Na verdade, de acordo com este autor, a interação oral

funciona, por um lado, como um instrumento de avaliação qualitativa e / ou formativa, e

Page 30: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

20

por outro, como uma estratégia de feedback do processo de apropriação da língua por

parte dos alunos (Baralo, 2000).

Uma das preocupações principais, é que as atividades baseadas em materiais

autênticos sejam igualmente o mais autênticas possíveis. Para isso, torna-se

preponderante que as atividades estejam contextualizadas, que possam ocorrer fora da

sala de aula e que impliquem a troca de informações entre dois ou mais elementos, por

forma a obter dados desconhecidos mas necessários para a concretização dessa atividade.

Por outras palavras, é importante que exista um “vacío de información” ou “information

gap”, o que leva os alunos a procurar alcançar essa informação em falta, através da

interação oral, comunicando de forma real e efetiva. Além de mais real, é mais motivador

e desafiante para os alunos. Como refere Cagigal (2004), “Si entre los personajes que

intervienen hay vacíos de información, es decir, unos no saben cómo van a reaccionar los

otros, suele ser para ellos bastante más atractivo” (Cagigal, 2004:125).

Outro aspeto essencial consiste em confirmar se os temas abordados nas

atividades orais são do interesse dos alunos e se vão ao encontro das suas necessidades

linguísticas. Mais uma vez, Cagigal (2004) defende a importância dos temas tratados, a

variedade das conversações planeadas, assim como a relevância das mesmas para o perfil

dos nossos alunos.

Segundo Johnson (1995), para tirar o maior proveito possível dos momentos de

interação oral em contexto de sala de aula, estes devem possibilitar o uso de diferentes

tipos de discurso, tendo como base um leque variado de materiais ou textos autênticos,

que proporcionem ao aluno as condições necessárias para a evolução da sua competência

comunicativa. O autor assegura que “students must have opportunities to use language for

both planned and unplanned discourse, within a range of authentic texts, and within the

context of full performance” (Johnson, 1995:100).

Para que isto aconteça, o professor deve ainda criar as condições necessárias para

um ambiente de aprendizagem favorável para os alunos, fazendo com que se sintam à

vontade para participar e interagir com os seus colegas e com o professor. Aliás, o

professor é visto como o principal responsável pelos momentos de interação oral em sala

de aula, uma vez que é ele quem estipula as atividades propostas para os alunos.

Schubert (2010), por seu lado, enumera algumas medidas que considera serem

essenciais para um maior benefício do material autêntico que o professor seleciona para

as suas aulas, designadamente:

Page 31: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

21

a) a utilização de materiais autênticos (escritos ou falados) produzidos originalmente na

língua-alvo, com preferência para materiais produzidos por nativos da língua-alvo;

b) a seleção desses materiais a partir de uma análise prévia das necessidades de

aprendizagem e os interesses do público-alvo;

c) o grau de autenticidade no ensino de línguas depende de atos de autenticação dos

interlocutores (no caso os alunos) envolvidos, ou seja, envolve não somente a

linguagem genuína do material, mas a interação do interlocutor com o material, sua

perceção do material como sendo semelhante a atividades do mundo real que são

relevantes para sua aprendizagem;

d) as tarefas autênticas, da mesma forma, devem ser semelhantes a atividades

comunicativas da vida real do público-alvo, e devem ser, por isso, orientadas para se

alcançar objetivos comunicativos genuínos, devem envolver trabalho colaborativo para

sua realização, e o máximo possível de lacunas genuínas de informação e

imprevisibilidade, que são características da comunicação natural, e devem dar

oportunidades aos alunos para iniciarem, desenvolverem e finalizarem seu discurso de

forma autônoma. (Schubert, 2010:21)

Uma vez que a própria sala de aula funciona como um contexto real de utilização

da língua, o professor deve igualmente aproveitar esse facto para rentabilizar ao máximo

o uso da língua de diversas formas, no decorrer das suas aulas. Assim sendo, o professor

deve evitar recorrer ao uso da língua materna, optando por promover o uso da língua

estrangeira desde o início até ao fim da aula, tanto por parte dos alunos como por si

próprio. Deste modo, a exposição dos alunos à língua que estão a aprender torna-se

maior, o que consequentemente obriga os alunos a recorrer mais frequentemente a

estratégias de compreensão e produção oral, de forma contextualizada.

Provavelmente por estes motivos, Littlewood (1981) acredita que o professor deve

também usar a língua estrangeira para a organização da aula, como meio de ensino e

explicação dos vários conteúdos, em momentos de conversação ou debate, bem como

baseando possíveis diálogos e outro género de dramatizações na experiência escolar dos

alunos. (Littlewood, 1981:43)

O que efetivamente importa é aliar os materiais autênticos às tarefas autênticas e

relevantes para os alunos, de modo a potenciar o seu processo de aprendizagem da língua

estrangeira. Concordo plenamente com Schubert (2010), quando afirma que:

a exposição do aluno a insumo autêntico na língua-alvo supostamente de seu interesse e a

proposta de atividades de uso interativo / comunicativo da língua em situações de réplica

Page 32: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

22

do mundo real, exigindo do aluno maior autonomia interacional e de estudo e pesquisa é

(…) uma forma de facilitação e aceleração da aprendizagem. (Schubert, 2010:22)

Para concluir este ponto, passo a citar Casteele (2006) que descreve igualmente a

importância que dá aos materiais autênticos para o estabelecimento de momentos de

comunicação e, consequentemente, de interação oral. O autor defende que:

el material auténtico fomenta el desarrollo de las capacidades de utilizar eficazmente

una lengua extranjera en situaciones comunicativas reales o similares a la realidad. O,

de manera muy general, potencia las capacidades de comunicación. (…) Además,

admiten una contextualización concreta. Permiten no solamente acercar la situación

en clase a la realidad fuera del aula, sino que esta realidad de fuera se acerca

igualmente. Con los documentos auténticos el mundo español entra realmente en

clase, sin que el aprendiente tenga que viajar al mundo hispánico. (Casteele, 2006:52)

6. MATERIAIS COM PRESENÇA FREQUENTE NAS AULAS DE ELE (ENSINO BÁSICO E

SECUNDÁRIO)

Vários estudiosos da área de línguas concordam com o aumento da utilização de

materiais autênticos no ensino de línguas atual. Segundo Ferrer (2008), a presença dos

documentos autênticos tem vindo a aumentar nos manuais de línguas estrangeiras, muito

devido às novas metodologias comunicativas. O autor refere que:

El uso de documentos auténticos es un aspecto en el que los teóricos de las nuevas

metodologías comunicativas de enseñanza de lenguas han hecho especial hincapié y,

como consecuencia, las distintas editoriales han introducido numerosos documentos

auténticos en los materiales didácticos publicados en los últimos años. (Ferrer,

2008:2362)

Também Sandra Fernández (2010) explica que os novos estudos de didática,

dentro dos enfoques comunicativos, têm destacado o uso de documentos autênticos, e por

esse motivo várias empresas editoriais têm vindo a introduzir um maior número deste

género de materiais em diversas publicações didáticas dos últimos anos (Fernández,

2010:12).

Page 33: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

23

Por sua vez, Dumitrescu (2000), citado em Pozzobon e Pérez (2010), afirma que

muitos professores estão a começar a reconhecer as possibilidades que oferecem os

materiais, que não têm o formato do livro de texto, aplicando esses materiais a múltiplas

tarefas e objetivos de aprendizagem. Acrescenta ainda que, “El uso de materiales

auténticos ha cobrado fuerza y cada vez más son los docentes de niveles escolares

básicos, universitarios o de cursos extra curriculares que los incluyen en sus clases, solos

o como complemento del libro de texto” (Pozzobon & Pérez, 2010:81).

Ainda assim, a utilização que se faz dos materiais autênticos normalmente é

efetuada com algumas alterações, não só de acordo com as características da turma, mas

também devido a questões como o tamanho dos textos presentes nesses materiais e até a

própria gestão do tempo que é sempre muito limitado, se tivermos em linha de conta os

programas em vigor e a carga horária atribuída para as disciplinas de língua estrangeira.

Contudo, julgo que nem sempre a adaptação dos materiais autênticos implica a perda de

autenticidade dos mesmos.

De facto, Cassany (1994) também explica que, do seu ponto de vista, a

autenticidade é uma questão relativa e que a maioria dos livros e dos professores que

utilizam material autêntico normalmente costumam manipulá-lo e adaptá-lo de alguma

maneira, seja corrigindo possíveis incorreções, seja adaptando-o ao nível dos alunos. Esta

adaptação pode consistir, por exemplo, na substituição de vocábulos mais difíceis por

outros mais fáceis, por sinónimos, ou acrescentando breves explicações no final da

página, etc. (Cassany, 1994:238)

No sentido de perceber quais são os materiais que os professores de Espanhol

normalmente utilizam nas suas aulas e se os materiais autênticos pertencem a esse leque

de materiais ou não, optei por fazer uma recolha de dados através de questionários

escritos, distribuídos por professores e alunos de Espanhol (Anexos 10 e 11). Através

desses questionários pretendo igualmente entender se normalmente os professores fazem

algum tipo de alteração aos materiais que usam nas suas aulas e quais as razões que os

levam a tomar essa decisão. Os resultados de ambos questionários serão apresentados no

ponto 3, do capítulo II deste relatório.

Page 34: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

24

CAPÍTULO II – EXPERIÊNCIA DA PRÁTICA DE ENSINO SUPERVISIONADA

1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ESCOLA E TURMAS DE ESTÁGIO

A escola selecionada para a realização do estágio no âmbito do Mestrado foi a

Escola Secundária Artística Soares dos Reis. É uma das duas escolas de artes do país e o

seu mérito é reconhecido nacionalmente. Fundada em 1884, já sofreu várias

remodelações. A mais recente foi a sua transição de edifício para um local mais moderno

e apropriado aos cursos de ensino que promove, designadamente cursos artísticos e

profissionais para jovens e adultos.

Inicialmente era designada como Escola de Desenho Industrial de Faria de

Guimarães do Bonfim e funcionava num espaço precário e provisório até passar para as

antigas instalações do Liceu Alexandre Herculano, igualmente um espaço provisório.

Apenas após o 25 de abril de 1974, com a supressão dos Cursos Gerais e a

indiferenciação entre ensino liceal e técnico, a escola passou a denominar-se Escola

Secundária de Soares dos Reis.

Atualmente oferece quatro cursos artísticos especializados, nomeadamente o

Curso de Comunicação Audiovisual, Curso de Design de Comunicação, Curso de Design

de Produto e Curso de Produção Artística, incorporados no nível de ensino secundário e

prolongam-se por três anos (10.º, 11.º e 12.º), em regime diurno e noturno. Este ano letivo

os diversos cursos estão organizados num total de quarenta e oito turmas, compostas por

um universo de alunos extremamente diversificado, com características particularmente

diferentes de outros alunos de escolas públicas do ensino regular. Os cursos promovidos

pela escola têm duas finalidades concretas: por um lado, o prosseguimento de estudos em

cursos de especialização tecnológica ou de ensino superior, e por outro, a inserção no

mundo de trabalho.

De referir que, o grupo de docentes da escola é na sua maioria estável, uma vez

que é composto principalmente por professores pertencentes ao quadro de escola e por

um número menor de professores contratados. Estas e outras informações podem ser

consultadas no Projeto Educativo da Escola Artística Soares dos Reis, 20111.

O grupo de estágio ao qual pertenci era constituído por três elementos, que ao

longo do ano letivo partilharam duas turmas de Espanhol, da professora orientadora, para

1 Consultado no site da escola: https://www.essr.net/docs/PEE_EASR_Aprov_Pub_Out2011.pdf

Page 35: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

25

a lecionação das várias aulas. Ambas as turmas eram de nível de continuação de

Espanhol, uma de 10.º ano e outra de 11.º ano. Apesar de a turma de 10.º pertencer ao

ensino regular, a turma de 11.º era de um curso de Produção Artística, com alunos cujos

objetivos profissionais já estavam relativamente traçados.

Passando a uma breve descrição de cada turma, importa mencionar que são

bastante distintas, não só no que respeita ao tipo de alunos, mas também ao número de

alunos que compõe cada turma. O grupo de alunos do 10.º ano é composto por 21 alunos,

enquanto a turma de 11.º ano é composta por apenas 5 alunas. O facto de esta turma ser

pequena poderia ter sido uma desvantagem para determinadas atividades a realizar em

sala de aula, ou no caso de serem alunas pouco interessadas e pouco participativas. O que

de facto não se constatou. Pelo contrário, demonstraram sempre muito interesse e

curiosidade em aprender e acompanhar as aulas, participando ativamente e com bastante

entusiasmo.

2. ATIVIDADES DE INTERAÇÃO ORAL BASEADAS EM MATERIAIS

AUTÊNTICOS NO CONTEXTO DE ESTÁGIO

Tendo em conta que um dos objetivos principais da aprendizagem de uma língua

estrangeira é comunicar com os outros, como um ato social, considero que a interação

oral deve ter um espaço de relevo em sala de aula. Por este motivo, tentei ao longo das

várias aulas diversificar as atividades propostas, dando destaque às atividades de

interação oral, conjuntamente com materiais autênticos variados que pudessem promover

essas atividades da melhor forma possível. Importa ainda referir que, a seleção dos

materiais foi realizada de acordo com os conteúdos programáticos a lecionar, bem como

com as características específicas de cada turma e os interesses e necessidades dos

alunos.

