Os estudos socioespaciais: cidades, fronteiras e mobilidade humana

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OS ESTUDOS SOCIOESPACIAIS Cidades, Fronteiras e Mobilidade Humana Organizadores José Exequiel Basini Rodriguez Márcia Regina Calderipe Farias Ru�ino Vladimir Montoya Arango Daniel Tavares dos Santos Os estudos socioespaciais anco- ram-se na comunicabilidade re�le- xiva de comunidades do pensamen- to e acadêmicas que desejam pers- pectivar a produção social dos espaços. Esse interesse teórico-me- todológico in�lecta na contempora- neidade sobre categorias de organi- zação do mundo, como o espaço e o tempo, descreve o percurso e a convergência de áreas do conheci- mento, na medida em que aporta novas perspectivas que fruti�icam em novos métodos, sujeitos a expe- rimentação, ampliação de domínios e sistematizações, além das justi�i- cativas disciplinares. Considerase que a produção dos conhecimentos valida-se dentro dos processos de subjetivação, na qualidade relacio- nal entre atores sociais, agências, tecnologias, redes, nós e enclaves. Ali, os contextos de enunciação são permanentes, enquanto as manifes- tações urbanísticas resultam de formas de habitar o espaço e de pensamento que supõem escolhas e também con�litos cartográ�icos ou “guerras de mapas” a respeito das formas de habitar e circular que os grupos de interesse atribuem-se em instâncias socioculturais e socioeconômicas decisivas. A consolidação de um “pensamento espa- cial”, tal como Edward Soja denominou, tem mostrado ser uma necessidade imperio- sa em um mundo moderno, diversificado, cheio de mutações, de explosões e implosões que quebram as estruturas convencionais de produção dos espaços e provocam a emer- gência incessante de novas espacialidades. Na cidade de hoje, aparecem desordens múl- tiplas, formas incompreensíveis de luta que se colocam como absurdas espacialidades que recusam o enquadramento em moldes predispostos pela enteléquia espacial do planejamento urbano. Com as contradições suscitadas pelo crescimento econômico emergem espacialidades de fuga, formas criativas de reafirmar o direito à cidade que transgridem fronteiras e fazem com que os espaços vazios e obsoletos da área urbana cobrem sentido ao serem reclamados e apro- priados como lugares de vida pelos sem-te- to, migrantes, desempregados, apóstatas, libertários ou, simplesmente, excluídos. APOIO EDITORA REALIZAÇÃO DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA DAN PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL - UFAM Os valiosos trabalhos, que hoje apresentamos nesta coletânea, e que publicamos através deste empreendimento que reúne duas prestigiosas editoras, a Editora da Universidade Federal do Amazonas e a Editora Nova Letra do Estado de Santa Catarina é consequência da realização do III Congresso Interna- cional de Estudos Socioespaciais acontecido na cidade de Manaus – Amazonas, Brasil, de 23 a 25 de novembro de 2011, na Universida- de Federal do Amazonas. O mencio- nado evento constitui uma ativida- de regular da Rede de Estudos Socioespaciais – RESE, que agrupa mais de 15 universidades latino-a- mericanas e europeias. A terceira edição do congresso da RESE focou como assunto de re�lexão as cida- des, as fronteiras e a mobilidade humana. O referido evento esteve sob a coordenação do Laboratório de Estudos Pan-amazônicos Pesquisa e Intervenção Social – LEPAPIS vinculado ao Departamen- to de Antropologia e o Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da UFAM, e contou com o apoio do nodo coordenador da RESE (com sede INER/UA/Colôm- bia), e de outras instituições asso- ciadas à rede que compuseram o comitê cientí�ico do congresso. OS ESTUDOS SOCIOESPACIAIS: CIDADES, FRONTEIRAS E MOBILIDADE HUMANA. José Exequiel Basini Rodriguez | Vladimir Montoya Arango Márcia Regina Calderipe Farias Ru�ino | Daniel Tavares dos Santos

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Editado por José Exequiel Basini Rodriguez; Márcia Regina Calderipe Farias Rufino; Vladimir Montoya Arango; Daniel Tavares dos Santos – Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2014.207 p. ISBN: 978-85-7401-778-5Español/PortuguésDespués de las actas del congreso RESE III celebrado en Manaus, un proceso de selección ha reeditado en papel algunos de sus textos y se ha publicado con algunas revisiones y nuevo prólogo.

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  • OS ESTUDOS SOCIOESPACIAIS

    Cidades, Fronteirase Mobilidade HumanaOrganizadoresJos Exequiel Basini Rodriguez

    Mrcia Regina Calderipe Farias RuinoVladimir Montoya ArangoDaniel Tavares dos Santos

    Os estudos socioespaciais anco-ram-se na comunicabilidade rele-xiva de comunidades do pensamen-to e acadmicas que desejam pers-pectivar a produo social dos espaos. Esse interesse terico-me-todolgico inlecta na contempora-neidade sobre categorias de organi-zao do mundo, como o espao e o tempo, descreve o percurso e a convergncia de reas do conheci-mento, na medida em que aporta novas perspectivas que frutiicam em novos mtodos, sujeitos a expe-rimentao, ampliao de domnios e sistematizaes, alm das justii-cativas disciplinares. Considerase que a produo dos conhecimentos valida-se dentro dos processos de subjetivao, na qualidade relacio-nal entre atores sociais, agncias, tecnologias, redes, ns e enclaves. Ali, os contextos de enunciao so permanentes, enquanto as manifes-taes urbansticas resultam de formas de habitar o espao e de pensamento que supem escolhas e tambm conlitos cartogricos ou guerras de mapas a respeito das formas de habitar e circular que os grupos de interesse atribuem-se em instncias socioculturais e socioeconmicas decisivas.

    A consolidao de um pensamento espa-cial, tal como Edward Soja denominou, tem mostrado ser uma necessidade imperio-sa em um mundo moderno, diversificado, cheio de mutaes, de exploses e imploses que quebram as estruturas convencionais de produo dos espaos e provocam a emer-gncia incessante de novas espacialidades. Na cidade de hoje, aparecem desordens ml-tiplas, formas incompreensveis de luta que se colocam como absurdas espacialidades que recusam o enquadramento em moldes predispostos pela entelquia espacial do planejamento urbano. Com as contradies suscitadas pelo crescimento econmico emergem espacialidades de fuga, formas criativas de reafirmar o direito cidade que transgridem fronteiras e fazem com que os espaos vazios e obsoletos da rea urbana cobrem sentido ao serem reclamados e apro-priados como lugares de vida pelos sem-te-to, migrantes, desempregados, apstatas, libertrios ou, simplesmente, excludos.

    APOIO EDITORA

    REALIZAODEPARTAMENTO

    DE ANTROPOLOGIADAN

    PROGRAMA DE PS-GRADUAOEM ANTROPOLOGIA SOCIAL - UFAM

    Os valiosos trabalhos, que hoje apresentamos nesta coletnea, e que publicamos atravs deste empreendimento que rene duas prestigiosas editoras, a Editora da Universidade Federal do Amazonas e a Editora Nova Letra do Estado de Santa Catarina consequncia da realizao do III Congresso Interna-cional de Estudos Socioespaciais acontecido na cidade de Manaus Amazonas, Brasil, de 23 a 25 de novembro de 2011, na Universida-de Federal do Amazonas. O mencio-nado evento constitui uma ativida-de regular da Rede de Estudos Socioespaciais RESE, que agrupa mais de 15 universidades latino-a-mericanas e europeias. A terceira edio do congresso da RESE focou como assunto de relexo as cida-des, as fronteiras e a mobilidade humana. O referido evento esteve sob a coordenao do Laboratrio de Estudos Pan-amaznicos Pesquisa e Interveno Social LEPAPIS vinculado ao Departamen-to de Antropologia e o Programa de Ps-graduao em Antropologia Social da UFAM, e contou com o apoio do nodo coordenador da RESE (com sede INER/UA/Colm-bia), e de outras instituies asso-ciadas rede que compuseram o comit cientico do congresso.

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  • Rodriguez, Jos Exequiel Basini.Os estudos socioespaciais: cidades, fronteiras e mobilidade

    humana / Jos Exequiel Basini Rodriguez; Mrcia Regina Calderipe Farias Rufino; Vladimir Montoya Arango; Daniel Tavares dos Santos - Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2014.

    207 p.

    ISBN: 978-85-7401-778-5

    1. Estudos socioespaciais 2. RESE 3. Manaus

  • Os estudOs sOciOespaciais: cidades, fronteiras e mobilidade humana

    Jos exequiel Basini RodriguezMrcia Regina Calderipe Farias RufinoVladimir Montoya arangodaniel tavares dos santos

    (Organizadores)

  • TTulo Os Estudos Socioespaciais: Cidades, Fronteiras e Mobilidade Humanaorganizadores Jose Exequiel Basini Rodriguez, Marcia Regina Calderipe Farias Rufino, Vladimir Montoya Arango, Daniel

    Tavares Dos Santos

    CrdiTos do Congresso/CrdiTos del Congreso Cidades, Fronteiras e Mobilidade Humana. Manaus. Brasil 23, 24, 25 de Novembro de 2011Coordenadores Jos Basini, Marcia Calderipe y Raimundo Nonato Pereira da Silva. (U. Federal de Amazonas, Brasil)

    Comisso CienTfiCa/Comisin CienTfiCa Jos Basini (Universidade Federal do Amazonas, Brasil)

    Vladimir Montoya, (Universidad de Antioquia, Colombia)

    Carlo Emilio Piazzini Surez (Universidad de Antioquia, Colombia)

    Carlos Tapia Martn (Universidad de Sevilla, Espaa)

    Nelson Matos de Noronha, (Universidade Federal do Amazonas, Brasil)

    Alfredo Wagner Berno de Almeida (Universidade Federal do Amazonas, Brasil)

    Marcia Calderipe Farias Rufino. (Universidade Federal do Amazonas, Brasil)

    Comisso organizadora/Comisin organizadora Andre Zumak, Aquiles Pinheiro, Daniel Tavares, Enily Viera, Israel Matos, Jose Basini, Kalinda F

    de Souza, Marcia Calderipe, Marcos Veras, Mauricio Schwade, Michelle B de Paula, Rafael Amorim,

    Raimundo P da Silva, Regiane Magalhes, Rosilene Gomes, Taciana Magalhes, Tatiane Mota, Terezinha

    Amazonense, Thaline Fontes, Valentina Oliveira, Victoria Evia, Wender Arajo.

    reviso do PorTugus Enos RodriguesEmerson Gasperin

    reviso do esPanhol Ricardo Cadena Valds

    CaPa e diagramaoErika Tahiane

  • Prlogo

    A consolidao de um pensamento espacial, tal como Edward Soja denominou, tem mostrado ser uma necessidade imperiosa em um mundo moderno, diversificado, cheio de mutaes, de exploses e imploses que quebram as estruturas convencionais de produo dos espaos e provocam a emergncia incessante de novas espacialidades. Nelas (espacialidades), as sociabilidades apelam para cdigos e ncoras diversas. A dinmica expansiva da globalizao econmica, juntamente com a primazia do capitalismo e o ajuste estrutural sob o regime neoliberal, tm provocado uma transformao espacial sem precedentes, tanto em partes visveis sejam elas paisagens, cidades, povos, edifcios ou infra-estrutura , quanto em componentes mais intangveis, mas essenciais organizao socioespacial sejam eles memrias, saberes, prticas e/ou conhecimentos.