Ao analisarmos os objetivos definidos pelos programas de ensino de espanhol, da

responsabilidade do Ministério da Educação, verificamos que algumas das finalidades

dos programas estão diretamente ligadas à promoção da interação e da oralidade no

processo de ensino da língua. Destaco os seguintes exemplos:

Promover a educação para a comunicação enquanto fenómeno de interacção social, como

forma de incrementar o respeito pelo(s) outro(s), o sentido da entreajuda, a cooperação e

a solidariedade.

Page 36: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

26

Interagir de forma compreensível em situações de comunicação conhecidas, utilizando

frases simples e usuais. (Férnandez, 2001)

Assim, planifiquei as minhas aulas de estágio procurando sempre reservar

momentos de interação oral, nomeadamente através da conversação entre alunos e com a

professora, nos quais os alunos pudessem, simultaneamente, trabalhar os conteúdos

programáticos e exprimir as suas opiniões, interesses e preferências, de forma

contextualizada e relevante para o processo de aprendizagem da língua espanhola. Como

explica Fillola et al (1996), “Se considera la conversación como ejemplo y unidad

primigenia de la comunicación, por cuanto supone de interacción lingüística espontanea,

contextualizada y coproducida por los interlocutores implicados” (Fillola et al,

1996:246).

Ao longo do ano letivo, assumi três diferentes períodos de aulas, distribuídas por

duas turmas diferentes, uma de 10.º ano e outra de 11.º ano. O primeiro período de aulas

decorreu no mês de janeiro, com a unidade didática “Medios de comunicación”,

lecionada na turma de 11.º. Posteriormente, o segundo período de aulas corresponde à

unidade didática “Los viajes”, cujas aulas foram lecionadas na turma de 10.º ano.

Finalmente, o terceiro período de aulas, novamente na turma de 11.º ano, teve como tema

“Conociendo a artistas españoles”, o que permitiu a planificação de aulas baseadas em

dois ícones da língua espanhola, designadamente Pedro Almodóvar e Gabriel García

Márquez.

Visto que uma das condições para a seleção dos materiais autênticos é estarem de

acordo com o tema e os conteúdos programáticos de cada unidade didática, naturalmente

poderá ser mais fácil encontrar um maior número de materiais autênticos relevantes para

determinados temas e menos quantidade para outros, consoante o que pretendemos

desenvolver nas nossas aulas. No entanto, de uma forma ou outra julgo que é possível

encontrar sempre algum tipo de material autêntico que seja rentável e benéfico para a

aprendizagem dos alunos, proporcionando momentos de interação oral relevantes. Cabe

ao professor a responsabilidade de definir o tipo de atividades que pode promover com

determinado material autêntico.

Seguidamente apresento um resumo dos materiais autênticos usados em sala de

aula, como suporte para promover atividades de interação oral, utilizados ao longo deste

ano letivo:

Page 37: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

27

1.ª

unidade

didática

entrevistas a pessoas sobre os seus meios de comunicação favoritos;

texto escrito com uma sondagem sobre os meios de comunicação mais utilizados

em Espanha e as respetivas percentagens;

imagens e pequenos fragmentos de vídeo de diferentes programas de televisão;

algumas revistas e jornais espanhóis, em versão de papel e versão digital;

imagens de capas de revistas de diferentes categorias;

um vídeo com uma campanha de sensibilização, sobre os cuidados a ter com a

privacidade nas redes sociais;

uma notícia sobre o fundador da rede social Facebook e as medidas que tomou

para proteger a sua privacidade e da sua família;

pequenas notícias estranhas mas verdadeiras.

2.ª

unidade

didática

imagens de tapas e comidas típicas espanholas;

uma receita de um prato típico espanhol;

imagens de comidas típicas de países hispanófonos;

imagens de bandeiras de países hispanófonos;

mapa com os países de língua oficial espanhola;

mapa com as comunidades espanholas;

vídeo com canção sobre Andaluzia;

imagens de monumentos, festas, locais turísticos de diferentes comunidades;

programa turístico de uma semana entre Madrid e Andaluzia.

3.ª

unidade

didática

listagem com filmografia de Pedro Almodóvar;

canção de Joaquín Sabina “Quiero ser una chica Almodóvar”

vídeo de agradecimento de um prémio Goya da atriz Elena Anaya;

livro “Crónica de una muerte anunciada”, de Gabriel García Márquez;

imagens de personagens, retiradas do filme “Crónica de una muerte anunciada”;

excerto do filme “Crónica de una muerte anunciada”;

frases retiradas da obra “Crónica de una muerte anunciada”.

Quadro 1: Materiais autênticos aliados a atividades de interação oral

Creio que os materiais supracitados ajudaram realmente na contextualização das

atividades realizadas, aumentando a própria motivação dos alunos e consequentemente a

sua participação ativa ao longo das aulas. Por um lado, os alunos mostravam-se

interessados, perguntando se aquele material era verdadeiro e se não tinha sido

modificado. Por outro lado, gostavam de expressar a sua opinião sobre o tema que estava

presente em cada material apresentado. Procurei sempre selecionar materiais que

pudessem estar de acordo com os interesses dos alunos e que, simultaneamente

Page 38: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

28

permitissem fomentar a interação oral e os momentos de comunicação real e efetiva em

contexto de sala de aula.

Se considerarmos, por exemplo, o primeiro tema a ser tratado, “Los Medios de

Comunicación”, sabemos que existe uma vasta gama de materiais que podem ser

aproveitados, desde a imprensa à rádio, à televisão e à Internet. Cassany acrescenta que:

A pesar de todo, no podemos simplificar la cuestión pensando que los MC nos facilitan

un solo modelo de lengua. Los distintos canales (radio, televisión y prensa, básicamente),

la variedad de temáticas, de intenciones y de público necesitan y usan modelos de lengua

variados (Cassany, 1994:526).

Por esta razão, devemos valer-nos da diversidade de materiais e dos diferentes

modelos de língua, aos quais temos fácil acesso, no momento em que planificamos as

nossas aulas. Da mesma forma, no que respeita à temática das viagens e do turismo

podemos encontrar, e aproveitar para as nossas aulas, diferentes géneros de materiais

autênticos muito úteis e relevantes para a utilização futura fora do contexto escolar.

Alguns exemplos são os panfletos turísticos, programas de viagens, menus de

restaurantes, publicidades e folhetos de hotéis e outros serviços, horários de transportes

públicos, horários de lojas comerciais e de serviços públicos, informações de agências de

viagens e de aeroportos, entre outros materiais passíveis de serem analisados e

trabalhados nas aulas de Espanhol.

Por sua vez, a própria literatura é também um ótimo material autêntico a utilizar

em sala de aula, conforme ocorreu no último período de aulas de estágio. Não só devido

às suas caraterísticas sociolinguísticas, mas também pelos aspetos culturais e

interdisciplinares que, a maioria das vezes, estão presentes nas obras literárias propostas

pelos programas de ensino. De realçar a opinião de Cassany (1994) quando alega que a

didática moderna redefiniu a relação entre língua e literatura, através de uma abordagem

mais profunda e rentável, pois a partir da literatura os alunos podem buscar modelos, a

expressão ética e estética da história e da realidade cultural de uma comunidade

(Cassany, 1994:236).

A importância do recurso à literatura e à leitura é, portanto, um aspeto essencial e

extremamente vantajoso para o ensino de uma língua estrangeira, o que justifica a sua

presença clara nos programas de ensino de Espanhol. Aí pode ler-se que:

A leitura deve entender-se também como um processo de comunicação e de interacção

entre o leitor e o texto: o leitor, recorrendo aos seus conhecimentos prévios e à

Page 39: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

29

compreensão dos elementos linguísticos do texto, reconstitui o significado do mesmo,

formulando hipóteses de sentido e verificando-as no processo de leitura. Esta deverá

orientar-se segundo um objectivo concreto. Consequentemente, os objectivos que se

pretendem atingir irão condicionar os tipos de texto e as diferentes estratégias de leitura.

Os textos a utilizar na sala de aula deverão ser, sempre que possível, autênticos.

(Fernández, 2001:25 e 26)

Conscientes da importância da autenticidade e da diversidade dos materiais

autênticos para o ensino de uma língua estrangeira, passo agora a descrever e a analisar,

no ponto seguinte, alguns exemplos de atividades de interação oral, levadas a cabo ao

longo deste ano letivo, com o apoio de alguns dos materiais autênticos apresentados no

quadro anterior (Quadro 2). Em todas as atividades tive a preocupação de contextualizar,

não só os conteúdos linguísticos, mas também os conteúdos gramaticais previstos na

planificação anual de cada turma, uma vez que ao colocar em prática essas atividades

procurei incluir, sempre que possível, os pontos gramaticais que tinham sido previamente

lecionados ou que iriam ser objeto de análise num momento posterior.

Importa referir ainda que, a análise de cada atividade é baseada nas observações

diretas de cada aula lecionada, anotadas no registo diário do professor estagiário e

algumas delas também presentes no Portfolio do Professor entregue à professora

supervisora. Por outro lado, foram consideradas as opiniões e comentários realizados nas

reuniões posteriores a cada aula de estágio, por parte da professora orientadora, da

professora supervisora e ainda dos professores estagiários pertencentes ao mesmo núcleo

de estágio. Por essa mesma razão, estarão presentes alguns desses pontos de vista na

análise de determinadas atividades descritas. Finalmente, também foram tidas em conta

as opiniões expressas pelos alunos nas diversas aulas, bem como o seu próprio

comportamento e nível de participação oral nas diferentes atividades.

2.1. EXEMPLOS DE ATIVIDADES DE INTERAÇÃO ORAL NO 1.º PERÍODO DE

AULAS

a) Análise e comparação das características de revistas e jornais

- Contextualização e descrição:

Page 40: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

30

No início da aula as alunas identificaram vários tipos de programas televisivos,

através de imagens e breves fragmentos de vídeo, relativos a diferentes géneros de

programas. Contudo, um dos programas visualizados publicitava uma revista de moda.

Essa foi a deixa para se distinguirem diversos tipos de revistas, bem como os respetivos

temas de cada uma, com a ajuda de imagens de capas de revistas projetadas num

PowerPoint (Anexo 1). Além dos temas normalmente abordados em algumas revistas,

também se destacaram alguns conteúdos de revistas (tais como passatempos, horóscopo,

etc.) que podem igualmente fazer parte de outro género de imprensa escrita, ou seja, os

jornais.

Para que as alunas se pudessem aperceber das principais características destes dois

géneros de imprensa escrita, planifiquei uma atividade na qual tivessem a oportunidade

de observar as semelhanças e as diferenças entre ambos, comparando-os com a ajuda de

elementos realia na sala de aula, isto é, com o apoio de revistas e jornais espanhóis que

adquiri para esse efeito. Deste modo, as alunas puderam verificar pessoalmente como era

uma revista e um jornal espanhóis, se eram semelhantes aos portugueses ou não, entrando

em contacto direto com material autêntico sem qualquer tipo de manipulação para ser

apresentado em contexto de ensino.

Nesta atividade as alunas, organizadas em pequenos grupos, tiveram inicialmente

de observar uma revista e um jornal, para comparar cada um deles, quanto ao aspeto

exterior, à qualidade do papel impresso, às cores utilizadas, à quantidade de imagens, ao

tamanho dos títulos, à periodicidade de cada um, entre ouros aspetos, conjuntamente com

os elementos do seu grupo. Em seguida, a discussão destes parâmetros foi realizada

oralmente, entre as várias alunas, com alguma orientação por parte da professora, de

modo a comprovar se os diferentes grupos tinham a mesma opinião e se tinham

verificado o mesmo tipo de caraterísticas. Posteriormente, No final da atividade, as alunas

tiveram a hipótese de registar no caderno diário as principais características que se

distinguem distinguiram entre as revistas e os jornais analisados.

-Análise:

Considero que a atividade foi bastante produtiva e interessante para as alunas,

além de que cumpriu os objetivos pretendidos. Primeiramente, porque as alunas tiveram a

oportunidade de contrastar a realidade espanhola e a portuguesa, no que diz respeito à

imprensa escrita, concluindo que não existem diferenças de maior entre ambas. Chegou-

se à conclusão de que, tanto em Espanha como em Portugal existem diferentes géneros de

Page 41: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

31

revistas e jornais, porém as suas características são semelhantes, não só a nível físico e de

elaboração desses meios de comunicação, mas também a nível temático (assuntos mais

polémicos e da esfera privada de personalidades famosas, e outros assuntos mais sérios e

até científicos abordados de forma imparcial). Em segundo lugar, porque as alunas

conseguiram, de facto, identificar as características principais dos dois exemplos de

imprensa escrita, que posteriormente partilharam com a restante turma. Neste momento,

as alunas assumiram o papel de interlocutoras de uma conversação, na qual recebiam e

davam informação relevante, alternadamente, de acordo com o tema a ser tratado nesse

contexto.

Segundo a opinião da professora orientadora e de uma colega de estágio, ambas

presentes nesta aula, o recurso às revistas e aos jornais (materiais autênticos utilizados

para esta atividade) funcionou muito bem porque motivou as alunas, ajudou a verificar

quais eram as características de ambos e despertaram a curiosidade das alunas. Estas

opiniões foram dadas a conhecer nas reuniões de comentários e análise das aulas de

estágio, que eram realizadas depois de cada aula lecionada e que se encontram

igualmente presentes no Portfolio do professor estagiário, elaborado no âmbito deste

Mestrado.

Atendendo aos motivos supracitados e aos comentários tecidos após a aula, julgo

poder afirmar que a atividade cumpriu o seu propósito, ou seja, colocar as alunas num

momento de conversação, no qual deviam caracterizar os dois elementos de imprensa

escrita presentes na aula, partilhando informação, de modo a comprovar se tinham ou não

identificado as mesmas características. Puderam verificar a predominância de imagens e

cores, assim como títulos maiores em determinadas revistas e jornais, por oposição a

outros que davam mais relevo aos artigos escritos e, em parte, à qualidade e

imparcialidade da informação que transmitiam.

No final da atividade, as alunas demonstraram curiosidade em alguns temas e

artigos que figuravam nos meios de comunicação analisados, pelo qual lhes autorizei a

ficar com um exemplar no final da aula, caso quisessem ler com mais calma em casa.

Esta situação revela o entusiasmo e a vontade de aprender mais das alunas, que na minha

opinião pessoal derivam, em parte, da motivação dos materiais autênticos usados na aula,

que despertaram a atenção das alunas desde o início. O recurso a esses materiais

proporcionou um momento de interação real e contextualizado, no qual todas as alunas

puderam explicar quais características conseguiram reconhecer nos jornais e revistas,

Page 42: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

32

para depois verificarem com as restantes colegas as que tinham em comum e se havia

alguma em falta.

b) Discussão e especulação de uma campanha de sensibilização,

sobre os cuidados a ter com a privacidade nas redes sociais

-Contextualização e descrição:

Após se terem abordado alguns meios de comunicação nas duas aulas anteriores

(rádio, televisão e imprensa escrita), para esta aula ficou planeado abordar o uso da

Internet com meio de comunicação, designadamente através das redes sociais. Sendo

assim, achei importante aproveitar este momento para alertar e consciencializar as alunas

quanto às medidas de segurança e privacidade que devemos ter ao usufruir destes meios.

Por este motivo, planifiquei uma atividade inicial, de preparação e motivação para esta

temática, com o recurso a um vídeo de uma campanha de sensibilização 2, direcionada

para os cuidados que devemos ter nas redes socias, especialmente com pessoas

desconhecidas.

A atividade consistiu na visualização e discussão do vídeo, que ia sendo visto por

partes, de modo a que as alunas pudessem expressar a sua opinião sobre o que estava a

acontecer em cada momento, sobre as razões que motivaram a rapariga a tomar aquelas

atitudes, bem como o que poderia acontecer de seguida. Efetivamente as alunas captaram

a mensagem do vídeo, concluindo que não era normal uma pessoa dar a conhecer a sua

vida pessoal e os seus hábitos diários a pessoas estranhas, que por exemplo partilhassem

o mesmo transporte público. No entanto, é algo que muitas pessoas, particularmente os

jovens, fazem com bastante frequência através das redes sociais, partilhando fotos,

mensagens, atividades e locais onde se encontram, com toda a gente que tem acesso a

essas mesmas redes sociais. Uma das alunas conseguiu inclusive adivinhar o que

acontecia no fim do vídeo, ou seja, depois de ter partilhado com um rapaz desconhecido

praticamente toda a sua vida, como viu que ele não estava interessado e foi embora, ela

decidiu repetir tudo novamente a outro rapaz também presente nesse meio de transporte

público.

-Análise:

2 Vídeo retirado do site YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=pWSrdaKYwtw

Page 43: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

33

Com esta atividade as alunas concluíram que não é normal e pode ser perigoso

partilhar muita informação pessoal nas redes socias, principalmente se são redes sociais

públicas. Ao discutirem o conteúdo do vídeo e enquanto tentavam identificar o tema que

estava subjacente, as alunas deram a conhecer a sua opinião pessoal, admitindo que

geralmente também o faziam, porém tomando algumas medidas de precaução e proteção

da sua privacidade. Ao longo da atividade, na qual partilhavam informações e interagiam

com as colegas, explicaram também que não publicavam determinadas informações

pessoais como, por exemplo, o número de telemóvel ou morada, e que quando

partilhavam informações, fotos, ou outros conteúdos, faziam essa partilha apenas com

amigos que conheciam pessoalmente, e nunca com o perfil público ou pessoas

desconhecidas.

Penso que esta atividade se revelou muito pertinente, pois além de permitir o uso

da língua estrangeira num contexto real de comunicação, permitiu igualmente educar para

os valores e comportamentos sociais adequados, favorecendo a formação global e a

educação transversal das alunas. Na opinião da professora orientadora, o vídeo

selecionado para a aula era interessante e funcionou bem com as pausas ao longo da

visualização em momentos estratégicos. Essas pausas permitiram tecer diferentes

considerações sobre cada parte, especulando sobre os motivos do comportamento

apresentado e as possíveis consequências que poderiam advir dele. Por outro lado, ao

comentarem o vídeo, sem se aperceberem, ativaram os seus conhecimentos e fizeram

uma breve revisão de informações pessoais, que iam aparecendo ao longo do vídeo, tais

como, o nome, a idade, interesses, passatempos, filmes favoritos, escola que frequenta,

localização da escola, amigos mais chegados, álbuns de fotos, entre outros.

Tendo em conta todos estes aspetos, penso que a atividade decorreu de forma

adequada e resultou conforme o previsto, pois o material autêntico selecionado, ou seja, o

vídeo de campanha de sensibilização, facilitou um momento de interação oral entre as

alunas e com a professora, sobre um tema atual e do interesse da turma. Com o apoio do

vídeo e dos conteúdos visualizados, as alunas obtiveram o input necessário para iniciar

uma conversação significativa, que consequentemente beneficia o desenvolvimento da

competência comunicativa. Além disso, não só fizeram a discussão dos conteúdos do

vídeo, como também expressaram a sua opinião pessoal, relacionando os conteúdos

programáticos da disciplina à sua vida pessoal fora da sala de aula.

Page 44: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

34

2.2. EXEMPLOS DE ATIVIDADES DE INTERAÇÃO ORAL NO 2.º PERÍODO DE

AULAS

a) Localização de países de língua oficial espanhola no mapa

-Contextualização e descrição:

Esta atividade decorreu na primeira aula da unidade didática “Los Viajes”. No

entanto, para criar uma ligação com a unidade didática anterior, sobre as comidas e a

dieta mediterrânea, decidi começar por uma análise de alguns pratos típicos, identificando

os ingredientes principais de cada um. Por esta razão, tendo em conta que juntamente

com pratos típicos também vimos quais eram os respetivos países de origem, aproveitei o

facto de nos referirmos a determinados países de língua espanhola para testar e alargar os

seus conhecimentos, quanto à localização geográfica de alguns países pertencentes à

américa latina.

Com esse objetivo em mente, projetei no quadro um mapa com todos os países de

língua oficial espanhola (Anexo 2). Contudo, nem todos os países estavam identificados,

visto que os alunos deveriam reconhecer os países que faltavam, para depois localizá-los

corretamente no mapa. Para levarem a cabo essa tarefa, distribuí por alguns alunos

cartões com nomes de países que deveriam colar no mapa projetado (Anexo 3), com a

ajuda dos restantes colegas de turma. Um de cada vez, cada aluno que possuía um cartão

dirigiu-se ao quadro para colar o seu cartão, explicando à turma e à professora onde

pensava que se localizava o país. Os restantes colegas deveriam dizer se estavam de

acordo com ele e caso não estivessem, deveriam explicar-lhe onde consideravam que se

encontrava esse país (“abajo de Paraguay, al lado de Bolivia, más al Sur, más al Norte,

etc.). Posteriormente, os alunos fizeram a correção com a ajuda da professora e

registaram as respostas corretas numa ficha informativa (Anexo 4), para que pudessem

ficar com o mapa dos países de língua oficial espanhola sempre que necessitassem de o

consultar.

-Análise:

Tanto na minha opinião, como na opinião da professora orientadora e da

professora supervisora, esta atividade revelou-se útil e eficaz, visto que a maioria dos

alunos não sabia realmente onde se localizavam a maior parte dos países de língua

espanhola. Alguns alunos sabiam dizer se estaria na américa central ou na américa do sul,

Page 45: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

35

mas revelaram bastantes dificuldades em dar a localização exata no mapa. Portanto, esta

atividade permitiu o alargamento dos seus conhecimentos geográficos, criando um

momento de interdisciplinaridade e de relação com o mundo exterior.

Julgo que os momentos esta atividade de interação oral criada entre os alunos não

foi de grande duração, nem de extrema importância, uma vez que a comunicação

estabelecida estava de certo modo condicionada e orientada pela professora. Contudo

considero que esta atividade demonstra a possibilidade de criar algum tipo de interação

oral, mesmo que seja breve, em vez de optarmos sempre pela realização de atividades

individuais e em silêncio, nas quais os alunos não têm tantas oportunidades de comunicar

entre si. Obviamente, nem todos os alunos participam da mesma forma, e em atividades

deste género é natural que se estabeleça um pouco mais de ruído e eventualmente alguma

confusão na sala de aula. No entanto, cabe ao professor gerir o espaço e organizar os

alunos de modo a que a atividade seja mais eficaz e mais benéfica para os seus alunos.

Além disso, também tentei motivar alguns alunos menos participativos e mais

resguardados a ajudar os seus colegas e a participar mais ativamente.

No final da atividade, os alunos podiam ver o mapa completo e corrigido no

quadro, para completarem a ficha informativa que lhes tinha sido distribuída. Ainda

assim, alguns alunos optaram por tentar preencher o mapa novamente sozinhos, de modo

a verificar se já conseguiam fazê-lo sem ajuda. Comprovou-se que, pelo menos naquele

momento, tinham efetivamente um conhecimento mais claro e correto da localização

geográfica daqueles países. Por estes motivos, considero que esta atividade oral cumpriu

a sua finalidade, na medida em que obrigava os alunos a perguntar e a responder quanto à

localização de determinado país no mapa, levando a uma comunicação real entre os

alunos, na qual interagiam entre si, com o intuito de completar o mapa para ficarem a

conhecer a localização correta dos países de língua oficial espanhola.

b) Elaboração de um programa de viagem a um país de língua oficial espanhola

-Contextualização e descrição:

Sendo esta a última aula da unidade didática “Los viajes”, a minha intenção era

organizar uma atividade que incluísse o máximo de conteúdos possíveis, das aulas

anteriores, de modo a colocarem todos os conhecimentos adquiridos em prática na mesma

atividade, ou seja, dentro do mesmo contexto. Por essa razão escolhi a elaboração de um

Page 46: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

36

programa de viagem, visto que nesta tarefa os alunos teriam de recorrer a diferentes

conteúdos linguísticos abordados nas aulas anteriores, nomeadamente relativos a

alojamento, transportes, locais turísticos e monumentos a visitar, época do ano, objetos

essenciais para viajar, atividades turísticas ou de férias, etc. Da mesma forma, teriam de

utilizar os conteúdos gramaticais, como por exemplo o tempo verbal “Futuro Imperfecto”

e as orações condicionais reais, que serviriam para escrever o slogan de promoção ao

programa de viagem.

Importa referir que, antes desta tarefa final da unidade didática, os alunos tiveram

a oportunidade de ler e analisar a estrutura de um programa turístico para Andaluzia e

Madrid (Anexo 5), que serviu de inspiração e modelo para a tarefa que deviam realizar.

De modo a aproveitar esta tarefa para facilitar a interação oral na aula, os alunos tiveram

de realizar esta atividade organizados em grupos de quatro ou cinco elementos. Dentro do

grupo, deviam decidir como organizar o programa de viagem, dividir tarefas entre os

vários elementos do grupo, para depois poderem apresentar a sua sugestão de viagem à

turma. Esse programa de viagem deveria ser elaborado tendo em conta que seria uma

proposta de visita de estudo, a um país de língua oficial espanhola. Depois das

apresentações das cinco propostas de viagem deveriam eleger qual era a mais adequada e

mais interessante para a turma.

Para que os alunos tivessem acesso à informação necessária sobre cada país,

efetuei uma recolha de informação em sites turísticos na Internet, de modo a poder

distribuir por cada grupo uma ficha informativa com sugestões de alojamento,

transportes, etc., facilitando assim a elaboração dos programas de viagem. Considero que

o ideal seria proporcionar aos alunos os meios adequados para que eles próprios fizessem

essa pesquisa na Internet, antes da realização desta atividade. Porém, devido a condições

restritas do uso das salas de informática da escola e devido à gestão do tempo nas aulas,

optei por tomar esta decisão para ultrapassar estes dois inconvenientes.

-Análise:

No que concerne a esta atividade, e de acordo com os comentários da professora

orientadora, apesar de não ter sido possível terminar a tarefa, os alunos tiveram de

comunicar e interagir dentro do grupo e com a professora para planificar e realizar o

trabalho pedido. Por outras palavras, a interação oral ocorreu ao longo de toda a tarefa,

com base num programa de viagem analisado anteriormente, que funcionou como

modelo. Esse programa era efetivamente um material autêntico, no qual os alunos

Page 47: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

37

puderam observar os respetivos componentes para utilizarem no seu próprio programa de

viagem.

Ainda assim, penso que esta atividade apenas cumpriu em parte os seus objetivos.