    A cidade contempornea por si mesma um laboratrio de tenses que busca dirimir o ordenamento territorial, a maioria das vezes em funo das disposies e iderios do Estado-nao constrangido pela dinmica de interveno e exerccio do poder provenientes de escalas supranacionais. A cidade-projeto se desvanece e incluso os ordenamentos hegemnicos mais obstinados tropeam em meio a relaes geopolticas que pem em primeiro plano assuntos que escapam ao controle da inteligncia estatal do antigo regime moderno. Na cidade de hoje, aparecem desordens mltiplas, formas incompreensveis de luta que se colocam como absurdas espacialidades que recusam o enquadramento em moldes predispostos pela entelquia espacial do planejamento urbano. Com as contradies suscitadas pelo crescimento econmico emergem espacialidades de fuga, formas criativas de reafirmar o direito cidade que transgridem fronteiras e fazem com que os espaos vazios e obsoletos da rea urbana cobrem sentido ao serem reclamados e apropriados como lugares de vida pelos sem-teto, migrantes, desempregados, apstatas, libertrios ou, simplesmente, excludos.

    Todo o anterior suscita a reflexo que convoca este Terceiro Congresso Internacional de Estudos Socioespaciais, motivado pela convico de que a cooperao e o intercmbio acadmico so os caminhos viveis para fortalecer a proposio de formas de pensamento pertinentes para a conformao de uma comunidade transdisciplinar e transnacional, ponto de partida para a transio a uma forma criativa de ao acadmica na qual esto envolvidos os centros de investigao integrados na Rede de Estudos Socioespaciais.

    Vladimir Montoya

  • Sumrio

    9 Introduo

    17 Los estudios socioespaciales: campo de tensiones y caminos recorridosCarlo Emilio Piazzini Surez

    39 As metodologias socioespaciais e a descentralizao do conhecimento. MAO-MON: Cidades em perspectivaJose Exequiel Basini Rodriguez

    66 Relatos, trayectorias y estrategias habitacionales en el espacio barrial de las villas (favelas) de la Ciudad de Buenos AiresMara Cristina Cravino

    80 Cidade Contempornea, Cidade do Empresariamento: aspectos da produo socioespacial do urbanoManoel Rodrigues Alves; Cibele Saliba Rizek

    94 Em busca do habitar e do espao do lugar Rakel Bozza Gomez

    106 Sobre socio-espacialidades, territorios y fronteras.L. Nicols Guigou

    119 Lugares, utopias y paisajes de la desestabilizacion sobremodernaJesus Oliva Serrano

    124 Espacios negativos: contra y anti como partculas reveladoras en el espacio.Carlos Tapia Martn

  • 141 Los espacios subversivos. Refugios y oposiciones frente al poder establecido.Marta Lpez Marcos

    154 La frontera del miedo global: proteger para serNatlia De Carli

    163 Fronteras urbanas: el espacio pblico como espacio de reclusinMariano Prez Humanes

    185 La visibilizacin del conocimiento. Mapeado conceptual de redes de investigacin.Carmen Guerra de Hoyos y David Soria Pedraza

    201 Currculos dos Autores

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    Introduo

    Os valiosos trabalhos, que hoje apresentamos nesta coletnea, e que publicamos atravs do empreendimento dos organizadores junto com a Editora da Universidade Federal do Amazonas consequncia da realizao do III Congresso Internacional de Estudos Socioespaciais acontecido na cidade de Manaus Amazonas, Brasil, de 23 a 25 de novembro de 2011, no auditrio Rio Negro do Instituto de Cincias Humanas e Letras da Universidade Federal do Amazonas. O mencionado evento cientfico constitui uma atividade regular da Rede de Estudos Scio-espaciais RESE, que agrupa mais de 15 universidades latino-americanas e europias. A rede RESE tem como objetivo estimular um conjunto de programas, projetos e atividades acadmicas de pesquisa, docncia e divulgao que contribuam, de maneira explcita, para a formao e produo de conhecimento sobre as mltiplas relaes que vinculam os processos espaciais e as prticas sociais.

    No histrico dos eventos acadmicos de carter internacional organizados pela RESE, temos com antecedentes o Seminrio (Des)territorialidades y (No)lugares (2004) em Medelln - Colmbia , o I Seminrio Internacional de Estudos Socioespaciais: Geopolticas, espaos de poder e poder dos espaos (2007) tambm em Medelln Colmbia, e organizados pelo Instituto de Estudos Regionais INER da Universidad de Antioquia. Finalmente lembramos, mais recentemente, o II Congresso de Estudos socioespaciais. O territrio como demo: demo-(a) grafias, demo-(a)cracias e epi-demia sediado na Universidad Internacional de Andaluca em 2009, e organizado pela Faculdade de Arquitetura da Universidad de Sevilla, em Sevilha Espanha.

    J, a terceira edio do Congresso Internacional de Estudos Socioespaciais focou, como assunto de reflexo, as cidades, as fronteiras e a mobilidade humana. O congresso esteve sob a coordenao do Laboratrio de Estudos Pan-amaznicos Pesquisa e Interveno Social LEPAPIS vinculado ao Departamento de Antropologia e o Programa de Ps-graduao em Antropologia Social da UFAM, e contou com o apoio do nodo coordenador da RESE (com sede INER/UA/Colmbia), e de outras instituies associadas rede que compuseram o comit cientfico do congresso. O evento teve uma metodologia de trabalho que integrou conferncias, mesas redondas, participao do auditrio, laboratrios urbanos desenvolvidos em dois bairros de Manaus, e a reunio da RESE.

    Os membros da equipe de organizao local do congresso, alm das

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    pesquisas e reflexes sobre a temtica dos estudos socioespaciais, vm participando em eventos internacionais, seja como conferencistas, como aconteceu durante o II Congresso de Estudos socioespaciais realizado em 2009 na cidade de Sevilha, e posteriormente, como coordenadores de grupos de trabalho e de mesas redondas no Brasil. A saber, a Reunio de Antropologia do Mercosul - RAM, a Reunio de Antropologia Norte-Nordeste e Reunio Equatorial de Antropologia ABANNE, e a Reunio Brasileira de Antropologia - RBA. Assim mesmo coordenam desde 2010 o projeto binacional e interinstitucional intitulado Cidades em perspectiva: um estudo scio-espacial sobre as cidades de Manaus e Montevidu (Programa de Cooperao Internacional CAPES UDELAR), do qual participam professores e alunos da Universidade Federal do Amazonas e da Universidad de la Repblica Uruguai. Finalmente cabe destacar que diversos projetos de iniciao cientfica desenvolvidos por alunos de graduao da UFAM vinculam-se a este projeto de intercmbio acadmico internacional.

    Em 2012, foi postada, no sitio web da RESE, uma publicao eletrnica desenhada pelos colegas do Grupo Out-arquias da Universidad de Sevilla, sob coordenao do Prof. Carlos Tapia Martn, que contemplou na ntegra, todos os trabalhos apresentados durante o III congresso. J, nesta oportunidade, os organizadores apresentamos uma verso similar, com a seleo de alguns artigos, aos que se acrescenta um novo trabalho do Prof. Mariano Prez Humanes da Universidad de Sevilla.

    Na presente introduo, atenderemos aos aspectos comunicantes dos artigos, com base em alguns problemas conceituais e metodolgicos levantados pelos articulistas, e no necessariamente, uma ordem baseada na disposio das sesses, e mesas redondas desenvolvidas durante o congresso.

    Por ltimo, queremos-nos referir a alguns limites desta publicao. Eles obedecem fundamentalmente aos problemas tcnicos que aconteceram durante o processo de registro de voz no momento das plenrias, e que infelizmente prejudicaram a transcrio da participao do auditrio.

    Carlo Piazzini, na conferncia inaugural, comea definindo o lugar de seu discurso em direo oposta a qualquer neutralidade axiolgica ou relativismo radical. Nesse sentido, destaca que os estudos scio-espaciais posicionam-se sobre um frtil campo de tenses promovido desde os lugares fronteirios da enunciao. A mesma nos permite observar dois lados da diferena colonial: de um lado, as dinmicas, protocolos e contedos dos mbitos acadmicos metropolitanos, e de outro, pergunta-se como as abordagens metodolgicas colocam-se em tenso com os processos, prticas e saberes das periferias. No entanto, a compreenso desta tenso no est dada por um centro e uma periferia substancial; o que dito nas palavras do autor significam que o primeiro e terceiro

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    mundo no so facilmente localizveis devido que a hierarquia epistmica funciona de conformidade a uma topologia mais complexa que implica que o dentro e o fora estejam localizados tanto nas geografias metropolitanas quanto nas perifricas. Afirmao que se corresponde com contextos de atualizao da RESE, como os encontros produzidos em Medellin (2007), Sevilla (2009) e Manaus (2011), todos eles, espaos situados nas bordas das redes primordiais do poder global, de onde fazemos notar os estriamentos produzidos pelas variantes da diferena, e que, em soma, podem tornar possvel condies favorveis, para criar territrios melhores para habitar.

    Para Piazzini, a tenso a relao que aproxima o espao social com o espao fsico, muito mais que a complementaridade entre ambos. Dita relao no um galanteio; no se trata de ganhar o tema do espao para o pensamento social, e tampouco de realizar uma atualizao do determinismo espacial. Em definitiva, trata-se de efetuar uma de-construo da ordem ontolgica e epistemolgica que subjaz aos esquemas de onde se definiro as categorias de espao e sociedade.