Em primeiro lugar, permitiu a revisão e a utilização de diversos conteúdos linguísticos,

gramaticais e até culturais na realização do trabalho de grupo. Por outro lado, também

permitiu o desenvolvimento de determinados conteúdos sociais e comportamentais,

previstos na planificação da unidade didática, designadamente o respeito pelos seus

colegas, respeito pelas opiniões diferentes das suas, respeito por outras culturas,

cooperação com os seus colegas, desenvolvimento da sua autonomia, implicação no seu

processo de aprendizagem e desenvolvimento do seu interesse pela língua e cultura

espanholas. Finalmente proporcionou um momento de interação oral entre os alunos de

cada grupo, que deveriam realizar a atividade recorrendo apenas à língua espanhola, para

discutir como iriam elaborar o programa de viagem, dividir tarefas dentro do grupo e

preparar esse programa.

Contudo, nem todos os alunos cumpriram à risca esta última indicação, apesar da

minha insistência. Apercebi-me de que enquanto ajudava um grupo, outros elementos de

outros grupos comunicavam na língua materna. Apenas quando me aproximava deles

começavam novamente a falar em espanhol. Além disso, e apesar de os alunos terem

usufruído de um pouco mais de tempo do que o previsto, a verdade é que não

conseguiram terminar a atividade para apresentar cada um dos programas à turma. Por

essa razão, pedi-lhes que trouxessem os seus trabalhos na aula seguinte, para poderem

realizar essa apresentação juntamente com a professora orientadora.

Penso que um dos motivos que influenciou a demora inesperada desta tarefa foi o

facto de os alunos não se saberem organizar bem, dentro do próprio grupo. Inicialmente,

porque demonstraram algumas dificuldades na divisão de tarefas para cada elemento do

grupo, necessitando da ajuda e orientação da professora, e em segundo lugar, porque

alguns dos elementos do grupo não se mostraram tão concentrados na atividade, o que

acabou por distrair outros colegas. Talvez estes comportamentos surjam como

consequência da falta de hábito de realização de trabalhos de grupo, devido a estes

inconvenientes e às turmas cada vez maiores dentro da sala de aula.

Page 48: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

38

2.3. EXEMPLOS DE ATIVIDADES DE INTERAÇÃO ORAL NO 3.º PERÍODO DE

AULAS

a) Identificação e comentário de características comuns de várias atrizes, através de uma

canção

-Contextualização e descrição:

A presente atividade faz parte de uma aula sobre Pedro Almodóvar e a sua obra.

Após analisarem as diferentes etapas da filmografia deste realizador espanhol, bem como

os respetivos filmes, a atividade que se seguiu foi baseada numa canção de Joaquín

Sabina, intitulada “Quiero ser una chica Almodóvar”. Enquanto escutavam a música, as

alunas acompanhavam a letra da canção através de uma ficha de trabalho (Anexo 6), na

qual deveriam ir sublinhando os nomes de filmes de Almodóvar que apareciam na

canção. Posteriormente as alunas tiveram de discutir o título da canção, especulando

sobre a respetiva temática. Neste momento, as alunas apenas transmitiram a sua opinião

pessoal, de acordo com o que tinham entendido da canção.

A atividade seguinte implicava mais, as alunas deviam interagir umas com as

outras identificando quais eram, afinal, as características de “una chica Almodóvar”, que

no fundo representavam o retrato tradicional das atrizes, a quem Almodóvar pediu para

participar nos seus filmes. Com esse propósito em vista, as alunas tiveram tempo para ler

em silêncio a letra da canção e, em seguida, partilharam entre si e com a professora quais

eram as características que tinham encontrado no texto, de modo a apurar se tinham as

mesmas características ou se havia alguma em falta. Ao longo desta atividade oral,

verificou-se que algumas características estavam implícitas em determinadas expressões,

por esse motivo as alunas tinham também de explicar o que poderiam significar essas

mesmas expressões. A canção de Joaquín Sabina foi o material autêntico selecionado

para esta atividade, que impulsionou a discussão e a interação oral entre as alunas, sobre

o conteúdo da canção, cujas informações principais foram projetadas no quadro após essa

discussão, de modo a que as alunas pudessem registar as ideias principais nos seus

cadernos.

-Análise:

Apesar de as alunas demonstrarem alguma dificuldade no entendimento de

algumas expressões idiomáticas ou metafóricas da canção, com a orientação da

Page 49: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

39

professora e recorrendo a sinónimos ou parafraseando a ideia do texto, as alunas

conseguiram reconhecer as características gerais das atrizes mais presentes nos filmes de

Pedro Almodóvar. Ao realizarem esta atividade, foi possível verificar a compreensão das

alunas relativamente à canção, e ainda transmitir conteúdos culturais do círculo

cinematográfico espanhol, mais particularmente de Almodóvar.

Por outro lado, as alunas tiveram a oportunidade de analisar um tipo de texto

menos recorrente (uma canção), com um tipo de linguagem diferente mas acessível.

Nesse texto eram também mencionados diversos nomes de atrizes que já trabalharam

com Pedro Almodóvar, o que permitiu alargar os horizontes das alunas, no que respeita a

personalidades famosas e reconhecidas do mundo artístico espanhol. Segundo a

professora orientadora, este material foi benéfico para o desenvolvimento cultural das

alunas, além de estimular as mesmas a manter uma conversação na língua alvo.

Pelos motivos supracitados e pela participação ativa das alunas na aula, parece-me

que a atividade decorreu de forma positiva, proporcionando momentos de conversação

dentro de um contexto apelativo e cultural, como é a sétima arte. Pois, tendo como base

um excerto da obra de García Márquez, as alunas estabeleceram um momento de

comunicação entre si, discutindo as características presentes na canção, que definiam o

perfil geral de “una chica Almodóvar”. Assim, a atividade oral levada a cabo decorreu

conforme planificada, obrigando a uma conversação contextualizada entre as alunas, que

efetivamente identificaram a informação pedida pela professora, para posteriormente

partilharem com a restante turma.

b) Debate sobre os padrões de educação de homens e mulheres, no contexto da obra

“Crónica de una muerte anunciada”, comparativamente com os da sociedade atual

-Contextualização e descrição:

Atendendo à riqueza da obra de Gabriel García Márquez, especialmente aos temas

do foro social e comportamental das suas personagens, seria um desperdício não

aproveitar alguma das temáticas presentes na obra “Crónica de una muerte anunciada”

para criar um debate entre as alunas, em torno do que ocorria com as personagens da

história. Assim, decidi recorrer aos parâmetros de educação de Ángela Vicario (uma das

personagens principais), para levantar a questão da educação na sociedade da época, por

oposição ao que está estabelecido hoje em dia.

Page 50: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

40

Depois de terem caracterizado esta personagem, física e psicologicamente, as

alunas identificaram num excerto da obra (Anexo 7), selecionado pela professora, a

constituição da família a que pertencia. Ao analisarem os elementos familiares de Ángela

Vicario, aperceberam-se imediatamente das diferenças existentes na educação dos

homens e das mulheres dessa família. Portanto foi relativamente fácil para as alunas

definirem o que era esperado dos homens e das mulheres da sociedade dessa época, no

contexto da obra.

Após organizarem num quadro as informações relativas à educação dos homens e

das mulheres (Anexo 8), com base no excerto da obra e no seu conhecimento da obra no

geral, as alunas puderam constatar realmente a enorme diferença que existia entre os dois.

Aproveitando essa síntese de informação e algumas frases retiradas da obra que fui

projetando no quadro (Anexo 9), pedi às alunas que comentassem e expressassem a sua

opinião relativamente à educação das mulheres. Deste modo, as alunas teriam de

expressar o que pensavam sobre esse assunto e verificar se tinham a mesma opinião que

as colegas ou não.

Pretendia saber se concordavam com a educação que lhes era dada na obra, se

compreendiam as razões desse género de educação e se se imaginavam a viver na

sociedade daquela época. Além disso, pedi também que comentassem quais foram as

alterações que ocorreram até aos dias de hoje, isto é, como é que evoluiu o papel da

mulher, bem como a sua educação, até á sociedade atual. Assim, as alunas realizaram

uma atividade oral, na qual deviam dar a sua opinião, justificar e explicar também se

estavam de acordo com as suas colegas ou não, e porquê.

-Análise:

Considero que esta atividade cumpriu o objetivo de estabelecer comunicação entre

as alunas e a professora, de uma forma bastante produtiva, visto que as alunas

participaram ativamente e partilharam as suas opiniões, interagindo entre si sempre com

base no material autêntico desta aula, ou seja, um excerto da obra de García Márquez.

Apoiadas na análise das frases retiradas da obra, as alunas deram a conhecer a sua

opinião relativamente ao tema da educação, interagindo ativamente e respondendo às

questões colocadas pelas colegas e pela professora, enquanto utilizavam a língua

espanhola de forma real dentro desse contexto.

Importa acrescentar ainda que, as alunas demonstraram muito interesse pelo tema

e revelaram-se completamente contra as tradições de educação daquela época.

Page 51: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

41

Explicaram que não se imaginavam a viver naquela sociedade tão sufocante e feita de

aparências, e referiram que prezam muito os direitos que têm na sociedade moderna.

No entanto, sabem que existem muitas outras comunidades e também outros

países, onde as mulheres não têm sequer metade dos direitos de educação que elas

próprias têm. Deram alguns exemplos e descreveram o que talvez pudesse acontecer no

seio dessas comunidades, caso acontecesse o que aconteceu com Ángela Vicario na obra

de García Márquez, ou seja, ter perdido a virgindade antes do casamento e o seu marido

ter descoberto esse segredo na noite de núpcias.

De realçar que, desta forma, as alunas estabeleceram uma relação entre a obra

analisada na aula e a própria realidade pessoal das alunas e do mundo que as rodeia,

ativando conhecimentos prévios e aumentando o seu conhecimento sobre o tema, por

meio das opiniões das colegas e dos exemplos que davam. Como professora, adotei o

papel de mediadora da conversação e quando necessário pedia a justificação de

determinados comentários ou opiniões. Por vezes coloquei algumas questões, como

forma de incentivo à interação oral entre as alunas e tentei sempre que explicassem as

suas opiniões com base na obra que estávamos a analisar, recorrendo a exemplos ou

contrastando com o que acontece na sociedade de hoje em dia. De acordo com a opinião

da professora orientadora, a condução e a orientação efetuada ao longo desta atividade foi

realizada adequadamente, concentrando as alunas no excerto da obra analisado nessa

aula, por forma a não deixar que dispersassem demasiado e abordassem o tema da

educação das mulheres sem ter em conta a obra de García Márquez, que funcionava como

objeto de análise nessa atividade.

Page 52: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

42

3. ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS ATRAVÉS DE QUESTIONÁRIOS

No que concerne aos questionários dirigidos aos alunos, optei por inquirir os

alunos com os quais trabalhei ao longo deste ano de iniciação à prática profissional para o

seu preenchimento. Contudo, a primeira página dos questionários preenchidos era

relativa a todos os anos de escolaridade em que tiveram a disciplina de Espanhol, e não só

ao presente ano letivo. Apenas a segunda página se referia em particular a alguns

materiais autênticos, aos quais recorri durante este ano, e às possíveis vantagens que

podem advir da sua utilização em sala de aula. O grupo total de alunos que participou

neste projeto é de dezoito alunos, sendo que cinco compõem a turma de 11.º ano e treze

pertencem ao 10.º ano de escolaridade.

Quanto aos professores que colaboraram nesta recolha de dados, importa

mencionar que são um total de dezanove professores que lecionam ou já lecionaram

Espanhol, todos eles pertencentes ao nível de Ensino Básico e Secundário.

Apresentam-se, de seguida, os respetivos componentes de cada questionário,

assim como o tratamento de dados de cada um deles.

3.1. Questionários a alunos (anexo 11)

1- Já trabalhaste com os seguintes materiais escritos nas tuas aulas de Espanhol (este ano

e outros)?

Materiais escritos:

Gráfico 1

0

2

4

6

8

10

12

Muitas vezes Algumas vezes

Raramente Nunca

jornais

revistas

livros

cartas

receitas

catálogos

folhetos publicitários

outros textos escritos:

Page 53: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

43

No que concerne aos materiais escritos, e tendo em conta os diferentes anos

letivos em que tiveram a disciplina de Espanhol, mais de 50% dos alunos demonstram ter

trabalhado mais com livros ou outros textos escritos. Ao contrário do que ocorreu com

outros materiais menos utilizados, tais como jornais, revistas, cartas e receitas,

respetivamente, que raramente ou nunca foram usados, de acordo com cerca de 83% dos

alunos.

Materiais áudio:

Gráfico 2

Os materiais áudio com os quais referem ter trabalhado mais em sala de aula são

os diálogos, uma vez que 100% dos alunos afirmam ter muitas ou algumas vezes

utilizado esse material. Seguidamente, 15 dos 18 alunos referem ter trabalhado também

muitas ou algumas vezes com canções. Enquanto os programas de radio são mencionados

em menor número, havendo 7 alunos que referem nunca ou raramente terem utilizado

este material nas aulas de Espanhol.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Muitas vezes Algumas vezes

Raramente Nunca

canções

diálogos

entrevistas

programas de radio

anúncios publicitários

outros textos orais:

Page 54: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

44

Materiais audiovisuais:

Gráfico 3

Dentro dos materiais audiovisuais, 14 alunos afirmam trabalhar muitas ou

algumas vezes com vídeos. Seguidamente, destacam-se as curtas metragens e os filmes,

com 50% dos alunos a informar que usam esses materiais também muitas ou algumas

vezes. Do lado oposto temos os programas de televisão que, segundo 8 dos 18 alunos

inquiridos, raramente ou nunca são utilizados nas aulas de Espanhol. No que diz respeito

aos anúncios publicitários, há ainda 9 alunos que julgam trabalhar com este material

algumas vezes.