    Por tratar-se propriamente de um estado de coisas que no subjazem a uma ordem ou ordenamento territorial pr-estabelecido, a produo social do espao goza de uma amplitude importante, que perpassa os espaos percebidos, concebidos e vividos, os mesmos que no se ajustam s imagens das instituies, grupos sociais ou sujeitos que produzem espaos como conseqncia de sua existncia, funcionamento, necessidades ou intenes; pelo contrrio, as diferentes prticas espaciais so tanto o resultado quanto a causa das dinmicas sociais.

    Jose Basini problematiza as metodologias socioespaciais em consonncia com a descentralizao do conhecimento, e das atuais possibilidades, de realizar estudos comparativos entre cidades diferenciadas como Manaus e Montevidu. Estas duas cidades, em escalas distintas, constituem territrios emblemticos da civilization e das civilizaes, dentro dos nodos e enclaves de duas importantes bacias continentais, o rio Amazonas e o rio de la Plata.

    O autor apresenta sucintamente os desafios interpretativos e os riscos de referncia que uma pesquisa baseada na cooperao acadmica e a interveno de equipes binacionais e interdisciplinares podem trazer enquanto perspectivas para pensar e viver nas cidades. Tudo isso, sem perder pisada dos efeitos centralizadores e catalisadores em disputa. Comparar de forma descentralizada seria ento o desafio de pensar dentro e fora das dobras de dois estados nacionais geograficamente vizinhos e geomorfologicamente polares. As escalas na fronteira so sem dvida complicadas porque se geram a partir de pressupostos geopolticos, e so justificados em alguns casos, por antropologias nacionais,

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    ou ethosteorias que determinam a priori certa imunidade tica referendada pelos gneros corriqueiros das instncias folclricas e os mitos de estado.

    Maria Cristina Cravino realiza uma srie de reflexes tericas sobre as estratgias habitacionais e trajetrias de vida dos habitantes de assentamentos informais na cidade de Buenos Aires. Muitos destes migrantes vindos de outras provncias da Argentina, assim como de pases vezinhos. Refere-se aos usos e sentidos que estes moradores concedem cidade formal e informal. Tambm suas percepes, dentro de uma cidade que ostenta condies estruturais restritivas para as populaes mais vulnerveis, como o fato de estas serem responsabilizadas pela violncia urbana.

    O Estado visualizado desde sua presena ou ausncia sinalado pela autora como um aspecto fundamental enquanto facilita o acesso cidade para determinados setores, e por outro, formaliza o crescimento dos assentamentos informais. Os moradores desses assentamentos, no obstante circulam entre essa cidade formal, social e politicamente construda, e a informal que os contm. Este mapa des-naturaliza a ideia de gueto assinada para o perfil dos moradores mencionados, as tipologias urbanas constitudas, e as fronteiras que os unem e separam da cidade formal. Um aspecto a destacar dentro das trajetrias individuais dos migrantes so as percepes espaciais que manifestam aproximaes e diferenas entre as cidades de origem e Buenos Aires. Em particular, a possibilidade metodolgica que se oferece a nvel comparativo, como o fato de identificar usos e prticas similares nos setores mdios e populares, assim como diferenas no capital simblico significado pelos setores sociais mdios da cidade de Buenos Aires e os migrantes de outros pases. Os programas sociais em Buenos Aires trabalham em funo dos povoscliente, e nesse caso provocam uma fragmentao que se observa em intervenes arbitrarias do poder pblico, na distribuio dos recursos conforme critrios partidrios ou/e diversos esteretipos outorgados a esses grupos a partir de certos diacrticos como nacionalidade, etnia, cor da pele, atributos morais.

    Outra cidade, o melhor dito, outra faceta da cidade contempornea visualizada na implicncia do empresariamento urbano no Brasil. Manoel Alves e Cibele Rizek referem-se cidade contempornea como uma cidade do empresariamento, onde os lugares da vida urbana, do espao vivido e construdo socialmente acabam por se restringir a outras ancoragens, nem exatamente pblicas ou privadas, que abrigam, em suas prticas, novas formas de sociabilidades, novas configuraes referentes s mudanas estruturais nas dimenses do indivduo, da noo da cidade e de suas relaes scio-espaciais. Essas fortes tendncias, talvez constituiriam formas sem precedentes ao fenmeno urbano enquanto definidoras de uma forma de vida, e nesse sentido,

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    poder-se-iam apenas vivenciar espaos de uma anti- cidade. Dito em palavras de Delgado (2008), uma configurao scio-espacial que desativa as qualidades que tipificam tanto a cidade enquanto morfologia quanto o urbano enquanto estilo de viver uma dissoluo do urbano em mera urbanizao.

    Assistimos a uma nova fisionomia dos bairros populares e das grandes cidades brasileiras: militarizao do espao e da gesto urbana com as marcas da pacificao/gesto/represso; teologias da prosperidade revestidas do empreendedorismo, fragmentos identificados como pblicos alvo, em face de uma oferta composta por ONGs, OSCIPS, Estado, programas culturais de todos os tipos; novas lucratividades e empresariamento da pobreza, de-financeirizao da produo e acesso moradia e cidade, que traduzisse em especulaes dos programas sociais e as polticas pblicas.

    Rakel Gomez discute as categorias construir e habitar desde uma perspectiva heideggeriana que inclui dois modos possveis de interpretao: um, no sentido de edificar, e outro, de proteger e cultivar. Os dois modos de construir so contidos no sentido do habitar, em outras palavras, de estar sobre a terra, onde o construir permanece para a experincia humana, com aquilo que sempre o habitual. Em suma, as relaes sociais se constituem em ateno a uma cultura e a uma natureza que priorizam o cultivo; a forma de viver, a prpria natureza humana; outra forma espacial e temporal tambm de pensar as relaes sociais. A demora desse processo, elemento errtico, desterritorializado, seria o paradoxo enquanto portaria possibilidades para a composio, o amadurecimento, e o fundamento das coisas. A demora junto s coisas o nico modo em que a demora prpria da simplicidade alcance uma plenitude consistente. Uma forma de dar o tempo, ou de perder o tempo segundo a expresso de uma hospitalidade radical.

    Territoriantes - os que habitam o territrio - outro conceito que retoma a autora a partir de Francese Muoz, em procura de um vnculo analtico, com a ideia de objetos nmades elaborada por Jacques Attali. A mesma aporta uma perspectiva sobre as construes de lugares no momento atual; dos diferentes usos de um territrio, e em soma, a compreenso de aspectos da produo da cidade no presente.

    O desaparecimento dos espaos humanos em tempos da Alta Modernidade evidencia a inevitvel fragilidade urbana e as fantasias de um mundo sem humanidade. Guigou, longe de um gesto pessimista, prope-se abordar as dimenses da socioespacialidade desde os modos de produo dela mesma, passando pelos interacionismos e performatividades para chegar aos outros irreconhecveis, e os espaos fora do mundo. O fim do espao, e as imagens do fim do mundo constituem, segundo o autor, uma dimenso especular e atinada,

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    sobre aquelas formas simblicas que abusam de uma racionalidade baseada nas boas causas ou das polticas pblicas baseadas no calhar e outorgar, ou incluso de uma inscrio conflitante junto coexistncia social. A realizao de outro recorrido viria pela atrao de outros territrios que, por inexistentes, ou bem por sugerir a inexistncia, poderiam parecer (mas apenas no incio), menos reais. Porm, no podemos ignorar que a inveno das cidades imaginrias tem sido a tentativa de superar a in-condio de estrangeiros neste mundo a partir da gestao de espaos de hospitalidade, onde a superao do eu e ou outro no descansa em estruturas vazias do inconsciente. Movimentos em direo a uma sada do espao, como Zeigeist, e o prprio Projeto Vnus partem de um conjunto relativamente verossmil de diagnsticos, para promover a transformao de nossos processos civilizatrios, mediante a conformao de uma polis diferente. Por sua vez ensaiam uma sada simblica do social elaborada como sada do espao; a construo de um espao ainda inexistente, mas que, potencialmente, existe como vivel; e procuram a concreo do mundo atravs da autopoiese reflexiva.

    Jess Oliva Serrano reflete sobre um conjunto de processos contemporneos que vem transformando a natureza de nossas relaes socioespaciais, tais como a hiper-mobilidade, a compresso espao-temporal, o turismo de massas, as comunicaes. J, as novas formas de organizao socio- tcnicas supem uma eroso geral do compromisso coletivo que sustentava a cidade fordista, da os ensaios da guerra do futuro, e as estratgias de interveno e controle do espao urbano desde Rio de Janeiro at Los Angeles. Em suma, estamos frente a espaos e locais submetidos a uma transformao radical que exigem outras categorias e metforas que nos permitam entender o que esta acontecendo na sobremodernidade, onde habitam grupos sem lugar nem espao, deslocados pela guerra e a fome, locais arrasados pelas incertezas climticas, e espaos fracassados ou reduzidos.

    Carlos Tapia revisa o conceito de contraespao de Lefevre a partir da apropriao de Ulrich Oslender apresentada no II Congresso da RESE que trata sobre o marco vital excepcional das comunidades negras em Colmbia desafiando a presso do capitalismo contemporneo (o modelo dominante das commodities), e conseguem situar-se nas margens, gerar um contraespao. As partculas anti e contra so localizadas em expresses estticas achadas no pensamento arquitetnico, e pelas diferentes formas de ser revisitado o pensamento negativo (a prpria espacialidade desse pensamento), desde o sculo XIX at o presente. Fazer arquitetura na contemporaneidade uma ao de fronteira, e isto acontece porque precisamente a fronteira o lugar onde se torna impossvel fazer e romper barreiras. S possvel, na relao permanente entre

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    um dentro e um fora, uma luta de opostos, um estabelecimento de dualidades, ou, em suma, um lugar onde todo destino est feito na base das negaes. Este princpio spinoziano, o Omnis determinatio est negatio apresenta um dilogo fecundo isso que Derrida chamou comunidade de pensamento, ou Deleuze estilos desde os pr-socrticos, Agustn de Hipona, os idealistas alemes, Nietszche, Adorno, Cacciari, entre outros contemporneos. O recorrido terico de Tapia, ao contextualizar e espacializar a negatividade e o contraespao, dentro do foro dos congressos scio-espaciais, sinala um foco de interesse e de incluso reflexiva para a rede RESE, no que respeita aos desafios de uma genealogia conceitual.

    Marta Lpez tambm dialoga com o pensamento de Lefebvre, atravs de exemplos que possibilitam sair das bases do politicamente correto, e evidenciar vises alternativas, na forma de conexes e parnteses, como a perspectiva artstica e arquitetnica da Repblica Popular de Polnia nos anos 50, e a percepo da arte dentro de uma espacialidade e temporalidade diferente como o caso da China atual, que assume a contradio e a integrao com razes polticas opostas tais como a Unio Sovitica e o capitalismo mais selvagem do s. XXI.