Materiais interativos:

Gráfico 4

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente Nunca

vídeos

filmes

curtas metragens

programas de televisão

anúncios publicitários

outros materiais audiovisuais:

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente Nunca

blogues

fóruns

redes sociais

webquests

outros materiais interativos:

Page 55: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

45

Verifica-se, claramente, um número bem mais reduzido quanto aos materiais

interativos com que já trabalharam neste e noutros anos, na disciplina de Espanhol.

Especialmente com blogues e fóruns, uma vez que 10 alunos, ou seja, mais de 50%

referem nunca ter utilizado estes dois materiais específicos. De referir ainda que, 2 dos

alunos afirmam usar outros materiais interativos, além dos que estão apresentados neste

gráfico. No entanto, não explicitam exatamente de que materiais se tratam.

2- Consideras que se deveria utilizar apenas o manual adotado pela escola (os outros

materiais são dispensáveis)?

Gráfico 5

Todos os alunos são da opinião de que não se deve utilizar apenas o manual

adotado, na disciplina de Espanhol. Através desta resposta clara, podemos concluir que os

alunos revelam interesse e consideram que é benéfico para a sua aprendizagem optar pela

diversidicação de materiais, usados no contexto das aulas de Espanhol.

3- Consideras importante a utlização de materiais autênticos no ensino de Espanhol como

Língua estrangeira?

Gráfico 6

Da mesma forma, podemos comprovar pelo presente gráfico que 100% dos alunos

inquiridos concordam com a presença e a importância dos materiais autênticos nas aulas

0

10

20

sim não

0

5

10

15

sim não

Page 56: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

46

de Espanhol. Presumivelmente porque consideram que os ajuda no processo de

compreensão, aquisição e produção da língua alvo.

4- Ao longo de algumas aulas de estágio foram utilizados os seguintes materiais

autênticos:

Uma receita de um prato típico espanhol

Mapa dos países de língua oficial espanhola

Mapa de Espanha com as diferentes comunidades espanholas 10.º ano

Vídeo com canção sobre Andaluzia

Programa turístico para uma viagem de uma semana

Imagens de obras de arte com lixo

Excertos de programas televisivos

Textos de páginas de internet 11.º ano

Jornais e revistas (em papel e online)

Noticias estranhas mas verídicas

Vídeo de sensibilização para os cuidados com a privacidade

4.1- Tendo em conta os materiais anteriormente referidos e utilizados na tua turma,

assinala a opção correta segundo a tua opinião pessoal:

Gráfico 7

A maioria dos alunos (12 dos 18 questionados) considera que alguns dos materiais

autênticos, usados este ano nas aulas de Espanhol, tornaram muitas vezes as aulas mais

motivadoras para eles. Enquanto outros 5 alunos referem que essa motivação ocorreu

algumas vezes. Apenas uma aluno menciona que os materiais autênticos utilizados

raramente tornaram as aulas mais motivadoras.

0

2

4

6

8

10

12

Tornaram as aulas mais motivadoras

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

Page 57: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

47

Gráfico 8

De acordo com as suas respostas, todos os alunos acreditam que esses materiais

apresentaram conteúdos novos interessantes, 8 alunos consideram que esse género de

conteúdos surgiu algumas vezes e os restantes 10 alunos muitas vezes. Deste modo

revelam que os materiais autênticos têm pelo menos este aspeto positivo, em que todos

concordam.

Gráfico 9

Da mesma forma, referem que os materiais permitiram conhecer mais aspetos

culturais dos países de língua oficial espanhola, 5 dos alunos dizem que essa situação

ocorreu algumas vezes, mas os restantes 13 alunos afirmam que isso ocorreu muitas

vezes, ao longo das aulas de estágio deste ano letivo.

0

2

4

6

8

10

Apresentaram conteúdos novos interessantes

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

0

2

4

6

8

10

12

14

Permitiram conhecer mais aspetos culturais

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

Page 58: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

48

Gráfico 10

Quanto ao uso da língua dentro de um contexto real e consequentemente mais

significativo para os alunos, um número considerável (10 alunos) acredita que muitas

vezes foi promovida essa contextualização através dos materiais autênticos. Enquanto 7

dos alunos julgam que ocorreu algumas vezes e 1 aluno apenas raramente.

Gráfico 11

Um vasto número de alunos (mais de 50%) afirma que os materiais autênticos

permitiram, algumas vezes, adquirir conteúdos linguísticos, gramaticais e culturais

simultaneamente. No entanto, 6 alunos pensam que essa aquisição ocorreu muitas vezes,

por oposição a 2 alunos que julgam ter ocorrido raramente.

0

2

4

6

8

10

Permitiram o uso da língua dentro de um

contexto real

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

0

2

4

6

8

10

Permitiram a aquisição de conteúdos linguísticos, gramaticais e culturais

simultaneamente

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

Page 59: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

49

Gráfico 12

Também a maioria dos alunos acredita que esses materiais ajudaram muitas vezes

a desenvolver a competência comunicativa, através da oralidade. Assim como, outros 6

que acreditam ter ajudado pelo menos algumas vezes. À semelhança da questão anterior,

há 2 alunos cuja opinião é de que raramente os materiais autênticos influenciaram

positivamente o desenvolvimento da sua competência comunicativa.

Gráfico 13

Por outro lado, as respostas variam relativamente ao desenvolvimento da

competência comunicativa através da escrita, uma vez que 6 alunos referem ter notado

essa evolução muitas vezes, 7 dos alunos preferem a opção algumas vezes, mas 5 alunos

pensam que raramente se proporcionou esse desenvolvimento através da escrita.

0

2

4

6

8

10

Ajudaram a desenvolver a competência comunicativa

através da oralidade

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

0 1 2 3 4 5 6 7

Ajudaram a desenvolver a competência comunicativa

através da escrita

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

Page 60: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

50

Gráfico 14

Um número significativo de alunos, designadamente metade dos inquiridos,

acredita que os materiais autênticos ajudaram algumas vezes a fomentar temas pertinentes

e relacionados com a vida fora da escola. Possibilitando, assim, uma maior identificação

dos alunos com as atividades propostas na aula, devido à relevância das temáticas

tratadas. Além desses, outros 6 alunos referem que essa situação sucedeu muitas vezes,

por oposição aos restantes 3 alunos que revelam raramente terem notado essa pertinência

dos temas com base nos materiais autênticos.

Gráfico 15

Metade dos alunos pensa que esses materiais facilitaram, algumas vezes,

determinadas aprendizagens que podem ser aproveitadas fora de aula. De acordo com os

restantes, 6 alunos são da opinião de que esse tipo de aprendizagens surgiu muitas vezes

ao longo das aulas. Porém, 3 dos alunos questionados acreditam que raramente isso

aconteceu.

0 2 4 6 8

10

Promoveram o tratamento de temas

pertinentes e relacionados com a vida fora da escola

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Facilitaram aprendizagens que podem ser aproveitadas

fora da sala de aula

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

Page 61: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

51

Gráfico 16

Também uma grande parte dos alunos considera que os materiais usados este ano

letivo ajudaram, algumas vezes, no desenvolvimento de valores. De referir ainda que, 6

dos alunos mencionam que esta promoção de valores esteve muitas vezes presente nas

aulas, ao contrário do que acreditam os restantes 4 alunos optando pela resposta

“raramente”.

Gráfico 17

Além disso, 50% dos alunos acreditam que os materiais autênticos fomentaram o

espírito de iniciativa e do sentido crítico, algumas vezes. Outros 7 alunos revelam que se

aperceberam deste aspeto positivo muitas vezes. No entanto, os restantes 2 afirmam que

raramente se deram conta desta vantagem implícita nos materiais utilizados.

0

2

4

6

8

Ajudaram no desenvolvimento de valores

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

0

2

4

6

8

10

Fomentaram o espírito de iniciativa e do sentido

crítico

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

Page 62: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

52

Gráfico 18

Mais uma vez, metade dos alunos questionados declaram que os materiais

autênticos permitiram contrastar a língua e cultura espanholas com a língua e cultura

portuguesas, algumas vezes. Existem ainda 8 alunos que afirmam ter notado essa

oportunidade de comparação entre os dois países muitas vezes. Somente 1 aluno acredita

que esse género de comparação raramente foi possível.

Gráfico 19

Neste gráfico, destacam-se novamente 50% dos alunos cuja opinião é de que tais

materiais autênticos permitiram muitas vezes expor a opinião pessoal e debater diferentes

pontos de vista. Seguidamente, 6 dos 18 alunos reiteram a mesma crença, mas alegando

que apenas ocorreu algumas vezes. Os restantes 3 alunos opinam que raramente se pôde

verificar essa situação.

0

2

4

6

8

10

Fomentaram a comparação entre a língua e cultura

espanholas com a língua e cultura portuguesas

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

0

2

4

6

8

10

Permitiram expor a opinião pessoal e discutir

diferentes pontos de vista

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

Page 63: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

53

Gráfico 20

Note-se que, a grande maioria dos alunos admite que os materiais autênticos

utilizados promoveram a interação oral com o professor muitas vezes, ao longo das aulas.

Segundo outros 4 alunos, esse impulso para interagir oralmente aconteceu, de facto,

algumas vezes. Contudo, 1 aluno acredita que raramente esse desejo de interagir com o

professor se verificou.

Gráfico 21

À semelhança do que acontece no gráfico anterior, mais de 50% dos alunos

confirmam que o uso desses materiais promoveu a interação entre os alunos. Dos 5

alunos que não partilham da mesma opinião, 4 alegam que essa promoção ocorreu

algumas vezes, mas 1 aluno atesta que raramente se apercebeu dessa influência dos

materiais autênticos para a interação dentro da turma.

0

2

4

6

8

10

12

14

Promoveram a interação oral com o professor

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

0

2

4

6

8

10

12

Promoveram a interação entre alunos

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

Page 64: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

54

Gráfico 22

Porém, os alunos inquiridos revelam algumas dúvidas quanto à questão da

implementação do uso das TIC (tecnologias de informação e comunicação), como meios

de comunicação e informação, através do recurso aos materiais autênticos. Como, aliás,

podemos comprovar pelas respostas patentes neste gráfico. Apesar de 6 alunos

concordarem que algumas vezes se verificou a implementação do uso das TIC nas aulas

de Espanhol, bem como outros 4 alunos considerarem que muitas vezes puderam

constatar o mesmo, a verdade é que 4 alunos afirmam raramente se terem apercebido

desse aspeto e outros 4 dizem nunca o terem notado.

3.2. QUESTIONÁRIOS A PROFESSORES (anexo 10)

1- Com que frequência utiliza os seguintes materiais autênticos nas suas aulas de

Espanhol?

Materiais escritos:

0

1

2

3

4

5

6

Implementaram o uso das TIC como meios de comunicação e

informação

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

Page 65: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

55

Gráfico 23

Segundo as respostas dos professores questionados, os materiais escritos usados

com mais frequência são os livros, os jornais e as revistas, utilizados algumas ou muitas

vezes pela maioria dos professores. Por oposição vemos que as cartas e catálogos

apresentam o menor número de utilizações, com mais de metade dos professores a referir

que raramente ou nunca utiliza ambos materiais. Note-se ainda que, cerca de metade dos

inquiridos afirma recorrer a receitas e folhetos piblicitários, algumas ou muitas vezes.

Materiais áudio:

Gráfico 24

0 2 4 6 8 10

jornais

revistas

livros

cartas

receitas

catálogos

folhetos publicitários

outros textos escritos:

Nunca

Raramente

Algumas vezes

Muitas vezes

0 5 10 15

canções

diálogos

entrevistas

programas de radio

anúncios publicitários

outros textos orais:

Nunca

Raramente

Algumas vezes

Muitas vezes

Page 66: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

56

Dos materiais áudio mais aproveitados em sala de aula destacam-se claramente as

canções e os diálogos, utilizados praticamente por todos os professores, com muita ou

alguma frequência. Ao contrário do que acontece com os programas de rádio, os quais

raramente ou nunca são utilizados por mais de 50% dos professores questionados. As

entrevistas e os anúncios publicitários mostram percentagens e frequências de utilização

diversificadas e pouco uniformes, apesar de 9 dos 19 professores referirem que utilizam

muitas vezes as entrevistas.

Materiais audiovisuais:

Gráfico 25

Dentro dos materiais audiovisuais os vídeos atingem o maior número de utilização

pelos professores, entre os quais 16 referem utilizá-los muitas vezes e 3 dos professores

algumas vezes. Seguem-se as curtas metragens e os filmes, que são usados com alguma

ou muita frequência por 18 e 16 professores, respetivamente. O material menos utilizado

dentro desta categoria são os programas de televisão, raramente ou nunca usados por 4

dos professores inquiridos.

Materiais interativos:

0 5 10 15 20

vídeos

filmes

curtas metragens

programas de televisão

anúncios publicitários

outros materiais audiovisuais:

Nunca

Raramente

Algumas vezes

Muitas vezes

Page 67: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

57

Gráfico 26

Os materiais interativos são os menos utilizados em geral, especialmente os

blogues e os fóruns, sobre os quais 16 dos 19 professores dizem usar raramente ou nunca.

Seguidamente, apenas 5 professores referem usar webquests ou redes socias, algumas ou

muitas vezes, enquanto os restantes 14 raramente ou nunca usam.

2- Para aceder aos materiais que pretende utilizar nas aulas, quais são as fontes que

utiliza?

Gráfico 27

No que respeita às fontes de pesquisa para os materiais a utilizar nas aulas, a mais

comum é a Internet, utilizada muitas vezes por 18 dos professores inquiridos. Os manuais

escolares e alguns objetos realia são também usados muitas ou algumas vezes pela

0 2 4 6 8 10 12

blogues

fóruns

redes sociais

webquests

outros materiais interativos:

Nunca

Raramente

Algumas vezes

Muitas vezes

0 5 10 15 20

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca Outras

Internet

objetos realia

televisão

radio

livros

manuais escolares

Page 68: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

58

maioria dos professores. Enquanto a rádio e a televisão são as fontes menos utilizadas,

raramente ou nunca, por quase metade dos 19 professores.

3- Quando utiliza materiais autênticos (por exemplo, mencionados na pergunta 1)

costuma fazer adaptações a esse material?

Gráfico 28

A grande maioria dos professores, neste caso 16 dos 19 professores, revela

normalmente fazer algum tipo de adaptação aos materiais que seleciona para as suas

aulas. Por oposição a 2 dos professores que referem não fazer qualquer tipo de alteração e

utilizar o material autêntico tal e qual conforme o encontram.

3.1- Se costuma fazer adaptações, são realizadas tendo em conta os seguintes aspetos?

Gráfico 29

Relativamente às adaptações efetuadas aos materiais verificamos que são diversas

e que os professores consideram vários fatores, desde o tipo de turma até às temáticas dos

programas em vigor. A grande maioria dos professores questionados afirma ter em conta

todos estes fatores muitas ou algumas vezes, quando planifica as suas aulas, prestando

especial atenção à turma em questão e ao tamanho do material selecionado para utilizar

em sala de aula.

0 10 20

sim

não

0 5 10 15

Turma

Tamanho

Apresentação

Nível de dificuldade

Interesses dos alunos

Temáticas dos programas em vigor

Outros: objetivos e competências

Outros

Nunca

Raramente

Algumas vezes

Muitas vezes

Page 69: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

59

4- Qual é o material que utiliza com mais frequência?

Gráfico 30

Através de uma questão aberta, confirma-se novamente que o material autêntico

utilizado com mais frequência são os vídeos (identificados por 7 dos 19 professores).

Seguem-se depois as canções (referidas por 5 professores), assim como outros materiais

áudio e materiais audiovisuais (destacados por 4 professores). Note-se que, apenas 2 em

19 professores afirmam usar o manual com mais frequência que outros materiais.

4.1- Por que razão utiliza esse material com mais frequência?

Gráfico 31

0 1 2 3 4 5 6 7

vídeos

canções

material audiovisual

materiais escritos

materiais áudio

diálogos

manuais

cartões e posters

textos escritos (da Internet)

internet

curtas metragens

wiki

folhetos

0 2 4 6 8 10 12

Falta de tempo

Falta de acesso a outros materiais

Por hábito

Dificuldade em encontrar outros materiais adequados

Outras

Nunca

Raramente

Algumas vezes

Muitas vezes

Page 70: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

60

As razões mencionadas para a utilização dos materiais referidos na questão 4

divergem bastante, mas a mais consistente é “por hábito”, uma vez que obteve um maior

número de respostas. Contudo, tendo em conta que mais de metade dos professores

apontou “outras razões” para a seleção do material que normalmente faz, apresento de

seguida cada uma delas.

Gráfico 32

Através deste gráfico podemos comprovar que a maior preocupação na seleção de

material autêntico, para as aulas de Espanhol, é que motive os alunos (para 37% dos

professores) ou que atraia a sua atenção (para 27% dos inquiridos). Além disso, devem

também ser interessantes para os alunos, fornecer input autêntico, complementar outros

materiais presentes no manual e estar de acordo com os objetivos do programa da

disciplina.

5- Qual é o material que utiliza com menos frequência?

9%

37%

9% 9%

27%

9%

Outras razões

É interessante para os alunos e fornece input autêntico

Motiva bastante os alunos

É o que melhor corresponde aos meus objetivos para o ensino-aprendizagem de espanhol Para completar os materiais existentes nos manuais

Atrai a atenção dos alunos

Por considerar que são materiais autênticos

Page 71: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

61

Gráfico 33

Verifica-se, mais uma vez, que os blogues e outros materiais interativos são os

menos usados em sala de aula, apontados por 3 professores cada um, desta vez numa

questão aberta. Os restantes materiais referidos e presentes neste gráfico contam com 1

ou 2 respostas cada um. Podemos igualmente conferir que os filmes completos são os

únicos materiais audiovisuais incluídos nesta questão.

5.1- Por que razão utiliza esse material com menos frequência?

Gráfico 34

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

blogues

materiais interativos

livros

textos/livros literários

jornais e revistas

programas de rádio

filmes completos

televisão

redes sociais

receitas

webquests

0 2 4 6 8 10

Muitas vezes

Algumas vezes

Raramente

Nunca

Outras

Dificuldade em encontrar esse material adequado Por falta de hábito

Falta de acesso a esse material

Falta de tempo

Page 72: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

62

A principal razão para a falta de uso dos materiais mencionados na questão 5 é

essencialmente a falta de acesso a esse material, que ocorre muitas ou algumas vezes a 12

dos 19 professores questionados. Seguidamente, 11 dos professores refere que muitas ou

algumas vezes sente alguma dificuldade em encontrar o material adequado para o que

pretende realizar nas suas aulas. Enquanto 10 professores acrescentam também ser

influenciados nas suas escolhas, pela falta de tempo que possuem para a preparação das

aulas. Importa mencionar que, relativamente à dificuldade de recorrer à Internet, essa

falta de acesso ocorre principalmente nas escolas, como foi referido por alguns

professores.

6- Considera vantajoso o uso de materiais autênticos no ensino de Espanhol como LE?

Porquê?

Gráfico 35

Como podemos verificar pelo gráfico anterior, todos os professores que

colaboraram nesta recolha de dados consideram vantajoso utilizar materiais autênticos

nas aulas de Espanhol como Língua Estrangeira. Uma vez que as suas respostas me

parecem pertinentes e visto que apresentam diversas justificações, coloco a transcrição de

cada uma delas em anexo a este relatório (Anexo 12).

Após leitura atenta de todas as respostas a esta mesma pergunta do questionário,

posso concluir que todos os professores entrevistados reconhecem diversos benefícios no

recurso a materiais autênticos, no âmbito do ensino de língua espanhola. A maioria dos

beneficios referidos estão particularmente relacionados com os seguintes aspetos:

Interesses e motivação dos alunos;

Contacto com a língua real em contextos reais também;

Aprendizagem significativa da língua;

Maior aproximação à cultura dos países de língua espanhola;

Desenvolvimento de diversas competências;

0 5 10 15 20

sim

não

Page 73: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

63

Aprendizagem de vocabulário e estruturas gramaticais de forma contextualizada;

Transmissão de valores culturais;

Aplicação dos conhecimentos adquiridos na sua vida quotidiana.

4. CONCLUSÕES

Após refletir sobre o trabalho prático realizado ao longo deste ano letivo,

nomeadamente no âmbito da Iniciação à Prática Profissional, importa neste momento dar

a conhecer as conclusões que se retiram desta experiência. Conforme afirmei várias

vezes, os materiais autênticos são, na minha perspetiva, ótimos recursos para o ensino de

uma língua estrangeira, designadamente para a língua espanhola. Embora de forma

subjetiva, pude constatar que os alunos se revelaram mais motivados e participativos na

realização de atividades baseadas nesse tipo de materiais, o que poderá levar ao aumento

de uma aprendizagem mais significativa e consistente.

Tendo em conta a descrição e a análise efetuada das atividades apresentadas no

ponto 2 deste capítulo, julgo poder concluir que, no geral, essas atividades de interação

oral decorreram de acordo com a respetiva planificação, cumprindo o objetivo final de

estabelecer momentos de conversação e interação entre os alunos e a professora. As

temáticas selecionadas a partir dos conteúdos programáticos para cada ano letivo foram

abordadas de forma a captar a atenção dos alunos, relacionando o processo de ensino e

aprendizagem à vida real do aluno e ao seu quotidiano. Para isso, foi determinante efetuar

uma seleção de materiais rigorosa, atual e pertinente para os alunos, nos quais a

autenticidade deveria estar sempre presente, devido às vantagens que apresenta no

contexto de ensino.

Terminada a análise e tratamento dos dados dos questionários dirigidos a alunos e

professores, julgo que transparece a ideia positiva que ambos detêm da utilização de

materiais autênticos nas aulas de Espanhol. Apesar de cada um dos grupos de

entrevistados ser simplemente uma pequena amostra, o facto é que coincidiram em várias

das questões que lhes foram colocadas, sublinhando a pertinência do recurso a materiais

autênticos no ensino desta língua estrangeira.

Iniciando pelos questionários dos alunos, foi possível apurar que, a maioria

acredita terem trabalhado mais com materiais autênticos escritos, em livros e noutros

formatos (provavelmente em fichas de trabalho ou fotocópias), por oposição a cartas,

Page 74: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

64

receitas, jornais ou revistas. Além desses, no que respeita aos materiais áudio esclarecem

que até hoje trabalharam mais com diálogos e canções, ao contrário do que acontece com

os programas de rádio que muito menos vezes são utilizados. Relativamente aos materiais

audiovisuais, existe consenso ao atestarem que os vídeos são os que estão presentes com

mais frequência nas aulas de Espanhol, onde dificilmente aparecem programas de

televisão. Finalmente, os materiais autênticos interativos são referidos como sendo os

menos utilizados em contexto de sala de aula, especialmente os blogues e os fóruns,

quem sabe devido à falta de condições de material informático nas salas de aula, tal como

enunciam alguns professores.

Todos os alunos revelaram ser da opinião de que não se deve utilizar apenas o

manual adotado no decurso das aulas de Espanhol. Além disso, a maioria refere ainda que

os materiais autênticos revelaram diversos benefícios ao longo das aulas de estágio.

Segundo os resultados obtidos através dos questionários, a maioria dos alunos alegou que

os materiais autênticos utilizados este ano letivo ajudaram a tornar as aulas mais

motivadoras, apresentando conteúdos novos e interessantes, enquanto incitavam à

interação oral com o professor e com a restante turma. Acrescentam ainda que,

simultaneamente esses materiais desenvolveram os seus conhecimentos culturais,

linguísticos e gramaticais de forma contextualizada, promovendo assim a sua

competência comunicativa, bem como o seu espírito de iniciativa e do sentido crítico.

Para terminar, mencionam também que os materiais autênicos levaram igualmente à

discussão de temas relevantes, sobre os quais puderam partilhar diferentes opiniões

pessoais e cujas aprendizagens podem ser aproveitadas fora do contexto escolar.

No que concerne aos resultados alcançados através dos questionários dos

professores, verifica-se que a maioria recorre mais ao uso de materiais escritos,

principalmente aos livros. No entanto, esta resposta poderá estar condicionada devido ao

facto de os livros poderem incluir os manuais escolares, apesar de estes não serem

considerados materiais autênticos, visto que são elaborados propositadamente para o

ensino. De acordo com as suas respostas, os professores recorrem também com alguma

frequência a diversos materiais áudio, especialmente canções e diálogos, à semelhança do

que é apontado pelos questionários dos alunos.

Quanto aos materiais audiovisuais, os professores dão especial destaque à

utilização de vídeos, entrando mais uma vez em consenso com as respostas apresentadas

pelos questionários dos discentes. Outro ponto de concordância entre ambos os

questionários diz respeito à fraca utilização de materiais interativos, nas aulas de

Page 75: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

65

Espanhol, principalmente os blogues e fóruns, que aparentemente poderão ser menos

usados, devido à falta de condições e recursos nas salas de aula. Contudo, a fonte de

informação mais frequente para a pesquisa de material autêntico, por parte dos

professores, é a Internet. Como este é um trabalho pessoal do professor, é natural que seja

realizado em casa ou noutros espaços escolares, que não a sala de aula, onde poderão ter

acesso facilitado a esse recurso.

Segundo as informações recolhidas, podemos comprovar igualmente que um

vasto número de professores admite efetuar diferentes tipos de adaptação aos materiais

selecionados para as suas aulas, de modo a adequá-los à sua turma e às necessidades

educativas diagnosticadas. Apesar dessas adaptações, todos os professores demonstram

concordar com a utilização de materiais autênticos nas aulas de língua estrangeira, neste

caso na disciplina de Espanhol, enumerando diversas vantagens associadas a esses

mesmos materiais, como já vimos anteriormente e se apresentam em anexo (Anexo 12).

Portanto, confirma-se que tanto os alunos como os professores vêem os materiais

autênticos como um recurso importante e vantajoso, para o processo de ensino e

aprendizagem da língua estrangeira. Pois permitem, não só a utilização da língua meta de

forma real e contextualizada, como também reforça a aprendizagem dos conteúdos

programáticos, ao mesmo tempo que promove a interação oral dentro da sala de aula.

Deste modo o aluno utiliza a língua estrangeira como um instrumento funcional e

social de comunicação, fazendo-o evoluir no seu papel de agente social, ao mesmo tempo

que desenvolve a sua competência comunicativa, conforme exigem os programas de

ensino e ainda o QECR.