    Natalia De Carli reflete sobre os territrios do medo e os espaos globais. Na atual configurao, surgem novas ferramentas de vigilncia e controle sem fronteiras, mas que se apresentam como incapacitadas para ordenar ou controlar o convvio social e os temores individuais, os riscos globais e a vida pblica. Os dispositivos globalizadores que esto modificando as fronteiras nacionais so responsveis pela construo de novas configuraes culturais que dificilmente podem ser assimiladas a um s territrio nacional. No entanto se apresentam como identidades territoriais neo-nacionalistas, como um tipo de nacionalismo introvertido que se acha na defensiva, frente a uma invaso do mundo global.

    Ante esta configurao atual, alguns autores propem um cosmopolitismo crtico, aberto aos novos modos comunicativos de abertura social em escala mundial, com precisos cdigos culturais e espaos para o discurso. A mobilidade e a hibridao aparecem como caractersticas principais desse cosmopolitismo, tambm como um intento de responder s posies estendidas pelos territrios do medo nos espaos globais.

    Mariano Prez problematiza tambm sobre as fronteiras do medo, mas indagando sobre transformaes socioespaciais profundas no mbito urbano, como aquela que subtrai o espao pblico, e o converte em um espao de recluso. A esttica de substituio apresenta movimentos complexos, de disseminao do pblico no privado e vice-versa, onde se assiste s rotinas caracterizadas pela criao de espaos de exceo, ou melhor, uma nova forma de recluso ou de arresto urbano. Os muros, as barreiras, e os dispositivos eletrnicos de segurana

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    privada funcionam como marcadores espaciais da propriedade, dividindo os territrios e separando classes de homens. Em suma, seja a travs da compra-venda, seja mediante um processo de imposio violento, o resultado que os territrios convertem-se em locais exclusivos de uns e de expulso para outros. O territrio ps-metropolitano seduzido pela negatividade dos no-lugares e no-cidades; o projeto moderno com a demanda de segurana baixo o signo da obsesso, no poderiam permanecer impermeveis ou imunizados pela condio do estrangeiro que questiona o espao geogrfico e social concreto, mediante a alternncia de um continuo estar fora por estar antes dentro.

    Finalmente, o artigo de Carmen Guerra e David Soria encerra esta coletnea como importante aporte compreenso do campo dos estudos socioespaciais, no interior da rede RESE. Os autores realizam um mapeamento dos conceitos e reas temticas que foram abordadas nos eventos cientficos, assim mesmo, identificam e analisam quais tm sido os eixos de interesse levantados, e chamam a ateno a respeito das ausncias, carncias e sobreposies ali contidas. A partir da identificao de trs campos temticos relevantes, a saber, 1. Poltico/Econmico; 2. Social/Cultural; 3. Fsico/Territorial, Guerra e Soria visualizam uma importante rea conceitual vazia entre ambos, aspecto que leva a recomendar a introduo de novos conceitos nas pesquisas para mediar entre os trs campos. Tudo isso, com o intuito de que uma rede interdisciplinar e internacional atue transcendendo as limitaes das reas tradicionais do conhecimento, com base na integrao dos campos conceituais, e com os mnimos vazios dentro dessa rede, para ganhar fora na superao das redues habituais que se produzem nos estudos centrados no disciplinar.

    Jos Basini

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    Los estudios socioespaciales: campo de tensiones y caminos recorridos

    Carlo Emilio Piazzini Surez1

    RESUMEN

    Conferencia que luego ha sido convertido a texto de conclusiones y expectativas para el III Congreso RESE y la preparacin del IV Congreso. Como nodo operador y principal responsable de la RED RESE, el profesor Piazzini desglosa los trminos constituyentes que aglutinan a investigadores de distintas instituciones en cinco pases, aporta presupuestos inequvocos para la futura organizacin y diserta al mismo tiempo sobre la problemtica actual de los Procesos Socioespaciales.

    Palabras claves: Procesos Socioespaciales, RESE, Decolonialidad, Espacio.

    1 Profesor asociado. Instituto de Estudios Regionales de la Universidad de Antioquia. Antroplogo de la Universidad de Antioquia y magister en historia por la Universidad Nacional de Colombia. Doctorando en historia en la Universidad de Los Andes

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    El Tercer Congreso Internacional de Estudios Socioespaciales, rea-lizado en Manaos en noviembre de 2011, del cual se derivan los textos que componen el presente libro, hace parte de una dinmica de dilogo y trabajo conjunto cuyo motor es la Red de Estudios Socioespaciales-RESE. En este sentido, he considerado pertinente ofrecer en este texto algunas claves que permitan situar esa dinmica, tanto en lo que se refiere a las principales carac-tersticas que permiten definir el campo de los estudios socioespaciales como a la manera en que se ha venido conformando la Red.

    En primer lugar es necesario sealar que no hablo in abstracto o desde ninguna parte. La postura que ofrezco es aquella que se ha venido elaborando al ritmo del diseo y consolidacin de la Maestra en Estudios Socioespaciales de la Universidad de Antioquia, de las investigaciones del Grupo de Estudios del Territorio que la acompaan, de mi formacin de posgrado en las Univer-sidades Nacional de Colombia y de Los Andes y del dilogo con colegas que han avanzado en iniciativas afines de escritura, formacin e investigacin en Espaa, Brasil, Estados Unidos y Colombia, quienes conforman los nodos de RESE. Tal lugar de enunciacin, situado en la periferia pero no al margen de los centros de produccin terica de Amrica del Norte y Europa, puede tener la virtud de advertir y propiciar reelaboraciones, debates y articulacio-nes a partir de dilogos y trayectorias acadmicas que, de otra forma, podran quedar confinadas en tradiciones nacionales o continentales. Resulta cuando menos curioso que aquellos espacios en los que se conform y desde donde se catapult la figura de la voz acadmica que habla desde ninguna parte (SHAPIN, 1998: 1-8) como estrategia para otorgar autoridad epistemolgica a un conocimiento universal, sean justamente aquellos en los cuales parti-culares trayectorias nacionales o regionales de produccin de conocimiento dificultan a menudo el establecimiento de dilogos que trasciendan las geo-grafas tradicionales de produccin de conocimiento.

    Walter Mignolo (2003) y otros tericos de la decolonialidad latinoa-mericana, han planteado que desde los lugares fronterizos de enunciacin se pueden ver los dos lados de la diferencia colonial: de una parte las dinmicas, protocolos y contenidos de los mbitos acadmicos metropolitanos, y de otra, la manera en que los enfoques, teoras y metodologas all producidas entran en tensin con los procesos, prcticas y saberes de las periferias. Pero es necesario advertir que el filo de navaja por el que transitan los pensamientos fronterizos no es fcilmente localizable en la diferencia entre el primer y el tercer mundo o entre regiones desarrolladas y en vas de desarrollo. La je-rarqua epistmica funciona de conformidad con una topologa ms compleja que implica que, el adentro y el afuera se encuentren localizados tanto en

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    las geografas metropolitanas como en las periferias. As entendido, ese ca-minar por las experiencias fronterizas puede generar condiciones apropiadas para la produccin de pensamientos y diseos ms pertinentes a las complejas realidades que se encuentran localizadas en medio de intersecciones locales, regionales y planetarias.

    Hablo, pues, desde esos lugares de tan difcil trnsito, en los cuales se propician encuentros como el que nos convoc en Medelln en 2007, en Sevilla en 2009 y en Manaos en 2011, todos, a su manera, espacios situados en el borde de las redes primordiales del poder global, desde donde hacemos notar las diferencias, las contradicciones, las anomalas que representan esos espacios lisos, que en realidad lo que poseen es su propio estriamiento (sensu Deleuze y Guattari), el cual debemos comprender y hacer visible como con-dicin para crear lugares, paisajes y territorios ms equitativos y buenos para habitar.

    1. LO SOCIOESPACIAL: UN CAMPO DE TENSIONES

    La etiqueta de estudios socioespaciales no es convencional. No si se la compara con los campos que conforman el mapa disciplinar de los conocimientos modernos: geografa, antropologa, sociologa, arquitectura, historia, filosofa, etc. Pero esa comparacin es tal vez inapropiada, pues-to que la primera caracterstica de los estudios socioespaciales es que son transversales, es decir, que se interesan por problemas de investigacin que requieren muchas veces dejar las certezas de los territorios disciplinares y an acadmicos para abrirse al dilogo y a la transformacin subsecuente de nuestras miradas previas (PIAZZINI, 2004: 151-172). En este sentido, los estudios socioespaciales comparten con los estudios culturales esa convic-cin de que lo cultural y para el caso, lo espacial- no son mbitos de trabajo que se acomoden bien dentro de alguno de los compartimentos disciplinares, ni siquiera de la antropologa que en cierto momento se haba abrogado el derecho sobre lo cultural, o para el caso, de la geografa como proclamada ciencia de lo espacial.

    De otra parte, resulta necesario diferenciar nuestra perspectiva so-cioespacial frente al campo de referencia que desde la dcada de 1980 se ha definido en el medio anglosajn como enfoque socioespacial, fundamen-talmente orientado al estudio de las problemticas urbano-regionales que

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    para su tratamiento exigen reconocer la interdependencia de los factores espaciales y sociales, as como la necesidad de adoptar para tal efecto tanto escalas locales como globales. En esta perspectiva Mark Gottdiener, en su trabajo sobre la produccin social del espacio urbano, indicaba que la im-portancia del enfoque sobre la produccin social del espacio es que busca unificar los diversos campos del anlisis urbano partiendo de la observacin de que los problemas contemporneos de la sociedad parecen estar creciente-mente articulados como aspectos de naturaleza espacial (GOTTDIENER, 1985; 1995: 19). Basado en la obra pionera de Henri Lefebvre, Gottdiener planteaba como concepto clave de una nueva sociologa urbana que el es-pacio es tanto un medio de las relaciones sociales como un producto material que puede afectar las relaciones sociales (GOTTDIENER, 1993: 132).

    Esta acepcin de los estudios socioespaciales como mbito de una sociologa urbana es la que ha predominado en los medios anglosajones y ha sido exportada a otras geografas durante las dos ltimas dcadas. Pero aun cuando comparte con el enfoque socioespacial aqu propuesto una preocu-pacin por analizar, de ida y de venida, las relaciones entre espacio y socie-dad, as como el inters por las miradas ultiescalares, difiere de ste en dos aspectos: en primer lugar, porque la orientacin promovida por Gottdiener es claramente disciplinar al delimitar el estudio de esas relaciones dentro del mbito de la sociologa y, en segundo lugar, porque se dirige fundamental-mente a la problemtica urbano-regional, que, si bien es cierto constituye un rea de investigacin de gran relevancia, no agota, ni mucho menos, el abanico de tensiones y problemticas que define el campo de accin desde una perspectiva no disciplinar de lo socioespacial.