Page 76: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

66

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No âmbito do Mestrado de Inglês e Espanhol no ensino básico e secundário, o

presente relatório tencionava mostrar e esclarecer a importância que adquirem os

materiais autênticos no processo de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira

(neste caso o Espanhol), particularmente na promoção de atividades de interação oral.

Com este propósito em vista, procedeu-se à revisão da literatura relativa a este

tema, assim como a uma análise das atividades levadas a cabo no contexto de Inciação à

Prática Profissional. Para complementar este trabalho foram também realizados

questionários a alunos e professores, como meio de verificar qual é a frequência do uso

deste género de materiais, as possíveis adaptações que se realizam aos mesmos e as

vantagens que apresentam no ensino do Espanhol.

Tendo em conta todo o trabalho efetuado ao longo do ano, tanto nas aulas de

estágio como na recolha de dados através dos questionários e nas reuniões posteriores às

aulas lecionadas, pude confirmar que efetivamente os materiais autênticos podem ser

muito úteis e motivadores no ensino da língua espanhola, desde que sejam utilizados de

forma adequada e cumpram os requisitos essenciais para uma seleção correta. Esse

género de materiais acarreta imensas vantagens ao processo de ensino e aprendizagem de

uma língua estrangeira, tal como é suportado pela revisão da literatura exposta ao longo

do primeiro capítulo deste relatório. Não obstante, e de acordo com os resultados

analisados dos questionários aos professores, normalmente os materiais selecionados

sofrem pequenas adaptações, devido por exemplo, às características específicas de cada

turma, às limitações de tempo e aos programas de ensino estabelecidos para cada ano

letivo.

Na prática, tive oportunidade de confirmar nas turmas em que estagiei, que os

alunos se sentiram mais motivados, e com mais apetência para interagir com os outros,

em atividades baseadas em materiais autênticos, cujo contexto era significativo e

interessante para eles. Por esses motivos, procurei sempre selecionar materiais e

atividades que fossem ao encontro das características e das necessidades dos alunos, não

descurando os conteúdos programáticos presentes na planificação anual para este ano

letivo. No meu ponto de vista, as atividades de interação oral propostas ao longo do ano,

aliadas a materiais autênticos selecionados para o efeito, cumpriram os seus objetivos,

obrigando os alunos a comunicar oralmente entre si, partilhando e discutindo informação

contextualizada em diferentes atividades, o que consequentemente levou ao

Page 77: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

67

desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos. Acredito que ao criarmos

contextos reais de utilização da língua, como forma de interação social e comunicação na

sala de aula, aumentamos a motivação dos alunos, fazendo com que se empenhem mais

na realização das atividades propostas pelo professor.

É, por isso, minha intenção valer-me de toda a experiência e aprendizagem deste

ano letivo, nos anos vindouros, colocando em prática e aperfeiçoando as estratégias de

ensino que se mostraram mais eficazes e produtivas, nomeadamente na elaboração de

atividades que incitem a interação oral baseadas em materiais autênticos. Ambiciono

poder aplicar essa aprendizagem em função dos alunos, de modo a impulsionar a

utilização da língua, não só no contexto educativo, mas também fora da sala de aula.

Espero ainda que, além de mim, outros profissionais do ensino possam beneficiar e retirar

possíveis ensinamentos, ou mesmo sugestões de atividades e materiais a usar, para a sua

própria carreira como docentes.

De referir também que, a professora orientadora, responsável pelas turmas onde

lecionei, contribuiu para o sucesso de ditas atividades, aconselhando e orientando na

planificação das aulas, segundo o que considerava ser mais adequado para os respetivos

alunos. Deste modo, tive a oportunidade de aprender e crescer como profissional na área

do ensino de Espanhol, aproveitando a experiência e os ensinamentos, não só da

professora orientadora, como também da professora supervisora e dos colegas de estágio,

que se mostraram igualmente empenhados em ajudar e contribuir para esse crescimento.

No que respeita aos resultados obtidos através dos questionarios direcionados a

alunos e professores, parecem demonstrar que, de facto, o uso de materiais autênticos é

uma realidade no ensino da língua espanhola, ainda que possa vir a sofrer mudanças com

a evolução dos tempos e dos recursos acessíveis nas escolas. Apesar de tudo,

transparecem as diversas vantagens que surgem em consequência do uso desses

materiais, nomeadamente o aumento da motivação dos alunos e uma participação mais

ativa dos mesmos, em contextos reais e significativos. Talvez no futuro a inclusão dos

materiais autênticos, no ensino de línguas, venha a tornar-se numa prática ainda mais

recorrente e valorizada pelos professores de Espanhol.

Gostaria de acrescentar, ainda, que devido às limitações de tempo não foi possível

aprofundar mais este projeto, nem entrevistar um maior número de alunos e professores.

Contudo, quer com um número maior ou menor de participantes nesta recolha de dados,

as conclusões não podem ser tomadas como verdades absolutas e irrefutáveis. São

simplesmente ilações que se retiram das respostas de um grupo de entrevistados

Page 78: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

68

específico, as quais poderiam ser diferentes se fossem entrevistados outros professores e

outros alunos, da mesma escola ou não.

Assim sendo, fica em aberto a possibilidade de seguir com uma investigação

futura mais aprofundada nesta área, de modo a apurar com maior precisão estas e / ou

outras conclusões sobre a presente temática. Futuramente, considero que seria útil e

bastante vantajoso para o ensino de línguas estrangeiras, efetuar uma pesquisa

direcionada à utilização dos materiais interativos em contexto de sala de aula, visto que

apresentam a menor percentagem de utilização nas aulas de Espanhol. Primeiramente,

porque cada vez mais os alunos vivem na era das novas tecnologias e, em segundo lugar,

porque julgo que esse tipo de materiais pode ser melhor aproveitado em benefício das

línguas estrangeiras, no sentido em que promove a comunicação e a troca de informação

de forma contextualizada. Pois, como menciona Littlewood (1981), o objetivo final dos

alunos é comunicar com outras pessoas, consequentemente, é muito provável que a sua

motivação se mantenha se virem que a aprendizagem em sala de aula se relaciona com

esse objetivo (Littlewood, 1981:16). Além disso, creio que como professores devemos

sempre procurar evoluir e renovar estratégias de ensino, que sejam mais inovadoras mas

igualmente, ou ainda mais, eficazes.

Em suma, com a realização deste trabalho pude obter uma perceção mais clara da

real importância dos materiais autênticos no ensino de Espanhol, por um lado devido à

revisão da literatura e, por outro, comprovando a sua utilidade e eficácia nas aulas que

lecionei ao longo do ano, particularmente na realização de atividades de interação oral.

Finalmente, os resultados dos questionários vieram corroborar, em grande parte os

pressupostos defendidos anteriormente, ainda que não se tratem de resultados cem por

cento fiáveis, mas que demonstram a preocupação geral dos professores em criar as

condições necessárias para o desenvolvimento da competência comunicativa.

Page 79: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

69

ANEXOS

Anexo 1

Page 80: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

70

Page 81: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

71

Anexo 2

Page 82: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

72

Anexo 3

Page 83: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

73

Page 84: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

74

Anexo 4

Page 85: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

75

Anexo 5

Español 10.º

Nombre: __________________________________ N.º: ___ Curso:_____ Fecha: ___________

Paquete turístico: Andalucía con Madrid / 6 Días

Precio desde: 759.00 USD = 554.80 EUR

Abr.14 : 05, 19, 26

May.14 : 10, 17, 24, 31

Jun.14 : 07, 14, 21, 28

Jul.14 : 05, 12, 19, 26

Ago.14 : 02, 09, 16, 23, 30

Sep.14 : 06, 13, 20, 27

Oct.14 : 04, 11, 18, 25

Nov.14 : 01, 08, 15, 22, 29

Dic.14 : 06, 13, 20, 27

Ene.15 : 03, 10, 17, 24, 31

Feb.15 : 07, 14, 21, 28

Mar.15 : 07, 14, 21, 28 ~

DBL INDIV

USD EUR USD EUR

Temporada Alta 800 584.89 1166 852,35

Temporada Média 766 560 1132 827,53

Temporada Baja 759 554,85 1125 822,41

01 SAB. Madrid Bienvenidos a España. MADRID. Traslado al hotel. Por la tarde tendremos

una visita panorámica durante la cual conoceremos los puntos

monumentales más atractivos. Por la noche incluimos un traslado paseo a la

Plaza Mayor, donde podremos aprovechar para tomar unos vinos en algún

mesón.

02 DOM. Madrid – Toledo – Madrid Incluimos una excursión a la histórica ciudad de TOLEDO, protegida por el río Tajo. Sus calles medievales

nos hablan de historias de cristianos, judíos y musulmanes. Tarde libre en MADRID. Esta noche, si lo desea,

le proponemos opcionalmente un espectáculo flamenco.

03 LUN. Madrid – Granada Salida de Madrid al comienzo de la mañana. Viajaremos hacia el sur

atravesando La Mancha, con parada en PUERTO LÁPICE, un pueblo

manchego que evoca a Don Quijote. Entraremos por el parque natural

Despeñaperros en Andalucía. GRANADA, llegada y almuerzo incluido. Por la

tarde breve recorrido por la ciudad y visita, incluyendo entrada y guía local en

el inmenso Palacio de la Alhambra y sus bellos jardines del Generalife,

construidos en época árabe.

Page 86: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

76

04 MAR. Granada – Málaga – Ronda – Sevilla Salida de Granada. Viajaremos hacia la costa del sol. MÁLAGA, llegada y tiempo para un paseo por su

centro histórico, donde destaca la catedral y el museo de Picasso. Tras ello

continuaremos por la autopista costera, con bonitos paisajes sobre el

Mediterráneo. Tiempo para almorzar. Por la tarde seguiremos ruta por la

serranía, historias de bandoleros antes de llegar al municipio de RONDA,

bellísimo pueblo blanco con su gran tajo que corta la ciudad por la mitad.

Continuación a SEVILLA. Llegada al final de la tarde. Cena incluida en el

hotel.

05 MIE. Sevilla Por la mañana haremos una visita panorámica de la ciudad. Podrá conocer la catedral y su famosa Giralda,

los márgenes del río Guadalquivir, los populares barrios de Santa Cruz y Triana. Por la noche le ofrecemos la

posibilidad de conocer un popular tablao flamenco.

06 JUE. Sevilla – Córdoba - Viso del Marqués – Madrid Saldremos de Sevilla, siguiendo el valle del Guadalquivir viajaremos a CÓRDOBA. Tendrá tiempo libre

para pasear por sus callejas floridas y conocer su gran Mezquita. Tras la hora del almuerzo salimos hacia La

Mancha. Haremos una parada en el municipio de VISO DEL MARQUÉS (en la provincia de Ciudad Real),

donde visitaremos el Palacio de Don Álvaro de Bazán, joya del Renacimiento y archivo General de la

marina Española. Regresamos a MADRID sobre las 21 horas. Fin de nuestros servicios.

Madrid: PRAGA (****) / Hostal El Pilar

Granada: HOTEL SARAY (****) / Hostel DolceVita

Sevilla: RIBERA DE TRIANA (****) / Pensión Gravina

A) Contesta a las siguientes preguntas.

1- ¿Qué medio de transporte incluye este paquete turístico?

_____________________________________________________________________________

2- Si quisieras el viaje más barato ¿cuándo viajarías?

_____________________________________________________________________________

3- ¿Cuántas y qué ciudades podrías conocer en el viaje?

_____________________________________________________________________________

4- ¿Cuál sería la mayor atracción turística para ti?

_____________________________________________________________________________

B) Rellena la tabla con las formas verbales en Futuro Imperfecto, presentes en el programa turístico.

REGULARES IRREGULARES

Page 87: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

77

Anexo 6

Español 11.º

Nombre: __________________________________ N.º: ___ Curso:_____ Fecha: ___________

Yo Quiero Ser Una Chica Almodóvar, Joaquín Sabina (1992)

A) Subraya los títulos de las películas de Almodóvar presentes en la canción.

Yo quiero ser una chica Almodóvar

como la Maura, como Victoria Abril

un poco lista, un poquitín boba,

ir con Madonna en una limousine.

Yo quiero ser una chica Almodóvar

como Bibí, como Miguel Bosé

pasar de todo y no pasar de moda,

bailar contigo el último cuplé.

Y no parar de viajar del invierno al verano,

de Madrid a New York, del abrazo al olvido,

dejarte entre tinieblas escuchando un ruido

de tacones lejanos.

(Estribillo)

Encontrar la salida de este gris laberinto,

sin pasión ni pecado, ni locura ni incesto,

tener en cada puerto un amante distinto

no gritar ¿qué he hecho yo, para merecer esto?

Yo quiero ser una chica Almodóvar

como Pepi, como Luci, como Bom

venderle al Garbo mis secretos de alcoba,

ponerme luto por un matador.

Yo quiero ser una chica Almodóvar

que a su chico le suplique ¡Átame!

no dar el alma sino a quien me la roba,

desayunar en Tifanis con él.

Y no permitir que me coman el coco

esas chungas movidas de Croatas y Serbios

ir por la vida al borde de un ataque de nervios,

con faldas y a lo loco.

(Estribillo)

Como Patty Diphusa escribir mis memorias,

apuntarme a cualquier tipo de bombardeo

no tener otra fe que la piel,

ni más ley que la ley del deseo.