    Podemos decir que son las relaciones, no necesariamente de comple-mentariedad sino sobre todo de tensin entre lo social y lo espacial, las que definen en primer lugar el campo de los estudios socioespaciales. Pero am-bos trminos de la ecuacin son complejos, por lo cual no haramos mucho diciendo que estamos reclamando mayor atencin a los espacios sociales, como algo diferente de los espacios fsicos. Hablar del espacio social es a menudo una salida fcil para un problema complejo, pues no se trata simplemente de decir que lo espacial posee una dimensin social, que es una suerte de re-pre-sentacin o expresin superflua de lo que en el fondo es una cuestin fsica. Tampoco se trata de decir, como se hace a nombre de algunos enfoques constructivistas de ltima generacin, que el espacio es siempre el resultado de interpretaciones sociales, prcticas discursivas y significaciones culturales.

    Los estudios socioespaciales no deberan tomar partido por una u

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    otra de las vertientes positivistas o subjetivistas que fortalecen y reproducen el largo juego de oposiciones modernas entre lo natural y lo social. Es por ello que la apuesta de los estudios socioespaciales no se agota en una cues-tin heurstica o de mtodo, en una operacin de localizacin del campo de las espacialidades dentro de las parcelas de las ciencias sociales. Definitiva-mente no se trata simplemente de ganar el tema del espacio para el pensa-miento social. Tampoco de la actualizacin de un determinismo espacial. En su lugar, se trata de realizar una deconstruccin del orden ontolgico y epis-temolgico que subyace a los esquemas desde los cuales se han definido las categoras de espacio y sociedad, sus relaciones entre s y los saberes que se han considerado autorizados para dar cuenta de esas entidades, como condi-cin para avanzar en la edificacin de nuevas ontologas y epistemologas de lo espacial. Y esta tarea se ampla y complica necesariamente con el anlisis de las relaciones entre espacio y tiempo.

    Como es bien sabido, Michel Foucault (1986) realiz una crtica tem-prana a la concepcin del espacio como lo fijo, lo inerte, lo dado, por con-traposicin a lo dinmico, lo vivo y lo humano del tiempo y de la historia. Una buena genealoga de este primado del tiempo sobre el espacio ha sido realizada por Jos Luis Pardo (1992) encontrando en la tradicin occidental del hermetismo y la interioridad, el origen de esa estrecha correlacin entre alma, espritu y tiempo, que determin para las materialidades y el espacio un lugar secundario y acaso abyecto. David Harvey (1989), Milton Santos (2000) y Edward Soja (1989) han avanzado en la formulacin de lo que se-ran esas nuevas ontologas y epistemologas en las cuales el tratamiento de lo espacial se realiza de manera simtrica a la cuestin del tiempo, y ms ampliamente, comienza a introducirse la categora espacio-tiempo para tratar la mutua interdependencia e incluso la desaparicin de la diferencia entre esas categoras (HARVEY, 1990; MASSEY, 1999; MAY Y THRIFT, 2001; WALLERSTEIN, 1998).

    Una tarea semejante es necesaria en relacin con las categoras de sociedad y espacio. Mientras ha sido relativamente frecuente desnaturalizar la categora de naturaleza (SMITH, 1994; 2008: 368-401), no ocurre lo mis-mo con el ejercicio paralelo de desnaturalizacin de lo social, categora en relacin con la cual se han desarrollado tesis bsicas sobre el espacio como produccin social (LEFEBVRE, 1991). No obstante, existen indicios que permiten plantear que dicha tesis no conduce en ltima instancia a sostener que el espacio es simplemente una expresin de las dinmicas sociales, sino que las espacialidades pueden llegar a provocar determinadas dinmicas so-ciales. La produccin social del espacio, operando mediante una trialctica

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    que comprende los espacios percibidos, concebidos y vividos, no se refiere tanto a la imagen de instituciones, grupos sociales o sujetos que produce es-pacios como consecuencia de su existencia, funcionamiento, necesidades o intenciones, sino a diferentes prcticas espaciales que son tanto el resultado como la causa de las dinmicas sociales.

    El riesgo de reducir lo espacial a una simple expresin o epifenmeno de lo que en el fondo sera una cuestin poltica, econmica o cultural fue ad-vertido por Lefebvre cuando plante el problema de las ilusiones de opacidad y transparencia. Mientras la ilusin de opacidad hace referencia a aquellas mi-radas propias del materialismo mecanicista o naturalista, que han considerado el espacio como algo natural y dado que podra ser comprendido mediante un lenguaje cientfico neutral que habla como si fuese la voz de la naturaleza, la ilusin de transparencia, propia de las filosofas idealistas, se refiere a aquellas otras miradas que han puesto el acento en los espacios mentales como instan-cia desde la cual se puede dar cuenta de la lgica esencial que rige todas las expresiones espaciales (LEFEBVRE, 1991: 28).

    Vale la pena detenerse un momento en este mbito de los espacios mentales, por cuanto ha sido desde esta concepcin que muchos de los discur-sos elaborados desde las ciencias sociales y humanas han tratado la cuestin del espacio. La presuncin fundamental es aqu que una realidad encriptada se vuelve inmediatamente descifrable, gracias a la intervencin, primero del dis-curso y luego de la escritura, con lo cual el fetichismo del mundo de las pala-bras, o la ideologa del discurso, son reforzadas por el fetichismo y la ideologa de la escritura (LEFEBVRE, 1991: 28). Aqu Lefebvre est advirtiendo sobre el logocentrismo de la filosofa y las ciencias en Occidente, y el riesgo que tiene el que, en nombre de la importancia del lenguaje, el discurso, la escritura y la comunicacin, se concluya que lo que no puede ser abarcado por las prcticas discursivas, o bien no existe o para todo efecto prctico resulta insignificante.

    Desde una postura crtica del logocentrismo no se desconoce que el lenguaje de la ciencia dista mucho de ser una reproduccin fiel de la realidad. Por el contrario, se acoge en principio la tesis bsica del giro lingstico, segn la cual el lenguaje, lejos de ser un simple medio de comunicacin, interviene l mismo en la produccin de realidades. Pero el asunto aqu es hasta dnde se puede llevar esa tesis sin caer en un fetichismo lingstico que finalmente plan-tea que el mundo es slo lo que se puede decir (o escribir) sobre l. Ello sera un nuevo solipsismo que, como lo hace notar Jos Luis Pardo (1992), implica el cierre del pensamiento a las exterioridades, la clausura de las miradas doctas ante lo que ebulle por fuera del lenguaje.

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    Edward Soja (1989) ha reelaborado la dupla opacidad/transparencia de Lefebvre, empleando una metfora que contrasta las miradas miopes e hipermtropes del espacio, sealando que mientras la primera quisiera dete-nerse en las superficies y extensiones cuantificables y medibles del espacio fsico, la segunda corresponde a aquella que en la bsqueda por explicar las espacialidades las penetran, desmaterializan y traspasan para encontrar, en ltima instancia, que stas se deben a modelos mentales que residen en los mbitos psicolgicos, sociales o culturales, frente a los cuales, las espaciali-dades son slo manifestaciones, re-presentaciones o epifenmenos. Este es el lugar de no pocos antroplogos, socilogos y lingistas que han hecho del espacio nada ms que una construccin simblica y discursiva, con lo cual retornan de alguna manera al solipsismo kantiano.

    La trialctica espacial de Lefebvre busca superar esa larga oposicin entre espacios fsicos y mentales al considerar un tercer trmino: el espacio vivido, que no obstante no anula los anteriores. Las percepciones del espacio fsico y las concepciones del espacio, aun cuando no permiten dar cuenta integral de las espacialidades, hacen parte de la produccin social del espacio, lo cual se hace visible en ese tercer momento de los espacios vividos. Con ello, se reconocen dos asuntos fundamentales: primero: que las percepcio-nes y concepciones del espacio como una entidad natural, son en realidad producciones sociales, y segundo, que las elaboraciones discursivas del espa-cio tienen un lmite y que por lo tanto no pueden pretender reemplazar las espacialidades por su representacin en el mundo del lenguaje. No obstante, prevalece aqu un problema y es que el mbito social del espacio como produccin parece darse por sentado y no requerir, como en el caso de lo natural, una explicacin.

    As, aun cuando la concepcin de lo social en Lefebvre no es con-vencional, pues el espacio no se reduce por una parte a lo que se pueda decir de l, y por otra parte se reconoce que las espacialidades mismas pueden transformar las dinmicas sociales, es necesario avanzar hacia una mayor precisin de lo que se entiende por lo social en el enunciado bsico del espacio (social) como produccin (social). Una perspectiva que puede con-tribuir en esta tarea est en reconceptualizar lo social, no como una categora dada que antecede lo espacial mismo, sino como una entidad que emerge en determinadas situaciones de relacionamiento/distanciamiento entre ac-tores humanos y no humanos. Por ejemplo, Bruno Latour ha efectuado un ejercicio en esta direccin, indicando en primer lugar que las categoras de naturaleza y sociedad emergen en el proceso de purificacin mediante el cual el pensamiento moderno ha pretendido separar lo humano de lo no humano,

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    pese a la proliferacin de hbridos que no se acomodan bien en ninguna de esas dos categoras (LATOUR, 1993). Segundo, que una re-significacin de lo social desde su acepcin de socius, como alguien que est siguiendo a alguien ms, un seguidor, un asociado (LATOUR, 2005: 108), introduce una perspectiva diferente de la sociedad, desde la cual ya no se trata de identificar relaciones de causalidad entre un fenmeno y las fuerzas sociales (econ-micas, polticas, ideolgicas, culturales) que lo producen, sino entre actores que devienen como tales en la medida en que se relacionan entre s. Por lo tanto, estas asociaciones resultantes no explican lo social, sino que deben ser explicadas: no hay sociedad, no hay dominio social, no hay relaciones so-ciales, sino traducciones entre mediadores que pueden generar asociaciones detectables (LATOUR, 2005: 108).

    Entonces, pese a que los acadmicos y los polticos hacen a menudo como si en efecto existiera una naturaleza de lo social, como si el mundo estuviera dividido entre lo natural y lo social, estos no son dominios dados de la realidad. En el medio acadmico, antes de iniciar una investigacin, antes de elegir un campo del conocimiento en el cual formarse o en el cual desempearse, se parte a menudo de la existencia indiscutida de una parcela natural o social del mundo en donde esos ejercicios deberan inscribirse. Entonces somos cientficos naturales o sociales. Pero qu pasa si lo que uno quiere conocer, comprender o explicar se localiza en medio de esas parcelas, en el territorio fronterizo en donde habitan aquellos hbridos que son vsta-gos del pensamiento dual de la modernidad? Qu hacer si lo que se quiere es abordar las espacialidades conformadas simultneamente por la relacin entre materialidades, y prcticas discursivas y no discursivas? Qu camino tomar si de lo que se trata es de explicar la manera en que las tecnologas se ensamblan con los cuerpos y dispositivos cibernticos, o cmo agencian la existencia simultnea e interdependiente de lo fsico y lo virtual? Cmo afrontar, en fin, aquellas realidades en donde las voluntades, las conciencias y los afectos humanos, en lugar de resultar determinantes, se encuentran me-diados, afectados o por lo menos son tan importantes como aquellas otras existencias que, perteneciendo al mbito de lo no-humano, resultan no obs-tante ejerciendo una agencia en el mundo?

    La respuesta puede estar justamente en aquellos pensamientos y di-seos fronterizos, que tienen lugar en los intersticios de las cartografas dis-ciplinares y los bordes de los pensamientos metropolitanos. All es donde se sitan los estudios socioespaciales. En general, teniendo en cuenta una crti-ca simtrica de lo natural y de lo social como dominios dados y preexistentes en virtud de los cuales se ha pretendido explicar el espacio, pero tambin el

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    tiempo y las materialidades como simples subproductos, expresiones o refle-jos de esos dominios, es necesario reconocer entonces que el mbito de los estudios socioespaciales demarca menos un rea de trabajo sobre el espacio como categora social, que un campo en el que se localizan relaciones pro-blemticas entre espacio (materialidades) y sociedad (tiempo).

    As entendidos, los estudios socioespaciales se encargan no slo de llamar la atencin acerca de la importancia de incorporar las espacialidades en el ejercicio de comprender las realidades pasadas y contemporneas, sino tambin de repensar las cartografas disciplinares y comprender las geogra-fas del conocimiento. En esta tarea se impone, consecuentemente, una re-conceptualizacin de categoras que tradicionalmente han estado ligadas a la geografa, tales como territorio, lugar, localizacin, red, paisaje, regin, escala, frontera y urbe, entre otras, tratndolas como formaciones espaciales especficas que deben ser comprendidas simultneamente en sus aspectos materiales y discursivos.

    Otra apertura se hace en la perspectiva de un tratamiento nuevo de las categoras del tiempo. La mquina de produccin de espacios que ha descrito Lefebvre en su ejercicio trialctico, da pie para concebir as mismo una mquina del tiempo. Ya no aquella que, como en H. G. Wells viaja por un tiempo dado, cronolgico y lineal desde el pasado hacia el futuro, sino aqulla que produce mediante sus engranajes, determinadas formaciones temporales. Entre ellas, la historia, la memoria, la planeacin y las modas constituyen dispositivos que sirven al ordenamiento de las percepciones del devenir de los sujetos y las instituciones. Pero esta apertura no estara com-pleta si no se involucraran las categoras espaciales en el asunto, para poder en ltima instancia hablar de espacio-tiempo.

    As, desde los estudios socioespaciales se comienzan a trabajar en una perspectiva diferente, crtica y ms integrada los modelos de planeacin y ordenamiento territorial, urbano y regional, as como prcticas sociales e institucionales relacionadas con las memorias y la consagracin de los patri-monios. Incluso la forma en que las hibridaciones tecnolgicas y cibernti-cas, as como la destruccin creativa de las modas, nos hacen percibir que vivimos en un tiempo real o creer que el tiempo es ahora ms veloz que antes. Por lo dems, resultan absolutamente pertinentes los ejercicios en tor-no a la comprensin de los procesos de configuracin geohistrica de luga-res, regiones y territorios, las geobiografas y ms ampliamente las geografas del tiempo y de la historia.

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    2. LA RED DE ESTUDIOS SOCIOESPACIALES: CAMINOS RECORRIDOS

    As entendida, la agenda de trabajo para las investigaciones que se propician desde los estudios socioespaciales es muy amplia. Una muestra re-presentativa del camino recorrido hasta ahora, lo constituyen la serie de se-minarios y congresos en los que se ha ido conformando la Red de Estudios Socioespaciales. En 2004, se realiz el congreso (Des)territorialidades y (No)luga-res en Medelln, suscitado por la apertura de la Maestra en Estudios Socioes-paciales que desde el Instituto de Estudios Regionales de la Universidad de Antioquia se vena diseando un ao atrs. En l participaron conferencistas que venan trabajando de forma independiente temas pertinentes en Espaa, Brasil, Venezuela, Estados Unidos, Escocia y Colombia (HERRERA Y PIA-ZZINI, 2006). El tema definido para el evento puede ser considerado como una prueba de fuego: cmo justificar la pertinencia y relevancia de los estudios socioespaciales en presencia de tesis acerca de la muerte de los espacios de la mano de la globalizacin del capital, la cultura y la informacin.

    El ttulo (Des)territorialidades y (No)lugares, quera poner en duda dos pa-res de oposicin referidos a nociones que se han vuelto lugares comunes en la literatura social de las ltimas dcadas. Ideas de territorio y lugar antecedidas por prefijos que denotan negacin o deconstruccin, los cuales no obstante fueron puestos entre parntesis para extender el debate, desde los conceptos positivos, tambin hacia la negacin de los mismos. En ltima instancia, este juego de palabras quera desnaturalizar tanto las ideas de territorio y lugar como su negacin por parte de tesis que pretenden de forma implcita o ex-plcita dar a entender la muerte o paulatina desaparicin de los territorios y los lugares en las dinmicas contemporneas de globalizacin. De acuerdo con stas ltimas tesis, podra decirse que frente a los lugares tradicionales estaban emergiendo no-lugares globalizados, mientras que la soberana y las fronteras estatales estaban siendo desterritorializadas de la mano de flujos migratorios e integraciones econmicas a gran escala.

    Pero en las diferentes conferencias se puso de manifiesto que dichas percepciones se deban fundamentalmente al contraste entre viejas y nuevas concepciones espaciales, ms que a la muerte efectiva de las dinmicas espa-ciales. En efecto, concepciones antropolgicas de lugar como espacio cerrado, eran las que haban habilitado planteamientos como el de Marc Aug (2000) al hablar de no lugares, mientras que concepciones del espacio reducidas al factor de la friccin por distancia o del territorio y las fronteras como es-

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    pacialidades de contenido y demarcacin de la soberana estatal, eran las que permitan hablar a otros autores de procesos de desterritorializacin, desloca-lizacin y muerte de los espacios y de la geografa por efecto de la velocidad del mundo contemporneo y los flujos de comunicaciones, especialmente los de tipo virtual (VIRILIO, 2000).

    Con todo, era preciso reconocer que las dinmicas de produccin de espacialidades estaban sufriendo profundas transformaciones en las ltimas dos o tres dcadas. Incluso en la hiptesis de que los espacios territoriales se refirieran fundamentalmente a los estados nacionales, stos, sin pretender que transitaran hacia una disolucin, s han venido experimentado un cambio no-table en su funcionalidad respecto al bienestar de las poblaciones, su papel en la regulacin de la economa y su participacin en la geopoltica internacional (AGNEW, 1994: 53-80).

    La idea de constituir una red que propiciara encuentros y relaciones entre estudiosos de la cuestin socioespacial surgi en el Primer Seminario Internacional de Estudios Socioespaciales, realizado en 2007 tambin en Me-delln. Esta vez, la convocatoria se hizo con el propsito de analizar la cuestin de las relaciones entre espacio y poder (PIAZZINI Y MONTOYA, 2008). Una reconceptualizacin de la geopoltica, que atendiendo a lo planteado por John Agnew (2003) y Gearoid Thuatail (1998), no se limita a los anlisis tradicio-nales sobre tensiones polticas, diplomticas y militares entre Estados o blo-ques internacionales, sino que trasciende hacia el tratamiento de otras formas de jerarquizacin y manejo poltico de las diferencias espaciales, permiti una apertura a varios anlisis acerca de la potencia de los espacios. En este trnsito desde lo que sera la Geopoltica hacia las geopolticas a cualquier escala (los territorios, los cuerpos, las memorias, los conocimientos), las espacialidades fueron abordadas como agentes relevantes para la definicin y transforma-cin de las relaciones de poder y no slo como dispositivos que reproducan relaciones de poder que las antecedan. Tambin se realizaron sugestivas ar-ticulaciones entre los estudios socioespaciales y elaboraciones recientes sobre geografas del conocimiento (AGNEW, 2007: 138148), geopolticas del cono-cimiento (MIGNOLO, 2002: 56-96), y sobre biopoltica y ecopoltica (CAIRO, 2008: 71-88; LEFF, 2006: 21-39).

    En esta ocasin, entre conferencistas que venan trabajando en Esta-dos Unidos, Mxico, Espaa y Colombia y en comunicacin con quienes ha-ban participado en la reunin de Medelln en 2004, se propuso la definicin de unos nodos iniciales para la conformacin de la Red, correspondientes a de-partamentos universitarios o centros de investigacin. El objetivo se orientaba

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    a desarrollar conjuntamente programas, proyectos y actividades acadmicas, investigativas, de docencia y divulgacin, que contribuyeran de manera expl-cita a la formacin y conocimiento en materia de las mltiples relaciones que vinculan los procesos espaciales y las prcticas sociales. Como temas centrales de trabajo estaba dar continuidad a los seminarios o conferencias internacio-nales cada dos aos y la creacin de una revista de estudios socioespaciales.