(Estribillo)

Page 88: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

78

Anexo 7

Español 11.º

Nombre: __________________________________ N.º: ___ Curso:_____ Fecha: ___________

CRÓNICA DE UNA MUERTE ANUNCIADA, Gabriel García Márquez (página: 29, 39)

Pero después de que el obispo pasó sin dejar su huella en la tierra, la otra noticia reprimida

alcanzó su tamaño de escándalo. Entonces fue cuando mi hermana Margot la conoció completa y de

un modo brutal: Ángela Vicario, la hermosa muchacha que se había casado el día anterior, había

sido devuelta a la casa de sus padres, porque el esposo encontró que no era virgen. «Sentí que era

yo la que me iba a morir», dijo mi hermana. «Pero por más que volteaban el cuento al derecho y al

revés, nadie podía explicarme cómo fue que el pobre Santiago Nasar terminó comprometido en

semejante enredo.» Lo único que sabían con seguridad era que los hermanos de Ángela Vicario lo

estaban esperando para matarlo.

Mi hermana volvió a casa mordiéndose por dentro para no llorar. Encontró a mi madre en el

comedor, con un traje dominical de flores azules que se había puesto por si el obispo pasaba a

saludarnos, y estaba cantando el fado del amor invisible mientras arreglaba la mesa. Mi hermana

notó que había un puesto más que de costumbre.

-Es para Santiago Nasar -le dijo mi madre-. Me dijeron que lo habías invitado a desayunar.

-Quítalo -dijo mi hermana. (…)

Ángela Vicario era la hija menor de una familia de recursos escasos. Su padre, Poncio

Vicario, era orfebre de pobres, y la vista se le acabó de tanto hacer primores de oro para mantener el

honor de la casa. Purísima del Carmen, su madre, había sido maestra de escuela hasta que se casó

para siempre. Su aspecto manso y un tanto afligido disimulaba muy bien el rigor de su carácter.

«Parecía una monja», recuerda Mercedes. Se consagró con tal espíritu de sacrificio a la atención del

esposo y a la crianza de los hijos, que a uno se le olvidaba a veces que seguía existiendo. Las dos

hijas mayores se habían casado muy tarde. Además de los gemelos, tuvieron una hija intermedia

que había muerto de fiebres crepusculares, y dos años después seguían guardándole un luto aliviado

dentro de la casa, pero riguroso en la calle. Los hermanos fueron criados para ser hombres. Ellas

habían sido educadas para casarse. Sabían bordar con bastidor, coser a máquina, tejer encaje de

bolillo, lavar y planchar, hacer flores artificiales y dulces de fantasía, y redactar esquelas de

compromiso. A diferencia de las muchachas de la época, que habían descuidado el culto de la

muerte, las cuatro eran maestras en la ciencia antigua de velar a los enfermos, confortar a los

moribundos y amortajar a los muertos. Lo único que mi madre les reprochaba era la costumbre de

peinarse antes de dormir. «Muchachas -les decía-: no se peinen de noche que se retrasan los

navegantes.» Salvo por eso, pensaba que no había hijas mejor educadas. «Son perfectas -le oía decir

con frecuencia-. Cualquier hombre será feliz con ellas, porque han sido criadas para sufrir.» Sin

embargo, a los que se casaron con las dos mayores les fue difícil romper el cerco, porque siempre

iban juntas a todas partes, y organizaban bailes de mujeres solas y estaban predispuestas a encontrar

segundas intenciones en los designios de los hombres.

Ángela Vicario era la más bella de las cuatro, y mi madre decía que había nacido como las

grandes reinas de la historia con el cordón umbilical enrollado en el cuello. Pero tenía un aire

desamparado y una pobreza de espíritu que le auguraban un porvenir incierto. Yo volvía a verla año

tras año, durante mis vacaciones de Navidad, y cada vez parecía más desvalida en la ventana de su

casa, donde se sentaba por la tarde a hacer flores de trapo y a cantar valses de solteras con sus

vecinas. «Ya está de colgar en un alambre -me decía Santiago Nasar-: tu prima la boba.» De pronto,

poco antes del luto de la hermana, la encontré en la calle por primera vez, vestida de mujer y con el

cabello rizado, y apenas si pude creer que fuera la misma. Pero fue una visión momentánea: su

penuria de espíritu se agravaba con los años. Tanto, que cuando se supo que Bayardo San Román

quería casarse con ella, muchos pensaron que era una perfidia de forastero.

.

Page 89: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

79

Anexo 8

Page 90: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

80

Anexo 9

Page 91: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

81

Anexo 10

Questionário para professores,

sobre os materiais autênticos utilizados nas suas aulas

Por favor, leia cada uma das perguntas com atenção e responda assinalando com uma cruz a opção

mais adequada para si.

1- Com que frequência utiliza os seguintes materiais autênticos nas suas aulas de Espanhol?

Muitas

vezes

Algumas

vezes Raramente Nunca

Mat

eria

is

escr

ito

s

jornais

revistas

livros

cartas

receitas

catálogos

folhetos publicitários

outros textos escritos:

Mat

eria

is

áudio

canções

diálogos

entrevistas

programas de radio

anúncios publicitários

outros textos orais:

Mat

eria

is

audio

vis

uai

s

vídeos

filmes

curtas metragens

programas de televisão

anúncios publicitários

outros materiais audiovisuais:

Mat

eria

is

inte

rati

vos blogues

fóruns

redes sociais

webquests

outros materiais interativos:

Outros:_________________________________

2- Para aceder aos materiais que pretende utilizar nas aulas, quais são as fontes que utiliza?

Muitas

vezes

Algumas

vezes Raramente Nunca

manuais escolares

livros

radio

televisão

objetos realia (cartas, folhetos, CDs de música,

DVDs, revistas, jornais, livros, etc.)

internet

Outras:_________________________________

3- Quando utiliza materiais autênticos (por exemplo, mencionados na pergunta 1) costuma fazer adaptações a

esse material?

Sim

Não

Page 92: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

82

3.1- Se costuma fazer adaptações, são realizadas tendo em conta os seguintes aspetos?

Muitas

vezes

Algumas

vezes Raramente Nunca

Turma

Tamanho

Apresentação

Nível de dificuldade

Interesses dos alunos

Temáticas dos programas em vigor

Outros:_________________________________

4- Qual é o material que utiliza com mais frequência?

__________________________________________________________________________

4.1- Por que razão utiliza esse material com mais frequência?

5- Qual é o material que utiliza com menos frequência?

__________________________________________________________________________

5.1- Por que razão utiliza esse material com menos frequência?

Muitas

vezes

Algumas

vezes Raramente Nunca

Falta de tempo

Falta de acesso a esse material

Por falta de hábito

Dificuldade em encontrar esse material adequado

Outra: __________________________________

6- Considera vantajoso o uso de materiais autênticos no ensino de Espanhol como LE? Porquê?

_______________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

Muito obrigada pela colaboração!

Daniela Xavier

Muitas

vezes

Algumas

vezes Raramente Nunca

Falta de tempo

Falta de acesso a outros materiais

Por hábito

Dificuldade em encontrar outros materiais

adequados

Outra: __________________________________

Page 93: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

83

Anexo 11

Questionário para alunos,

sobre os materiais autênticos utilizados nas suas aulas

Por favor, lê cada uma das perguntas com atenção e responde assinalando com uma cruz a opção

mais adequada para ti.

1- Já trabalhaste com os seguintes materiais autênticos nas tuas aulas de Espanhol (este ano e outros)?

Muitas

vezes

Algumas

vezes Raramente Nunca

Mat

eria

is

escr

ito

s

jornais

revistas

livros

cartas

receitas

catálogos

folhetos publicitários

outros textos escritos:

Mat

eria

is

áudio

canções

diálogos

entrevistas

programas de radio

anúncios publicitários

outros textos orais:

Mat

eria

is

audio

vis

uai

s

vídeos

filmes

curtas metragens

programas de televisão

anúncios publicitários

outros materiais audiovisuais:

Mat

eria

is

inte

rati

vos blogues

fóruns

redes sociais

webquests

outros materiais interativos:

Outros:_________________________________

2- Consideras que se deveria utilizar apenas o manual adotado pela escola (os outros materiais são

dispensáveis)?

Sim

Não

2.1- Se respondeste sim, explica porquê.

_______________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

3- Consideras importante a utilização de materiais autênticos no ensino de Espanhol como Língua

Estrangeira?

Sim

Não

Page 94: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

84

4- Ao longo de algumas aulas de estágio foram utilizados os seguintes materiais autênticos:

Uma receita de um prato típico espanhol

Mapa dos países de língua oficial espanhola

Mapa de Espanha com as diferentes comunidades espanholas 10.º ano

Vídeo com canção sobre Andaluzia

Programa turístico para uma viagem de uma semana

Imagens de obras de arte com lixo

Excertos de programas televisivos

Textos de páginas de internet 11.º ano

Jornais e revistas (em papel e online)

Noticias estranhas mas verídicas

Vídeo de sensibilização para os cuidados com a privacidade 4.1- Tendo em conta os materiais anteriormente referidos e utilizados na tua turma, assinala a opção correta

segundo a tua opinião pessoal:

Muitas

vezes

Algumas

vezes Raramente Nunca

Tornaram as aulas mais motivadoras

Apresentaram conteúdos novos interessantes

Permitiram conhecer mais aspetos culturais

Permitiram o uso da língua dentro de um

contexto real

Permitiram a aquisição de conteúdos

linguísticos, gramaticais e culturais

simultaneamente

Ajudaram a desenvolver a competência

comunicativa através da oralidade

Ajudaram a desenvolver a competência

comunicativa através da escrita

Promoveram o tratamento de temas pertinentes e

relacionados com a vida fora da escola

Facilitaram aprendizagens que podem ser

aproveitadas fora da sala de aula

Ajudaram no desenvolvimento de valores

Fomentaram o espírito de iniciativa e do sentido

crítico

Fomentaram a comparação entre a língua e

cultura espanholas com a língua e cultura

portuguesas

Permitiram expor a opinião pessoal e discutir

diferentes pontos de vista

Promoveram a interação oral com o professor

Promoveram a interação entre alunos

Implementaram o uso das TIC como meios de

comunicação e informação

Outros:_________________________________

Muito obrigada pela colaboração! Daniela Xavier

Page 95: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

85

Anexo 12

6- Considera vantajoso o uso de materiais autênticos no ensino de Espanhol como LE?

Porquê?

Sim, são um bom modelo para os nossos alunos.

Bastante, promove a imersão linguística.

Sim, porque sou da opinião que se deve dar um uso o mais realista possível e com os quais os

alunos sintam que existe uma verdadeira aprendizagem.

Sim. Devemos variar sempre os materiais e atividades, tendo em conta os diferentes tipos de

alunos que temos.

Sim, desde o início é importante que o aluno tenha contacto com a língua real com que se vai

enfrentar nos contactos que estabelecerá.

Sim, pelo interesse que desperta nos alunos e pela dinâmica que confere às aulas.

Sim, porque são uma amostra real da língua, obrigando os alunos a pôr em prática estratégias de

leitura ou de compreensão auditiva / audiovisual, que necessitarão quando usarem a língua

espanhola em contexto real. Por outro lado, os temas podem ser mais interessantes e

motivadores.

Sim, considero, porque é uma forma de os alunos contactarem com a realidade e assim quando

eles se depararem com situações reais será mais fácil de aplicar os conhecimentos adquiridos nas

aulas a contextos da vida quotidiana.

Sim. Porque providenciam um contexto de aprendizagem mais real, tornando a sala de aula e o

contexto escolar menos fictício ou construído de propósito. Dessa forma, ficam mais motivados e

têm um contacto mais próximo com a verdadeira cultura dos países hispanófonos, fazendo

aprendizagens mais significativas.

Considero muito vantajoso porque permitem um contacto direto com a língua e com a cultura,

abrangem uma grande diversidade de temas, uma grande variedade de textos e diferentes níveis

de língua, permitem o alargamento do vocabulário e ainda a revisão ou aprendizagem de

estruturas gramaticais.

O material deve ser, sempre que possível, autêntico, uma vez que oferece uma amostra real de

língua em contexto, tornando as aprendizagens dos alunos mais significativas.

Sim, porque transmite a realidade da língua, valores culturais que podem diferir dos portugueses,

por exemplo. Há sempre é a necessidade de avaliar o material e a sua adequação a diversos

fatores: interesses dos alunos, tema, linguagem utilizada, etc.

Page 96: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

86

Sim, porque são mostras de linguagem real e facilitam a motivação dos alunos.

Porque é uma forma inovadora e divertida de apresentar e ensinar espanhol.

Sim, porque permite que os alunos contactem com materiais que permitem a aprendizagem de

uma língua estrangeira em contextos mais próximos da realidade.

Sim, considero, pois os materiais autênticos, normalmente, são mais apelativos e permitem criar,

na sala de aula, situações muito próximas da realidade.

Sim. Expõe os alunos aos contextos socioculturais reais da língua. Promove a aquisição de

vocabulário, bem como também desenvolve a expressão auditiva e oral mais corretas.

Sim, estou de acordo que o recurso a materiais autênticos promove o ensino-aprendizagem de

qualquer LE. Neste caso, no ensino de Espanhol e por observações feitas, tenho percebido que os

alunos aderem melhor às atividades se os materiais forem autênticos e recentes, pelo que há

motivação na aprendizagem desta LE.

Page 97: El material auténtico fomenta el desarrollo de las

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