    En cuanto al primer propsito, el grupo Out_arquas de la Universidad de Sevilla, liderado por Carlos Tapia, organiz el Segundo Congreso Interna-cional de Estudios Socioespaciales, realizado en Sevilla en 2009. Esta vez la convocatoria fue provocada a propsito del tratamiento del territorio como demo, es decir, como acto que se produce y que a veces quisiramos bor-rar oprimiendo la tecla deshacer (GUERRA, PREZ Y TAPIA, 2011). Sin embargo, como se mencionaba en la convocatoria:

    Que el territorio sea un acto, casi innombrable, una accin, por su conciencia y necesidad, tampoco lo libra de ser espuriamente reconocido. Al territorio lo hicimos mapa y pretendimos que al modificar ste, aquel obedeciera. Lo hicimos paisaje y nos exclui-mos de poder estar dentro. Lo hicimos red y nos atrap dentro. Ni dentro ni fuera, slo podamos ordenarlo, nombrarlo, para ver si alguna vez nos localizbamos en l. Y en la bsqueda del curso de nuestros pasos lo hicimos re-curso. Como no lo encontramos, nos olvidamos de qu buscbamos y cremos que los recursos eran ina-gotables con tal de seguir buscando. Y de pagus, que era un trozo de tierras para cultivar, nos inventamos pgina, que era un trozo de papel para hacerlo propiedad. (III CONGRESSO INTERNA-CIONAL DE ESTUDOS SCIOESPACIAIS, 2011: 1)

    Tambin empleando la metfora de demo como piloto o demostra-cin, se trabajaron algunas apuestas desde el pensamiento socioespacial que ya no podran ser calificadas de u-topas: avanzar en el mapeo de geografas del conocimiento, en el re-ordenamiento de las jerarquas espaciales del poder y la crtica de la inequidad territorial. Asimismo, Sevilla no slo fue la sede del congreso sino tambin el espacio en donde se pusieron en marcha laboratorios urbanos con participacin de los asistentes, de tal suerte que las problemticas y apuestas del evento conversaron con las territorialidades urbanas.

    Es importante anotar que de forma paralela a las actividades propiciadas desde la Universidad de Antioquia en Colombia, en Espaa se venan estable-ciendo por lo menos desde 2005 iniciativas afines por parte de la Universidad de Sevilla, la Universidad Nacional de Educacin a Distancia-UNED y la Universi-dad de Navarra, en la perspectiva de explorar la posibilidad de poner en marcha un programa conjunto de posgrado en estudios socioespaciales. Varias reunio-

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    nes tuvieron lugar en Madrid y Sevilla a esos propsitos, entre las cuales cabe destacar el Seminario titulado El presente de los Procesos Socioespaciales, soportes para lo comn e identitario, realizado en Sevilla en 2008 bajo la coordinacin del grupo Out_arquas (GUERRA, PREZ Y TAPIA, 2009).

    El grupo Out_arquas constituye un nodo muy importante de la Red, en cuanto ha diseado y administra la pgina web de RESE a cargo de Carlos Tapia, ha elaborado un mapa de las publicaciones de la Red efectuadas entre 2007 y 2011 (GUERRA, 2011) y ha promovido pu-blicaciones sobre temticas relacionadas con el tema socioespacial (GUERRA, PREZ Y TAPIA, 2012).

    De otra parte, Heriberto Cairo de la Universidad Complutense de Ma-drid logr poner en marcha en 2010 una publicacin seriada de carcter semes-tral titulada Geopoltica(s) Revista de estudios sobre espacio y poder. En el editorial se plantea que el propsito de la misma es

    Publicar artculos originales e inditos de investigadores, dando preferencia a trabajos que aporten una contribucin terica o me-todolgica genuina al estudio de la relacin entre espacio y poder, especialmente en Amrica Latina y los pases ibricos. Para ello publicar artculos procedentes de varios de los campos de investi-gacin propios de la Geografa Poltica y de las dems ciencias so-ciales en tanto desarrollen una perspectiva espacial de anlisis. As mismo, Geopoltica(s) aboga por el pluralismo cientfico, tanto en lo que se refiere a mbitos de investigacin de la Geografa Polti-ca, como a perspectivas epistemolgicas, metodolgicas y tcnicas. (Rev. Geopoltica(s), 2010: 11-13)

    La presencia en el congreso de Sevilla de colegas de Brasil, Estados Uni-dos, Espaa y Colombia, fortaleci la idea de la Red de Estudios Socioespaciales, que ahora se proyectaba hacia la realizacin del Tercer Congreso en Manaos, organizado por Jos Basini y sus colegas de la Universidad Federal del Amazo-nas, cuyos resultados son presentados en este libro. El evento, realizado en 2011, bajo el ttulo Ciudades, Fronteras y Movilidad humana, fortaleci la propuesta de los laboratorios urbanos iniciada en Sevilla, con lo cual los eventos de la Red tienden a complementar los espacios acadmicos con las vivencias que tienen lugar en las ciudades en las que stos se realizan. Esta vez la temtica gir en torno a las transformaciones de los espacios urbanos y fronterizos, asociados a los movi-mientos de poblacin. En la convocatoria al congreso se planteaba que:

    Las ciudades contemporneas son por s mismas un laboratorio de tensiones que busca dirimir el ordenamiento territorial, la mayora de las veces en funcin de las disposiciones e idearios del estado-nacin, constreido por la dinmica de intervencin y ejercicio de

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    poder proveniente de escalas supranacionales. La ciudad-proyec-to se desvanece e incluso los ordenamientos hegemnicos ms acrrimos se tambalean en medio de relaciones geopolticas que han puesto en primer plano asuntos que escapan al control de la inteligencia estatal del antiguo rgimen moderno. En la ciudad de hoy, aparecen desordenes mltiples, formas incomprensibles de lucha que se antojan como absurdas espacialidades que se resisten a encajar en los moldes predispuestos por la entelequia espacial del planeamiento urbano. Con las contradicciones suscitadas por el crecimiento econmico emergen espacialidades de fuga, formas creativas de reafirmar el derecho a la ciudad que trasgreden las fronteras y hacen que los espacios vacos de la trama urbana co-bren sentido al ser reclamados y apropiados como lugares de vida por los sin techo, migrantes, desempleados, apstatas, libertarios o, simplemente, excluidos. (III CONGRESSO INTERNACIONAL DE ESTUDOS SCIOESPACIAIS, 2011: passim)

    Las dinmicas urbanas incorporan cada vez ms factores econmi-cos, polticos y culturales que escapan a la lgica de ordenamiento estatal, ya sea por incidencia de procesos de globalizacin del capital, por los efectos inesperados y muchas veces perversos que stos producen en los espacios urbanos o por formas de ajuste y resistencia de carcter local que de manera espontnea o planeada buscan mantener o crear nuevos sentidos de lugar. A lo anterior se suma que en la dinmica de crecimiento de las ciudades, las movilidades, debidas tanto a flujos de migracin internacional como nacio-nal, constituyen un reto enorme, en la medida en que representan la incor-poracin de lgicas diferentes de apropiacin del espacio que pueden entrar en tensin o articularse con las percepciones y conceptos locales. El espritu de la planeacin urbana que orienta las actuaciones de las autoridades locales requiere entonces reconocer y comprender esos otros imaginarios de ciudad, esas otras arquitecturas que los migrantes llevan consigo, como condicin para hacer de la ciudad un lugar incluyente. De lo contrario, las fronteras que tradicionalmente habamos concebido como lmites entre entidades polticas y culturales que transcurran por espacios exteriores a las ciudades, se esta-ran estableciendo al interior de stas, para demarcar, ya no las soberanas nacionales sino las inequidades y exclusiones territoriales urbanas.

    La pertinencia y urgencia de pensar y actuar en relacin con los temas que propuso el congreso de Manaos, se hace visible si tenemos en cuenta que de acuerdo con las estadsticas de las Naciones Unidas, a partir de 2011 ms de la mitad de la poblacin mundial, calculada en unos 7.000 millones de habitantes, vivir en espacios urbanos (UNFPA, 2011). Las ciudades glo-bales, entendidas como aquellas ms populosas y mejor interconectadas, que ayudan a establecer los programas mundiales, que estaran en condiciones

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    de enfrentar los peligros transnacionales y sirven como centros de integra-cin mundial (FOREIGN POLICY, 2008) seguirn creciendo de manera importante, implicando mayor conurbacin. Para Latinoamrica y Espaa este efecto se espera con toda seguridad para Ciudad de Mxico, Sao Paulo, Madrid, Buenos Aires, Bogot y Caracas, pero de acuerdo con un informe reciente de las Naciones Unidas, sobre estado y tendencias de crecimiento urbano (UNFPA, 2007), en donde ms crecer la poblacin urbana en las prximas dcadas no es en las megaciudades sino en las medianas y pequeas urbes. En ese sentido, y para poner un ejemplo, Manaus, Sevilla y Medelln estaran entre las ciudades con mayor crecimiento en los aos siguientes, con los efectos que, es de imaginar, tendr ello en relacin con sus regiones. Ms que ciudades, sern regiones dependientes de conglomerados urbanos, con una huella ecolgica enorme sobre las mismas. Ello desafa la forma, no slo de hacer la planeacin urbano-regional, sino la poltica, las cuales han girado durante dcadas, bien en torno al paradigma de hacer de los pueblos y ciuda-des grandes ciudades, o bien tras la bsqueda del crecimiento econmico sin calcular la dimensin espacial que ello implica. Sera necesario que cada vez ms los programas de gobierno se trazaran sobre la base de un ideario menos u-tpico (a-espacial), situando la problemtica espacial en todas su complejidad en el centro de las agendas polticas. Son necesarias alianzas regionales basadas en acuerdos programticos entre movimientos polticos de diferentes territorios para dar tratamiento a las mltiples dinmicas espa-ciales que trascienden las fronteras locales.

    De otra parte, es importante decir que, de acuerdo con los mismos estudios (UNFPA, 2007), la tendencia general de crecimiento de la poblacin urbana a nivel planetario no est ligada a la inmigracin como factor prepon-derante. La reproduccin de la poblacin local sigue siendo la causa princi-pal del crecimiento demogrfico en las ciudades, sobre todo en los pases con economas emergentes. No obstante, es preciso llamar la atencin sobre dinmicas especficas, como la espaola y la brasilea, en donde la inmigra-cin de personas extranjeras s ha sido un factor importante del crecimiento urbano. Lamentablemente tambin tenemos que hacer una salvedad para Colombia, cuyos ndices de desplazamiento forzado por efecto de la guerra y las violencias estn entre los primeros del mundo (IDMC, 2011).

    Otro fenmeno que se ha desatado en los ltimos aos, ligado al crecimiento de la poblacin mundial y la globalizacin del capital, se refie-re al usufructo, en calidad de renta o compra, de grandes extensiones de tierra productiva, sobre todo en pases africanos, por parte de empresas o gobiernos de otros pases, entre los cuales se destacan algunos con econo-

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    mas emergentes y altos ndices de poblacin como China, India, Corea y los pases del Golfo Prsico, pero tambin tienen una participacin importante las inversiones norteamericanas y europeas. Esta estrategia, que hace un gran negocio con el cubrimiento de la demanda por alimentos y biocombustibles de unas regiones del planeta a expensas de la seguridad alimentaria de otras, cubra en 2009 aproximadamente 60 millones de hectreas (OAkLAND INSTITUTE, 2011). Esta situacin, que ha estado antecedida por la cre-ciente explotacin de recursos naturales (sobre todo petrleo y minerales) por parte de empresas estatales o privadas en pases diferentes a los de su domicilio, resulta an ms preocupante porque se trata del suelo y los ali-mentos que son a menudo, la fuente nica de subsistencia de las comunida-des locales. Recientemente, en Latinoamrica se han encendido las alarmas frente al inters de inversionistas norteamericanos y europeos por adquirir o alquilar grandes extensiones de tierra para esos mismos propsitos, e in-cluso, en relacin con el riesgo de que Brasil, como la economa emergente ms importante y el pas ms poblado de la regin, est haciendo lo propio en su vecindario.

    Es en relacin con estas y otras realidades contemporneas, que las temticas tratadas en el congreso de Manaos resultan pertinentes para apor-tar, desde los estudios socioespaciales anlisis, reflexiones, dilogos y comu-nicaciones como base para promover alternativas y soluciones.

    El congreso de Manaos ha partido de la conviccin de que la coo-peracin y el intercambio acadmico son el camino viable para fortalecer la proposicin de formas de pensamiento pertinentes para la conformacin de una comunidad transdisciplinar y transnacional, punto de partida para la transicin a una forma creativa de accin acadmica en la que estamos involucrados los centros de investigacin integrados en la Red de Estudios Socioespaciales. De all la importancia de ampliar y fortalecer la Red que an se ofrece como una iniciativa precaria en trminos de su cobertura, la solidez de los vnculos entre sus nodos y el campo de accin que todava se encuentra muy restringido a lo acadmico. En la parte final del congreso de Manaos, se hizo una reunin de los miembros de la red, en donde se llev a cabo un balance de la misma, a cuatro aos de su constitucin. En trminos generales, se vislumbr la necesidad de ampliar las actividades de la RESE, hoy enfocadas fundamentalmente en la realizacin de eventos y publicacio-nes, a los mbitos de la investigacin, la formacin y la vinculacin con movimientos sociales. En el primer caso es deseable que se pueda avanzar en la formulacin y realizacin de investigaciones conjuntas, que permitan efectuar anlisis comparados en clave socioespacial. En el segundo caso, las

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    alternativas son varias, no necesariamente excluyentes: desarrollo de pos-grados conjuntos, movilidad de docentes y estudiantes para garantizar su participacin en cursos y pasantas y mayor participacin de los miembros de la red como asesores y evaluadores de tesis. En tercer lugar, es necesario transformar an ms los formatos de los congresos y eventos que realiza la Red, en la perspectiva de maximizar la idea de los laboratorios urbanos para incluir las percepciones y concepciones de los habitantes locales y hacerlos partcipes de los estudios, reflexiones y conclusiones que en cada caso se logren.

    Finalmente, el mapa actual de las relaciones entre los nodos de RESE indica que stas se han establecido fundamentalmente de facto, mediante la participacin de sus miembros en eventos, publicaciones y cursos. Si bien es cierto que ya se encuentran establecidos algunos convenios de coopera-cin interinstitucional, se identifica claramente la necesidad de reforzar las relaciones existentes, reactivar las que se han debilitado y ampliar la RESE a otros nodos. Actualmente la RESE es coordinada desde el Instituto de Estudios Regionales de la Universidad de Antioquia, en donde tienen lugar dos dinmicas que retroalimentan permanentemente el campo de referencia: las investigaciones del Grupo Estudios del Territorio (GARCA Y ARAM-BURO, 2009) y la formacin de posgrado que ofrece la Maestra en estudios Socioespaciales. La RESE est compuesta por investigadores pertenecientes a universidades y centros de investigacin de Brasil, Colombia, Espaa, Es-tados Unidos y Uruguay (ver Tabla 1).

    Pas Centro o Universidad Contactos CorreoBrasil Universidad Federal del

    Amazonas, Departamento de Antropologa

    Jos Exequiel Basini

    [email protected]

    Alfredo Wagner [email protected]

    Universidad de So Paulo, Departamento de Arquitectura y Urbanismo de la Escuela de Ingeniera de So Carlos

    Cibele Saliba Rizek [email protected] Rodrgues Albes

    [email protected]

    Universidad de Pernambuco, Departamento de Antropologa

    Renato Athias [email protected]

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    Colombia Universidad de Antioquia, Instituto de Estudios Regionales, INER

    Vladimir Montoya Arango

    [email protected]

    Carlo Emilio Piazzini Surez

    [email protected]

    Universidad Nacional de Colombia-Sede Medellin, Facultad de Arquitectura

    Luis Carlos Agudelo Patio

    [email protected]

    Pontificia Universidad Javeriana

    Santiago Castro Gmez

    [email protected]

    Amalia Boyer [email protected]

    Instituto Colombiano de Antropologa e Historia, ICANH

    Fernando Montejo [email protected]

    Espaa Universidad de Sevilla, Escuela Tcnica Superior de Arquitectura

    Carlos Tapia Marin [email protected] Guerra de Hoyos

    [email protected]

    Mariano Prez Humanes

    [email protected]

    Universidad Nacional de Educacin a Distancia

    Luis Alfonso Camarero Rioja

    [email protected]

    Luis Castro Nogueira

    [email protected]

    Emmanuel Lizcano

    [email protected]

    Universidad Complutense de Madrid, Departamento de Sociologa

    Heriberto Cairo Carou

    [email protected]

    Universidad Pblica de Navarra

    Jess Oliva Serrano [email protected] Beriain Razqun

    [email protected]

    Instituto de Desarrollo Regional de Andaluca

    ??

    Estados Unidos

    Florida International University, Department of Global & Sociocultural Studies

    Ulrich Oslender [email protected]

    University of California-Los Angeles

    John Agnew [email protected]

    Uruguay Universidad de la Repblica, Departamento de Antropologa.

    Nicols Guigou [email protected]

    Tabla 1. Nodos de la Red de Estudios Socioespaciales-RESE

  • 35 Os estudos socioespaciais: cidades, fronteiras e mobilidade humana.

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  • 39 Os estudos socioespaciais: cidades, fronteiras e mobilidade humana.

    As metodologias socioespaciais e a descentralizao do conhecimento. MAO-

    MON: Cidades em perspectiva

    Jose Exequiel Basini Rodriguez1

    RESUMO

    Manaus-Montevidu ou Montevideo-Manaos vincula-se ao mundo possvel da pesquisa sistemtica, atravs da perspectiva multifocal, como meto-dologia comparativa. Os contextos de alteridade e as escalas diversas em questo podem ser confrontadas em laboratrios abertos ou demos, onde as topologias avanam sobre territrios emblemticos da civilization e das civilizaes, dentro e fora dos nodos e enclaves de duas importantes bacias continentais, isto , a bacia do rio Amazonas e do rio da Prata. Trata-se de apresentar sucintamente os desafios do projeto binacional CAPES/UDELAR Cidades em perspectiva - Um estudo socioespacial sobre as cidades de Manaus e Montevidu, que atualmente coordena-mos. A sua relevncia baseia-se na posio descentralizada para comparar duas cidades diferentes desde o ponto de vista temporal e espacial, mas com formas recorrentes de pensar os processos civilizatrios.

    Palavras-Chave: Cidades, Perspectiva, Estudo ComparativoManaus-Montevidu

    1 Universidade Federal do Amazonas. Laboratrio Panamaznico - LEPAPIS, Amazonas - Brasil.

  • 40 Jos Basini | Mrcia Rufino | Vladimir Montoya | Daniel Tavares

    1. INTRODUO

    1.1 PROjETO CIDADES EM PERSPECTIvA

    Cidades em perspectiva - Um estudo socioespacial sobre as cidades de Manaus e Montevidu constitui-se em um projeto binacional (018/2010) entre Brasil e Uruguai, no marco do Programa de Cooperao Internacional da Fundao CAPES (Coordenao de Aperfeioamento do Pessoal de Nvel Superior, MEC-Brasil) e UDELAR (Universidad de la Repblica, Uruguai). O mesmo iniciou-se em 2010 e tem uma durao de dois anos, com renovao para mais dois. Ele est sendo implementado por meio de misses de trabalho e de estudo entre pesquisadores brasileiros e uruguaios, professores e alunos de ps-graduao da Universidade Federal do Amazonas e da Universidad de la Repblica, correspondendo a cada equipe uma coordenao nacional. Em suma, os membros de ambas as equipes acham-se desenvolvendo atividades conjuntas e articuladas nas duas cidades, atravs de uma metodologia antropo-lgica comparativa, interinstitucional e transdisciplinar, com foco no conceito de socioespacialidade e nos campos analticos que derivam dessa matriz (BA-SINI & GUIGOU, 2011).

    1.2 OS TPICOS EM qUESTO

    Alguns dos assuntos abordados neste estudo referem-se:

    1. dimenso esttica dos espaos de socializao. Em outras palavras, como referenciada a espacialidade a partir das memrias e modelos de socializao dos habitantes urbanos, e as diversas polticas introduzidas no corpus socioambiental. Tambm, o imaginrio urbano produzido em enclaves (simbolismo emblemtico) e as estratgias de fuga a esses encla-ves nas cidades de Manaus e Montevidu. Outro aspecto so as diferen-tes vises inscritas em lgicas habitacionais e socioambientais e os em-preendimentos urbansticos de grande porte desenvolvido pelas polticas pblicas com incentivos federais. Os processos civilizatrios vinculados ao exotismo e exacerbao da exterioridade europeia. As categorias analticas do pensamento do Estado vinculadas ao ordenamento terri-torial, assepsia social, sade focal e os correlatos de desenvolvimento

  • 41 Os estudos socioespaciais: cidades, fronteiras e mobilidade humana.

    social, sustentabilidade etc. Por outra parte, outros modelos, combativos e/ou desacelerativos de compreenso/interveno dos espaos sociais e de intromisso esttica e de desmarcao do estigma socioterritorial.

    2. cooperao das interfaces analticas entre pesquisadores de diferentes instituies. Elas incluem, dentro de aes programticas interinstitucionais, as experincias de estranhamento e familiaridade, dinamizadas pelos percursos de mobilidade e adaptabilidade das equipes dentro de universos culturais diferenciados. Neste sentido so confrontadas e reavaliadas as trajetrias vitais dos pesquisadores (antropologia reflexiva) e as prticas